sábado, 31 de dezembro de 2011

Oficial de inteligência dos Estados Unidos é o verdadeiro líder do "Exército Sírio Livre"



Timothy Bancroft-HincheyDamasco, 17 dez. 2011, Tribuna Popular TP/Contrainjerencia - O jornal egípcio al-Arabi afirmou nesta sexta-feira que um coronel dos EUA, com o sobrenome Cleveland está supervisionando as operações de treinamento e armamento, e é o líder real do chamado "Exército Sírio Livre".



A edição diz que Cleveland está movendo-se entre os campos de treinamento de sua organização. Este coronel que está encarregado de criar um exército constituido por homens armados opostos ao regime sírio, chamado "Exército Sírio Livre ", comentou que os Estados Unidos haviam criado uma base de formação, na Turquia, ao norte, no leste do Líbano, e Arbil, no Iraque.
O partido Irmandade Mulçumana, que está exigindo a intervenção militar da Turquia contra a Síria, dispõe de uma milícia treinada pelos EUA e sua inteligência, que lhes estão proporcionando dados e equipamento técnico.
O jornal agregou que os serviços de inteligência que estão financiando e armando os mercenários para lutar contra o exército da Síria exigem que todos os grupos armados se denominem "exército livre".
Membros da Irmandade Mulçumana confessaram estar por trás dos protestos na província de Daraa, no sul, e Jisr al-Shughour, no norte, e que se propõem a formar zonas de proteção como um prólogo à intervenção militar. O artigo afirma que a página da "revolução síria" no Facebook é manejada por uma rede de inteligência desde Bruxelas, que havia se formado antes mesmo dos acontecimentos na Síria.
Postado do http://port.pravda.ru/busines/30-12-2011/32689-oficial_eua-0/

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Nota à Imprensa


Nota Pública da Embaixada da República Árabe da Síria em Brasília/DF





Desde que começaram os acontecimentos na Síria, as forças de segurança e os membros do exército têm enfrentado os grupos terroristas armados, que tem protagonizado uma matança contra os cidadãos sírios, usando armas de forma individual e plantando minas terrestres nas estradas e locais densamente habitados. Têm interditado ruas, cometido seqüestros, estupros e bombardeios contra os prédios públicos e privados, com o uso de metralhadoras do tipo RPG e atirando aleatoriamente.

Apesar de todos estes atos, os mentores deste complô tentam enganar a opinião pública e distorcer os fatos, utilizando-se dos mais diferentes meios, incitam as matanças e o terrorismo e ignoram estes grupos terroristas.

Há alguns dias o mundo ouviu as declarações de algumas autoridades libanesas, confirmando a existência de grupos pertencentes à organização Al Qaeda que entraram na Síria através da cidade fronteiriça de Arsal.

Na última Sexta-Feira, 23/12/2011, estes grupos terroristas executaram dois atos suicidas, através da explosão de dois carros-bomba, que continham mais de 200 quilos de explosivos, em frente ao Departamento de Segurança do Estado e de uma delegacia local que vitimaram dezenas de pessoas entre militares e civis, além da imensa destruição dos prédios vizinhos e de um grande número de carros que passavam pelo local.

Estes dois atos terroristas configuram uma nova espiral e confirmam o envolvimento da organização Al Qaeda nos acontecimentos na Síria.

Atenciosamente,
Embaixador da República Árabe da Síria no Brasil
Mohammed Khaddour
Brasília, em 29/12/2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

NESTE FINAL DE ANO NOS DESPEDIMOS COM A IMAGEM DO ENFRENTAMENTO ENTRE OS REBELDES DE NOSSA CLASSE (DESARMADOS) E A "DEMOCRACIA PLENA E PACÍFICA"




Encerrando mais um ano de nossas atividades internacionalistas, queremos desejar a todos, amigos e camaradas, que o próximo ano seja repleto de muita luta ! Que todos os povos tenham bastante energia e organização para enfrentar os exércitos e a polícia do capital! E que a solidariedade internacionalista entre os povos seja fortalecida !


Desejamos que os rebeldes de verdade (os da nossa classe) do Egito e da Tunísia não se deixem enganar pelo destino da "democráCIA plena e pacífica" que a burguesia e os religiosos, sob orientação dos especialistas do império, lhes reservam.

Da mesma forma, desejamos muita força e toda nossa solidariedade internacionalista aos povos do Oriente Médio que, desde o início de 2011, tomaram as ruas contra a opressão, a miséria, a degradação de suas vidas e o sionismo. Povos que têm protagonizado massivas manifestações pacíficas e desarmadas que são recebidas a tiros pelos déspotas que dirigem o Estado, como ainda acontece no Yemen, ou, como no caso do Bahrain, com a ajuda sanguinária dos soldados da Arábia Saudita.

Que viva os rebeldes e a resistência dos trabalhadores da Palestina, do Iraque, do Egito, da Argélia, do Bahrein, de Omã, do Yemen, do Kuwait, da Saara Ocidental, do Marrocos, do Sudão, e da Arábia Saudita. São povos que não desistem de lutar sob as piores condições de opressão de seus governos, do imperialismo e do sionismo. Lutam desarmados e estão sendo enfrentados e abatidos com metralhadoras!

Esses rebeldes não têm a solidariedade dos meios de comunicação de massa, ou das "importantes" ONGS dos "Direitos Humanos", fonte de informação de muitos desavisados e de outros avisados. Por que a política de Estado é alinhada com o sionismo imperialista estadunidense e "seus" déspotas, os gerentes de plantão e as ONGS estão em sua folha de pagamento.

Que viva o povo da Síria! que tenha muita força e unidade interna e toda nossa solidariedade para impedir que os mercenários, franco atiradores, financiados e muito bem armados pelos EUA/Israel, através da operação dirigida pela Arábia Saudita e treinados pela Turquia, em aliança com o obscurantismo mais atrasado , transforme a Síria numa marionete do sionismo, assim como são os países da Liga Árabe.

A Síria é um dos poucos pilares da resistência anti imperialista da região, único país laico do Oriente Médio; país que acolheu os refugiados palestinos desde o início da ocupação sionista na Palestina; acolheu 1,5 milhão iraquianos, desde 2003, que fugiam do massacre nas mãos de mercenários e das bombas de urânio empobrecido (lixo nuclear), fatos que marcarão para sempre o povo do Iraque e suas próximas gerações. E, todos foram acolhidos como cidadãos sírios, educação pública e saúde pública garantidos pelo Estado.

Síria , onde o povo tomou para si a defesa do país, de suas vidas e de sua dignidade expressas nas gigantescas manifestações de massa que acontecem quase diariamente nas ruas das principais cidades. Esse povo está mostrando ao mundo que quer modificações na área econômica e política, mas que estas reformas serão feitas junto com o governo atual, da qual dão provas massivas de unidade e apoio contra as tentativas de ingerência da CIA e da MOSSAD com intuito de desestabilizar o país, trazer a destruição com a guerra e neutralizar sua postura anti imperialista.

Mas, a mídia não mostra nada disso! A mídia mente descaradamente, como fez na Líbia, como fez no Iraque, como fez nos Balcãs e como faz na Colômbia. Inventam manifestações que os sírios não vêem. As fontes de informação são "militantes dos Direitos Humanos ligados à Ongs". Não comentam nada sobre os mercenários armados que atiram nas forças públicas e nos civis. Nada sobre as multitudinárias manifestações de apoio e unidade com o partido Baath! Nem o processo eleitoral que se realizou semana passada, em toda Síria, foi motivo de notícia. O povo da Síria vê toda manipulação pela Al Jazzira e por isso precisam de nossa solidariedade, e por isso estão nas ruas se manifestando!

O Comitê de Solidariedade à luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro teve a coragem de enfrentar a opinião pública formada pela mídia e foi para praça pública manifestar solidariedade com a Síria e seu povo, dar expressão à tradicional solidariedade internacionalista dos trabalhadores brasileiros e assim fortalecer os que lutam contra o imperialismo. O Ato Público na Cinelândia contou com a participação da comunidade síria, dos militantes do Comitê, dos palestinos, dos internacionalistas e oficialmente de dois partidos: PCB e LBI. E foi muito gratificante ouvir manifestações de apoio do povo carioca que passava pela praça.

Este ano, marcamos o Dia Internacional de solidariedade à palestina, dia 29 de novembro, ampliando seu significado para o Dia de Solidariedade Internacionalista e Anti imperialista aos povos da Palestina, Síria, Líbano e Iran. Resolvemos dedicar todo nosso apoio à luta que esses povos travam diariamente nas ruas contra as forças sionistas! Contra as ameças de guerra!


Lamentamos profundamente a capitulação momentanea, fazemos autocrítica por não ter ido às ruas pela Líbia, quando o processo de satanização e mentiras havia começado.
Tomados pela surpresa da estratégia imperial, e ainda impactados com o levante, em particular do Egito e da Tunísia ficamos paralisados e , vergonhosamente, o Comitê, que junto com todas organizações políticas de nossa classe, se perfilou em solidariedade ao Iraque e ao povo do Iraque, mesmo com a campanha midiática sobre as armas de destruição em massa e com todas as diferenças políticas que tínhamos com Saddam Hussem, ignorou o início da criminosa agressão imperial e somente passou a denunciá-la quando a OTAN já estava fazendo seu trabalho criminoso e as ONGs dos Direitos Humanos já tinham feito o delas. Aliás é bom que se diga, os mercenários super armados não conseguiriam vencer o povo líbio, se não fosse as toneladas de bombas da OTAN. (vide video postado anteriormente)

Hoje a Líbia é um país destruído, seu povo passa por necessidades jamais sentidas. Os mercenários ligados a Al Qaeda, recrutados por Erik Prince, o fundador da Blackwater Worldwide ( empresa militar privada estadunidense) que recebeu 592 milhões de dólares dos Emirados Árabes para isto, roubam casas e fazem barbaridades com a população. Certamente, o povo que lutou e resistiu em defesa de seu país contra os mercenários da OTAN , ao lado de Kadafi, está organizando a resistência ao CNT, capacho do sionismo. A trágica história do povo líbio ainda não acabou, a guerra civil que se avizinha será uma dolorosa experiência.

Jamais poderíamos deixar de falar e Desejar muita força e lutas vitoriosas para os camaradas guerrilheiros da Colômbia, em especial das FARCS, organização beligerante dos camponeses para resistir e lutar contra o capital. Esses camaradas se enfrentam diariamente com o que existe de pior em nossa América Latina, o Estado terrorista colombiano, um espelho do que Israel representa para o Oriente Médio: uma base militar americana em nosso solo, um Estado que organiza exércitos de mercenários (paramilitares) que assassinam estudantes, sindicalistas , professores e camponeses da cidade e do campo diariamente. Toda força e solidariedade às Farcs e aos movimentos políticos e sociais dos trabalhadores e estudantes colombianos.

Como podemos observar, o capital, longe de garantir “democracia”, “liberdade” e “Direitos Humanos” , está levando a humanidade para o caminho da guerra e da destruição em massa, para o fascismo. Sua crise sistêmica mortal acentuou a natureza da besta fera , por isso não podemos e não vamos desejar paz! Precisamos é de muita luta para destruir o capital e construir uma nova sociedade sem explorados nem exploradores: Onde os homens possam de fato viver em paz!

E viva os trabalhadores da Grécia !
Viva a Revolução!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Armas nucleares, robôs militares e guerra

O "Predator Drone MQ-1", um dos VASPs mais utilizados pelas Forças Armadas dos EUA e pela CIA


por Frederico Gama Carvalho [*]

Resumo: Faz-se uma breve referência, com alguns dados numéricos, ao esforço financeiro que representa hoje a manutenção das despesas militares a níveis iguais ou superiores ao verificado no período da chamada "guerra fria". Assinala-se a importância crescente da investigação científica e tecnológica com fins militares. Refere-se o surgimento da ciberguerra e as suas motivações. Descreve-se a situação actual no que toca ao desenvolvimento e utilização da arma nuclear. Apresenta-se a evolução no campo da robótica militar, as consequências perversas da sua utilização em teatros de guerra ou para localizar e abater alvos humanos seleccionados. Apontam-se as armas ditas "não-letais" como instrumento de repressão de "acções de perturbação da ordem pública". O texto é acompanhado de numerosas referências que permitem aprofundar as questões apresentadas.


As despesas militares dos Estados Unidos da América são as mais altas do mundo [1] . Em 2011 terão ultrapassado os 700 mil milhões de dólares [2] . Entre 2001 e 2011 mais do que duplicaram, a preços constantes. Em percentagem do PIB subiram de cerca de 3% para mais de 5%. A China com uma população cerca de quatro vezes maior, apresenta a segunda maior despesa militar mas a grande distância dos EUA (cerca de um sexto) [3] . Os EUA despendem cerca de 12 mil milhões de dólares anuais em ajuda militar a vários países estrangeiros na sua maior parte destinada ao Afeganistão, Iraque, Israel, Paquistão e pelo menos num passado próximo ao Egipto [4] . A despesa militar dos EUA tem mantido uma tendência crescente desde pelo menos 1998 [5] . Mesmo numa economia com a dimensão da norte-americana, pode não ser sustentável no longo prazo a manutenção de um nível tão elevado de gastos militares [6]

No decurso das duas últimas décadas, assistiu-se a uma evolução e desenvolvimentos muito significativos no campo da investigação científica e tecnológica para fins militares. Quatro domínios merecem particular atenção: as armas nucleares; os robôs militares; as armas de energia dirigida, ditas "não letais"; e a utilização da cibernética [7] para fins de espionagem ou com vista a disrupção ou desactivação de sistemas ou equipamentos informatizados. Neste último domínio, fala-se de "ciberguerra" e entende-se como tal, a intromissão (hacking) dolosa, politicamente motivada, em redes informáticas ou computadores do (suposto) inimigo com o fim de provocar danos ou disfuncionalidades. William Lynn, subsecretário da Defesa dos Estados Unidos, afirma que "como questão de doutrina, o Pentágono reconheceu formalmente o ciberespaço como um novo domínio da arte da guerra" que "se tornou tão crítico do ponto de vista militar como o solo, o mar, o ar ou o espaço (exterior)." [8]

Neste contexto recorda-se a notícia vinda a público do ataque ocorrido em Setembro de 2010 ao parque de ultracentrifugadoras de Natanz, no Irão, de enriquecimento de urânio com vista à sua utilização como combustível nuclear. Neste caso foi usado o vírus Stuxnet até aí desconhecido [9] . O alvo do Stuxnet são sistemas de controlo usados em centrais eléctricas e outras instalações industriais. A origem do vírus não foi publicamente identificada mas há razões que apontam para um projecto comum americano-israelense [10] .

De acordo com um artigo recente do New York Times [11] , imediatamente antes de terem sido iniciados os raids americanos sobre a Líbia, foi seriamente debatido no seio da administração Obama, a possibilidade de lançar uma ofensiva cibernética com vista a pôr fora de serviço os radares do sistema líbio de alerta precoce ("early warning") contra ataques aéreos. A possibilidade foi afastada por razões político-militares que não cabe analisar aqui. [12]

Nos EUA foi criada em 2009 uma subunidade do Comando Estratégico das Forças Armadas com a designação de Ciber-Comando (USCYBERCOM) a qual atingiu completa capacidade operacional em fins de 2010 [13] .

No que respeita a engenhos nucleares para fins militares pode dizer-se que a ameaça nuclear continua presente e no essencial inalterada quando comparada a situação actual com a que existia há algumas décadas atrás. Quarenta e um anos depois da sua entrada em vigor, em 1990 [14] e após oito Conferências de Revisão, mantém-se o carácter discriminatório do Tratado de não-proliferação relativamente aos estados que não dispõem de armamentos nucleares e o desinteresse por parte das potências nucleares signatárias do Tratado em dar os passos previstos no seu Artigo VI, no sentido do desarmamento nuclear e do desarmamento geral e completo.

Em 1996 foi aprovado o Tratado Geral de Proibição de Ensaios Nucleares (CTBT) [15] . A entrada em vigor do tratado depende, entre outros, da ratificação pelo Congresso dos Estados Unidos, o que, 15 anos depois, ainda não aconteceu [16] . No entender de diversos observadores, o conhecimento que se tem das orientações e decisões das administrações norte-americanas no domínio nuclear ao longo dos últimos 20 anos, permite dizer que os EUA não têm qualquer intenção de prescindir da arma nuclear num futuro previsível [17] . No complexo nuclear militar científico e industrial norte-americano prosseguem sem limitação de fundos os trabalhos de manutenção, modernização e desenvolvimento de armas nucleares. A orientação desses trabalhos pode resumir-se assim: desenvolver armas capazes de penetrar no solo e destruir alvos subterrâneos especialmente protegidos ("hardened"); e desenvolver armas cuja utilização seja politicamente exequível, entendendo-se por isto, cabeças nucleares susceptíveis de minimizar os chamados "efeitos colaterais" [18] .

Robôs, designadamente na forma de veículos aéreos sem piloto (VASP) estão a ser usados extensivamente e são alvo de constantes aperfeiçoamentos para utilizações militares quer em teatros de guerra quer na localização e abate de alvos humanos seleccionados, no que é o equivalente de uma execução extrajudicial [19] . Esta utilização, inaceitável e efectivamente perversa, abre a porta a novas formas de fazer a guerra. Robôs militares e VASPs podem ser comandados ou "pilotados" a partir de uma consola de comando situada a milhares de quilómetros de distância, graças às possibilidades criadas pela existência de linhas de comunicação eficientes de alta qualidade [20] .

Em anos recentes a utilização de robôs militares tem crescido extraordinariamente: aquando da invasão do Iraque em 2003, as forças dos EUA praticamente não possuíam robôs militares; já em 2010 as forças armadas americanas dispunham de um número global de cerca de 12 mil robôs militares dos quais perto de 7000 eram VASPs — os chamados "drones". Esta evolução levanta questões sérias nos planos ético e legal. No que concerne à classificação do pessoal envolvido na utilização de robôs militares, pode argumentar-se que se esfuma a distinção entre o "soldado" e o não-combatente, em particular no caso daqueles "pilotos" a distância e técnicos civis que tomam decisões à mesa ou consola de comando, se levantam no fim de um "dia de trabalho" e vão para casa jantar com a família [21] .

Os "drones" foram utilizados pelos americanos nos Balcãs, no Iémen (com apoio da CIA), na Somália, no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão (neste caso sob controlo da CIA, por razões que não podem ser examinadas aqui). Israel usou "drones" na faixa de Gaza [22] . No caso da acção da CIA no Paquistão a taxa dos chamados "danos colaterais" é estimada em 1 militante para 10 civis abatidos [23] [24] .

No que toca ao arsenal de armas de energia dirigida e outras, ditas "não-letais", que visam sobretudo o controlo de movimentos ou manifestações de massas em países ou regiões política ou socialmente instáveis, mesmo no plano doméstico, muito haveria a dizer mas o tempo disponível não o permite. Ficará assim para outra oportunidade [25] .

Obrigado pela vossa atenção,19/Novembro/2011

Notas:
1. http://www.globalissues.org/article/75/world-military-spending. See also Financial Times.com, "Global military spending slows" John O'Doherty, April 11 2011.
Na edição do Financial Times do passado dia 6 do corrente podia ler-se a afirmação de que, nos Estados Unidos, a degradação de infra-estruturas físicas essenciais — como estradas, pontes, barragens, redes eléctricas, sistemas de abastecimento de água — era tal que o país se aproximava rapidamente de um estatuto (estou a citar) de "segundo mundo". Acrescentava que os gastos com manutenção e modernização de infra-estruturas básicas se ficava por 2% do PIB, quatro vezes menos do que China.

2 .Este número inclui o orçamento base da defesa e também a despesa respeitante às operações no Iraque e no Afeganistão mas não inclui as despesas do Departamento de Energia (DoE) com os programas respeitantes a armas nucleares. O valor indicado equivale a cerca de três vezes o valor estimado nesse ano para o PIB português

3. Entre 2000 e 2010 a despesa militar da R.P. da China terá passado de cerca de US$34kM para cerca de US$120kM, isto é, terá crescido cerca de 250%. Em 2010, os gastos militares dos EUA representavam cerca de 43% da despesa militar global do planeta. Os EUA e a R. P. da China em conjunto atingiam 50% da despesa mundial.

4. http://www.theworld.org/2011/08/defense-budget-tea-party/

5. Cf. Christopher Hellman, "The Runaway Military Budget: An Analysis", (Friends Committee on National Legislation, March 2006, no. 705, p. 3)

6. Cf. "World Military Spending", Global Issues (http://www.globalissues.org/article/75/world-military-spending ) (2011)

7. "Ciência que investiga os mecanismos de comunicação e de controlo nos organismos vivos e nas máquinas." (cf. Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa)

8. Lynn, William J. III. "Defending a New Domain: The Pentagon's Cyberstrategy", Foreign Affairs, Sept/Oct. 2010, pp. 97–108

9. Cf "Stuxnet worm brings cyber warfare out of virtual world", Pascal Mallet (AFP) – Oct 1, 2010

10. Cf. "U.S. Debated Cyberwarfare in Attack Plan on Libya", Eric Schmitt and Thom Shanker, The New York Times, Published: October 17, 2011. A mesma fonte refere que tanto o Pentágono como empresas com contratos militares são objecto e repelem regularmente, ataques às suas redes de computadores, muitos deles alegadamente provenientes de fontes russas ou chinesas.

11. Id., ib.; tratava-se de penetrar as barreiras informáticas de protecção contra intromissões ("fire wall") das redes de computadores do governo líbio para cortar as linhas de comunicação com as baterias de mísseis do sistema de defesa antiaérea.

12. Recentemente (Outubro de 2011) foi descoberto um novo vírus ("malwware") que recebeu o nome de "Duku". O Duku partilha grande parte do código informático do Stuxnet mas actua de forma diferente e com objectivos diferentes (cf. Discover Magazine, October 19th, 2011, artigo de Veronique Greenwood). O novo vírus, provavelmente com a mesma origem do Stuxnet, é um "vírus espião", destinado à recolha de informação sobre características e organização interna de sistemas de redes e computadores, incluindo chaves de segurança, de modo a permitir futuros ataques destrutivos ou de incapacitação. O vírus não se reproduz e auto-extingue-se em 36 dias, provavelmente para dificultar a detecção.

13. Além dos EUA, o Reino Unido, a R.P. da China e as duas Coreias, pelo menos, terão posto de pé estruturas de defesa contra riscos associados a ataques cibernéticos. Barak Obama afirmou, em 2009, que tinham ocorrido situações de intrusão cibernética nas redes eléctricas dos EUA com fim de avaliar as condições de segurança das redes (Cf." China's Cyberassault on America", Richard Clarke in The Wall Street Journal, Junho 15, 2011)

14. O TNPN obriga nesta data 189 estados, incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança

15. Aprovado na Assembleia Geral das Nações Unidas por uma maioria superior a dois terços dos estados membros.

16. Os outros estados de cuja ratificação está dependente a entrada em vigor do CNTBT são: China, Egipto, Índia, Indonésia, Irão, Israel, Coreia do Norte e Paquistão

17. O chefe do Comando Estratégico dos EUA, general Kevin Chilton, declarou recentemente o seguinte à comunicação social: "Quando olhamos para o futuro — e é minha convicção que precisaremos de um dissuasor nuclear neste país para o que resta do século, o século XXI — penso que aquilo de que necessitamos é de uma arma nuclear modernizada compatível com os nossas também modernizadas plataformas de lançamento". Cf. A elucidativa Informação de Andrew Lichterman ,para a Western States Legal Foundation: "Nuclear Weapons Forever: The U.S. Plan to Modernize its Nuclear Weapons Complex" (2008) (http://www.wslfweb.org/docs/ctbrief.pdf )

18. Ver nota anterior

19. Ver "Resolução sobre a utilização de robôs militares", Comissão Internacional para o Desarmamento, a Segurança e a Paz (ICD), da Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos, Paris, Maio de 2011 (http://www.otc.pt/index.php/noticias/fmtc/43-robosmilit)

20. Há razões para dizer que a utilização de robôs no campo de batalha ou em missões ofensivas de sobrevoo fora dele, representa a mais profunda transformação da arte militar desde o advento da bomba atómica.

21. No quadro do programa de expansão da automatização de teatro de operações, a força Aérea dos EUA tem neste momento em formação um número de operadores de "drones" superior ao de pilotos de aviões de caça e de bombardeiros tomados em conjunto. A meta para a robotização das forças armadas dos EUA é de 15% para 2015. Cf. "US Air Force prepares drones to end era of fighter pilots", The Guardian, Edward Helmore in New York, 23 August 2009 www.guardian.co.uk/world/2009/aug/22/us-air-force-drones-pilots-afghanistan )

22. A Turquia que pretende adquirir drones aos EUA pôs à disposição dos americanos uma base aérea que é utilizada por uma esquadra de drones das FFAA dos EUA. Os drones armados disparam em regra mísseis Hellfire ou Scorpion, estes de menor poder destrutivo numa tentativa para reduzir os danos colaterais.

23. Cf, "Do Targeted Killings Work?", Daniel L. Byman, Senior Fellow, Foreign Policy, Saban Center for Middle East Policy (http://www.brookings.edu/opinions/2009/0714_targeted_killings_byman.aspx?p=1)

24. O arsenal de robôs militares de reconhecimento e ataque é vasto.

Diversas fontes referem-se aos trabalhos de desenvolvimento tecnológico de robots-espiões com aparência e dimensões semelhantes às de um insecto, capazes de voar como insectos e passar despercebidos. Entretanto decorrem também trabalhos que visam a utilização de insectos reais em que são implantados cirurgicamente dispositivos ("chips") electrónicos que permitem comandar à distância o seu voo e comportamento. Esses dispositivos enviam também sinais que contêm diversas informações que interessam aos operadores. Os "chips" são implantados nos insectos de preferência durante a fase de desenvolvimento da crisálida antes da metamorfose final do insecto. Trabalhos deste tipo estão em desenvolvimento no departamento das Forças Armadas dos EUA designado por DARPA (Defense Advanced Research Project Agency). Os insectos modificados são usualmente chamados "Cyborgs" ou "Cybugs".

Os robots já utilizados ou que se encontram em fase de protótipo, têm as mais variadas formas e dimensões, e finalidades múltiplas. Tipicamente desempenham funções de espionagem, vigilância, identificação de alvos e reconhecimento. Os sensores utilizados permitem a recolha de imagens ópticas, que chegam a cobrir um ângulo de 360º, sinais de radar, radiação infravermelha, microondas e radiação ultravioleta. São também usados sensores químicos e biológicos.

Sensores biológicos são sensores que podem detectar a presença no ar de microrganismos e outros agentes biológicos. Os sensores químicos podem detectar a presença e concentração no ar de elementos químicos diversos por meio de espectrometria de laser.

25. Existe uma considerável diversidade das ditas "armas não-letais": feixes de energia dirigidos (infravermelhos); geradores de impulsos sonoros de alta intensidade; projécteis que actuam por efeito de impacto, descargas eléctricas, dispersão de agentes químicos ou biológicos; barreiras electromagnéticas ("active denial systems"); indução externa de sons e imagens, por acção de campos electromagnéticos que actuam sobre os circuitos neurológicos do sistema nervoso central, e outros. Um olhar rápido sobre esta parafernália de instrumentos e sistemas ditos "não-letais" pode não deixar entender todos os seus possíveis destinos, as motivações para o seu domínio e suas implicações. Neste contexto é útil citar aqui um documento já referenciado em trabalho anterio. Cf. "Crowd Behavior, Crowd Control, and the Use of Non-Lethal Weapons", Institute for Non-Lethal Defense Technologies, Human Effects Advisory Panel, Report of Findings, Pennsylvania State University, 1 January 2001. O relatório é o resultado de um estudo efectuado sob contrato com o Corpo de Marines dos EUA.

[*] Membro da Presidência do Conselho Português para a Paz e Cooperação, Doutor em Física e Engenharia Nucleares pelas Universidades de Karlsruhe e Lisboa, Vice-Presidente do Conselho Executivo da Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos ( www.fmts-wfsw.org ), Presidente da Direcção da Organização dos Trabalhadores Científicos ( www.otc.pt ), Investigador-coordenador aposentado do Instituto Tecnológico e Nuclear. Intervenção realizada no Conselho Português para a Paz e Cooperação, 7/Dezembro/2011

Este texto encontra-se em http://resistir.info/ .

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

78 Partidos Comunistas em Conferência fortalecem a luta anti imperialista no Oriente Médio

13o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e operários

Atenas de 9-11 de Dezembro

"Da mesma forma condenamos veementemente a guerra imperialista da OTAN e da UE contra o povo líbio e as ameaças e interferência nos assuntos internos da Síria e do Irã, bem como de qualquer outro país. Nós consideramos que cada intervenção estrangeira contra o Irã sob qualquer pretexto ataca os interesses dos trabalhadores iranianos e suas lutas por liberdades democráticas, justiça social e direitos sociais."


Atenas, SANA. Dez 14, 2011

A Conferencia anual dos Partidos Comunistas, celebrada na capital grega Atenas, que contou com a participação de 78 Partidos Comunistas de todos os rincões do mundo, afirmou que o complô urdido contra Síria tem a finalidade de devolver a hegemonia colonial sobre a região e destruir as forças árabes de libertação.


Ao final da Conferencia, os partidos anunciaram, através de um comunicado, seu absoluto rechaço a qualquer ingerência estrangeira ou de agressão contra a Síria, expressando seu repúdio ao apoio que recebem os grupos terroristas e criminosos da Síria . Grupos que financiados e orientados pela CIA, Mossad e M16 atacam os prédios públicos e vêem matando centenas de inocentes e acadêmicos sírios, através de franco-atiradores.


Da mesma modo, os partidos reunidos denunciaram o criminoso embargo econômico e todas as injustas medidas e sanções aprovadas por alguns regimes árabes, comandados pelos países imperialistas, contra a Síria, enfatizando que estas medidas são encaminhadas a fim de golpear a resistência anti imperialista da Síria e pressionar para por fim a sua postura de sua postura de respaldo aos movimentos de libertação e resistência na região.
Os partidos comunistas exigem que cessem imediatamente todos os atos agressivos desatados pelos países ocidentais, os países árabes e pelo governo turco, instrumento da OTAN NA REGIÃO.

Lynn A., Fady Marouf

Relatório de Sergio Pinheiro contra a Síria é tão veraz quanto o conto das ‘armas atômicas do Iraque’



Nathaniel Braia

O recente “relatório” da Comissão de inquérito sobre a Síria do Conselho de Direitos Humanos da ONU destaca-se por acusações bombásticas contra o governo sírio, mas inteiramente omisso em apresentar provas materiais, ou mesmo indícios que corroborem as acusações. Tudo é armado em cima de depoimentos de pessoas não identificadas nem qualificadas. O método “investigativo” não difere em nada da “cobertura” da mídia com “informações” sem confirmação de sua veracidade, mas que são repetidas à exaustão.


“BAIXO PADRÃO”

Já no preâmbulo do “relatório” da comissão encabeçada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro (foto)afirma-se que “o padrão de prova é de ‘suspeita razoável’” e reconhece-se que isso “é um padrão mais baixo do que comprovações usadas em procedimentos criminais”.
Como foram coletados os depoimentos? Muito simples: foi lançado um chamado público. O funcionário da ONU diz que atenderam ao chamado “organizações e pessoas interessadas” em “ajudar a comissão”. Portanto, entre os depoimentos das supostas “223 vítimas e testemunhas” podem constar declarações desinteressadas de agentes da CIA, mercenários e outros vagabundos dispostos a ajudar a Casa Branca no seu intento de derrubar o governo soberano da Síria.

Nenhum dos depoimentos foi checado. A alegação é de que não puderam entrar na Síria. Mas existem outras formas de comprovar (fotos, filmes, documentos, acareações, informações cruzadas, etc.) sequer aventadas, certamente para não correr o risco de estragar o roteiro pré-estabelecido.

O mais curioso é que, com milhões de sírios nas ruas, em todas as cidades, apoiando o governo (tudo documentado com fotos) mais manifestações fora da Síria contra a interferência externa, que não haja um único depoimento que diga o contrário do que quer provar o relatório. Ou seja, nenhum destes milhões pôde testemunhar.

Os relatores ouviram também uma entidade de isenção exemplar a respeito da questão síria: a Liga Árabe. Aquela em que os reizinhos, emires e sultões – todos bem acapachados aos EUA, a ponto de lhes cederem território para bases militares na região – defendem suas monarquias - sabidamente superdemocráticas - contra o mal exemplo da República Árabe Síria.

A imprensa, claro, pegou a afirmação mais bombástica do relatório, a de que 256 crianças teriam sido mortas pelo regime sob torturas, violência sexual e outras práticas escabrosas imagináveis por mentes realmente doentias. Mas nenhum desses órgãos se dignou a citar as afirmações sírias de que “cidadãos, soldados e policiais são assassinados em emboscadas por gangues de terroristas” e que as alegações contra a Síria “são fabricadas pela mídia a serviço das potências ocidentais”. Coisas que o relator se viu obrigado a reproduzir para dar ao “informe” o mínimo de aparência de isenção. Esforço vão, diga-se de passagem.

Pinheiro alega que “a comissão da ONU não teve autorização do governo para entrar na Síria” mas as correspondências trocadas com o governo sírio, anexadas ao “relatório”, prova exatamente o contrário: não houve proibição alguma de acesso ao país.
CORRESPONDÊNCIAS

A troca de correspondências mostra que o governo sírio afirma que teria prazer em receber uma comissão enviada pelo Conselho dos Direitos Humanos. Pede apenas que a Comissão de Inquérito da Síria possa antes concluir suas próprias investigações. Nesta questão, é Paulo Pinheiro quem dá o ultimato: em carta datada de 11 de novembro, exige que a comissão tenha acesso ao país em 15 dias, ignorando as ponderações sírias.

Finalmente, o “relatório” diz que o governo sírio não respondeu a um questionário apresentado pela comissão. Também aqui a verdade é distorcida. O governo sírio retornou dizendo que o questionário era parcial e por si só revelava a predisposição dos inquiridores.
Não há, diz o governo sírio, preocupação em questionar sobre as sabotagens que estão levando às mortes na Síria (segundo o governo já são mais de mil mortos pelos terroristas). Das 26 perguntas do tal questionário, apenas uma aborda a ação dos terroristas e todas as outras especulam sobre a suposta repressão do governo sírio a manifestantes desarmados.

O relatório na verdade macaqueia o método já usado pela mídia para demonizar o governo sírio e seu líder, Bashar Al Assad. Como afirma a pesquisadora da organização Global Research, Julie Lévesque, em sua matéria denominada Protesto na Síria: Quem conta os mortos?, os “informes de mídia sobre a alegada repressão pelo governo da Síria não mencionam suas fontes de informação”. “São”, diz Lévesque, “quase sempre os ‘grupos de direitos humanos’ ou ‘ativistas’”.
Para finalizar, um trecho de uma entrevista, para a TV Rússia Today na qual – ao contrário do informe de Paulo Pinheiro, a entrevistada tem nome e profissão: Anhar Kochneva, empresária de agência de turismo que atua na Síria, entre outros países.

Diz ela: “Há uma poderosa desinformação em curso. Em 1º de abril, a mídia informou acerca de um grande ato em Damasco. Eu estava em Damasco naquele dia. Este ato nunca aconteceu, nem eu, nem nenhum dos moradores o viu”.

“Já no dia 16 de abril”, segue Anhar, “a agência Reuters “informou” que 50 mil oponentes ao regime tomaram as ruas de Damasco, e que foram dispersados com gás lacrimogêneo e cassetetes. Ninguém viu. Mas os moradores da cidade sabem que tal manifestação não poderia haver ocorrido sem que a cidade o percebesse. Quantos policiais seriam necessários para dispersá-la? Como pode ser que ninguém a tenha visto exceto a Reuters?

sábado, 10 de dezembro de 2011

SIRIA , la mentira de los medios de información- cap.1

AS MASSAS SÍRIAS NÃO DESITEM: NOVAMENTE TOMAM AS RUAS PARA DEFENDER SEU PAÍS E RESPALDAR A UNIDADE ANTI IMPERIALISTA !




No dia 9 de dezembro, ontem, uma imensa massa humana se formou em passeata pelas ruas da cidade de Tartus e na Praça do jeque Saleh Al Ali na ciudad de Sheikh Bader. O mesmo ocorreu na ciudad de Salkhad em Swaida, na localidade de Al Shaddadeh em Hasakah, no povoado de Jerbet Al Hamame en Homs e nas localidades próximas. Mais uma vez, as massas sírias foram às ruas expressar o sentimento de indignação e repúdio à decisão da Liga Árabe contra o povo sírio, foram , também dizer não a intervenção externa nos assuntos internos da Síria.

As massas sírias não desistem, estão nas ruas defendendo seu país contra as ameaças que vem sofrendo OTAN, EUA e e dando total respaldo à unidade que está garantindo o processo de reformas liderado pelo presidente Bashar Al Assad.
No dia seguinte, hoje, 10 de dezembro, foi a vez da juventude ir as ruas junto com setores populares. Inauguraram um enorme mapa da Síria, simbolizando a vitória da Unidade que se forjou em torno da defesa da integridade física do povo sírio e seu país, contra o imperialismo americano, o sionismo e seus aliados árabes e turcos.
Reparem nas fotos abaixo as bandeiras de outros Estados nas manifestações, com destaque para as bandeiras da Palestina. Viva a solidariedade entre os povos oprimidos!


a






























Quem bate os tambores de guerra contra o Irã?

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011


Terry Jones


Tanto quanto os contribuintes de cidades italianas medievais, estamos tendo o nosso dinheiro desviado para pagar a ganância de máquina militar
O presidente Dwight D Eisenhower em 1961, ao se aposentar, alertou seus colegas americanos sobre o perigo em permitir uma relação muito próxima entre políticos e a indústria de defesa. Foto: W. Eugene Smith

No século 14 houve duas pandemias. Uma foi a Peste Negra; a outra foi a comercialização da guerra. Mercenários sempre houve, mas no reinado de Eduardo III converteram-se em principal sustentáculo do exército inglês nos primeiros 20 anos do que seria a Guerra dos 100 Anos. Então, quando Eduardo assinou o tratado de Brétigny em 1360 e disse aos soldados que parassem de guerrear e voltassem para casa, muitos deles não tinham casa para onde voltar. Estavam habituados a guerrear e da guerra tiravam o próprio sustento. Então, aqueles homens organizaram-se em exércitos freelance, não por acaso batizados de “livres empresas” [ing. free companies], e avançaram pela França, pilhando, matando e estuprando.

Um desses exércitos ficou conhecido como A Grande Empresa [ing. The Great Company]. Conforme estimativas conhecidas, reunia 16 mil soldados, maior que qualquer dos então existentes exércitos nacionais. Atacou até o papa, em Avignon, prendeu-o e exigiu resgate. O papa cometeu o erro de pagar aos mercenários grandes quantidades de dinheiro vivo, o que só os estimulou e prosseguir nos malfeitos. Também sugeriu que se mudassem para a Itália, onde seus arquiinimigos, os Visconti, governavam Milão. Foi o que fizeram, sob a bandeira do Marquês de Monferrato, também subsidiado pelo papa.

Ali o pesadelo começou. Enormes exércitos privados puseram-se a varrer a Europa, desastre que só foi menor que a Peste Negra. Foi como se o gênio houvesse escapado da garrafa e ninguém conseguia metê-lo lá, de volta. A guerra, de repente, estava convertida em negócio lucrativo; as cidades italianas viram-se empobrecer – todo o dinheiro que os contribuintes pagavam era usado para comprar os serviços das livres empresas. E, dado que os que lucravam com a guerra naturalmente ansiavam por continuar a fazê-lo, e do mesmo modo, a guerra tornou-se eterna, infindável.

Corra o filme para o futuro, 650 anos adiante, mais ou menos. Os EUA, no governo de George W Bush, decidiu privatizar a invasão do Iraque, empregando “fornecedores” privados de serviços de guerra, como a empresa Blackwater, hoje rebatizada Xe Services. Em 2003, a Blackwater conseguiu um contrato sem licitação, de 27 milhões de dólares, para garantir a segurança de Paul Bremer, então presidente da Autoridade Provisória da Coalizão [ing. Coalition Provisional Authority]. Desde então, vendendo proteção a servidores públicos em zonas de conflito desde 2004, a empresa já recebeu mais de 320 milhões de dólares. E em 2011 o governo Obama contratou serviços da Xe, pelos quais terá pago, até dezembro em curso, 250 milhões de dólares por serviços de segurança no Afeganistão. Essa é apenas uma das várias empresas que lucram com a guerra.

Em 2000, o Projeto para o Novo Século Americano [ing. Project for the New American Century] publicou um relatório, “Rebuilding America's Defenses” [Reconstruindo as Defesas dos EUA], cujo objetivo declarado é aumentar os gastos da Defesa, de 3% para 3,5% ou 3,8% do PIB dos EUA. De fato, esses gastos já chegam hoje a 4,7% do PIB dos EUA. Na Grã-Bretanha, gastamos, na Defesa, cerca de 57 bilhões por ano, 2,5% do PIB.

Assim como os cidadãos contribuintes das cidades-estado italianas medievais, estamos vendo nosso dinheiro ser drenado para o negócio da guerra. Empresas responsáveis têm de gerar lucros para remunerar os acionistas. No século 14, os acionistas das livres empresas eram os próprios soldados. Se a empresa não estivesse contratada por alguém para fazer guerra contra algum outro, os acionistas viam sumir os dividendos. Por isso, cuidavam, eles mesmos, de criar mercados nos quais seus negócios continuassem a render lucros.

A Empresa Branca [ing. White Company] de Sir John Hawkwood podia oferecer seus serviços ao papa ou à cidade de Florença. Se a oferta não interessasse a algum desses, Hawkwood imediatamente oferecia os mesmos serviços aos seus respectivos inimigos. Como Francis Stonor Saunders escreve, em seu maravilhoso Hawkwood – Diabolical Englishman:

“As empresas tinham, unicamente, o valor negativo de manter o equilíbrio do poder militar entre as cidades”. [1]

Exatamente como a Guerra Fria.
Há vinte anos, numa livraria, passei a mão numa revista da indústria de armas. “Graças a Deus, Saddam existe” – era o título do editorial. Explicava que, desde o colapso do bloco soviético e o fim da Guerra Fria, as pastas de contratos da indústria de armas andaram vazias. Mas naquele momento, havia afinal um inimigo, e a indústria voltava a sonhar com melhores tempos. A invasão do Iraque foi inventada em torno de uma mentira: Saddam jamais teve armas de destruição em massa; mas a Defesa carecia de inimigo; e os políticos rapidamente forneceram-lhe um.

Hoje, os mesmos tambores de guerra, encorajados pelo ataque à embaixada britânica semana passada, voltam a bater, clamando por ataque contra o Irã. Seymour Hersh escreve na revista New Yorker:
“Todo o urânio baixo-enriquecido que o Irã produz é conhecido, legal e legítimo”. [2]
O relatório recente da Agência Internacional de Energia Atômica, que provocou onda de fúria contra ambições nucleares dos iranianos – continua Hersh – não contém sequer uma linha que prove que o Irã estaria desenvolvendo armas nucleares.

No século 14, quem vivia em simbiose com os militares era a igreja. Hoje, são os políticos. O governo dos EUA gastou espantosíssimos 687 bilhões de dólares na “defesa”, em 2010. Pensem em tudo que se poderia fazer, se o mesmo dinheiro fosse aplicado em hospitais, escolas, ou para pagar hipotecas extorsivas, de famílias despejadas que hoje vivem na rua.

O ex-presidente Dwight Eisenhower dos EUA aproveitou a oportunidade de um discurso de despedida, em 1961, para alertar os cidadãos norte-americanos contra o risco de admitir relacionamento muito íntimo entre os políticos e a indústria da defesa.

“Essa conjunção, quando há um imenso establishment militar e grande indústria de armas, é novidade na experiência dos norte-americanos” – disse ele. – “Nos conselhos do governo, temos de nos prevenir conta o risco de que venham a acumular excessiva influência. O potencial para que cresça muito um poder desastroso e deslocado está aí, existe e continuará a existir”.

Existe mesmo. O gênio, outra vez, escapou da garrafa.


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Notas dos tradutores
[1] SAUNDERS, Francis Stonor, “Hawkwood: Diabolical Englishman” [Hawkwood, Inglês Diabólico] (nos EUA “The Devil's Broker” [O Corretor do Diabo]), Londres: Faber and Faber, 2004.
[2] HERSH, Seymour M., “Iran and the Bomb. How real is the nuclear threat?”, 6/6/2011, New Yorker

Postado: 6/12/2011, Terry Jones, The Guardian, UKWar drums are beating for Iran. But who’s playing them?Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Turquia pronta para invadir a Síria: FARÁ O SERVIÇO SUJO DA OTAN





quarta-feira, 30 de novembro de 2011



A Turquia e seus aliados ocidentais estão transferindo, para a Síria, os mercenários líbios que treinaram e armaram para depor Muammar Gaddafi. Cerca de 600 ‘voluntários’ líbios já entraram na Síria. O jornal Daily Telegraph noticia que houve encontros secretos na 6ª-feira em Istanbul, entre oficiais turcos, representantes da oposição síria e mercenários líbios. Infiltração de armas em grande escala, da Turquia e da Jordânia, já ocorre há meses, para criar condições para uma guerra civil na Síria, mas, até agora, não havia notícia de infiltração também de grande número de mercenários ‘voluntários’.

O movimento tornou-se necessário, porque o projeto de induzir grande número de deserções nas forças armadas sírias não produziu o resultado esperado (houve pouquíssimas deserções). A Turquia e as potências ocidentais precisam desesperadamente construir o mito de uma força síria ‘de resistência’ contra o regime de Asad, sem o qual qualquer movimento contra a Síria estará exposto como o que realmente é, agressão nua e crua.



Moscou reagiu hoje: sugeriu firmemente que pode fornecer armas ao regime sírio, para sua autodefesa. O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Lavrov, parou um a um milímetro de dizê-lo claramente. Disse que qualquer embargo de armas para a Síria seria “injusto”. Moscou confirmou que uma esquadra de combate russa navega para a base russa no porto sírio de Tartus, no Mediterrâneo oriental, bem próxima da fronteira entre Turquia e Síria. Lavrov criticou a interferência estrangeira na Síria, mas sem citar Turquia, Jordânia, etc.

As coisas parecem estar andando céleres para a invasão. Sinal claro disso é que o vice-presidente Biden dos EUA, estará em Ancara no fim-de-semana. Com toda a certeza, lá estará para dar aos turcos o ‘sinal verde’ dos EUA, para que ataquem a Síria, sem medo. E o rei Abdullah da Jordânia viajou outra vez para Israel. É o ‘canal oculto’ direto entre Arábia Saudita e Israel e aliado regional chave da inteligência ocidental.

Verdade é que a Turquia está tendo de engolir o medo do desconhecido, e se exporá muito abertamente, com a intervenção armada na Síria. Hoje, pela primeira vez, o ministro das Relações Exteriores da Turquia Ahmet Davotoglu sugeriu que a Turquia esteja em preparação para invadir a Síria; à espera, apenas, do ‘sinal verde’ dos aliados ocidentais. Foi o que quase disse, pouco antes de uma reunião de ministros de Relações Exteriores da União Europeia e representantes da Liga Árabe (leia-se: Arábia Saudita e Qatar).

O dia dessa fala de Davutoglu, 29 de novembro, ficará marcado na crônica da República Turca que Kemal Ataturk fundou. A ‘linha vermelha’ que Ataturk fixou determinava que em nenhum caso a Turquia se deixaria envolver nas questões do Oriente Médio muçulmano e que, em vez disso, se dedicaria à ‘modernização’ do país. Evidentemente, o governo islâmico hoje no poder entende que a Turquia já é suficientemente ‘moderna’ e já pode voltar atrás e ir à guerra para reclamar seu legado otomano.

Haver exército turco em ataque a país árabe – isso é virada histórica. Faz um século que os turcos foram vencidos pela ‘revolta árabe’. A coincidência pinga de ironia. A revolta árabe contra os turcos foi instigada pela Grã-Bretanha. E a Grã-Bretanha, embora seja hoje poder muito enfraquecido, ainda desempenha papel seminal, com a diferença que, hoje, está empurrando os turcos de volta ao mundo árabe. Há cem anos, a Grã-Bretanha conseguiu empurrar os árabes contra os turcos. Hoje, os turcos dão as mãos a alguns árabes, contra outros árabes.

M K Bhadrakumar, Indian Puchline
Tradução: Vila Vudu


A TURQUIA FARÁ O SERVIÇO SUJO DA OTAN
Enquanto as monarquias árabes corruptas rastejam nos pés do sionismo israelense, vendendo o sangue do próprio povo árabe, a governo da Turquia parece disposto a fazer o serviço sujo do imperialismo a serviço do sionismo internacional.
Atacar a Síria será um ato covarde, cruel e canalha. Será a repetição do genocídio cometido pela Otan na Líbia, onde mais de 200.000 pessoas foram assassinadas e o país teve sua infraestrutura totalmente destruída.
O valente e heróico povo árabe sírio saberá responder à altura a esse ato insano praticado pelos inimigos dos povos livres, bombardeando impiedosamente seus inimigos, arrasando a terra dos criminosos covardes, fantoches do imperialismo norte-americano.
Os povos livres do mundo estarão solidários com a Síria, cujo governo não se rende e não se vende aos inimigos da humanidade.


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DEPOIMENTOS DA MASSA LÍBIA SOBRE A CONTRAREVOLUÇÃO DIRIGIDA PELA OTAN,EUA,ISRAEL

Bani Walid, a heróica cidade do mártir Kadafi

O jornalista francês Jean Louis Touzet visitou a cidade de Bani Walid, na terra do mártir Muamar Kadafi, e escreveu palavras que jamais serão publicadas na imprensa ocidental. Devastada pelos bombardeios da Otan, a cidade está parecida com as cidades coreanas durante os bombardeios norte-americanos na Guerra da Coréia, quando pela primeira os militares norte-americanos utilizaram bombas de napalm contra a população civil que dormia em um domingo tranquilo. A cidade de Bani Walid está destruída como esteve Dresden, na Alemanha, uma “cidade aberta” na Segunda Guerra Mundial, repleta de refugiados de diversos países, bombardeada impiedosamentre até virar um tapete de crateras de bombas de aviões norte-americanos e ingleses. Bani Walid, Sirte e as cidades líbias que resistiram heroicamente aos ataques da Otan foram arrasadas no maior crime contra a humanidade, ordenado pela ONU e seus serviçais inúteis, capachos do imperialismo e do sionismo.



Segundo relato do jornalista francês, a população civil de Bani Walid, assim como a de Sirte e da maioria das cidades líbias, está aterrorizada até hoje com os bombardeios da Otan, com a selvageria dos rebeldes, e sonham com o dia da vingança.
“Não há nada intacto na cidade líbia que caiu em 11 de outubro, após dois meses de cerco e ataques impiedosos. No entanto, Bani Walid, há 170 km ao sul de Tripoli, ainda queima nas cinzas dos combates. Um painel de metal dentado pelo fogo da artilharia ainda persiste e informa: "com todos vocês, o Guia da Revolução". Na mesquita da cidade o minarete parece estrela perfurada por buracos de balas.
Não há nada em Bani Walid: nenhum vento, nenhum banco ou comércio, ou hotel, ou administração, apenas uma loja de café, e muito silêncio. O coração de Bani Walid parou como a fábrica de tapetes bordados com a imagem do Guia.
A chamada “nova revolução” é aqui relegada ao esquecimento. As estátuas e monumentos foram roubados. A maioria dos prédios e construções, casas e residências, foram destruidas pelo fogo de artilharia durante o cerco dos rebeldes, e depois, com a ocupação da cidade, foi tudo saqueado e o que estava de pé foi destruido.
Abdelhakim, um líbio de seus quarenta anos, afirma ser "professor de matemática". Ele teve três carros e duas casas roubadas pelos rebeldes, por este motivo, prefere não se identificar corretamente, temendo represálias. "Por razões de segurança você não sabe o meu negócio", disse ele secamente. Ele garante que os líbios da maior tribo da Líbia, os Warfallas, permaneceram e permanecem leais aos ideais de Kadafi. Com um lápis, ele desenha a influência da tribo em toda a Líbia. "Não somos apenas dois milhões de Warfallas pro-Kadafi. Estamos sendo deixados de fora desta nova pseudo Líbia, e novamente haverá derramamento de sangue", ele ameaça, o indicador.
Na casa de Abdelhakim que não foi destruída pelos rebeldes e os bombardeios da Otan, a peça central da casa é o lugar para onde convergem os defensores do Guia (assim era chamado Kadafi na região). Um mecânico de automóveis, antigos funcionários, comerciantes que perderam tudo. Abdelhakim envia os melhores votos de prosperidade e felicidade ao povo francês, que não tem nada a ver com esta guerra, que irá se transformar em uma guerra tribal, como desejam os imperialistas norte-americanos, ingleses e franceses. Ele afirma que “Kadafi não morreu porque ele ficará eternamente em nossos corações”.
O irmão de Abdelhakim, um homem de 25 anos, que perdeu dois irmãos no bombardeio da Otan, diz que vai deixar a Líbia porque teme pela sua segurança. “Nós só podemos escolher o exílio ou as armas, porque este novo regime submisso aos ocidentais vai massacrar o povo líbio para entregar nossas riquezas aos que financiaram esta guerra”.

"Nós comemos na mão dos porcos do Catar"

Abdelhakim tinha escondido a sua bandeira verde desde o início da guerra sob uma pilha de roupa. Ele a desdobra, agita, e chega às lágrimas aos dizer "Se os rebeldes encontrarem esta bandeira amanhã, eu estou morto." Ele tem cinco filhos, uma menina de dois anos. “Eu guardei esta bandeira para os meus filhos, para lembrar o martírio de Muamar Kadafi. Para que eles saibam que este país era um grande país muçulmano, soberano, orgulhoso, rico, árabe e que o nosso heróico povo resistiu e enfrentou o Ocidente, que têm agora em suas mãos sobre nossos recursos e nosso futuro. Hoje, tudo é caos, insegurança e pobreza. A ditadura dos rebeldes nos humilha e nos obriga a nos esconder. "
No entanto, em Bani Walid, os rebeldes estão totalmente ausentes. É claro que eles mantêm informantes na cidade, mas por toda a parte fica claro que a população tem ódio desses informantes leais aos novo governo. O irmão do nosso anfitrião continua: "Estamos presos em nosso próprio país e Bani Waid é uma cidade que enfrentou os rebeldes." O grupo concorda: "Sim é isso mesmo, estamos presos aqui." Na cidade há grandes construções, “Kadafi uniu as tribos, ele deu o carro a todos, e também uma casa, ele fez da Líbia um país justo, com dignidade e soberania, mas isso incomodou o mundo dominado pelos imperialistas e sionistas”.
Sobre a atualidade, ele pergunta: “Hoje, o que nós temos? Nós comemos nas mãos dos selvagens rebeldes comprados pelo dinheiro do Ocidente, comprados pelos porcos do Catar. Os extremistas que mataram Kadafi não conseguirão controlar o país com toda essa munição e armas que se encontram em cada mão. A Líbia tornou-se um país de ladrões e gangues". Abdelhakim levanta a mão e interrompe a conversa: "Com o Kadafi, não estava tudo perfeito. Havia alguns filhos que se comportavam como playboys, havia muita corrupção entre funcionários que se diziam revolucionários, mas o que está por vir será muito pior. Vamos viver como mendigos e párias em nosso próprio país, escravizados por estrangeiros".
Aquele que insiste em ser chamado Nasser veio com seus dois meninos de três e seis anos. Ele disse que era "piedoso". Tem uma imagem do Guia em seu telefone móvel, e trabalhou, diz ele, como funcionário público em uma fazenda ao sul da cidade: "Eu sou ignorante de todas essas coisas políticas, mas estou surpreso que nós que fizemos a revolução fomos colocar no lugar do construtor [Kadafi] um grupo de pessoas que vai demolir tudo em poucos meses. Nos próximos anos seremos ainda mais pobres que hoje, em desgraça, e escravos do Ocidente. "
Sobre os “crimes de Kadafi”, eles afirmam que isso foi criado pelos ocidentais. “Kadafi foi um grande líder. Podia ter seus erros, ser mal assessorado, mas ele amava seu país como nenhum líbio jamais fez, e como jamais farão esses ratos que chamam rebeldes. Kadafi morreu com armas na mão, como um mártir. Nosso Guia já está no céu". Abdelhakim põe a mão no seu coração, e afirma: "As cicatrizes de guerra nunca serão fechadas".

A filial local do Banco de Poupança de Bani Walid estava prestes a entregar 101 lotes de terra a agricultores locais, mas quando a guerra iniciou, parou tudo. 30 mil dinares (15.000 euros) cada, pagáveis em 20 anos, sem juros ou correção monetária. "Antes da guerra, eu estava poupando para comprar implementos agrícolas, mas hoje eu tenho apenas 25 dinares no bolso, e não tenho emprego. Eu sou um Warffalla e o novo governo suspeita de nós. Todo este projeto, os investimentos milionários que foram feitos antes da guerra com irrigação do deserto, vai tudo dar em nada”, diz Mohamed. Nas paredes dos rebeldes tinha marcado seu nome ao tomar a cidade. Uma recente pixação cobriu as mensagens dos rebeldes com as palavras: "Muamar Kadafi nosso mártir".
Mohamed, que era capataz em uma empresa naval de Malta fala Inglês "e um pouco de francês", porque fez "cursos de mecânica na região de Paris." Ele tem 39 anos, veste um casaco de malha, e se recusam a dizer se ele defendeu a cidade com armas na mão. Ele amaldiçoou, no entanto, os europeus e os rebeldes, exceto, diz ele, os Jadou (os berberes do Nefoussa Jebel) que, eles mesmos, se comportaram como homens de honra: "Sem a Otan os rebeldes nnunca teria tomado esta cidade. Nunca! Otan destruiu tudo e matou indiscriminadamente. Ele disse que se houvesse a verdadeira justiça neste mundo, haveria uma comissão internacional para investigar os crimes da Otan na Líbia.
Ele continua: "Eu tinha um carro, uma casa. Hoje eu não tenho nada. Rebeldes de Zaouia saquearam tudo em casa, mesmo havendo escondido sacos de açúcar. O novo governo sabe que eu sou um defensor do Guia. Os líderes Warfallas disseram que se os rebeldes de Zaouia que roubaram cada casa de Bani Walid não devolverem tudo que roubaram, então vamos entrar em uma nova guerra, que não será nada comparado ao que se viveu."

"Essa é a nova Líbia? Com 27 pessoas morando em uma casa? "

Ele está consciente do perigo de falar: "Aqui eu não arrisco muito, mas eu poderia ser traído por você, por exemplo. Eu poderia matá-lo e ninguém saberia que eu tenho falado. Mas eu preciso de você para dizer ao mundo que não fomos destruídos, nós os apoiadores de Kadafi. A reconciliação é impossível. Em Bani Walid, seguramente 80% da população é fiel aos ideais de Kadafi, mas é muito cedo para falar abertamente e corremos risco de morte,. Mas é preciso que o mundo saiba: nós somos fiéis ao pensamento do líder Muamar Kadafi, nosso mártir”.
Há, neste grupo, cinco homens, incluindo um ferido gravemente no pé, e alguns jovens que participaram da resistência da cidade aos rebeldes. Mohamed diz que um velho quer falar: "Nós perdemos a nossa dignidade. Os rebeldes foram chamados para fazer uma lei que não é nossa”. O velho deixa a sua muleta, aponta para a calçada da rua esburacada e diz: "Esta é a nova Líbia? Com 27 pessoas morando em uma casa sem água, sem eletricidade, sem esgotos? O Guia nunca teria permitido isso!"
Jamal era um engenheiro da central de Bani Walid e faz gestos com uma chave de fenda para apontar como uma faca: "Vivemos em uma espécie de falsa paz por enquanto. Mas haverá conseqüências. Aqui, como em Sirte e em todo o país, somos milhões para ficar calados por muito tempo, e muitos vão jogar um jogo duplo, especialmente entre os rebeldes. Somos kadafistas mas vamos nos infiltrar no governo para ver até onde os mercenários e traidores desejam chegar.”
Para provar que a população líbia deseja vingar o seu líder, um acontecimento no mês passado deixou o país em alerta: em pleno governo fantoche do chamado novo governo, a cidade de Tahrouna, há 60 km de Trípoli, inaugurou com festa uma rua comercial com o nome de “mártir Muamar Kadafi”.

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O primeiro ministro israelense é mentiroso e canalha




Em uma conversa reservada entre Sarkozy e Obama, o presidente francês acusou o primeiro ministro israelense, Benjamin Netaniahu, de ser mentiroso. Vários políticos têm a mesma opinião sobre o israelense.
O porta voz da Casa Branca no governo Clinton, Joe Lockhart, em seu livro “A verdade sobre Camp David”, chamou Netaniahu de “mentiroso e enganador, um dos seres mais detestáveis que alguém pode conhecer”. “Quando ele abre a boca, pode ter certeza de que nada de verdadeiro sairá de lá” afirmou Lockhart.
Netaniahu não é apenas mentiroso, mas sobretudo criminoso e aqueles que o acusam de mentiroso, têm no ajudado a acobertar os crimes cometidos por ele e seu Estado.
A ocupação israelense da Palestina, os crimes cometidos diariamente contra o povo palestino e árabes em geral - matança de civis; destruição de casas, poços, olivais; construção de assentamentos exclusivos para colonos judeus em terras confiscadas dos palestinos e sírios; estado de guerra permanente no Oriente Médio – tudo isso é silenciado pelos governos americano e europeus!
O apoio incondicional oferecido para o Estado Judeu é tão criminoso quanto as políticas daquele Estado.
Há três meses, o próprio Netaniahu discursou na 66ª Assembléia Geral da ONU. Seu discurso pode ser resumido em um amontoado de mentiras, mas nenhum político europeu ou americano teve coragem de apontar as mentiras de Netaniahu.
Acusar alguém de mentiroso e ter atos políticos de quem engole as mentiras é sintoma de patologia a ser tratada. Trata-se de desvio moral reflexo do passado colonialista.
Entre as muitas mentiras no discurso do primeiro-ministro israelense, citam-se algumas:

1) “Em Israel, nossa esperança de paz nunca diminui. Nossos cientistas, médicos, inovadores usam seu talento para melhorar o mundo de amanhã” afirmou Nentaniahu.
Os fatos desmentem Netaniahu.
Os médicos israelenses são acusados de participar na tortura de presos políticos palestinos. A tortura contra árabes é legalmente autorizada em Israel (país civilizado?).
Israel ocupa o 4º lugar na exportação de armas no mundo. Vários grupos criminosos, traficantes, regimes opressoras usaram e usam as armas de fabricação israelense.
De fato, os cientistas israelenses usam seu talento para criar armas, ou seja formas de subjugar através de mais e mais sofrimento ao ser humano. Isso nada tem de paz.
Médicos, rabinos e cientistas são parte da máfia do tráfico ilegal de órgãos no mundo, patrocinado pelo governo israelense.
Religiosos israelenses publicam livros racistas, patrocinados pelo Ministério da Educação, “justificando” a matança de crianças palestinas e inferioridade dos não-judeus.
Políticos que fazem parte do governo de Netaniahu descrevem os árabes como animais, cobras, que devem ser eliminados.
O mundo de amanhã sonhado por Netaniahu opõe-se aos sonhos do resto da humanidade.

2) “Vim aqui para falar a verdade. A verdade é que Israel quer paz, a verdade é que eu quero paz. A verdade é que até agora, os palestinos se recusaram a negociar”.
Discursou Netaniahu por mais de 40 minutos e conseguiu nenhuma verdade falar.
Israel não quer paz. Paz significa justiça, respeito às resoluções da ONU, não expansão, fronteiras definidas. Israel quer continuar pirata, à margem do Direito Internacional. Quer a submissão dos árabes, “a ralé de joelhos”, a muralha de ferro.
Israel atacou, matou e causou destruição em todos os países e povos vizinhos: palestinos, jordanianos, libaneses, sírios, egípcios. Atacou países distantes, Iraque e Tunísia, sem estado ou declaração de guerra.
Israel massacrou centenas de milhares de civis árabes, afundou o Liberty americano, cometeu atos de pirataria contra outros países, seqüestrou avião etc
Todos os atos de Israel demonstram que o que Israel quer é a submissão, a dominação dos povos da região, a favor do sionismo e imperialismo.
Os palestinos estão negociando com Israel há mais de 20 anos e Israel cada vez mais engole o território palestino, degola a economia palestina e piora as condições de vida dos palestinos.
A fórmula aceita pela comunidade internacional para uma paz minimamente justa na região é simples: a retirada de Israel dos territórios ocupados em 1967, a criação do Estado palestino livre, independente com Jerusalém oriental como capital e uma solução justa, conforme o Direito Internacional e resoluções da ONU, para a questão dos refugiados.
Netaniahu fala “paz”, mas declarou repetidas vezes que Israel não se retirará para as fronteiras de 1967, que Jerusalém inteira pertence só aos judeus, oriental e ocidental para Israel. Recusa-se a discutir a questão dos refugiados. O direito de retorno é para os judeus (supostamente de dois mil anos atrás), nada de retorno aos não-judeus refugiados de 60, 40 anos atrás .
O que Netaniahu chama de paz nada tem a ver com o conceito que o restante da humanidade tem de paz.



3) “O Estado judeu de Israel sempre protege os direitos de todas as suas minorias, incluindo os mais de um milhão de cidadãos árabes de Israel”.
Em Israel, há mais de 30 leis para garantir os privilégios dos judeus contra a população árabe. O um milhão e meio de palestinos são 22% da população do Estado judeus (fronteiras de 1967), mas através de confiscos do Estado judeu, são donos de apenas 3% das terras.
Israel confiscou a terra árabe, destruiu aldeias e cidades palestinas.
Desde 1948, nenhuma aldeia ou cidade foi construída ou ao menos reconstruída para a população árabe, apesar do crescimento natural dessa população, que quase decuplicou.
No entanto, centenas de aldeias e cidades foram construídas nas terras confiscadas dos palestinos, para uso exclusivo dos judeus. Os palestinos são proibidos de morar ou mesmo alugar casas nessas cidades.
Os árabes são proibidos de comprar, alugar ou até trabalhar nas terras do Estado (90% da terra em Israel, confiscada dos árabes, é terra estatal, para uso exclusivo dos judeus).
Esses “cidadãos árabes” de Israel são considerados ameaça e são constantemente chamados de “câncer a ser extirpado”, “quinta coluna”, “bomba relógio“ .
Há declarações de políticos e religiosos judeus sobre a necessidade de “transfer”, expulsá-los de lá e são discursos rotineiros!
As palavras de Netaniahu sobre o direito das minorias em Israel é uma grande farsa, mais uma na sua coleção de mentiras.

4. “Em 1947, na organização (ONU), com a resolução para a criação de dois Estados: judeu e árabe, os judeus aceitaram a resolução”.
Não é verdade que os judeus aceitaram a partilha da ONU, não aceitaram porque nunca respeitaram seus limites. Comemoram como o início, já tanto que logo expandiram seu território, desrespeitando os limites da partilha da ONU.
Netaniahu é membro da extrema direita sionista, chamados historicamente de revisionistas. Para eles, a terra de Israel jamais seria os 53% da Palestina Histórica definidos pela resolução da ONU; ao revés, a terra de Israel englobaria toda a Palestina histórica e a atual Jordânia, isso sem falar no Golan sírio.
O slogan dos revisionistas era bem conhecido: o rio Jordão tem duas margens, uma nossa e a outra, também!
O ex-primeiro ministro israelense Menahem Begin escreveu o seguinte sobre o plano da partilha de 1947: “A partilha da Palestina é ilegal. Nunca será reconhecida. Jerusalém foi e para sempre será devolvida ao povo de Israel. Toda ela e para sempre” (Begin, The revolt, p. 433)
Mesmo os sionistas chamados pragmáticos, como Bem Gurion, consideravam a resolução apenas um ponto de partida, posto que o objetivo final era a ocupação de toda a Palestina e a construção de um Estado exclusivamente judeu, após a expulsão da população nativa.
Os judeus comemoraram a resolução da partilha como seu ponto de partida, mas nunca a respeitaram. Se aceitassem, não teriam ocupado 25% a mais do que foi destinado para o Estado judeu, não teriam expulsado as centenas de milhares de palestinos de suas terras, violando a resolução que alegam terem aceitado.
Israel nunca respeitou ou aceitou as mais de 70 resoluções da ONU e do Conselho de segurança em relação ao conflito árabe-sionista.

5. “Não somos estrangeiros nessa terra. Essa é nossa pátria histórica”.
A alegação de Netaniahu de que a Palestina é pátria histórica dos judeus modernos é desmentida pelos dados históricos, arqueológicos e sociológicos.
A maciça maioria dos estudiosos reconhecem que os judeus de hoje são descendentes de povos e tribos convertidos ao judaísmo (em especial, khazares europeus) e sem laços genéticos com os judeus, hebreus ou israelitas bíblicos que habitavam uma parte da Palestina junto com outros povos.
Apenas os nazistas (além dos sionistas) afirmavam que os judeus em qualquer país onde vivem são estrangeiros que devem voltar para sua pátria imaginária.
Aliás, essa não é a única semelhança entre nazistas e sionistas.
Os palestinos reconhecem Israel nas fronteiras definidas pelo Direito Internacional, mas exigir deles que reconheçam a Palestina como pátria histórica dos judeus é uma tentativa de fazer com que neguem a História e em especial, sua história. Isso nunca acontecerá.
Em 1919, uma comissão americana King-Crane foi enviada à Palestina para investigar a situação no país. Concluiu tal comissão que “a alegação sionista que eles tem “direito” à Palestina, baseado na ocupação de dois mil anos atrás, não pode ser levada a sério”.
Essas palavras são verdadeiras hoje, também.

6. “No meu gabinete em Jerusalém, há um selo antigo. É o timbre de um oficial judeu da época bíblica. O nome do oficial era Netaniahu. Esse é o meu sobrenome”.
O nome verdadeiro do pai de Netaniahu é Benzion Mileikowsky. Os nomes dos avós são Nathan Mileikowsky e Sarah Lurre, nomes judeus comuns entre os judeus europeus, antes do sionismo.
A família Mileikowsky, descendentes de europeus, assim como muitos outros europeus, em uma tentativa de se fazerem passar por semitas e descendentes dos judeus bíblicos, adotaram o nome Netaniahu, após emigrarem para a Palestina em 1920.
Mileikowsky, descendente de colonos europeus, que emigraram para a Palestina, com intenção de ocupar com exclusividade aquela terra e expulsar os palestinos, verdadeiros donos, mudou de nome, adotou nome semita, que não era seu.
Os palestinos não trocam seus nomes e sobrenomes, não mentem sobre a História, sobre suas origens, tampouco abandonarão sua fé e determinação de libertar sua pátria.
As palavras do primeiro-ministro israelense sobre Jerusalém e Palestina como pátria histórica dos judeus não apenas mostram suas mentiras, mas também a ideologia que ele representa e que cada vez mais fica evidente – o caráter fraudulento e racista do sionismo.
Há mais de um século, os sionistas mentem e cometem crimes contra a humanidade.
É hora de responderem por suas mentiras e seus crimes!

Por Abdel Latif Hasan Abdel Latif, médico palestino
Postado do Blog: http://amarchaverde.blogspot.com/2011/12/o-primeiro-ministro-israelense-e.html

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

OS Discípulos de Goebbels Contra a Síria







Não há quaisquer dúvidas de que Goebbels, o pérfido e brilhante ministro do III Reich, deixou escola. Há que reconhecer, aliás, que os seus discípulos de Washington e Bruxelas conseguiram superar o nunca olvidado mestre.
Qual a natureza do conflito que desde há meses assola a Síria? Com este artigo é meu intuito suscitar em todos os que defendem a causa da paz e da democracia nas relações internacionais algumas perguntas elementares. Pela minha parte, tratarei de responder dando a palavra a órgãos de imprensa e jornalistas insuspeitos de qualquer cumplicidade com os dirigentes de Damasco.


1) Ocorre antes de mais nada perguntar qual a situação deste país do Médio Oriente antes da chegada ao poder, em 1970, dos Assad (pai e filho) e do regime actual. Pois bem, antes daquela data, «a república síria era um estado débil e instável, um palco para as rivalidades regionais e internacionais»; os acontecimentos dos últimos meses significam de fato o regresso à «situação anterior a 1970». Quem se expressa nesses termos é Itamar Rabinovich, ex-embaixador de Israel em Washington, no International Herald Tribune de 19-20 de Novembro. Podemos extrair uma primeira conclusão: a rebelião apoiada em primeiro lugar pelos EUA e pela União Europeia pode fazer a Síria retroceder a uma situação semicolonial.

2) As condenações e sanções do Ocidente e a sua aspiração a uma mudança de regime na Síria estão inspiradas na indignação pela «repressão brutal» de manifestações pacíficas, uma repressão exercida pelo poder? Na realidade, já em 2005 «George Bush pretendia derrubar Bashar al-Assad». Continuam a ser palavras do ex-embaixador israelita em Washington, o qual acrescenta que agora o governo de Telavive se juntou a esta política de regime change na Síria: há que acabar de uma vez por todas com o grupo dirigente que a partir de Damasco apoia «o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza» e estreita relações com Teheran. Sim, «profundamente preocupado pela ameaça iraniana, Israel é de opinião de que, se retirar o tijolo sírio do muro iraniano, a política regional poderia entrar numa nova fase. É evidente que o Hezbollah, tal como o Hamas, se movem agora com mais cautela». De modo que o alvo da rebelião e das manobras com ela relacionadas não é apenas a Síria, são também a Palestina, o Líbano e o Irão: trata-se de desferir um golpe decisivo na causa do povo palestino e de consolidar o domínio neocolonial de Israel e do Ocidente numa região de crucial importância geopolítica e geoeconómica.

3) Como atingir este objectivo? Guido Olimpio, no Corriere della Sera de 29 de Outubro, explica-o claramente: em Antakya, uma região da Turquia confinante com a Síria, opera já o «Exército Livre Sírio, uma organização que pratica a luta armada contra o regime de Assad». É um exército que recebe armas e instrução militar da Turquia. Além disso (continua Guido Olimpio no Corriere della Sera de 13 de Novembro), Ancara «ameaçou criar uma faixa tampão de 30 quilómetros em território sírio». Vemos pois que o governo sírio tem de fazer frente não apenas a uma rebelião armada, mas a uma rebelião armada apoiada por um país que dispõe dum dispositivo militar de primeira ordem, que é membro da NATO e que ameaça invadir a Síria. Quaisquer que sejam os erros ou as culpas dos seus dirigentes, este pequeno país está a sofrer, de facto, uma agressão militar. A Turquia, que tem tido um período de forte crescimento económico, desde há algum tempo dá mostras de impaciência relativamente ao domínio de Israel e dos EUA no Oriente Médio. Obama responde a essa impaciência empurrando os dirigentes de Ancara para um sub-imperialismo neo-otomano, controlado evidentemente por Washington.

4) Da análise e dos testemunhos trazidos depreende-se que a Síria se vê obrigada a lutar em condições muito difíceis para a manutenção da sua independência, fazendo face a um formidável bloqueio económico, político e militar. Além disso, a OTAN ameaça directa ou indirectamente os dirigentes de Damasco com a possibilidade de lhes reservar o mesmo fim que teve Khadafi, o assassínio e o linchamento. A infâmia da agressão devia pois ser evidente para todos os que estão dispostos a fazer ao menos um pequeno esforço intelectual. E, todavia, o Ocidente, valendo-se da sua terrível potência de fogo mediático e das novas técnicas de manipulação proporcionadas pelo desenvolvimento da Internet, apresenta a crise síria como um exercício de uma violência brutal e gratuita contra manifestantes pacíficos e não-violentos. Não há quaisquer dúvidas de que Goebbels, o pérfido e brilhante ministro do III Reich, deixou escola. Há que reconhecer, aliás, que os seus discípulos de Washington e Bruxelas conseguiram superar o nunca olvidado mestre.

Tradução de João Carlos Graça

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A GUERRA DE SOMBRAS NA SÍRIA

Pepe Escobar:
Sexta, 02 Dezembro 2011 02:00

1 de dezembro de 2011. O alvo é a Síria – prêmio estratégico de mais valor que a Líbia. O cenário estratégico está pronto. As apostas não podem ser mais altas. Líbia 2.0 ‘igual a’ Síria? Parece mais Líbia 2.0 remix. Sob o mesmo argumentoR2P (Responsability to Protect, responsabilidade de proteger) – e, estrelando, a população civil bombardeada até virar ‘democrática’. Mas sem resolução do Conselho de Segurança da ONU (Rússia e China vetarão, se a proposta aparecer). Em vez disso, entra em cena a Turquia, soprando, para fazê-las crescer, as chamas da guerra civil.
A secretária de Estado EUA Hillary (“nós chegamos, nós vimos, ele morreu”) Clinton definiu o cenário, numa TV da Indonésia, há poucas semanas, quando profetizou que haverá “uma guerra civil” na Síria, com uma oposição bem financiada e “bem armada” cravejada de desertores do exército sírio.
Agora, cabe à OTANCCG fazer acontecer. OTANCCG é claro, é uma simbiose agora já completada de membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Grã-Bretanha e França, dentre outros) e seletas petromonarquias do Conselho de Cooperação do Golfo, também conhecido como Clube Contrarrevolucionário do Golfo (Qatar e Emirados Árabes Unidos).
Portanto, todos já se podem banhar na luz gloriosa de mais um paraíso mercenário.
A guerra da OTANCCG
Os líbios (antigamente, os ‘rebeldes’), com o consentimento explícito do chefe do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdul OTAN, também conhecido como Jalil, já despachou para a Síria, via Turquia, 600 mercenários altamente motivados, ainda intoxicados pela euforia de haver derrubado o regime de Gaddafi, para alistarem-se no Exército da Síria Livre [ing. Free Syria Army (FSA)]. O que foi feito imediatamente depois de um encontro secreto, em Istanbul, entre o Conselho Nacional de Transição (líbios) e os ‘rebeldes’ sírios (o recentemente rebatizado Conselho Nacional Sírio)[1].
Os líbios ‘dedo nervoso’ [no gatilho] têm livre acesso ao arsenal saqueado do exército líbio e às armas gentilmente ‘doadas’ pela OTAN e pelo Qatar. Já se pode traçar delicioso paralelo com a Casa de Saud nos anos 1980s – que deu luz verde para que os islâmicos mais linha-duríssima fossem fazer guerra no Afeganistão, em vez de ficarem ‘em casa’ infernizando a Arábia Saudita.
Quanto ao Conselho Nacional de Transição, mal esperava a hora de mandar para longe do Oriente Médio aqueles guerreiros mercenários tão desempregados quanto explodindo de testosterona; melhor bem longe, que infernizando o norte da África. E quanto à Turquia, país-membro da OTAN, na ausência de guerra (culpa dos insuportáveis russos e chineses), a melhor escolha restante é confiar em exércitos mercenários para fazer o serviço.
A pressão nunca diminui. Diplomatas em Bruxelas confirmaram ao jornal Asia Times Online que agentes da OTANCCG já instalaram um centro de operações em Iskenderun, na província de Hatay, na Turquia. Aleppo, cidade crucialmente importante, no noroeste da Síria, é bem próxima da fronteira turco-síria. A história-máscara & cobertura para esse centro de comando é que lá estaria para construir “corredores humanitários” até a Síria.
Apesar de todos esses “humanitários” serem membros da OTAN (EUA, Canadá e França) e membros do CCG (Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos), são apresentados à sociedade como inocentes “monitores” e como se nada tivessem a ver com a OTAN. Desnecessário dizer que esses “humanitários” são soldados especialistas em guerra em terra, mar e ar, e engenheiros especialistas. Missão: infiltrar-se no norte da Síria, especialmente em Idlib, Rastan, Homs – e principalmente, custe o que custar, em Aleppo, a maior cidade da Síria, com mais de 2,5 milhões de habitantes, a maioria dos quais são sunitas e curdos.
Já antes de surgirem essas notícias de Bruxelas, o semanário satírico Le Canard Enchaine[2] na França, e o diário turco Milliyet haviam noticiado que comandos do serviço secreto francês e do MI6 britânico estão treinando o ‘exército livre’ sírio em táticas de guerrilha urbana na cidade de Hatay no sul da Turquia e em Trípoli, no norte do Líbano. E que houve contrabando de armas em massa para dentro do território sírio – de pistolas a metralhadoras e outras armas automáticas israelenses.
Não é segredo para ninguém na Síria que gangues armadas – de salafistas a assaltantes e ladrões de rua – têm atacado o exército regular, a polícia e até cidadãos nas ruas, desde os primeiros dias dos movimentos de protesto. Dos cerca de 3.500 mortos nos últimos meses, muitos civis e mais de 1.100 soldados do exército sírio foram assassinados por essas gangues armadas.
E há também os desertores. Portanto, o regime de Assad não erra, ao dizer e repetir que a atual tragédia síria é, em grande medida, incitada por gangues armadas e pagas – sem incluir ainda os mercenários que estão chegando agora – a serviço de potências estrangeiras; nesse ponto, o regime de Assad acerta quase completamente.
Em Homs, fonte local informa a Asia Times Online que, no que tenha a ver com o ‘Exército da Síria Livre’:
“é perfeitamente visível que não passam de versão ‘midiática’ para dar cobertura a criminosos de vários tipos. Fizeram até um vídeo deles mesmos em Baba Amr, no qual aparecem como perfeitos imbecis (convenientemente legendado!). Mas sejam quem forem aquelas crianças e aquele pessoal em geral, não há dúvida de que boa parte dos sunitas os apoiam. E, sim, eles têm alguma conexão com a comunidade, ricos e pobres. Uma professora cristã que leciona numa escola privada perto de Homs para alunos predominantemente sunitas, teve o carro parado numa rua e roubado por uma dessas gangues. Quando chegou a Homs, deu alguns telefonemas e logo seu carro foi devolvido. Quer dizer: as gangues de assaltantes que agem nos arredores da cidade têm conexões com os ricos da cidade: não foi difícil identificar os assaltantes e fazê-los devolver o carro da professora. É assim que o dogma da ‘revolução’ está implantado em Homs. A ideia de que haveria um ‘exército da Síria livre’ está bem disseminada e tem relativo apoio. E só os pobres das áreas mais desassistidas como Baba Amr, Bayada e Khalidiyya bastariam, como apoio, ao tal ‘exército’.”
Capturem os votos de sempre Como fez na Líbia, a Liga Árabe cumpre fielmente sua função de capacho da OTANCCG; aprova sanções duríssimas que incluem o congelamento de bens do governo sírio, proíbe negócios com o Banco Central e todos os investimentos árabes na Síria. Em resumo: guerra econômica. Para o jornal libanês L'Orient Le Jour, ação foi “um eufemismo político”. Votaram a favor das sanções 19 dos 22 membros da Liga Árabe – a Síria já estava suspensa. O Iraque – cujo governo é majoritariamente xiita – e o Líbano – onde o Hezbollah é parte do governo – foram os dois únicos países que “se dissociaram” da votação.
Enquanto isso, também já está em andamento o sinistro jogo oportunista da dança das cadeiras – agora em versão síria. O Conselho Nacional Sírio e seus parceiros islamistas rejeitaram completamente qualquer diálogo com o governo de Bashar al-Assad. O secretário-geral da Fraternidade Muçulmana na Síria Riad Chakfi deu uma de ‘rebelde líbio’ e suplicou que o exército turco invada o norte da Síria, para criar uma zona ‘tampão’. Exilados também sinistros, como o ex-vice-presidente Abdelhalim Khaddam (exilado em Paris) e outro vice-presidente, Rifaat al-Assad (exilado na Espanha), vivem da fantasia de que a Fraternidade Muçulmana (que será o principal poder numa ‘nova’ Síria) permitirá que ambos assentem-se no trono.
Tudo isso é perfeita bobagem – porque o nome do jogo numa ‘nova’ Síria será “Casa de Saud”. A Casa de Saud é o nexo mais crucial que interliga: a Fraternidade Muçulmana no Egito (a qual se aproxima a passos largos de assumir o poder); o Partido AKP na Turquia (essencialmente, uma fachada da Fraternidade Muçulmana); e a Fraternidade Muçulmana na Síria. Os sauditas são investidores crucialmente importantes na Turquia. Estão-se posicionando também como grandes investidores no Egito. E morrem de vontade de converterem-se em grande investidores também na ‘nova’ Síria.
Por fim, chega-se à questão chave do jogo da Turquia. No dossiê sírio, a Turquia já não é mediadora: converteu-se em militante empenhado e defensor da mudança de regime. Esqueçam a entente Teerã-Damasco-Ancara, que há pouco tempo, em 2010, ainda era realidade. Esqueçam o soft power e a muito propagandeada política exterior de “zero problemas com nossos vizinhos” cunhada pelo ministro Ahmet Davutoglu das Relações Exteriores da Turquia.
O próprio Davutoglu já anunciou que a Turquia imporá sanções unilaterais à Síria –replay das sanções da Liga Árabe, com congelamento de valores financeiros do governo e nenhuma transação com o Banco Central. Davutoglu insiste que uma zona ‘tampão’ dentro da Síria, ao longo da fronteira coma Turquia, não estaria “na agenda” – mas esse é, precisamente, o trabalho dos tais sombrios “monitores humanitários” da OTANCCG. Desde meados de novembro a mídia turca só faz expor detalhes de planos para implantar uma zona aérea de exclusão no norte da Síria e a supracitada zona ‘tampão’, que deve estender-se até Aleppo.
Para quê? Perguntem à ‘profetiza’ Hillary Clinton: para fomentar a guerra civil.
O show, estilo Club Med Em seu frenesi para vender o modelo político turco às partes sunitas do mundo árabe (até agora, o CCG ainda não engoliu), a Turquia pode ter errado gravemente no cálculo de suas relações (importantíssimas, cruciais) com Rússia e Irã. Cerca de 70% da energia que a Turquia consome é importada de Rússia e Irã. Sem mencionar que Rússia e Irã estão soltando faíscas de fúria contra a Turquia, que se curvou à pressão da OTAN para autorizar a instalação de uma estação de radar, como parte do sistema de mísseis de defesa.
A Rússia tem ideias muito claras sobre o cenário sírio. O ministro Relações Exteriores da Rússia foi bem explícito: “Nós absolutamente não aceitamos nenhum cenário de intervenção militar na Síria.”[3]
A reunião, semana passada, dos vice-ministros de Relações Exteriores dos países emergentes BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Moscou, foi evento imperdível.
Os BRICS, em resumo, demarcaram as linhas vermelhas. Nada jamais justificará intervenção estrangeira na Síria: “deve-se excluir qualquer interferência nos assuntos internos da Síria, que não se faça estritamente pelos termos da Carta da ONU.” Nada de “bomba, bomba, sobre o Irã”. Em vez de bombas, diálogo e negociações. E nada de sanções adicionais, definidas como “contraproducentes”. Os BRICS veem claramente que o cenário líbio vai aos poucos se metamorfoseando, e já está ganhando feições de outra guerra da OTANCCG, dessa vez na Síria, e só superficialmente diferente.
Para acrescentar molho à mistura, o porta-aviões russo “Almirante Kuznetsov” – equipado com mísseis nucleares – já deixou o porto de Murmansk e já navega para o Mediterrâneo Oriental, seguido pelo destróier “Almirante Chabanenko” e pela fragata “Ladny”. Chegarão à base naval Tartus, na Síria, em meados de janeiro – e lá se reunirão a outras naves da Frota Russa no Mar Negro.
Em Tartus vivem 600 militares e técnicos do Ministério de Defesa da Rússia; é um centro de manutenção e reabastecimento da Frota Russa no Mar Negro. Será que os russos convidarão membros da tripulação do Grupo de Ataque George H W Bush – cujas naves também estão hoje no Mediterrâneo Oriental –, para uma partida de voleibol?
É justo dizer que muitos sírios desejam coisa diferente do regime Assad – mas com certeza não querem ser alvo de uma variante de bombardeio humanitário – nem, menos ainda, querem guerra civil. Os sírios viram o legado da OTAN, na Líbia: praticamente toda a infraestrutura do país foi destruída, cidades foram reduzidas a pó, sob furioso bombardeio, dezenas de milhares de civis foram mortos e feridos; o poder, em Trípoli, acabou nas mãos de fanáticos ligados à al-Qaeda; e espalha-se pelo país o mais alucinado ódio racial. Nenhum sírio deseja massacre na Síria, que seria, no máximo, versão updated do massacre de líbios. Mas... isso, exatamente, é o que a OTANCCG está planejando.
[1] Ver sobre o mesmo assunto, 29/11/2011, “Rússia posiciona navios de guerra na Síria”, MK Bradrakumar, em http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/11/russia-posiciona-navios-de-guerra-na.html [NTs].
[2] 23/11/2011, Claude Angeli, “Une intervention ‘limitée’ préparée par l’OTAN en Syrie”, Le Canard Enchainé, Paris (in Le Point.fr, http://www.lepoint.fr/monde/syrie-la-france-prepare-t-elle-une-intervention-armee-29-11-2011-1402017_24.php): “a Turquia pode vir a ficar como base recuada de uma intervenção limitada, prudente e humanitária, pela OTAN, sem ação ofensiva” (...) “Ancara propõe instaurar uma zona aérea de interdição e uma zona ‘tampão’ no interior da Síria, destinada a receber os civis que fujam da repressão do regime sírio e militares desertores”. Fonte bem informada disse a Le Point.fr que a zona de proteção está decidida há cerca de dez dias; e se localizará no norte da Síria. Garantirá proteção às populações civis e também oferecerá eventual apoio, se se fizer necessário, “ao Exército da Síria Livre”, em qualquer ponto do território sírio” [NTs].
[3] 29/11/2011, Embaixada da Rússia em Londres, em http://rusemb.org.uk/press/358
Tradução do coletivo Vila Vudu

Diário Liberdade - [Pepe Escobar, Asia Times Online]