sábado, 31 de janeiro de 2009

Se o Hamas não existisse



Por Jennifer Loewenstein
10/01/2009
Ao meu ver, o melhor e mais contundente e incisivo texto sobre o que está a acontecer em Gaza.
Mostra que o que está em jogo não é a concordãncia ou não com o Hamas. Mas sim o que Israel e os EUA fazem com os Palestinos, dentro do quadro geopolítico que perseguem, a seu favor.(Raymundo Araujo Filho, pela postagem)
Deixemos uma coisa perfeitamente clara. Se a degradação e a mutilação por atacado da Faixa de Gaza for continuar; se a vontade de Israel é uma com a dos Estados Unidos; se a União Européia, a Rússia, as Nações Unidas e todas as organizações e agências legais internacionais espalhadas pelo globo vão continuar sentadas como manequins ocos sem fazer nada a não ser os repetidos "chamados" por um "cessar-fogo" de "ambos os lados"; se os covardes, obsequiosos e supinos Estados Árabes vão continuar de braços cruzados vendo seus irmãos serem trucidados de hora em hora enquanto a Super-Potência valentona do mundo olha-os ameaçadoramente de Washington, no caso de que digam qualquer coisinha que a desgoste; então vamos pelo menos dizer a verdade sobre por que está tendo lugar este inferno na terra.
O terror de estado disparado neste momento dos céus e o chão contra a Faixa de Gaza não tem nada a ver com o Hamas. Não tem nada a ver com o "Terror". Não tem nada a ver com a "segurança" a longo prazo do Estado Judeu ou com o Hezbolá, a Síria ou o Irã, exceto na medida em que agrava as condições que levaram até a crise de hoje. Não tem nada a ver com alguma conjurada "guerra" - um eufemismo cínico e gasto que não representa mais que a escravização por atacado de qualquer nação que ouse reclamar seus direitos soberanos; que os use afirmar que seus recursos são seus; que não queira uma das obscenas bases militares do Império assentada em suas queridas terras.
Esta crise não tem nada a ver com liberdade, democracia, justiça ou paz. Não é sobre Mahmoud Zahhar ou Khalid Mash'al ou Ismail Haniyeh. Não é sobre HassanNasrallah ou Mahmoud Ahmadinejad. Eles são todos peçascircunstanciais que ganharam um papel na tempestade atual só agora, depois de que se permitiu por 61 anos que a situação se desenvolvesse até a catástrofe que é hoje.
O fator islamista coloriu e continuará a colorir a atmosfera da crise; ele alistou líderes atuais e mobilizou amplos setores da população do mundo. Os símbolos fundamentais hoje são islâmicos - as mesquitas, o Alcorão, as referências ao profeta Maomé ou à Jihad. Mas esses símbolos poderiam desaparecer e o impasse continuaria.
Houve uma época em que o Fatah e a FPLP eram a bola davez, quando poucos palestinos queriam ter qualquer coisa que ver com políticas ou medidas islamistas. Esta política não tem nada a ver com foguetes primitivos sendo lançados do outro lado da fronteira ou com túneis de contrabando ou com o mercado negro de armas, assim como o Fatah de Arafat tinha pouco que ver com as pedras e os atentados suicidas a bomba. As associações são contingentes; criações de um dado ambiente político. Elas são o resultado de algo completamente diferente do que os políticos mentirosos e seus analistas estão lhe dizendo. Elas se tornaram parte da paisagem dos acontecimentos humanos no Oriente Médio de hoje; mas incidências tão letais, ou tão recalcitrantes, mortais, enraivecidas ou incorrigíveis poderiam muito bem ter estado em seus lugares.
Descasque os clichês e o blá-blá-blá estridente e vazio da mídia servil e de seu patético corpo de servidores voluntários no mundo ocidental e o que você encontrará o desejo nu de hegemonia, de poder sobre os fracos e de domínio sobre a riqueza do mundo. Pior ainda, você encontrará o egocentrismo, o ódio e a indiferença, o racismo e a intimidação, o egoísmo e o hedonismo que tentamos tanto mascarar com nosso jargão sofisticado, nossas teorias e modelos acadêmicos refinados, que na verdade ajudam a guiar nossos desejos mais feios e baixos. A insensibilidade com que nos rendemos a eles já é endêmica à nossa cultura; nela floresce como moscas sobre um cadáver.
Descasque os atuais símbolos e linguagem das vítimas os nossos caprichos egoístas e devastadores e você encontrará os gritos desafetados, simples e cheios de paixão dos pisoteados; dos "condenados da terra" implorando para que você cesse sua agressão fria contra suas crianças e seus lares; suas famílias e seus vilarejos; implorando que os deixe em paz para que tenham seu peixe e seu pão, suas laranjas, suas olivas e seu tomilho; pedindo primeiro educadamente e depois com crescente descrença no porquê de você não poder deixá-los viver sem serem incomodados nas terras de seus ancestrais, sem serem explorados, livres do medo de serem expulsos, violados ou devastados; livres dos carimbos e dos bloqueios de estrada e dos postos policiais de controle e cruzamentos; dos monstruosos muros de concreto, torres de guarda, bunkers de concreto e arame farpado; dos tanques, das prisões, da tortura e da morte. Por que é impossível a vida sem essas políticas e instrumentos do inferno?
A resposta é: porque Israel não tem qualquer intenção de permitir um estado palestino viável e soberano ao lado de suas fronteiras. Não tinha qualquer intenção de permiti-lo em 1948, quando arrancou 24% mais terra do que havia sido legal, ainda que injustamente, alocado pela Resolução 181 das Nações Unidas. Não tinha qualquer intenção de permiti-lo ao longo dos massacres e complôs dos anos 1950. Não tinha qualquer intenção de permitir dois estados quando conquistou os 22% que restavam da Palestina histórica em 1967 e reinterpretou a Resolução 248 do Conselho de Segurança da ONU a seu bel prazer, apesar do esmagador consenso internacional que estabelecia que Israel receberia completo reconhecimento internacional dentro de fronteiras reconhecidas e seguras se recuasse das terras que havia recentemente ocupado.
Não tinha qualquer intenção de reconhecer direitos nacionais palestinos nas Nações Unidas em 1974, quando sozinho com os Estados Unidos - votou contra uma solução biestatal. Não tinha qualquer intenção de permitir um acordo de paz completo quando o Egito estava pronto para realizar, mas só recebeu, e obedientemente aceitou, uma paz separada que excluía os direitos dos palestinos e dos outros povos da região. Não tinha nenhuma intenção de trabalhar na direção de uma solução biestatal justa em 1978 ou em 1982, quando invadiu, bombardeou, esmigalhou e demoliu Beirute para que pudesse anexar a Cisjordânia sem ser incomodado. Não tinha qualquer intenção de admitir um estado palestino em 1987, quando a primeira Intifada se espalhou pela Palestina Ocupada, na Diáspora e nos espíritos dos despossuídos do mundo, ou quando Israel deliberadamente auxiliou o nascente movimento Hamas, como forma de implodir a força das facções mais seculares-nacionalistas.
Israel não tinha qualquer intenção de admitir um estado palestino em Madrid ou em Oslo, quando a OLP foi superada pela trêmula e titubeante Autoridade Palestina, muitos de cujos chapas perceberam a riqueza e o prestígio que ela lhes dava, às custas dos seus.
Enquanto Israel alardeava nos microfones e satélites do mundo o seu desejo de paz e de uma solução biestatal, ele mais que duplicava os assentamentos colonizadores judeus, ilegais, nas terras da Cisjordânia e em volta de Jerusalém Oriental, anexando-as na medida em que construía e continua a construir uma superestrutura de estradas e autopistas sobre as cidades e vilarejos sobreviventes, picotados da Palestina. Anexou o Vale do Jordão, a fronteira internacional da Jordânia, expulsando quaisquer dos "nativos" que habitassem a terra. Fala com uma língua de víbora sobre os múltiplos amputados da Palestina, cujas cabeças serão logo arrancadas do corpo em nome da justiça, da paz e da segurança. Através das demolições de casas, dos ataques à sociedade civil que tentavam lançar a cultura e a história palestinas num abismo de esquecimento; através da indizível destruição dos cercos aos campos de refugiados e dos bombardeios à infraestrutura na Segunda Intifada, através dos assassinatos e das execuções sumárias, la grandiosa farsa do desengajamento até a nulificação das eleições livres, democráticas e justas da Palestina, Israel já nos fez saber qual é a sua visão, uma e outra vez, na linguagem mais forte possível, a línguagem do poder militar, das ameaças, das intimidações, do acosso, da difamação e da degradação.
Israel, com o apoio aprovador e incondicional dos Estados Unidos, já deixou dramaticamente claro ao mundo todo, várias vezes, repetindo em ação atrás de ação que não aceitará um estado palestino viável ao lado de suas fronteiras. O que mais é preciso para que escutemos? O que será necessário para terminar com o silêncio criminoso da "comunidade internacional"? O que será preciso para ver mais além das mentiras e da doutrinação acerca do que tem lugar diante de nós, dia após dia, claramente, no raio de visão dos olhos do mundo? Quanto mais horrorosas as ações no terreno, mais insistentes são as palavras de paz. Ouvir e assistir sem escutar nem ver permite que a indiferença, a ignorância e a cumplicidade continuem e aprofundem, a cada túmulo, a nossa vergonha coletiva.A destruição de Gaza não tem nada a ver com o Hamas. Israel não aceitará qualquer autoridade nos territórios palestinos que ele, em última instância, não controle.Qualquer indivíduo, líder, facção ou movimento que não aceda às exigências de Israel ou que busque genuína soberania e igualdade de todas as nações da região; qualquer governo ou movimento popular que exija a aplicabilidade da lei humanitária internacional e a declaração universal dos direitos humanos para seupróprio povo será inaceitável para o Estado Judeu.
Aqueles que sonham com um Estado devem ser forçados a perguntarem-se: o que Israel fará com uma população de 4 milhões de palestinos dentro de suas fronteiras, quando comete crimes diários, se não a cada hora, contra a humanidade coletiva deles enquanto eles vivem ao lado de suas fronteiras? O que fará mudar de repente a razão de ser, o autoproclamado objetivo e razão de existência de Israel se os territórios palestinos forem anexados a ele totalmente?
O sangue de vida do Movimento Nacional Palestino jorra hoje pelas ruas de Gaza. Cada gota que cai rega a terra da vingança, do ressentimento e do ódio não só na Palestina, mas em todo o Oriente Médio e em boa parte do mundo. Nós temos uma escolha sobre se isso deverá continuar ou não. Agora é a hora de escolher.
Jennifer Loewenstein é Diretora Associada do Centro de Estudos do Oriente Médio de uma das principais universidades públicas norte-americanas, a de Wisconsin em Madison. Ela trabalhou durante meses, em 2002, no Centro Al Mezan de Direitos Humanos, em Gaza. Retornou a Gaza várias vezes desde então.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Flechette: a nova arma israelense de matar

Israel utilizou armas de fósforo contra a população de Gaza.
Isto não é novidade.
Israel utilizou munições com urânio empobrecido contra a população de Gaza.
Isto também não é novidade.
Israel utilizou flechettes contra a população de Gaza.
Isto sim, é uma arma nova e até agora desconhecida.
Flechettes, a nova arma foi fornecida pelos Estados Unidos a israel. Flechettes são dardos de metal com 4 cm de comprimento e 4 aletas traseiras.
As flechettes são condicionadas em bombas de 120mm. São disparadas por tanques.
Cada bomba leva em seu bojo de 5 mil a 8 mil flechetes.
As bombas explodem no ar e dispersam as flechetes numa área de 300 metros.
Alguém consegue imaginar a dor que as mais de 400 crianças assassinadas sentiram ao serem atingidas por essas armas?
Alguém consegue imaginar tamanha crueldade?
A denúncia é da Anistia Internacional.
Clique AQUI para acessar o site da Anistia Internacional

Ehud Olmert

Em 12 de julho de 2006, o suspeito ordenou o bombardeio de cidades e vilarejos no Líbano.Os 34 dias de bombardeio violaram o Direito Internacional. Nos bombardeios aéreos e terrestres ordenados pelo suspeito, morreram aproximadamente 1.200 pessoas e feriram cerca de 4.400. Durante os ataques, o suspeito ordenou o lançamento de milhares de bombas de fragmentação que cairam perto de zonas residenciais no Líbano algo proibido em virtude das Convenções Internacionais. No total, cerca de um milhão de pequenas bombas foram lançadas, o que levou no pós-guerra, a morte de 30 pessoas e feriu 215, inclusive 90 crianças.

No verão de 2007, o suspeito ordenou o bloqueio de 1.5 milhões de pessoas em Gaza, o que as impede de receberem alimentação adequada, água, eletricidade e medicamentos – tudo isso expressamente proibido pelo Direito Internacional . Em dezembro de 2008, o suspeito ordenou um ataque por terra, ar e mar contra os residentes de Gaza, causando a morte de mais de 1.300 pessoas – centenas destes crianças.

Em 10 de dezembro de 2008, advogados do Líbano apresentaram uma queixa formal na Corte Penal Internacional de Haia, Holanda, contra o suspeito e outros, por suspeita de crimes de guerra e crimes contra a humanidade por ser parte do sítio a Gaza. Em março de 2009, o suspeito perderá sua imunidade diplomática.

Internacional ! Abaixo-assinado Universal

Cerca de 300 ONG e associações vão solicitar ao Procurador do Tribunal Penal Internacional que investigue os crimes de guerra cometidos por Israel em Gaza. O apoio da cidadania é indispensável. Assinem e façam circular este « abaixo assinado universal »». É urgente.
Ao Senhor Procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI)
O Direito é a marca da civilização humana. Cada progresso da humanidade coincidiu com a consolidação do Direito. O desafio que nos impõe a agressão de Israel contra Gaza consiste em afirmar, no meio do sofrimento, que à violência deve responder a justiça.
Crimes de guerra? Apenas os tribunais os podem condenar. Mas todos devemos dar testemunho, pois o ser humano só existe na sua relação com os outros. As circunstâncias dão toda a sua dimensão ao artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos: «Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outrosem espírito de fraternidades».
A protecção dos povos, não a dos Estados, é a razão de ser do TPI. Um povo sem Estado é o mais indefeso de todos e, perante a História, encontra-se sob a protecção das instâncias internacionais. O povo mais vulnerável deve ser o mais protegido. Ao assassinar a população civil palestina, os carros de combate israelitas fazem sangrar a humanidade. Lutámos para que o poder do Procurador Geral esteja ao serviço de todas as vítimas e esta competência deve permitir que o mundo inteiro receba uma mensagem de esperança, a da construção de um Direito Internacional baseado no direito das pessoas. E, juntos, um dia poderemos prestar homenagem ao povo palestino por tudo aquilo com que contribuiu para a defesa das liberdades humanas.


Campanha iniciada em 19/01/2009

MAIS INFORMAÇÃO

Se deseja solidariza-se com esta campanha, complete as seguintes informações:
* Dados obrigatórios


http://www.tlaxcala.es/detail_campagne.asp?lg=po&ref_campagne=10

MANIFESTO DA FRENTE DE DEFESA DO POVO PALESTINO – FDPP

A ORIGEM DO CONFLITO
A Palestina sofreu várias invasões ao longo de sua história. A origem dos conflitos que hoje ocorrem na região está entre 1897 e 1947, pois nesses cinqüenta anos seu território foi sendo disputado e invadido pelo movimento sionista, que, com apoio de banqueiros e empresários europeus, além de governos antidemocráticos, começa a defender a idéia de criação de um "Estado judeu" na Palestina.
Em 1947, com o respaldo de grandes potências capitalistas como Inglaterra e EUA, os sionistas conseguem levar a discussão da divisão da Palestina e da criação do "Estado judeu" para a Organização das Nações Unidas (ONU).
Até 1947 existia uma Palestina única, onde conviviam pacificamente palestinos judeus, cristãos e muçulmanos, sendo o principal problema o domínio da Inglaterra sobre a região. Os palestinos dessa época queriam a independência, a liberdade e a soberania, mas em vez disso a ONU decidiu aprovar uma proposta de criação de dois estados. Um seria o Estado judeu, Israel (que ficaria com 53% do território), e o outro o Estado palestino (que ficaria com 47%). Jerusalém (2% do território), cidade sagrada para as três grandes religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo, islamismo) seria administrada pela ONU.
Quando em 1948 os ingleses saem da Palestina, é criado o atual Estado de Israel, sem nenhuma consulta à população que vivia na região. Os sionistas trariam da Europa milhares de judeus para invadir o território palestino. Aproveitando-se do sofrimento do povo judeu, que foi perseguido e massacrado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, os sionistas montam um exército e fundam seu Estado, mas impedem que o Estado palestino seja criado. Desrespeitando a resolução da ONU, iniciam uma escalada de torturas, massacres e violência que já dura 61 anos.
A criação do Estado de Israel trouxe instabilidade e guerras para a região, pois esse projeto colonialista/imperialista tem como objetivo neutralizar e enfraquecer as lutas populares por libertação nacional e independência. Israel transformou-se num instrumento das grandes potências, principalmente dos EUA, dentro do Oriente Médio, especialmente para o controle do petróleo.
Em 1948 o exército e o governo de Israel impedem a criação do Estado palestino, expulsam cidadãos palestinos de suas casas, de suas terras e invadem quase toda a região. Os palestinos resistem, mas não conseguem impedir o expansionismo israelense. E a ONU se cala!
Em 1967 o Estado de Israel assume o controle total da Palestina pela força, dominando Gaza, Cisjordânia e a cidade de Jerusalém, contrariando assim, mais uma vez, as resoluções da ONU sobre a questão. Além disso, Israel invade a Península do Sinai, no Egito, e as Colinas de Golan, na Síria, onde se encontram as fontes de água.
Portanto, o responsável pela difusão da violência na região é o governo e a classe dominante de Israel, um Estado que tem praticado o terrorismo contra a população civil palestina, mantendo nas prisões mais de 11 mil pessoas, encarceradas por lutarem por paz, por justiça e em defesa do seu Estado e país, a Palestina
O Estado de Israel não cumpre as resoluções da ONU, invadiu os territórios da Palestina, da Síria, do Egito, invadiu e massacrou o Líbano duas vezes (1982 e 2006), produziu armas de destruição em massa/ogivas nucleares, desrespeita todas as convenções e tratados internacionais de direitos humanos, não cumpre nenhum acordo de paz ou cessar fogo. Assassina milhares de palestinos, ativistas de direitos humanos, membros de missões humanitárias da ONU e outras organizações, impede a Cruz Vermelha Internacional e os Médicos Sem Fronteiras de dar assistência aos feridos em Gaza, censura a imprensa e reprime os próprios israelenses que se manifestam contra a ofensiva militar.

A RESISTÊNCIA DO POVO PALESTINO AO
O TERRORISMO DE ISRAEL

Desde a década de 30, várias ações de resistência contra o mandatário inglês e ocupante israelense foram realizadas pelos palestinos.
No decorrer desta luta, surgiram inúmeras organizações populares, dentre elas a OLP Libertação da Palestina, formada por facções nacionalistas laicas (não-religiosas) e socialistas/comunistas.
Nos últimos 20 anos a resistência palestina tem recrudescido e se ampliado. Como exemplos disso temos as revoltas populares – INTIFADAS – ocorridas em 1987 e 2000 - expressas pela diversidade de organizações políticas, sociais, culturais e religiosas, todas lutando contra a ocupação da Palestina

A FRENTE DE DEFESA DO POVO PALESTINO:
INSTRUMENTO DA SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL

Como resultado das várias manifestações em defesa do povo palestino e em particular contra o cerco econômico e humanitário e o massacre que o Estado de Israel promove hoje em Gaza e contra o Hamas, seu governo legitimamente eleito, nós, brasileiras e brasileiros, nos reunimos a partir de diversas organizações dos movimentos populares, sindical, estudantil, de mulheres, de direitos humanos, além de partidos políticos, entidades da comunidade árabe-palestina laicas e religiosas, para dar uma demonstração de força e unidade diante de mais essa agressão contra o povo palestino.
Mais do que palavras de solidariedade, nosso objetivo é fortalecer esse amplo movimento nacional e internacional de luta contra a ocupação israelense e por uma Palestina laica , independente e democrática.
Que nosso esforço coletivo sirva de munição poderosa para todas e todos que querem construir um mundo de paz e justiça, sem colonialismo, sem racismo, sem imperialismo, sem sionismo!
PLEITEAMOS:
- A RETIRADA IMEDIATA DAS TROPAS ISRAELENSES DE GAZA
- O FIM DO GENOCÍDIO EM GAZA
- O FIM DO CERCO Á FAIXA DE GAZA
- LIBERDADE PARA OS PRESOS POLÍTICOS PALESTINOS
- A NÃO-RATIFICAÇÃO DO TRATADO DE LIVRE COMÉRCIO MERCOSUL-ISRAEL
- A RUPTURA DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS COM ISRAEL, COMEÇANDO PELA EXPULSÃO DO EMBAIXADOR ISRAELENSE
- O BOICOTE AOS PRODUTOS DE EMPRESAS QUE SUSTENTAM A OCUPAÇÃO DA PALESTINA POR ISRAEL


São Paulo, 15 de janeiro de 2009. .

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

"E então ninguém perguntará quem semeou o que se colhe"



Talvez o que vá dizer não venha ao caso do que seja tema central desta mesa. Talvez sim.
Há dois dias, a mesma que em nossa fala se referiu à violência, a inefável Condoleezza Rice, funcionária do governo norte-americano, declarou que o que está acontecendo em Gaza era culpa dos palestinos por sua natureza violenta.
Os rios subterrâneos que percorrem o mundo podem mudar o percurso, mas entoam o mesmo canto.
E o que escutamos agora é um canto de guerra e pena.
Não muito longe daqui, num lugar chamado Gaza, na Palestina, no Oriente Médio, aqui do lado, um exército fortemente armado e treinado, do governo de Israel, continua a avançar, levando morte e destruição.
Os passos seguidos até agora são de uma guerra militar clássica de conquista: primeiro um bombardeio intenso e massivo para destruir pontos militares "nevrálgicos" (como dizem os manuais militares) e "suavizar" as fortificações da resistência; depois, um ferrenho controle sobre a informação: tudo que se escutar e ver "no mundo exterior", isto é, para fora do teatro de operações, deve ser selecionado com critérios militares; agora, fogo intenso de artilharia sobre a infantaria inimiga para proteger o avanço de suas tropas para novos territórios; depois será o cerco e estado de sítio para debilitar a guarnição inimiga e depois o assalto para a conquista da posição, aniquilando o inimigo, e então a limpeza dos prováveis "ninhos de resistência".
O manual militar de guerra moderna, com algumas variações e acréscimos, está sendo seguido passo-a-passo pelas forças militares invasoras.
Nós não sabemos muito sobre isto e, é certo, há especialistas sobre o chamado "conflito no Oriente Médio", mas deste canto do mundo temos algo a dizer:
Segundo as fotos das agências de notícias, os pontos "nevrálgicos" destruídos pela aviação do governo de Israel são casas de moradia, casebres, edifícios civis. Não vimos nas fotos nenhum bunker, nem quartel, ou aeroporto militar, nem bateria de canhões, entre o que está destruído. Então, nos desculpem, desculpem nossa ignorância, mas pensamos que, ou os soldados de artilharia dos aviões têm má pontaria, ou em Gaza não existem os tais pontos militares "nevrálgicos".
Não tivemos a honra de conhecer a Palestina, mas supomos que nessas casas, barracos e edifícios eram habitados por gente – homens, mulheres, crianças e idosos, e não soldados.
Tampouco vimos fortificações de resistência, só se vêem escombros.
Vimos, sim, o até agora vão esforço do cerco informativo e os diversos governos pelo mundo no dilema de fingir estar alheio ou cinicamente aplaudir a invasão, e uma ONU, já inútil (aliás, há algum tempo), emitindo mornas notas para a imprensa.
Mas, esperem. Ocorreu-nos que talvez, para o governo de Israel, esses homens, mulheres, crianças e idosos são soldados inimigos, e como tais, os casebres, casas e edifícios que habitam são quartéis que precisam ser destruídos.
Então, com certeza, os fogos de artilharia que esta madrugada que caíam sobre Gaza eram pra proteger desses homens, mulheres, crianças e idosos o avanço da infantaria do exército de Israel.
E a guarnição inimiga que querem debilitar com o cerco e sítio que está se expandindo no entorno de Gaza na é outra coisa que a população palestina que ali vive. E que o assalto pretende aniquilar essa população. E que qualquer homem, mulher, menino ou idoso que conseguir escapar, escondendo-se do assalto, previsivelmente sangrento, logo será "caçado" para que a limpeza se complete e o comando militar responsável pela operação possa se reportar a seus superiores: "concluímos nossa missão."

Desculpem novamente a nossa ignorância, talvez o que estamos dizendo não venha, de fato, ao caso, ou coisa, segundo a lógica hegemônica. E que em vez de estarmos repudiando e condenando o crime em marcha, como indígenas e como guerreiros que somos, deveríamos estar discutindo e tomando posição na discussão sobre "sionismo" ou "anti-semitismo", ou que no começo foram as bombas do Hamás.
Talvez nosso pensamento seja muito simples e nos faltem matizes e gradientes tão necessários sempre nas análises, mas para nós, zapatistas, em Gaza há um exército profissional assassinando uma população indefesa.
Quem é oprimido e à esquerda pode permanecer calado?
Vale a pena dizer algo? Detêm alguma bomba nossos gritos? Nossa palavra salva a vida de alguma criança palestina?
Nós pensamos que, sim, serve, e que talvez não detenhamos uma bomba nem nossa palavra se converta em escudo blindado que evite essa bala calibre 5,56 mm ou 9 mm, com as inscrições IMI (Indústria Militar Israelense), gravadas na base do cartucho, chegue ao peito de uma menina ou de um menino, porque talvez nossa palavra consiga unir-se a outras no México e pelo mundo afora, e talvez primeiro seja um murmúrio, logo em voz alta e depois em um grito que escutem em Gaza.
Não sabemos vocês, mas nós, zapatistas (do Exército Zapatista de Libertação Nacional), sabemos a importância que tem, em meio à destruição e à morte, escutar umas palavras de apoio.
Não sei como explicá-lo, mas acontece que, sim, as palavras desde longe talvez não alcancem a deter uma bomba, mas são como se se abrisse uma vala na funesta cova da morte e uma luzinha se acendera.
Pelo restante, passará o que por si vai acontecer. O governo de Israel declarará que deu um duro golpe ao terrorismo, esconderá à sua população a real magnitude do massacre, as poderosas indústrias de armas terão obtido um fôlego econômico para afrontar a crise e a "opinião pública mundial", esse ente maleável e sempre acomodado, voltará seu foco para outro lado.
Mas não apenas isso. Também acontecerá que o povo palestino vai resistir e sobreviver e prosseguir lutando, e continuar contando com a simpatia e o apoio dos oprimidos para sua causa.
E talvez um menino ou uma menina de Gaza sobreviva também. Talvez cresça e, com ele ou ela, a coragem, a indignação, a raiva. Talvez se façam soldados ou milicianos de algum dos grupos que lutam na Palestina. Talvez combata Israel. Talvez o faça atirando uma bala de fuzil. Talvez se imolando com uma faixa de dinamite em sua cintura.
Então, lá, no alto do hemisfério norte, escreverão sobre a natureza violenta dos palestinos e farão declarações condenando essa violência e voltará a se discutir se sionismo ou anti-semitismo.
E então ninguém perguntará quem semeou o que se colhe.
Pelos homens, mulheres, meninos e idosos do Exército Zapatista de Libertação Nacional,
Subcomandante Insurgente Marcos

Fotos de primeira e segunda manifestação em São Paulo

Jesus Carlos
Repórter Fotográfico

Dia 11/01/2009Dia 16/01/2009

Entidades do Grande ABC organizam Comitê em Solidariedade ao Povo Palestino e programam ato na


Câmara de São Bernardo do Campo

Reunidos na mesquita Abu Baker, no Jd das Américas, São Bernardo do Campo, representantes de entidades como o Centro de Divulgação do Islam para a América Latina, a Associação dos Docentes da Umesp, o Sinpro ABC, a Fundação Criança, o Sindicato dos Químicos do ABC, o Movimento Negro Unificado, o Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos de SBC), o PMMR, de partidos políticos (estiveram representados PT, PCB, PCdoB e PSOL), de comunidades religiosas (que além do islam, contou com representantes evangélicos e católicos), e da Web Rádio Vozes da Cidade.Net, decidiram criar o Comitê Grande ABC em Solidariedade ao Povo Palestino.
O encontro, que aconteceu no dia 20 de janeiro, foi aberto pelo representante do Centro Islâmico de São Bernardo, Sr. Ali Saifi. Ele manifestou a gratidão da comunidade muçulmana pelo apoio do povo do Grande ABC à causa palestina e destacou a união de entidades e religiões na denúncia das atrocidades ocorridas em Gaza.
O professor e pastor evangélico Hélio Sales Rios, propôs a criação do comitê, a produção de um documento exigindo a punição de Israel por crimes de guerra e a realização de atos públicos contra o genocídio do povo palestino.
O vereador Tião Mateus destacou a importância de realização de um ato na Câmara de São Bernardo no dia 4 de fevereiro, quando acontece a primeira sessão após o recesso parlamentar. “A Câmara estará lotada e os vereadores atentos às reivindicações populares. É um momento importante para que o Comitê dê o seu recado”, afirmou o vereador.
Além do ato na Câmara, dia 4 de fevereiro, às 9h00, quando os membros do Comitê entregarão o documento cobrando que Israel seja condenado por crimes de guerra, estão previstas panfletagens, caminhadas e manifestações ecumênicas em praças públicas.
A crise em Gaza
Cerca de 1.300 palestinos, dos quais pelo menos 700 civis (mais de 300 crianças), foram mortos na ofensiva de 22 dias. Do lado israelense, morreram apenas 10 soldados e três civis.
Segundo dados fornecidos por agências da ONU, durante a ofensiva militar de Israel contra o povo palestino na Faixa de Gaza, onde vivem 1,5 milhão de pessoas:
- Um ataque aéreo israelense aconteceu a cada 20 minutos, em média. Os bombardeios se intensificavam à noite.
- Os ataques israelenses já destruíram mais de 600 alvos, incluindo estradas, edifícios públicos, delegacias de polícia e parte da infra-estrutura.
- O sistema de saúde, já debilitado desde o início do bloqueio israelense há 18 meses, entrou em colapso.
- Cerca de 250.000 pessoas estão sem eletricidade. A única central elétrica da Faixa de Gaza foi fechada no dia 30 de dezembro pela sexta vez desde o início de novembro por falta de combustível.
- A água corrente é disponibilizada uma vez a cada cinco ou sete dias durante algumas horas.
- Quarenta milhões de litros de esgoto são lançados no Mar Mediterrâneo diariamente. Em alguns locais, o esgoto se acumula nas ruas depois que o sistema de saneamento foi danificado pelos bombardeios.
- O gás de cozinha e para calefação já não é encontrado no mercado.
- Cerca de 80% da população depende inteiramente da ajuda humanitária.
- Falta farinha, arroz, açúcar, laticínios e latas de conservas.
- Os dutos do terminal de Nahal Oz pelos quais chegava todo o combustível importado estão fechados.
- A maioria absoluta das escolas permanece fechada, mas muitas são utilizadas como abrigo por palestinos que fugiram de suas casas.
- Os bancos estão fechados devido à falta de liquidez.
Outras entidades e cidadãos do Grande ABC estão convidados a integrar o comitê. Maiores informações podem ser obtidas pelo e-mail http://bmail.uol.com.br/compose?to=comitepalestina@vozesdacidade.net.
De SBC, para a Rádio Vozes da Cidade, Anderson Mangolin.
http://www.vozesdacidade.net/
A 1ª Web Rádio de São Bernardo do Campo

E se recontássemos a história?

Luana Schabib, repórter.

Em algum lugar chamado de Palestina – que um dia foi uma terra soberana, com liberdade para assegurar a convivência entre os mais diferentes credos e hoje se encontra reduzida a duas ínfimas faixas territoriais oprimidas de todas as formas, cuja história foi aviltada –, sua resistência sôfrega foi chamada de terrorista e suas crianças morrem mutiladas atingidas por bombas em suas casas, no colo de suas mães. Mas, porque as centenas de litros de sangue palestinos valem menos que um susto ou um arranhão de um jovem israelense para a mídia manipuladora?

E se não deixam falar na TV e na grande imprensa, fizeram-se dois, dez, centenas de blogs na internet. E vai-se às ruas. Assim foi em Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia, ou em Belo Horizonte (MG). E também na Praça da Sé, às sete e meia da noite, dia 16 de janeiro. Não foi a única passeata pró-Gaza – foi mais um grito. São centenas de milhares de vozes que fazem coro contra o genocídio, a banalização da vida e, pior, o esquecimento cínico e covarde, aliado dos tiranos.

A concentração era na Praça da República, centro histórico de São Paulo, uma cidade de 455 anos que transformou seu coração em abandono. Lá encontram-se sapatos de salto alto ao preço de sete reais, prédios de mais de cem anos e antigas sedes de redações de jornais que faziam jus à função social do jornalismo, de informar aos cidadãos. Hoje abundam os dejetos humanos nas ruas.

Esse foi o diferencial da segunda manifestação que ocorreu em São Paulo. Eram discursos dos representantes de entidades diversas da nossa sociedade, partidos políticos, MST, associação de professores, jovens, libaneses, índios, paulistanos-nordestinos, palestinos, ao lado de moradores das ruas.

– Pára com isso, meu. Eu sou preto como você. Sei que no Brasil também tá difícil. Mas, isso aqui é dor: sangue, dor!

Foi o que disse um manifestante a um morador de rua, que entrava na frente das pessoas que discursavam e fazia gestos obscenos, enquanto os representantes de entidades falavam da dor, da luta palestina por sua sobrevivência. O jovem negro dava o exemplo ao seu filho de uns 10 anos, e foi compreendido pelo morador de rua que carregava garrafas plásticas, latinhas e usava óculos escuros, naquela sexta-feira incomum. Eram dores semelhantes. A miséria e o descaso com os moradores de rua, que vivem rejeitados nas escadas da Catedral da Sé, que olhavam o telão com as imagens da violência contra a Palestina, país acusado pela mídia de ser contrabandista de comida, em meio de ataques por terra, mar e ar.
Reivindicaram a condenação do governo de Israel por crime de guerra, ou melhor, por crime contra a humanidade. Pediram que o Brasil cortasse relações com Israel, como a Venezuela, Cuba e a Bolívia ousaram fazer. Reclamaram que a ONU existisse de fato.
Um garoto mudo, morador de rua, cumprimentava com entusiasmo os manifestantes e dizia, com gestos e onomatopéias, que também tinha vindo de lá, apontando a bandeira preta, branca, verde e vermelha. Seus pais teriam morrido pelas bombas. Solidariedade ou fato, aquela cena exprimia o apoio do cidadão anônimo de um Brasil altivo, diferente de até pouco tempo atrás, de joelhos para os amiguinhos do Tio Sam. Enquanto muitas pessoas continuavam a assistir as chamadas para o show de Madonna no Brasil, esse menino mudo, da Praça da República, empunhava a bandeira palestina e dizia ser de lá. Sentia a dor de ver fotos de crianças com tiros no peito, dos corpos de pessoas espalhadas pelo chão, cinza, com tom avermelhado.
Vamos recontar a história com base nos padrões globais, talvez isso tocasse mais o coração das pessoas que têm família, das pessoas que podem ser chamadas de pessoas ou das pessoas que assistem telenovelas:
“Mariam era uma jovem muito romântica. Toda vez que via Youssef, o jovem belo de olhos azuis da loja do seu Mohamad, seu coração palpitava. Mas, ele nunca lhe dara atenção, pois sempre estava ocupado com as compras para as casas das senhoras. Certo dia, o sol na Palestina amanheceu tão mais forte e bonito, as flores no jardim da mãe de Mariam floresciam tão mais verdes e fortes. Foi neste dia que Mariam declarou todo seu amor por Youssef e descobriu que era recíproco, mas eles tiveram que deixar o abraço pra mais tarde, porque o pai dele o chamou para que terminasse as entregas do dia. E quando ele enfim estava livre, depois de um dia de trabalho, pedalando ao encontro de sua amada, na florida casa de Mariam, bombas eram jogadas do céu. Quando Mariam desceu as escadas ao seu encontro, encontrou o seu corpo estendido no chão, junto com as flores que ia lhe dar. O jardim de sua mãe estava cinza dos escombros, o céu também cinza, só quebrado pelo escarlate do sangue espalhado de seus vizinhos e amigos agonizantes. Então, Mariam decide fazer justiça, pois, em 23 dias de bombardeios, foram mortos quase todos os seus amigos, familiares e animais, destruídos todos os sonhos juvenis – a faculdade, o primeiro amor, tudo.”
Isso é uma ficção, mas poderia ser um caso verídico, já que morreram tanta gente, e gente não é número e sim história. Algo está errado. Será que tudo tem que estar latente para enxergarmos que algo está errado?
Esperança não é o silêncio cúmplice, conivente e glamuroso de Barak Hussein Obama. Nem o timão na primeira divisão. Estados Unidos não são o coração do mundo. Nem o futebol a salvação da humanidade. Nesse contexto bizarro me lembro de Regina Duarte, com seu olhar transtornado, dizendo no horário eleitoral gratuito que tinha medo de Lula no governo de nosso país. Ainda bem que ela deu uma sumida. Ao contrário dos interesses representados por ela, mas com o sentimento semelhante, eu tenho medo. Medo desse caos. Não tipo Nostradamus. É algo bem pior. É caos porque se faz um silêncio terrorista que não convém à nova história que precisa ser contada. Parece que de repente, tudo, todas as pessoas entrevistadas, a matriz de todas as culturas, tudo é pró-sionista. Por isso, vou fazer a minha parte. E toda vez que puder, vou contar a história da maneira que deve ser contada.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Solidariedade com Palestina - Gaza


A CMB - Confederação das Mulheres do Brasil, repudia a chacina realizada pelo Governo fascista de Israel na Faixa de Gaza com o apoio da administração Bush, e alerta que 23 dias de criminosos bombardeios chacinaram civis - em especial crianças, mulheres e idosos causando a destruição de 4.100 casas, mais 17 mil ficaram danificadas; 1.500 fábricas, lojas e oficinas bombardeadas, além da destruição de 20 mesquitas e ainda 25 escolas e hospitais incluindo escolas da ONU e caminhões do comboio de donativos arrecadados pelas ações de Solidariedade Internacional aos Palestinos.
A CMB denuncia a natureza genocida de Israel na ofensiva pelo controle do gás palestino; a ação sangrenta do Exército Israelense está intimamente ligada à questão da cobiça e rapina das riquezas naturais como a fabulosa reserva de gás submarina em Gaza. Gaza está sendo submetida à ferro e fogo para que Israel controle o gás palestino sem qualquer interferência de um governo nacionalista e soberano. O governo israelense aproveitou a agressão e invasão militar para voltar a negociar a exploração das reservas de gás palestinas de Gaza com a empresa inglesa British Gás. Os ministérios israelenses de Finanças e Infra-Estrutura reiniciaram as negociações para a concessão do gás de Gaza.
A CMB frente á suspensão dos ataques, á suspensão do morticínio e inicio da retirada das tropas agressoras israelenses na Faixa de Gaza conclama a todas as organizações femininas, os defensores dos Direitos Humanos, as forcas amantes da paz, da justiça e da soberania, a se somarem às iniciativas nacionais e internacionais que lutem pela retirada de Israel da Palestina e exijam as condenações dos crimes guerra de Israel em Gaza
A CMB declara sua solidariedade irrestrita com o heróico povo palestino na sua prolongada e heróica luta pela construção do seu próprio Estado independente e soberano em território da Palestina.
- Fora Israel da Palestina
- Pela condenação dos crimes de guerra de Israel
- Fim imediato do bloqueio econômico e agressões militares contra a Palestina. - Retirada imediata dos israelenses dos territórios ocupados palestinos. Brasil, Janeiro de 2009
c.m.brasil@terra.com.br

Cofeceraçao das mulheres do Brasil convida a todos (as) para participarem:

Concentração no PORTAL SINDICAL para passeata dia 29 de janeiro, ás 12h, no Fórum Social Mundial em Belém-PA em solidariedade à Palestina exigindo punição para os crimes de guerra.
Convocada por:
FDIM, FDIM - Oficina Regional Américas da FDIM, União de Mulheres Palestinas - Confederação das Mulheres do Brasil - União Brasileira de Mulheres - Centro de Informação Mulher - Marcha Mundial de Mulheres - Articulação de Mulheres Brasileiras - Federação de Mulheres Cubanas (Cuba) - Movimento de Mulheres Clara Zetkin (Venezuela) - Movimento de Mulheres de Moçambique (Moçambique) - Organização de Mulheres de Cabo Verde (Cabo Verde) - Movimento Democrático de Mulheres (Portugal)

Dia 1º de Fevereiro Encontro com a Vice-presidenta da FDIM e Embaixadora da Palestina no Brasil até fevereiro de 2008, Sra. Mayada Abbassi, 17hs, Rua Rui Barbosa-323 - Bela Vista - São Paulo
Agradecemos divulgação da nossa mensagem e participação nas atividades.
Um grande abraço,
Gláucia Morelli - Presidenta da CMB e Ana Maria Rodrigues da Silva - Diretora de Relações Internacionais CMB

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

VOCÊ SABIA??


- Que a Palestina é um país de 27000 Km2 de extensão e se localizado no Oriente Médio?

- Que Jesus Cristo nasceu na Palestina?

- Que em 1947 a Organização da Nações Unidas – ONU impôs a divisão do território da Palestina para a criação do Estado sionista de "Israel"?

- Que divisão da Palestina foi legitimada através da Resolução nº 181 da ONU –que designa 56% do território para a criação do Estado sionista de "Israel", 43% do território restante para a permanência do Estado da Palestina e 1% para a Cidade de Jerusalém que ficou com status de internacional?

- Que a criação do Estado sionista de "Israel" é fruto da pressão do Sionismo (Movimento Político Judaico) e do Imperialismo?

- Que em 1948 o então criado Estado sionista de "Israel" não respeita os limites de terras designado pela ONU e amplia seu território para 78% roubando mais terras da Palestina?

- Que em 1967, através da Guerra dos 6 dias, o Estado sionista de "Israel" passa a ocupar 100% do Solo Pátrio da Palestina?

- Você sabia que existe o Povo Palestino? A população total de palestinos é de 11,2 milhões! E que eles não tem uma Pátria, pois seu país foi roubado pelo Estado sionista de "Israel"?

- Que restou apenas dois territórios dentro da Palestina para os palestinos viverem?

- Que estes territórios são Gaza: onde residem 1, 5 milhões de Palestinos em 365 Km2 e Cisjordânia: onde residem 2,5 milhões em 5.990 Km2, e 1,2 milhões em territórios palestinos ocupados em 1948.

- Que estes 5, 2 milhões de palestinos resistem em viver no seu Solo Pátrio, de forma subumana, desprovidos de direitos básicos como: água, alimentos, hospitais, transportes, escolas, empregos e o direito mais elementar: o de ir e vir? E você sabe como vivem os outros 6 milhões de palestinos? Vivem como refugiados, em outros países, sonhando com o dia de retornar para a Palestina Livre!

- Que a Palestina não tem autonomia, independência, governo, terras, enfim, que a Palestina não é um país? Não é uma nação?

- Que Cisjordânia e Gaza são considerados territórios ocupados pelo Estado sionista de "Israel"? Não são considerados o Estado da Palestina?

- Que nestes territórios o Exército sionista de "Israel" controla os palestinos através de centenas de Postos de Revistas? São postos de checagem (check-point) solicitando documentação, aplicando interrogatórios aos Palestinos, todos os dias?

- Que o Estado sionista de "Israel" construiu um muro de 790 km de extensão, com 8 metros de altura, serpenteando Gaza e Cisjordânia para isolar os palestinos, impedindo o acesso ao Estado sionista de "Israel"?

- Que o Estado sionista de "Israel" aprisionam 12 mil presos políticos palestinos, em situações precárias, em cárceres deteriorados?

- Que em 27 de dezembro de 2008 o Exército Sionista de Israel atacou Gaza, bombardeando violentamente o território palestino, com a desculpa de retaliar o movimento político Hamas.

-Que o Exército Sionista de Israel é o 4º exército mais forte, poderoso e moderno do mundo?

- Que em 22 dias de ataques aéreos e terrestres o que aconteceu foi uma matança? Foram ações de extermínios, de limpeza étnica sobre o povo palestino que reside em Gaza? Foram 1300 mortos, 5300 feridos, 5000 casas destruídas, 41 Mesquitas explodidas, 5 cemitérios bombardeados, 16 prédios públicos, escolas da ONU e hospitais totalmente destruídos... que são 80 mil pessoas desabrigadas?

- Que segundo a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha a reconstrução da região atacada levará anos para ser concluída?

Que o incomodo destas informações provoque em você a sede pela justiça!

O anúncio da justiça não distingue credos, nações ou etnias!

A justiça é construída pela verdade!

O sangue de cada palestino derramado é o adubo na construção da Palestina Livre sobre o seu Solo Pátrio!

Torne-se um solidário com a luta de libertação da Palestina!

A paz só é possível se derrotarmos o Sionismo e o Imperialismo!

Viva a luta de resistência do Povo Palestino!

Nos ajude a construir a Palestina Livre!

Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino

comitepalestinasc@yahoo.com.br

Janeiro 2009

Blumenauenses criam comitê de apoio à Palestina


Organizador do comitê, Luiz Henrique Costa, diz que o grupo defende a coexistênc


Blumenauenses também entraram na discussão do conflito entre Israel e palestinos. Um grupo de estudantes, médicos, professores e servidores da Furb criou o Comitê Pró-Palestina de Blumenau, que pretende discutir os conflitos no Oriente Médio e os recentes ataques israelenses ao território palestino.
A idéia é reunir entidades blumenauenses e criar um manifesto de repúdio às atitudes do governo do Estado Judeu.
Será enviado um pedido ao Tribunal Internacional das Nações Unidas, na Holanda, para condenação de Israel por crimes contra a humanidade.
“Queremos fazer a denúncia contra o terrorismo e divulgar aos blumenauenses a real situação dos conflitos. O que defendemos é a coexistência dos dois povos”, explica o organizador do comitê, Luiz Henrique Costa, professor de Ética no curso de Farmácia da Furb.
Para ele, manifestar-se agora é garantir que a Organização das Nações Unidas (ONU) respeite a soberania dos países e puna os criminosos. A atitude pode evitar que situação similar ocorra na América do Sul.
“Israel não quer permitir que os palestinos se constituam como um Estado. Praticam terrorismo e a ONU não pune. Queremos nos manifestar porque esse tipo de situação pode acontecer aqui perto da gente também, na fronteira do País”, alerta.
Reativação do grupo
O grupo, formado por 15 pessoas, reuniu-se pela primeira vez em 2003 para debater, entre os acadêmicos da universidade, a política internacional e a invasão dos Estados Unidos ao Iraque.
“Nosso grupo sempre defendeu a paz internacional em qualquer situação. Surgimos, na época, para mostrar nossa solidariedade ao povo do Oriente Médio. Chegamos a realizar passeatas e encontros com grande mobilização das pessoas”, lembra.
O comitê aguarda agora a retomada do período letivo da universidade para iniciar o grupo de discussões entre os alunos e a comunidade interessada.
Na última sexta-feira (16), reuniram-se pela primeira vez após um período de recesso. Discutiram a retomada da comissão e debateram os conflitos.
O Comitê Pró-Palestina deve se reunir novamente na próxima semana, na sede do Sindicato dos Servidores Públicos do Ensino Superior de Blumenau, na rua Antônio da Veiga.
Materiais de divulgação estão sendo elaborados e já se planeja a realização de palestras para os simpatizantes da causa.

Luiz Henrique CostaProfessor da Universidade da Região de Blumenau/SC

47-99731808/ 47-33217328


domingo, 25 de janeiro de 2009

Comitê Mineiro de solidariedade ao povo palestino


Encontro Internacional com MAYADA ABBASSI



Convidamos a todos os amigos da Palestina, para participar de um Encontro Internacional com a Deputada MAYADA ABBASSI, vice-presidenta da FDIM, Secretária de Relações Internacionais da União de Mulheres Palestinas e Embaixadora da Palestina no Brasil até fevereiro de 2008, onde será apresentada a situação do povo Palestino após os criminosos bombardeios que chacinaram civis – em especial crianças, mulheres e idosos causando a destruição de 4500 casas, mais 20 mil ficaram danificadas; 1.500 lojas e oficinas bombardeadas, além da destruição de 20 mesquitas e ainda 25 escolas e hospitais incluindo escolas da ONU e caminhões do comboio de donativos arrecadados pelas ações de Solidariedade Internacional aos Palestinos.

O Encontro será realizado no teatro Denoy de Oliveira da sede da UMES – União Municipal de Estudantes Secundaristas – na Rua Rui Barbosa, nº. 323, Bela Vista, telefone 32897452 no dia 01 de fevereiro às 17hs.

Participarão do Encontro Internacional lideranças femininas da Palestina, Portugal, Chipre, Índia, Argentina, Angola, Moçambique, Timor Leste, Cabo Verde, Cuba e Guiné Bissau.

Entidades promotoras: Frente em Defesa do Povo Palestino, Oficina Regional dos Países Árabes da FDIM, UMES, CGTB, CNAB, Movimento Mulheres pela P@Z!, Rede para Difusão da Cultura Árabe-Brasileira “Samba do Ventre”, FEARAB-SP, FEARAB-América

Carta Aberta ao Presidente Lula


Excelentíssimo Senhor Presidente da República Federativa do Brasil,


O mundo inteiro assistiu estarrecido e indignado à criminosa agressão de Israel ao povo palestino, povo ao qual o estado ocupante nega o direito à existência, impondo-lhe pela força das armas a condição de cativeiro para fins de extermínio. Hoje, a humanidade tem consciência de que Gaza é um Gueto, o maior do planeta.


Durante 22 dias, o sanguinário exército nazi-sionista despejou toneladas de bombas sob casas, mesquitas, escolas, incluindo a Universidade de Gaza, e hospitais, reduzindo a escombros a infra-estrutura pública: 4 mil casas destruídas, outras 17 mil parcialmente atingidas, 51 mil pessoas sem teto, 400 mil sem água potável. Calcula-se em meia década o tempo para reconstruir tudo que foi posto abaixo. O saldo provisório da matança passa de 1300 mortos e 5500 feridos (muitos mutilados para sempre). Entre as vítimas fatais, contam-se mais de 100 mulheres e mais de 400 crianças assassinadas. Definitivamente, isso não foi uma Guerra, em que dois exércitos se enfrentam em pé de igualdade. O que vimos nessas três semanas de terror foi um genocídio.


Na denominada "terceira fase" da ofensiva, o Estado sionista golpeou por terra, ar e mar a população civil, que não encontrou refúgio nem nos edifícios dos organismos da ONU, que foi quatro vezes bombardeada. Duas escolas mantidas por ela foram alvejadas, causando a morte de 42 crianças. Foram igualmente atacadas as instalações da ONU responsáveis pela centralização do recebimento de ajuda humanitária, incluindo as doações do governo brasileiro. Bombas de Fósforo Branco, proibidas por convenções internacionais, destruíram toneladas de remédios e alimentos destinados às desesperadas famílias palestinas, que sofriam e ainda sofrem com a morte, as seqüelas físicas e psicológicas, a perda de entes queridos, a fome, a sede e o frio. Os incêndios não puderam ser controlados porque o fósforo branco queima e propaga-se até que tudo vire carvão, incluindo o corpo humano. Dias antes, o agressor abrira fogo contra os caminhões carregados de toneladas de alimentos doados pelo movimento de solidariedade internacional, assassinando funcionários da ONU.


As ambulâncias e o serviço médico não escaparam da bestialidade, sendo constantemente alvejados quando prestavam socorro às vítimas dos bombardeios, dos obuses dos tanques e da metralha. Os jornalistas que trabalhavam, apesar da proibição de Israel, e cobriam os horrores dessa guerra suja, tiveram seu prédio arrasado. Dois deles foram feridos. Nesse mesmo dia, Israel destruiu um hospital que alojara 100 feridos, matando e ferindo a torto e a direito. O pessoal da equipe médica também foi vitimado. Em vários pontos do Gueto de Gaza, os israelitas trancafiaram famílias assustadas em uma única casa, sob ordens de ali ficarem. Em curto espaço de tempo, quando os soldados se afastavam, as casas eram bombardeadas e destruídas, deixando pouquíssimos sobreviventes, testemunhas dessa guerra suja, do genocídio, do Holocausto. Impossível não recordar as façanhas nazistas contra a população na União Soviética e em outros territórios ocupados durante a II Guerra Mundial!


Israel não tem limites! Sua política imperialista e genocida encontra na cumplicidade da União Européia e no apoio direto dos EUA o respaldo para perpetuar o holocausto dos palestinos e a apropriação das suas terras. Os palestinos foram expulsos de suas terras e usurpados do direito de eleger seus representantes. O espantalho do terrorismo, criação de Israel, não passa de justificativa para o seu extermínio. Israel não cumpre nenhuma Resolução da ONU há mais de 60 anos, não se submete às decisões dos tribunais internacionais, legalizou a tortura de prisioneiros (milhares, incluindo mulheres e crianças), possui 400 ogivas nucleares e um dos mais poderosos exércitos do planeta.


Depois de 22 dias, em evidente articulação com seus tutores de Washington, Israel anuncia um cessar fogo unilateral, reservando-se, entretanto, o direito de recomeçar por onde parou, ao seu bel prazer. Um cessar-fogo que ainda não garante a retirada completa de Gaza, a reabertura de todas as fronteiras e o fim do bloqueio. Como a Alemanha hitlerista, Israel não tem limites! Até quando?


Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não podemos compactuar com semelhante crime contra a humanidade. O governo brasileiro deve romper relações diplomáticas com o Estado nazi-sionista de Israel, exigindo, ao mesmo, tempo, que a ONU promova a responsabilização e punição dos governantes e chefes militares israelitas, culpados por crimes de guerra contra a população palestina. Deve exigir, incondicionalmente, a suspensão imediata do hediondo bloqueio imposto por Israel a Gaza. Na mesma linha, exortamos para que cancele sua programada visita a Tel Aviv.

Essa é a única resposta digna que o povo brasileiro espera do seu governo após os fatos históricos que a mídia sionista e manipuladora não conseguiu esconder do mundo: um novo Holocausto.


Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro

23/01/2009

Carta Aberta à Organização das Nações Unidas,


O Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro e as entidades signatárias deste documento vêm a público repudiar firmemente a ofensiva de Israel contra a população palestina que vive na Franja de Gaza, agressão claramente identificada como genocídio, e exigir a punição do Estado de Israel pelos crimes de guerra cometidos desde 1948 e em particular pelos agora perpetrados.


A ONU, segundo seus estatutos, deve velar pela paz e a segurança mundial, bem como garantir o legítimo direito de autodefesa dos povos que vivem sob ocupação. Sobre essa instituição recai a responsabilidade de impor o respeito às leis e tratados referentes aos direitos humanos, a garantia da vida, a segurança e a dignidade do ser humano. Entretanto, contrariando todas as regras e resoluções internacionais, desde 27 de dezembro de 2008, o mundo assiste estarrecido e revoltado ao genocídio que o Estado de Israel submete os homens, as mulheres e, em particular, as crianças palestinas.


Israel insiste em atingir a população civil: habitações, mesquitas e escolas, entre estas, a Universidade de Gaza. Até cemitérios foram profanados. Prédios e instalações públicas são alvo da artilharia pesada, bombas e obuses dos tanques. Sob seus escombros estão enterradas famílias inteiras. Desprezando a Resolução da ONU, o bombardeio sob a população indefesa aumentou indiscriminadamente, com emprego de diferentes tipos de bombas, como as de fragmentação química, urânio empobrecido, fósforo branco, todas condenadas pelas convenções internacionais.


Durante esse período da agressão, o Exército nazi-sionista lançou mão de todos os meios para atingir o máximo possível de baixas e impedir a sobrevivência dos feridos, dando um passo a mais na política de limpeza étnica iniciada em 1948. Assim, quatro instalações da ONU foram atingidas, incluindo escolas, onde morreram 42 crianças. Tiveram a mesma sorte prédios para refugiados e o centro de recebimento da ajuda humanitária, tão necessária aos famintos, doentes e feridos palestinos. Nesse ataque, a destruição de toneladas de remédios e alimentos foi possível porque Israel utilizou a proibida bomba de fósforo banco, capaz de queimar e propagar-se até que tudo ao seu redor vire carvão. Israel também abriu fogo contra o comboio com doações do movimento de solidariedade internacional, assassinando funcionários da ONU. As ambulâncias e o corpo médico foram vítimas da mesma bestialidade, constantemente alvejados ao prestarem socorro aos milhares de homens, mulheres e crianças feridas.


Um dia antes de declarar o cessar fogo unilateral, Israel bombardeou o prédio onde os jornalistas trabalhavam, insistindo em cobrir os horrores dessa guerra suja, ferindo dois deles. Também destruiu um hospital que cuidava de 100 feridos, provocando enorme quantidade de mortos e feridos, inclusive entre a equipe médica. É notório que em vários pontos da Franja de Gaza, os soldados israelitas trancafiaram famílias palestinas assustadas em uma única casa, sob ordens de ali ficarem. Em seguida, a casa era bombardeada e destruída, deixando pouquíssimos sobreviventes, testemunhas dessa guerra suja, do genocídio, do Holocausto.


Diante de tamanha monstruosidade, que não encontra limite nem respeito aos Convênios de Genebra, ao Direito Internacional e aos princípios dos Direitos Humanos, fato que situa Israel, sob um ponto de vista histórico, num patamar tão agressivo quanto a Alemanha Nazista, apelamos às Nações Unidas para que tomem as devidas providências no sentido de punir de forma exemplar essa afronta à humanidade, ou seja, os crimes de guerra praticados por Israel contra o povo palestino.


Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro

23/01/2009

COMITÊ DO RIO É RECEBIDO PELA ONU E ENTREGA "CARTA ABERTA À NAÇÕES UNIDAS" E "CARTA ABERTA AO PRESIDENTE LULA" NO ITAMARATY


A Manifestação do Rio de Janeiro foi um sucesso, apesar da chuva que há três dias inunda a cidade. Próximo das 16 horas, saímos em caminhada pelas ruas estreitas do Saara até a Marechal Floriano em direção ao Palácio do Itamaraty.

Uma comissão composta pelas entidades nacionais que participam do Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro foi recebida pelo representante da ONU, Senhor Giancarlo Summa , que recebeu de nossas mãos a "Carta Aberta à Organização das Nações Unidas" , onde exigimos a punição de Israel pelos crimes de guerra cometidos contra a população palestina, a abertura das fronteiras e o fim do bloqueio imposto por Israel.


Afirmamos ainda que tais crimes representam crimes contra toda a humanidade, que o desmonte do Estado fascista de Israel é um desafio de todos os povos do mundo, que deveria ser da comunidade internacional e é, em particular, responsabilidade da ONU.


Colocamos ainda que apesar do cessar fogo, Israel mantém o bloqueio econômico que provoca fome e mais mortes em Gaza, cidade arrasada pelas toneladas de mísseis despejados que destruiu sua infra-estrutura, serviços públicos, moradias, hospitais, e até o departamento da ONU que centralizava as doações de alimentos enviados pela solidariedade internacional.


O representante nos atualizou com os dados oficiais, acrescentou que há indícios de uso de novas armas de alta letalidade, que todas as construções levantadas pela ajuda internacional foram destruídas. Disse que apesar da ONU ter informado ao exército de Israel a localização exata das Escolas e do prédio da ajuda humanitária de sua responsabilidade, ainda assim, estes foram alvos da agressão sionista. Muitas pessoas morreram em suas instalações: mulheres, homens e crianças palestinas que foram ali procurar abrigo. A ONU perdeu 9 funcionários e 11 estão feridos.


O representante concorda que todas as normas de civilidade foram desrespeitadas e que diante dessa brutalidade a ONU já se pronunciou por uma investigação rigorosa e devidas responsabilidades.


Nos garantiu que irá encaminhar a Carta Aberta a sede das Nações Unidas e exortou para que mais organizações e povos se mobilizem e pressionem nesse sentido.


O representante do Itamaraty não participou da reunião. Mesmo assim deixamos com um funcionário uma "Carta Aberta ao Presidente Lula" onde exigimos que o governo brasileiro rompa relações diplomáticas com o Estado nazi-sionista de Israel; que se mobilize para exigir que a ONU promova a responsabilização e punição dos culpados pelos crimes de guerra e a suspensão imediata do hediondo bloqueio imposto por Israel a Gaza.


Nesse sentido estamos nos somando a Campanha que corre o mundo! Não vamos deixar ninguém esquecer. O Estado fascista não pode ficar impune. Há 60 anos comete crimes contra a humanidade. Isso tem que ser desmontado!

sábado, 24 de janeiro de 2009

DOSSIÊ GAZA: Invasão, Massacres, Resistência

Achille Lollo

— A guerra imperial praticada por Israel

— Gaza uma Stalingrado no deserto?

— O mito dos foguetes Qassam e o Hamas

— A ONU e os esforços diplomáticos de Sarkozy

— Richard Falk, relator da ONU: “Um crime terrível contra o povo de Gaza”


No dia 27 de dezembro o Exército de Israel (Tsahal), o Serviço de Segurança Interna (Shin Bet) e o serviço secreto daquele país (Mossad) desferiram um ataque mortal (terra-ar-mar) contra a Faixa de Gaza, numa operação denominada ”Chumbo Fundido”, que até o fechamento desta edição, dia 13/01, (17º dia de ofensiva), já havia provocado a morte de 919 palestinos, incluíndo 353 mulheres, 285 crianças e 92 idosos, de acordo com o chefe dos serviços de emergência de Gaza.

Os ataques deixaram ainda 4.100 palestinos feridos e mais de 400 desaparecidos, cujos corpos permanecem de baixos dos escombros dos prédios públicos e das casas-alvos dos bombardeios.

Essa operação foi planejada durante os últimos seis meses para acabar com o governo do Hamas na Faixa de Gaza que, apesar de 18 meses de eficaz bloqueio econômico e militar israelense, nunca se rendeu. Outro objetivo estratégico da invasão é o de eliminar todo o grupo dirigente do Hamas e, sobretudo, acabar com seu braço militar, as Brigadas Ezzedim al-Qassam.

A primeira constatação a ser feita é que o Chefe de Estado Major da Defesa israelense, general Gaby Ashkenazy, determinou um excepcional grau ofensivo para atacar por ar, mar e terra todo o território da Faixa de Gaza, utilizando para isso uma capacidade bélica semelhante a dos EUA na última investida contra o Iraque de Sadat Hussein.

Por outro lado com a operação “Chumbo Fundido”, o Tsahal e o Shin Bet querem resgatar a derrota político e militar que o Hezbollah infligiu, em 2006, no Sul do Líbano.

É neste âmbito que os porta-voz do Estado Major e do Ministério das Relações Exteriores – contando com a benevolência da mídia ocidental e do forte lobby das comunidades judaicas no exterior - passaram a justificar a violência contra os civis palestinos como um ato de “autodefesa” responsabilizando o Hamas de utilizar as mesquitas e as escolas - inclusive aqueles administradas pela ONU - como “escudo humano” dos guerrilheiros ou pontos de lançamento de foguetes ou morteiros.

Essas mentiras foram legitimadas pelo presidente Shimon Perez. Porém, no dia 9, veio o primeiro desmentido no jornal israelense Haaretz. Chiris Gunnes, porta-voz das agência da ONU para os Refugiados (UNRWA), revelou que: 1) na escola da ONU bombardeada em Jabaliya, morreram 40 civis, na maioria crianças e mulheres; 2) Não havia guerrilheiros; 3) Os militares israelense manipularam a opinião pública com uma foto de 2007, quando na escola houve uma manifestação de militantes do Hamas.

Massacrar os civis

Muitos observadores, entre eles o Cardeal Martini, denunciaram o Exército israelense por estar enveredando na vertente da violência feroz contra os civis e equipararam os sofrimentos dos palestinos de Gaza aos dos judeus europeus perseguidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Uma tese que, evidentemente enfurece o governo e os militares israelenses. Porém, se, de fato, não pode haver comparação política entre Estado nazista e Estado sionista, a atuação do Tsahal e do Shin Bet é talvez mais criminosa por se tratar de instituições de um estado democrático (mesmo se restrito só aos judeus e árabes israelenses) e não de um regime ditatorial como foi o nazismo hitleriano.

O problema é que 81% da população israelense apoiaram a operação “Chumbo Fundido”, mesmo sabendo o que os civis palestinos iriam sofrer. Matar palestinos virou corriqueiro em Tel Aviv, tanto que intelectuais famosos e “progressistas” como Amoz Oz, Avi Mograbi e Abraham Yoshuha e os partidos “de esquerda” como o Meretz e os Trabalhistas, apoiaram a invasão e os bombardeios. Apenas 18% manifestaram sua preocupação com a população palestina de Gaza.

Para o exercito israelense (que não é formado por mercenários, mas por reservistas) o apóio da maioria da opinião pública foi fundamental para cumprir os objetivos da operação “Chumbo Fundido”. Por isso a pressão internacional ou a morte de 500 ou mil palestinos não vai sensibilizar os homens do Tsahal.

Para o Terceiro Reich de Hitler a solução final do Holocausto dos judeus europeus não era uma necessidade estratégica, mas sim uma forma para sustentar ideologicamente o nazismo na Europa. Agora, para os comandantes do Tsahal e do Shin Bet o massacre dos civis é um objetivo estratégicos que visa desarticular a confiança que os palestinos de Gaza mantêm no Hamas.

Portanto o sistemático bombardeio de escolas, mesquitas e casas populares – além de reforçar o egovingador do sionismo – é uma chantagem moral para destruir a imagem do Hamas na Palestina. Foi por disso que o presidente da Venezuela, Hugo Chavez considerou o bombardeio de Gaza mero Terrorismo de Estado.

Por outro lado essa invasão em Gaza - bem como todos os ataques e massacres perpetrados pelo Estado de Israel desde 1948 - visa, antes de tudo, impor ao mundo árabe o respeito pela cidadania israelense, o direito sagrado dos judeus sobre as terras dos palestinos e a aceitação de que o Estado Sionista é o bastião do Ocidental no Oriente Médio, principal fornecedor de petróleo para os EUA e a Europa.

Potência nuclear

Não foi por acaso que os EUA transformaram Israel em potencia nuclear, enquanto os programas de paz, (Camp David, Oslo, Taba e por último Annapolis) nunca definiram uma paz eqüitativa entre judeus israelenses e palestinos. Pelo contrário Carter, Clinton, Bush, Margareth Thatcher, Condolezza Rice, Tony Blair, Moubarak, Sarkozy, Javier Solana e por ultimo Benita Ferrero-Waldner visaram legitimar, apenas o conceito estratégico de um Estado Judaico soberano, dando aos palestinos só o direito de serem reconhecidos como uma minoria sem nenhuma perspectiva de soberania nacional.

De fato, em 2008, Dov Weisglass, braço direito de Sharon, explicava que “o inteiro pacote denominado Estado Palestino, com todas suas implicações, foi removido da agenda das negociações por tempo indeterminado e Abu Mazen e a cúpula dirigente do Fatha - conscientemente ou não - aceitaram o texto da conferência de Annapolis”. De fato, foi a partir deste momento que o Hamas endureceu as relações com o Fatha, inclusive após o primeiro ministro da ANP, Salam Faiyad, ter assinado com Condolezza Rice um acordo para a CIA treinar e organizar a polícia palestina nas Jordânia.

Gaza uma Stalingrado no deserto?

No dia 6 de janeireo, isto é no 12º dia de conflito quando havia 735 mortos e 2800 feridos palestinos contra seis soldados israelenses mortos e 30 feridos, o presidente israelense, Shimon Peres, afirmou reiteradamente que “Israel não havia atacado a Faixa de Gaza para voltar a ocupar este território, porém o conflito continuava até o Exercito alcançar todos seus objetivos”. Por sua parte, o Chefe de Estado Major da Defesa, general Gaby Ashkenazy , especificava que o Exército “pretendia estacionar nos territórios da Faixa de Gaza apenas, para realizar uma operação de definitiva limpeza anti-terrorista, destruindo toda a infra-estrutura do Hamas”.

O general Ashkenazy não esclarecia que o verdadeiro objetivo da operação “Chumbo Fundido” era o aniquilamento da estrutura política do Hamas (300 homens), de seu braço armado, as Brigadas Ezzedim al-Qassam (2.000 homens) e os grupos armados da Jihad Islâmica (1.000 homens).

Os sobreviventes dos 15.000 homens enquadrados nos batalhões da Tanfisiyeh (Guarda Nacional) deveriam ser “reeducados” pelo Shin Bet (Serviço de Segurança Interna) após um longo período de aprisionamento.

Na prática, esta seria a terceira fase da invasão conhecida por ”cerco e aniquilamento”, em que a infantaria e os grupos especiais devem penetrar nas cidades da Faixa de Gaza, correndo o risco dos combates de guerrilha urbana e das armadilhas explosivas predispostas pelas unidades da Tanfisiyeh em cada canto das cidades, além de interrogar/torturar os guerrilheiros presos para ter, rapidamente, informações preciosas sobre o funcionamento da rede e as estruturas dos insurgentes.

O problema desta “caça ao homem” é que os combate “casa por casa” podem provocar ainda mais massacres de civis e, sobretudo, baixas entre os soldados israelenses que, ao ser atacados pelos guerrilheiros, podem perder o controle e operar represálias sobre os civis, achando que cada homem, cada adolescente é um guerrilheiro escondido entre os civis.

Aliás, Alegre Pacheco da oordenação dos negócios Humanitários da ONU (OCHA) e Pierre Kraehenbuehl, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR), no dia 9 acusaram o Exército Israelense de violar as leis internacionais sobre as garantias de socorro aos feridos.

Crime de guerra

Por sua parte, o Washinton Post publicou no dia 10 uma denuncia do OCHA lembrando que os soldados israelense haviam obrigado 110 palestinos , na maioria mulheres e criança, a entrar em uma casa no bairro de Zeioton (zona sul da Cidade de Gaza) que depois foi bombardeada provocando a morte de 30 crianças e mais 10 mulheres e 3 homens. Uma chacina que muitos na ONU querem que seja investigada como crime de guerra do Exército israelense.

A verdade é que somente os militares e os falcões do governo (Haim Ramon, Meri Shetrit, Rafi Eitan, Daniel Fiedman e Avi Dichter), apostam na radicalização do confronto. O Ministro da Defesa, o trabalhista Ehud Barak e a conservadora Tzipi Livni (Ministra das Relações Exteriores) querem a continuação da operação sem correr o risco de baixas ou a captura de soldados israelenses nos combates urbanos, como aconteceu no sul do Líbano.

De fato, a preocupação dos dois ministros não é com as condenações internacionais ou pelo aumento das vítimas palestinas ou com as resoluções da ONU para um cessar fogo imediato. O problema são as eleições legislativas de 10 fevereiro, pois uma eventual baixa de soldados israelenses pode determinar a definitiva vitória de Netanyahu Benjamim, o líder direitista do Likud e herdeiro de Sharon, que já está com 40% do eleitorado israelense.

As perspectivas do conflito

Um elemento que apavora os estrategistas da inteligência militar é o falimento da teoria a “superioridade militar capaz de gerar vitórias políticas”, se de fato o Hamas:

1) Consegue resistir em Gaza a todo tipo de ataque — como aconteceu até dia 10 de janeiro, apesar das perdas materiais, os 919 mortos e mais de 4.100 feridos;

2) Se os Tanfisiyeh e as Brigadas Ezzedim al-Qassam conseguem manter o controle em Rafah e Khrbat Abu-Shafah (sul fronteira com Egito); Khan Yunus (sul); Nusayarat e Dahr al Balah (centro-sul); Gaza City e Saknat Azzarqah (centro norte); Jabaliya e Na Nazalah (Norte).

3) Se conseguem lançar contra Israel mais foguetes Qassam ou Grad;

4) Se os principais dirigentes sobrevivem aos bombardeios;

5) Se nos próximos quinze dias e iniciam no Egito a negociação entre o presidente francês, Sarkozy e o egípcio, Moubarak para um o cessar-fogo generalizado e o fim do embargo econômico.

Se o Hamas vai sobreviver será vitorioso não só do ponto de vista militar, mas, sobretudo em termos políticos, enterrando o laxismo de Abu Mazen e a burocrática cúpula do Fatha.

Uma vitória que, certamente, vai influenciar a população palestina da Cisjordânia nas eleições de maio para o renovo dos membros da ANP e seu presidente. De fato, outra derrota política de Abu Mazzem e do Fatha, equivale a uma pesada derrota estratégica do Estado Israel.

Além disso, a teoria da “execução dirigida”, que durantes anos empenhou os agentes do Shin Bet e do Mossad no assassinado preventivo de dirigentes da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), da FDLP, da esquerda do Fatha e do próprio Hamas - demonstrou seus limites, visto que além de fortalecer o sentimento de revolta (Intifada) contra o sionismo, não conseguiu desarticular as diferentes organizações palestinas.

Aquelas execuções emocionaram somente os rabinos ortodoxos e os sionistas do Likud, que viam nos foguetes dos helicópteros Apaches ou nas balas dundum dos francos atiradores do Shin Bet a mão vingadora de Deus. Na realidade foi um retumbante fracasso estratégico porque as grupos contrários ao reconhecimento do Estado Sionista ganharam apóio popular. Por isso o Fatha, após sua derrota política em Gaza, continua cada vez mais isolado e apegado ao monitoramento ocidental.

É neste âmbito que o porta-voz do Exercito, Avi Benayahu, no dia 4 de janeiro, declarava: “o objetivo da operação “Chumbo Fundido” é infligir ao Hamas um golpe duríssimo, reforçar o poder de dissuasão de Israel na região, além de tranqüilizar a população israelense no sul do país. Neste sentido é nossa intenção destruir toda a infra-estrutura terrorista do Hamas e assumir o controle em Gaza das áreas normalmente utilizadas para o lançamento dos foguetes. Os moradores da Faixa de Gaza não são um objetivo desta operação, porém aqueles que escondem terroristas ou armas em suas casas serão considerados terroristas, que são os únicos responsáveis da morte dos civis que eles usam como escudo humano”.

O mito dos foguetes Qassam e o Hamas

O foguete Qassam, possui uma tecnologia primária muito utilizada pelos movimentos de libertação para construir seus foguetes artesanalmente. Não há mecanismos que corrijam a rota ou que reconheçam os alvos. Além disso, o pessoal do Hamas inverteu as características do foguete Qassam, tornando-o um meio de “propaganda armada”. De fato, foi ampliado o compartimento do combustível, reduzindo o da carga explosiva. Desta forma, o Qassam alcança uns 30 quilômetros provocando estrago semelhante ao de uma granada de mão. Por não ter nenhum sistema de camuflagem eletrônica, é facilmente detectado pelos radares ou os aviões de reconhecimento-drone (sem piloto) e pode ser abatido com um foguete ar-ar.

Para Israel é mais rentável manipular suas populações com o medo dos Qassam e construir milhares de abrigos anti-foguetes do que colocar ao longo da fronteira com Gaza as baterias de foguete ar-ar que explodiriam os Qassam logo no início de seu voo.

Na edição do jornal israelense Haaretz, o jornalista Nehemia Strassler lembra que até 3 de novembro, o Hamas respeitou a trégua e não disparou nenhum foguete, além de impedir os grupos da Jihad Islâmica de fazê-lo. Entretanto, no dia 4 de novembro o Exército israelense ensaiava a operação “Chumbo Fundido” invadindo o setor central da Faixa de Gaza, entre Nusayarat e Saknat Azzarqa, para destruir uma casa de onde o Hamas – segundo o porta-voz do exército - deveria começar a escavação de um túnel que desembocaria em território israelense. A seguir a Força Aérea bombardeava o carro de um líder do Hamas, matando o motorista e mais quatro pessoas que no comunicado do Tsahal eram apontados como “terroristas”.

O Haaretz, lembra alguns setores do Hamas acreditavam que Israel teria renovado a trégua no dia 19 de dezembro, para depois iniciar a negociar o fim do bloqueio caso o Hamas aceitasse a alternativa de “dois Estados por dois Povos”.

O ataque de quatro de novembro foi um brutal alerta para o Hamas que, logo, se preparou para resistir. Nesse sentido sua organização voltou a ser compacta e ao mesmo tempo descentralizada, com um crescente apóio popular em função do bloqueio econômico realizado por Israel com o apóio de EUA e União Européia.

Hamas

O Hamas se divide em quatro setores:

1) o movimento religioso ligado ao fundamentalismo chita ;

2) os serviços sociais (cresces, ambulatórios, escolas, universidades, rádios e empresar comunitárias e demais serviços públicos);

3) o partido político;

4) o braço armado (Brigadas Ezzedim al-Qassam).

A direção política é representada pelo grupo de Khaled Meshaal que, a partir da capital da Síria, Damasco, se ocupa das relações diplomáticas e das finanças. Em Gaza e na Cisjordânia a direção política é local com uma assembléia permanente de cinqüenta dirigentes que tomam decisões quase sempre em regime de semi-clandestinidade para fugir as emboscadas do Mossad israelense.

A ala militar criou um sistema de clandestinidade no qual as células são compostas compor no máximo dez militantes que operam absolutamente desligados do partido e do movimento de que recebem apenas orientações formais. Cada célula tem seu laboratório para construir artesanalmente os foguetes Qassam, enquanto os Grad são importados da China e os Faijr3 do Irão. Estes foguetes, bem como o material para construir os Qassam chega pelos túneis construídos debaixo da fronteira egípcia – expediente utilizado após o presidente egípcio, Moubarak, fechou a fronteira (Porta de Rafah), apoiando o bloqueio econômico e militar de Israel.

Segundo a inteligência israelense, citada pelo site “Debkafiles”, a capacidade militar do Hamas foi atingida somente em 15%, de forma que lhe sobram ainda uns 10.000 foguetes Qassam e uma centena de Grad e Fajr3 cuja ogiva de 70 quilos o faz voar até 50 quilômetros.

Mohammad Nazzal, confirmava em Damasco que o exército israelense, até dia 11 conseguiu matar um líder político do Hamas, Nizar Rayan e dois chefes das Brigadas Ezzedim Qasdsam , Abu Zakaria Al Jamal e Muhhad Shalfuk, enquanto Jihad Adam ficou gravemente ferido nos combates em Khan Yunes.

Por isso o responsável político do Hamas em Gaza, Moushir Al-Masri em uma entrevista na TV Al Jazira declarava que “o inimigo, apesar dos contínuos bombardeios e ataques pelo mar, terra e ar não conseguiu alcançar seus objetivos. A resistência, com os poucos meios de defesa que dispõe surpreendeu o exército sionista. O inimigo não vai reconhecer sua incapacidade em derrotar a resistência e graças a farsa do Conselho de Segurança vai continuar bombardeando sobretudo as áreas onde se encontram nossas populações”.

A ONU e os esforços diplomáticos de Sarkozy

Assim que o Exercito israelense iniciou os bombardeios contra a Faixa de Gaza, os países da União Européia logo se solidarizaram com Israel. O governo e a mídia dos EUA quase que idolatraram os governantes de Tel Aviv. Por sua parte, os governos árabes moderados (Arábia Saudita, Jordânia, Iraque e Egito) ficaram calados manifestando, apenas “preocupação”.

O silencio de Obama e de Hillary Clinton, além de confirmar seu posicionamento pro-Israel, reforçou as pressões do lobby judaico na mídia, enquanto o Conselho de Segurança e a Assembléia da ONU congelaram suas atividades durante a primeira semana do conflito. Somente o presidente francês Sarkozy e o Papa Bento 16 apontaram os riscos de uma crise humanitária.

A defesa radical do ataque por parte de Bush, contagiou o servilismo do presidente da União Européia, o checo Mirek Topolanek, mas não pôde evitar que Sarkozy entrasse em campo, escolhendo o Egito de Moubarak e a Síria de Baschar Assad para construir uma negociação capaz de legitimar as duas parte, Israel e o Hamas.

Por isso os EUA recorreram a Assembléia das Nações Unidas para formular uma resolução para um cessar-fogo imediato das duas partes. Na realidade, esta resolução favorecia Israel, visto que nada dizia sobre o bloqueio econômico-militar contra a Faixa de Gaza que agora entra no 19ºmês.

A verdade é que o governo de Israel rejeitou a resolução da ONU porque precisa atacar o Hamas até a véspera das eleições de 10 de fevereiro. Por isso a Ministra das Relações Exteriores, Tpzi Livni, pedia a Condolezza Rice de informar aos EUA o Conselho de Segurança de que Israel aceitará o cessar-fogo somente quando:

1) a ONU realizava o desarmamento preventivo do Hamas;

2) O governo de Gaza fosse devolvido ao Fatha de Abu Mazzen;

3) Fosse introduzido um processo de internacionalização dos territórios de Gaza, dando ao Egito o papel de “fiscal fronteiriço”, enquanto um corpo de expedição árabe-europeu controlaria a fronteira de Gaza com Israel por uma banda de 30 km, de onde o Exército israelense se retiraria.

É evidente que o Hamas nunca vai aceitar as condições de Israel. Permanece uma vaga esperança para o plano de Sarkozy que o Hamas julgou “interessante”. O problema é que a troika do governo israelenses (Olnert-Livni-Barak) ainda aposta em uma solução militar que possa promover a afirmação de novos parceiros políticos dispostos a negociar o cessar-fogo com base as condições de Israel.

Richard Falk, relator da ONU: “Um crime terrível contra o povo de Gaza”

No passado dia 15 de dezembro, o professor Richard Falk, após desembargar no aeroporto Bem Gurion de Tel Aviv, como Chefe da missão da ONU encarregado de investigar a violações dos direitos humanos nos territórios da Cisjordânia e na Faixa de Gaza, era expulso pela polícia por ser considerado “antissemita”. Nesta entrevista telefônica, Michelangelo Cocco, do jornal italiano il Manifesto pediu ao professor Falk sua opinião sobre a invasão em Gaza.

Michelangelo. Cocco — Professor Falk, a ministra das relações exteriores de Israel, Tzipi Livni, declarou que “não há nenhuma crise humanitária em Gaza”.

Richard Falk: Bombardear diariamente uma população indefesa e em uma área densamente povoada como é a Faixa de Gaza é sem duvida um crime.

Michelangelo Cocco — Acredita que o governo israelense deve ser perseguido juridicamente?

Richard Falk: Sim, o direito penal internacional não deveria perseguir apenas os derrotados, como aconteceu nos últimos 15 anos.

Michelangelo Cocco — Nos últimos dias se falou muito em “trégua humanitária”. Acha que pode ajudar?

Richard Falk: Qualquer diminuição da emergência é bem vinda. Porém é preciso lembrar que os efeitos de 18 meses de um bloqueio extremo que negou a população alimentos, combustível e medicamentos têm criado uma situação de sofrimento e uma deterioração da mesma.

Michelangelo Cocco — Mesmo assim o governo israelense continua dizendo que tem o pleno direito de se defender após o lançamento de foguetes contra seu território

Richard Falk: Em teoria Israel, enquanto Estado soberano, tem direito a sua auto-defensa. Porem o uso indiscriminado de caça-bombardeiros F-16 e dos helicópteros Apache contra uma população sem nenhuma defesa é incontestável. Há, também, relatórios que apontam o uso do urânio empobrecido nas bombas chamadas “bunker buster”, para destruir os túneis que interligam gaza com o Egito. Neste âmbito temos que lembrar que o embargo contra um povo praticado em regime de ocupação pode ser considerado um ato de guerra.

Michelangelo Cocco — A imprensa israelense justificou sua expulsão porque você disse que a situação dos palestinos em Gaza era semelhante aos dos judeus na Europa durante a ditadura nazista

Richard Falk: Nunca disse que era a mesma coisa. Porém acredito que a maneira de como foram concebidas as políticas contra o povo de Gaza podem ser equiparadas as terríveis experiências que os judeus europeus sofreram. (Tradução de A. L.)