sábado, 26 de fevereiro de 2011

Jhinaoui: Kaddafi não é o revolucionário dos anos 70

http://multimedia.telesurtv.net/24/2/...
A rede TELESUR entrevistou Farouk Jhinaqui, dirigente da "Frente 14 de janeiro" , constituída pelos partidos PCT e PTPDT, do qual é membro. Esses partidos protagonizaram junto com outras organizações e sobretudo com o povo tunisiano, o início do levante árabe. A Frente é um dos saldos organizativos produzidos pela rebelião do povo da Tunísia contra o ditador de seu país, conhecida como a Revolução de Jasmim que espalhou seu perfume no Oriente e na África.


Esta entrevista é muito oportuna e, de fato, vem numa boa hora para nos ajudar a entender melhor o que está se passando na Líbia, já que não podemos confiar nas informações da mídia corporativa interessada em manter a dominação imperial e o status quo e , neste caso, nem na Al Jazzira ,por que a informação está contaminada pelos interesses dos petrodólares da família saudita.

Abaixo reproduzimos uma síntese desta importante entrevista:

"Farouk Jhinaqui insite que não se pode falar do presidente líbio, Muahmar Kadafi como um revolucionário, antimperialista dos anos 70, 80's. Nas últimas décadas Kadafi se aliou aos governos ocidentais , sendo um amigo do imperialismo, aliado de Sarkozi, Tony Blair e Zapateiro.

Em 2003, aplicou o ajuste estrutural do Banco Mundial e do FMI. Durante o levante do povo da Tunísia, escolheu apoiar o ditador contra o povo; abriu as fronteiras da Líbia às grandes multinacionais e a fechou às imigrações africanas, se transformando no guardião das fronteiras do Mediterrâneo, prendendo os imigrantes africanos em campos de concentração. Dessa forma, deixa feliz seus amigos europeus, implementando o que chamam de "gestão de fluxo migratório".

Kadafi colabora ativamente com a guerra antiterrorista promovida pelos EUA; compra armas da UE,sobretudo da Itália, para usá-las contra seu próprio povo; sequer oferece armas aos palestinos para apoiar sua luta.

Na Líbia não há partidos, associações de espécie alguma ,nem tão pouco entidades da sociedade civil; não há Estado na Líbia: Em Trípole fomenta a divisão tribal para que lutem e se matem entre si; utiliza mercenários estrangeiros contra seu própio povo.

Kadafi não ocupa oficialmente um cargo, é o exército quem manda na Líbia. Sua família fez fortuna com as riquezas do povo; Seu regime e governo não representam nenhuma força antimperialista na região, tão pouco defende a causa palestina. Como todos os líderes árabes, são policiais locais servindo aos interesses do ocidente.

O povo da Líbia está lutando para recuperar sua dignidade, sua liberdade e para isso precisam se desfazer de um déspota! E ainda que os EUA e a UE tentam montar fatos e criar situações para se aproveitar, são os líbios que estão lutando. "

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Egipto: Movimentos sociais, a CIA e a Mossad


por James Petras

Por um lado, os movimentos sociais demonstraram a sua capacidade para mobilizar centenas de milhares, se não milhões, numa luta constante e com êxito que culminou no derrube do ditador de um modo que os partidos da oposição e personalidades anteriormente existentes foram incapazes ou relutantes em fazê-lo.

Por outro lado, na falta de qualquer liderança política nacional, os movimentos não foram capazes de tomar o poder político e realizar as suas exigências, permite ao alto comando militar de Mubarak tomar o poder e definir o processo "pós Mubarak", assegurando a continuidade da subordinação do Egipto aos EUA, a protecção da riqueza ilícita do clã Mubarak (US$70 mil milhões) e as numerosas corporações da elite militar assim como a protecção da classe superior. Os milhões mobilizados pelos movimentos sociais para derrubar a ditadura foram efectivamente excluídos pela nova junta militar pretensamente "revolucionária" da definição das instituições e políticas, muito menos a reformas sócio-económicas necessárias para atender às necessidades básicas da população (40% vive com menos de US$2 por dia, o desemprego entre a juventude vai a mais de 30%). O Egipto, como no caso dos movimentos sociais de estudantes e de populares contra a ditadura da Coreia do Sul, Formosa, Filipinas e Indonésia, demonstra que a falta de uma organização política nacional permite a personalidades e partidos da "oposição" neoliberal e conservadora substituírem o regime. Eles prosseguem no estabelecimento de um regime eleitoral que continue a servir os interesses imperiais e a depender e defender o aparelho de estado existente. Em alguns casos substituem velho capitalistas de compadrio por outros novos. Não é por acaso que os mass media louvam a natureza "espontânea" das lutas (não as exigências sócio-económicas) e apresentam um ponto de vista favorável acerca do papel dos militares (desprezando os seus 30 anos de defesa da ditadura). As massas são louvadas pelo seu "heroísmo", a juventude pelo seu "idealismo", mas nunca são propostas como actores políticos centrais no novo regime. Uma vez caída a ditadura, os militares e a oposição eleitoralista "celebrou" o êxito da revolução a actuou suavemente para desmobilizar e desmantelar o movimento espontâneo, a fim de abrir caminho para negociações entre os políticos liberais-eleitorais, Washington e a elite militar dominante.

Se bem que a Casa Branca possa tolerar ou mesmo promover movimentos sociais na remoção ("sacrifício") de ditaduras, ela tem toda a intenção de preservar o estado. No caso do Egipto o principal aliado militar estratégico do imperialismo estado-unidense não era Mubarak e sim os militares, com quem Washington antes já estava em constante colaboração, durante e após o derrube de Mubarak, assegurando que a "transição" para a democracia (sic) garantisse a continuada subordinação do Egipto aos EUA e à política e interesses israelenses no Médio Oriente.

A revolta do povo: os fracassos da CIA e da MOSSAD

A revolta árabe demonstra mais uma vez vários fracassos estratégicos nas muitos louvadas polícia secreta, forças especiais e agências de inteligência dos EUA e do aparelho de estado israelense, nenhum dos quais antecipou, muito menos interveio, para impedir a mobilização com êxito e para influenciar a sua política de governo em favor dos governantes clientes sob ataque.

A imagem que a maior parte dos escritores, académicos e jornalistas projectam da invencibilidade da Mossad israelense e da omnipotência da CIA foram severamente testada pelo seu fracasso admitido em reconhecer o âmbito, profundidade e intensidade do movimento com muitos milhões de membros para derrubar a ditadura Mubarak. A Mossad, orgulho e alegria de produtores de Hollywood, apresentada como um "modelo de eficiência" pelos seus colegas sionistas organizados, não foi capaz de detectar o crescimento de um movimento de massa num país ao lado do seu. O primeiro-ministro Netanyahu ficou chocado (e consternado) pela precária situação de Mubarak e pelo colapso do seu mais eminente cliente árabe – devido ao fracasso de inteligência da Mossad. Da mesma forma, Washington estava totalmente despreparada pelas 27 agências de inteligência dos EUA e pelo Pentágono, com as suas centenas de milhares de operacionais pagos e orçamentos de muitos milhares de milhões de dólares, quanto ao surgimento de levantamentos populares maciços e a emergência de movimentos.

Cabem várias observações teóricas. A noção de que governantes altamente repressivos e que recebem milhares de milhões de dólares de ajuda militar dos EUA e com quase um milhão de homens entre forças policiais, militares e paramilitares são a melhor garantia de hegemonia imperial demonstrou-se falsa. A suposição de que ligações em grande escala e a longo prazo com tais governantes ditatoriais salvaguarda os interesses imperiais estado-unidenses foi refutada.

A arrogância israelense e a presunção da superioridade organizacional, estratégica e política judia sobre "os árabes" foram postas em causa severamente. O estado israelense, seus peritos, operacionais encobertos e académicos da Ivy League permaneceram cegos a realidades em desdobramento, ignorantes da profundidade da insatisfação e impotentes para impedir a oposição em massa para o seu mais valioso cliente. Publicistas de Israel nos EUA, que não conseguem resistir à oportunidade de promover o "brilhantismo" das forças de segurança de Israel, seja o assassínio de um líder árabe no Líbano ou no Dubai, ou o bombardeamento de uma instalação militar na Síria, ficaram temporariamente emudecidos.

A queda de Mubarak e a possível emergência de um governo independente e democrático significaria que Israel poderia perder o seu principal "polícia de serviço". Um público democrático não cooperará com Israel na manutenção do bloqueio de Gaza – esfaimando palestinos para romper a sua vontade de resistir. Israel não será capaz de contar com um governo democrático, para apoiar as suas violentas tomadas de terra na Cisjordânia e o seu regime palestino fantoche. Nem tão pouco podem os EUA contar com um regime democrático no Egipto para apoiar as suas intrigas no Líbano, as suas guerras no Iraque e no Afeganistão, as suas sanções contra o Irão. Além disso, o levantamento egípcio serviu de exemplo para movimentos populares contra outras ditaduras clientes dos EUA na Jordânia, Iémen e Arábia Saudita. Por todas estas razões, Washington apoiou a tomada de poder militar a fim de moldar uma transição política de acordo com os seus gostos e interesses imperiais.

O enfraquecimento do principal pilar do poder imperial dos EUA e do poder colonial israelense na África do Norte e no Médio Oriente revela o papel essencial de regimes colaboradores. O carácter ditatorial destes regimes é um resultado directo do papel que desempenham na sustentação dos interesses imperiais. E os grandes pacotes de ajuda militar que corrompem e enriquecem as elites dominantes são os prémios por serem colaboradores aquiescentes de estados imperiais e coloniais. Dada a importância estratégica da ditadura egípcia, como explicarmos o fracasso das agências de inteligência estado-unidenses e israelenses em anteciparem os levantamentos?

Tanto a CIA como a Mossad trabalhavam em estreita ligação com agências de inteligência egípcias e confiavam nelas para a sua informação, confiando nos seus relatórios em causa própria de que "estava tudo sob controle": os partidos da oposição eram fracos, dizimados pela repressão e infiltração, seus militantes mofavam nas prisões, ou sofriam "ataques de coração" fatais devido a "técnicas de interrogatório" duras. As eleições eram falsificadas para eleger clientes dos EUA e Israel – sem surpresas democráticas no imediato ou no horizonte do médio prazo.

As agências de inteligência egípcias são treinadas e financiadas por operacionais israelenses e estado-unidenses e são receptivas aos desejos dos seus mestres. Elas foram tão dóceis na entrega de relatórios que agradassem aos seus mentores que ignoraram quaisquer informações de inquietação popular crescente ou de agitação na Internet. A CIA e a Mossad estavam tão incorporadas no vasto aparelho de segurança de Mubarak que foram incapazes de assegurar qualquer outra informação das bases, descentralizada, movimentos que floresciam independentemente da tradicional oposição eleitoral "controlada".

Quando movimentos de massa extra-parlamentares estouraram, a Mossad e a CIA confiaram em que o aparelho de estado de Mubarak os controlaria através da típica operação da cenoura e do bastão: concessões simbólicas transitórias e convocação do exército, polícia e esquadrões da morte. Quando o movimento cresceu das dezenas de milhares para centenas de milhares, par milhões, a Mossad e os principais apoiantes de Israel no Congresso dos EUA instaram Mubarak a "aguentar-se". A CIA foi reduzida a apresentar-se na Casa Branca com perfis políticos de responsáveis militares confiáveis e personagens políticos "de transição" flexíveis, desejosos de seguir as pegadas de Mubarak. Mais uma vez a CIA e a Mossada demonstraram a sua dependência do aparelho de inteligência de Mubarak quanto ao que pode ser uma alternativa "viável" (pró EUA/Israel), ignorando as exigências elementares das massas. A tentativa de cooptar a velha guarda eleitoralista da Irmandade Muçulmana através de negociações com o vice-presidente Suleiman fracassou, em parte porque a Irmandade não estava no controle do movimento e porque Israel e os seus apoiantes dos EUA fizeram objecções. Além disso, a ala juvenil da Irmandade pressionou-os a retirarem-se das negociações.

O fracasso da inteligência complicou os esforços de Washington e Tel Aviv no sentido de sacrificar o regime ditatorial para salvar o estado: a CIA e a Mossad não desenvolveram laços com qualquer dos novos líderes emergentes. Os israelenses não podiam encontrar qualquer "novo rosto" com apoio popular desejoso de servir como um estúpido colaborador da opressão colonial. A CIA havia estado empenhada totalmente na utilização da polícia secreta egípcia para torturar suspeitos de terrorismo ("exceptional rendition") e para policiar países árabes vizinhos. Em consequência tanto Washington como Israel consideraram e promoveram a tomada de poder militar para prevenir nova radicalização.

Finalmente, o fracasso da CIA e da Mossad em detectar e prevenir a ascensão do movimento democrático popular revela as bases precárias do poder imperial e colonial. No longo prazo não são as armas, os milhares de milhões de dólares, a polícia secreta e as câmaras e tortura que decidem a história. Revoluções democráticas ocorrem quando a vasta maioria de uma povo se levanta e diz "basta", ganha as ruas, paralisa a economia, desmantela o estado autoritário, exige liberdade e instituições democráticas sem tutela imperial e subserviência colonial.

O original encontra-se em http://petras.lahaine.org/articulo.php?p=1838&more=1&c=1
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

FPLP CONDENA O MASSACRE DO REGIME DE KADDAFI CONTRA O POVO DA LÍBIA

A FRente Popular pela Libertação da Palestina exige o fim imediato dos bombardeamentos e massacres contra o heróico povo da Líbia e condena o assassinato dos manifestantes cometidas pelo regime de Kadhafi.

A FPLP exige a proteção do povo líbio e seus direitos e enfatiza seu total apoio às reivindicações do povo da Líbia e das massas árabes por liberdade, dignidade humana e nacional, por democracia, justiça social e sua luta contra a corrupção e conta a ditadura.

A Frente exige o fim imediato da agressão sangrenta e da opressão e insta todas as forças que lutam pelos direitos e dignidade humanos no mundo árabe e importantes instituições internacionais a agir imediatamente a fim de parar o derramamento de sangue árabe nos campos e nas ruas da Líbia. Declaramos que o criminoso regime somente se preocupa com suas próprias regra e sobrevive às custas da escravidão da pátria e seu povo.

A Frente apela à mais ampla solidariedade humanitária e nacional com o povo da Líbia, convidando todos para participar do comício chamado pela Rede de ONGs e Nacional e Forças Islâmicas na Praça Manara, exigindo o fim da ocupação e da divisão e pela mais irrestrita solidariedade com os árabes da Líbia e as massas árabes em todos os países do Oriente e África.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Frente Popular pela Libertação da Palestina condena a opressão do povo árabe e convoca o apoio incondicional à revolução árabe!






A Frente Popular para a Libertação da Palestina condena o alto grau de abuso, opressão e crimes contra os povos árabes na Líbia, Bahrein, Iemen e em qualquer outro no mundo árabe, onde o povo estiver lutando para defender os seus direitos e sua dignidade contra os regimes brutais e reacionários.


Em 20 de fevereiro de 2011, FPLP exigiu o fim imediato da sangrenta e brutal repressão protagonizada por esses regimes, e afirmou que o silêncio diante de tais crimes é uma vergonha: Centenas de pessoas foram assassinadas e milhares feridas, afirmou a FPLP, apelando a todas as organizações árabes e internacionais, defensoras dos direitos humanos e da dignidade humana; à mídia árabe e internacional para atuar no sentido de mostrar a realidade e disseminar para o mundo inteiro as imagens e informações sobre os crimes que estão sendo cometidos nesses países contra o nosso povo e e que é urgente e necessário pôr fim aos massacres que de forma oculta estão acontecendo sem o conhecimento da opinião pública internacional.

A FPLP enfatiza que a marcha pela liberdade, pela dignidade e pela justiça protagonizada pelos povos árabes desencadeada pelas revoluções do Egito e da Tunísia não será detida pelos massacres produzidos pelos tiranos, e que o povo árabe seguirá em frente até conseguir os seus objetivos de libertação, democracia, justiça social e unidade.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A revolução cooptada?


16/2/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online
http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MB16Ak01.html 
“I take my hat to the new constitution
Take a bow for the new revolution”
- The Who, Won't Get Fooled Again*






Se fosse um anúncio, a frase seria “o som de uma nova geração”. Um grupo de sete jovens revolucionários do 25 de Janeiro, entre os quais Wael “o Gandhi da Google” Ghonim, reuniram-se com dois membros do Conselho Supremo das Forças Armadas. Para o blog The Arabist, foi “os meninos do Facebook reúnem-se com os generais”, ou a Geração Y reúne-se com o Ancien Regime (que acontece de ser também o novo regime...)

O resultado, com as posições de Ghonin e Amr Salama, foi postado inicialmente na  página Facebook “We Are All Khaled Said” [http://www.elshaheeed.co.uk/], em árabe, e depois traduzido, circulou pela internet[1].

O exército egípcio parece estar tentando operação de melhores Relações Públicas “ouvindo mais do que fala”1. Seja como for, a nova geração não deveria ter perdido a oportunidade de dizer ao major-general Mahmoud Hijazi e ao major-general Abdel que têm de melhorar a estratégia de comunicações – por exemplo, livrando-se do fetiche (mas que coisa tão 1970!) dos comunicados.

Ghonin e Salama, como eles próprios admitem, optaram por acreditar no que os generais disseram. Ainda é cedo para saber se foram ingênuos demais, ou se foram só ingênuos. O Conselho Supremo, em teoria, é favorável a um governo civil, ao mesmo tempo em que se mantém intacto o atual gabinete do mubarakismo, pelo menos por hora.

Os generais prometeram formar uma comissão constitucional – de juristas de prestígio – a ser formado nos próximos 10 dias, para identificar os artigos da constituição que devem ser alterados. Assim se obterá uma primeira minuta de nova constituição. E depois, o creme sobre o bolo: uma nova constituição a ser legitimada por referendum no prazo alucinadamente curto de dois meses.

Os generais também são favoráveis à formação de novos partidos políticos e supervisionarão uma campanha para arrecadar 100 bilhões de libras egípcias (cerca de 17 bilhões de dólares) em doações para “reconstruir o país”.

A ofensiva de sedução do exército deixa sem responder muitas questões importantes – dentre outras, se têm intenção de investigar com seriedade as muitas acusações de corrupção massiva e levar a julgamento os acusados. Principalmente, se têm planos para negociar com os sindicatos e organizações de trabalhadores. No Egito, todas as greves são proibidas.

A grande maioria dos egípcios que querem mudanças no Egito não têm conta Facebook, nem tuíta. Querem salário pelo menos decente, para começar. E se nada acontecer, jornalistas, motoristas de ambulâncias, oficiais de política, trabalhadores dos transportes, todos, continuarão indefinidamente em greve, como estão.

Alerta vermelho
Pode haver um perigo nesse estágio, de que a (declinante) classe média egípcia – na qual se incluem a maioria dos jovens revolucionários – passe a privilegiar a “estabilidade”, descuidando da concentração e da mobilização das três últimas semanas. O autodesignado “Comitê de Sábios”, por exemplo, tenta a todo custo sequestrar todo o duro trabalho dos jovens revolucionários, apoiando qualquer mínima “reforma” da Constituição.

Pode estar em andamento algum confronto aberto com a classe trabalhadora – e o campo. Os meninos do Facebook não são exatamente políticos astutos. Agora, é preciso arrancar da junta militar compromissos institucionalizados – liberdade de imprensa, por exemplo, e a ser garantida imediatamente; e abolição de todas as leis de emergência. Para tudo isso os rapazes do Facebook têm de aprender a negociar – da posição de alta autoridade moral que lhes deu a rua.

Tio Marx – especialista em revoluções – descobriu que a Comuna de Paris fracassou porque não marchou sobre Versailles, o que deu tempo à contrarrevolução para preparar a contraofensiva. Assim também, os jovens revolucionários egípcios têm de aproveitar o momentum e manter a pressão.

Até agora o papel do exército egípcio continua ambíguo – para dizer o mínimo; e há casos documentados de tortura nas unidades da inteligência militar. Para não falar da última deles – proibiram a imprensa nacional e estrangeira de transmitir da praça Tahrir. Além do mais, a TV al-Arabiyyah – porta-voz da Casa de Saud – relata que ofereceram o ministério da Informação a Imad Ad-Din Adib, um dos que ajudaram a lançar a campanha do hoje ex-presidente Hosni Mubarak, quando candidato; e íntimo da Casa de Saud.

É ainda muito cedo para dizer se a junta militar que está no poder fará o que tem dito que fará, nesse novo remix local do mantra de Washington – “transição ordeira”, ou se se perpetuará no poder com melhores ternos, dividindo a opinião e sem parar de receber “presentes” dos suspeitos de sempre: Washington, Telavive e Riad.

Como o Dr. Aida Seif El-Dawla, do Centro Nadeem para Vítimas de Tortura no Cairo, disse ao Institute for Public Accuracy dos EUA: “Ainda temos o mesmo Gabinete nomeado por Mubarak. O estado de emergência continua como sempre foi. Ainda há muitos presos antigos, além de muitos novos, depois de 25 de janeiro. E ainda há muitos desaparecidos. Até aqui, ninguém foi acusado pelos assassinatos.”

Todos devem manter-se em alerta máximo. Pode acontecer de, dia desses, até Nosferatu – Omar “Sheikh al-Tortura” Suleiman – reerguer-se dos mortos.


* Pode ser ouvido em http://www.youtube.com/watch?v=zydAs5bRW1U.

[1] Há matéria sobre isso no NYT de hoje (http://www.nytimes.com/2011/02/15/world/middleeast/15egypt.html?_r=1), reproduzida em vários jornais: 
“Dois generais sentaram-se domingo à noite [13/2] para discutir o futuro do Egito com sete dos jovens animadores da revolução egípcia – entre os quais o gerente de marketing da Google no Qatar, o egípcio Wael Ghonim e Amr Salama – e os ativistas postaram suas notas da reunião diretamente na internet, para serem divulgadas: “Todos nós sentimos neles um desejo sincero de preservar os ganhos da revolução e respeito jamais visto por os jovens estarem manifestando seus pontos de vista” – escreveram no Facebook Mr. Ghonim e Mr. Amr Salama, esclarecendo que aquelas são opiniões pessoais suas. Para eles, não se viu na fala dos generais “nada daquele tom de pai para filho (‘você não sabe o que é melhor para você, filho’)”; escreveram que “é a primeira vez que um militar egípcio dá sinais de mais interesse em ouvir, do que em falar” [NTs].

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

À sombra do vulcão (egípcio)*



15/2/2011, Pepe Escobar, Asia Times Online http://www.atimes.com/atimes/Middle_East/MB15Ak01.html

A festa – e que festa! – acabou. Agora é tempo de ressaca – e que ressaca.

Apresento-lhes o novo chefão, ou o Faraó reconstruído em formato de Shiva: o Conselho Supremo das Forças Armadas. Se fosse no sudeste da Ásia, já estariam repetindo que “tudo igual, só que diferente”.

Em vez de estado policial, é tempo de comunicados (replay dos anos 1970s). O presidente e o vice-presidente dissolveram o Parlamento (mas o primeiro-ministro Ahmed Shafiq indicado pelo Faraó insiste que o atual “Kangaroo cabinet” mantém-se onde está para fazer a tal “transição ordeira”). A Constituição foi suspensa. O exército tenta impor a noção de que comandará o Egito pelos próximos seis meses. Esperam-se violências vagamente sinistras, para conter greves e “caos e desordem”.

O que mais pode fazer um Democrata, Prêmio Nobel e presidente dos EUA, além de apoiar um golpe militar? (Mais replay dos anos 1960s e 1970s). Recapitulando: a Casa Branca e o Departamento de Estado adorariam ver Hosni Mubarak pelas costas.

Mas a Arábia Saudita, Israel e a CIA-EUA precisavam desesperadamente que Hosni Mubarak ficasse onde estava. Ao mesmo tempo Mubarak – versão trash, cabelos pintados cor acaju, de Luis XVI – lutava pela própria sobrevivência. O vice-presidente Omar “Sheikh al-Tortura” Suleiman, apoiado por Washington e Bruxelas, lutava pela sobrevivência do regime (a tal “transição ordeira”), e Washington lutava pela sobrevivência de um dos pilares crucialmente importantes da “estabilidade” no Oriente médio. A rua, essa, lutava pela vida.

Fácil explicar por que a CIA não previu coisa alguma. A agência pode ser ótima nos negócios de entregar prisioneiros para serem torturados pelo Sheikh al-Tortura, mas, sobretudo, vive presa num apertado espartilho ideológico, desde os anos Ronald Reagan. A CIA simplesmente não fala com viva alma se não com os vassalos; vale para o Hamás e para a Fraternidade Muçulmana (com os quais os EUA-CIA não falam).

Portanto, a CIA-EUA não têm como obter formação de boa qualidade, viva, em campo, inteligência que se aproveite. Os subterrâneos ferviam, no Egito, no mínimo desde 2005. A embaixada dos EUA no Cairo sequer tinha agente de ligação com a Fraternidade Muçulmana. E o homem no qual investiram tudo, Suleiman, não existe, é não-entidade (visualizem Langley afogado num dilúvio de lágrimas).

No final, a rua egípcia resolveu o caso. Capangas miseravelmente pagos para armar confusão dos infernos receberam ordens de atirar contra cidadãos desarmados e fizeram o que puderam. Discretos sindicalistas trabalharam anos na organização. Juízes em passeata pelas ruas fizeram o que puderam. E grupos de juventude também fizeram o que puderam. Os jovens revolucionários do Movimento 25 de Janeiro rapidamente acordaram para a realidade.

Agora, já perceberam claramente que Washington optou pelo prejuízo menor e está dando luz verde ao conceito onanista de golpe militar contra ditadura militar. OK, vão-se os sonhos mais luminosos, mas pelo menos há um precedente que nos enche de esperanças: a revolução de 1974 em Portugal, levou, um ano depois, a uma democracia sólida de tendência socialista.

Meu comunicado é maior que o seu

Que negócio de comunicados é esse, em que o Conselho Supremo parece viciado? A rua sabe que não passam de empregados e vassalos de Mubarak, todos com mais de 70 anos, a começar pelo líder do golpe, ministro da Defesa marechal-de-campo Mohammed Hussein Tantawi, 75 anos – muito próximo de Robert Gates do Pentágono (detalhe crucial: Tantawi chegou ao comando supremo depois de estágio na chefia do exército privado de Mubarak, os Guardas Republicanos).

São todos acionistas, com o dinheiro que os EUA fornecem (os bilhões de dólares da “ajuda” que chegam ao Egito anualmente) de uma vasta rede de negócios, cujos proprietários são a dinastia militar que controla setores inteiros da economia egípcia. Não há como trazer à luz algum Egito novo, sem derrubar todo esse sistema. Conclusão: a rua ainda não venceu o exército.

Esperam-se grandes fogos de artifício pela frente. Por hora, os adversários potenciais estudam-se. Sai a “transição ordeira” e entra – nas palavras do general Mohsen el-Fangari – “uma pacífica transição de poder”, para permitir que “um governo civil governe e construa um Estado democrático livre”. Tudo soa como Purple Haze por Jimi Hendrix [ouve-se em
http://www.youtube.com/watch?v=z0dmPKYJiB8&feature=related]. Esqueçam sobre o exército passar o poder sem luta a governo civil de transição.

Na batalha de comunicados, pelo menos o comando do Movimento 25 de Janeiro sabe para que lado virar a cabeça. Entre as principais exigências – uma espécie de mapa do caminho dos desejos políticos da rua – está o fim imediato do estado de emergência; libertação imediata de todos os prisioneiros políticos; criação de um conselho interino coletivo de governo; formação de um governo de transição que inclua todas as tendências nacionalistas independentes para organização e supervisão de eleições livres e limpas; formação de um grupo de trabalho para redigir proposta de nova constituição democrática, a ser legitimada por referendum; fim de todas as restrições à constituição de partidos políticos; liberdade de imprensa; liberdade para formar sindicatos e organizações não governamentais, sem terem de ser aprovados pelo governo; e abolição de todas as cortes militares.

Quem acredita que os generais do Conselho Supremo vão entregar tudo isso ao povo, deve viver no cume do Tibete.

Bomb me to democracy, babe
Essa nunca foi revolução conduzida só pelos jovens, e agora já é movimento conduzido pelos movimentos da classe trabalhadora. Na próxima fase, a classe trabalhadora – e os camponeses – serão mais cruciais a cada momento. Como o blogueiro Hossam El-Hamalawy escreveu: “Agora, as fábricas têm de ocupar a praça Tahrir”. O fim do regime aconteceu quando as greves começaram a alastrar-se feito fogo em mato seco. Há cada vez mais clara conceituação do que seja democracia direta, de baixo para cima, que pode levar a um estado de revolução permanente. O ‘ocidente’ treme em seus Ferragamos.

Ao mesmo tempo, a liderança do Movimento 25 de Janeiro sabe que Washington, Telavive e Riad – mais as classes comprador do mubarakismo – farão absolutamente qualquer coisa para impedir o advento da democracia egípcia. Valerá tudo – de um Walhalla de subornos até a invisível manipulação das leis e do processo eleitoral. Contem todos com pelo menos um general-candidato à presidência; com certeza não será o hoje super escondido homem da CIA, o “Sheikh al-Tortura” Suleiman, mas provavelmente será o comandante do Estado-maior do Exército Sami Anan, 63, que também passou muito tempo nos EUA e é mais íntimo de muitos no Pentágono, que Tantawi.

Em pouco tempo, todos estarão cortejando a Fraternidade Muçulmana, como se o fim do mundo estivesse próximo; a Turquia (para ampliar seu papel como um farol de moderação no Oriente Médio); o Irã (embora xiitas, para lembrar a Fraternidade Muçulmana da luta pela Palestina); os EUA (para manterem viva a ilusão de que conseguirão controlar um ‘braço’ jihadista que a Fraternidade Muçulmana nem tem); e a Arábia Saudita (com montanhas de dinheiro, para neutralizar as maquinações dos EUA).

O New York Times comenta astutamente que “a Casa Branca e o Departamento de Estado já discutem a criação de novos fundos para estimular o surgimento de partidos políticos seculares” – já na luta para atrair todos os inteligentes e inteligentíssimos, para o curral da agenda dos EUA.

À parte o fato de que a revolução egípcia – que ainda engatinha – é o mais enormemente importante movimento estratégico que acontece no Oriente Médio nos últimos 30 anos (desde que Israel invadiu o Líbano em 1982), merece destaque a vasta falácia, tão vasta quanto abjeta, que envolve tudo: da islamofobia e do reducionismo da teoria do “choque de civilizações” à quimera que os neoconservadores chamam de “Grande Oriente Médio”.

A rua egípcia abriu uma ampla estrada rumo à democracia, em apenas duas semanas e meia. Comparem-se esse saber-fazer e os processos de democratização do Afeganistão (há nove anos) e do Iraque (sete anos), comandados pelo Pentágono.

Nessa fase, não há como saber se o mubarakismo sobreviverá só com maquiagem leve. Nem se o mubarakismo conseguirá manipular as próximas eleições, deixando o exército à sombra. Nem se alguma revolução social e política real reorganizará mesmo, radicalmente, a estrutura da riqueza e do poder no Egito.

Muito além do inevitável confronto no Egito, entre explosão demográfica e crise econômica, o que está literalmente enlouquecendo o ocidente é que as elites ocidentais sabem perfeitamente o que a maioria dos egípcios não quer: nenhum governo verdadeiramente democrático e soberano no Egito poderá continuar a agir como escravo da política exterior dos EUA.

Pode acontecer, só para começar, de um novo governo levantar o sítio de Gaza e reexaminar as condições de exportação de gás natural para Israel a preços subsidiados; pode acontecer de um novo governo reconsiderar os direitos de passagem livre da Marinha dos EUA pelo Canal de Suez; e pode, é claro, acontecer de um novo governo afinal rediscutir o tema tabu, sacrossanto, santo entre santos: os acordos de Camp David, de 1979, com Israel.

Daqui em diante, a liberdade do Egito só aumentará na exata proporção do medo que a revolução inspire a Washington, Telavive e Riad.

É justo dizer que, na atual fase, a rua egípcia guarda junto ao coração todos que a apoiaram – grupo complexo que vai da rede al-Jazeera ao Hezbollah no Líbano. E já sabe identificar perfeitamente todos os que a menosprezaram – da Casa de Saud e vários extremistas Wahhabistas, a Israel. Nenhum egípcio jamais esquecerá que o rei Abdullah da Arábia Saudita acusou a rua de “intrometer-se na segurança e estabilidade do Egito árabe e muçulmano”.

O slogan chave da revolução egípcia foi “O povo quer derrubar o regime”. E já se ouve a primeira adaptação dele, rimada, para espalhar-se pelo mundo: “O povo quer libertar os palestinos”. Não percam os próximos boletins meteorológicos e geológicos: a verdadeira irrupção do verdadeiro vulcão ainda nem começou.


* Orig. Under the (egyptian) volcano. “Under the volcano” é título de romance, de 1947, de Malcolm Lowry, editado no Brasil como À sombra do vulcão (Porto Alegre, L&PM Ed., 2002) (NTs).

sábado, 12 de fevereiro de 2011

As revoluções dos povos Árabes Furacões para a ditadura.... brisas para a democracia e liberdade

por Khader Othman - kaderothman@hotmail.com 
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
Participe da comemoração pela liberdade e ato de solidariedade à luta do povo do Egito 
Dia 15/02/2011         terça-feira          às  17 horas
na Esquina Democrática, rua Felipe Schimidt esquina rua Deodoro - Centro, Florianópolis 
 
Os ventos revolucionários que assopraram no mês passado na Tunísia fez seu ditador, Benali, fugir do país. Covardemente fugiu. O poder agora está com  uma Frente Progressista que produziu, organizou e   administrou o estado revolucionário na Tunísia, formação que se deu  durante o ditadura de Benali. Ventos que atravessaram  as turbulentas águas da Tunísia, chegando são e salvo na margem da democracia e liberdade.
 
Os mesmos ventos revolucionários assopram agora  sobre Egito. Arrancaram a casca que escondia um ditador, brotando no lugar uma organizada e madura frente de libertação liderada por jovens que nasceram durante a ditadura. Viveram e sentiram, com experiência própria, que este modelo falido não leva a progresso nenhum. O regime esta tão podre que não adiante reformas ou emendas, esta ditadura, que perdura na contramão da historia, leva o  Egito ladeira abaixo. Nos últimos  30 anos, o Egito ficou em primeiro lugar no mundo árabe no ranking da emigração de  jovens. Milhares de jovens tiveram que sair do seu país por falta de emprego,  perdendo, assim, energia e mentes lapidadas para servir em outros países.
 
Durante 30 anos este regime ditador deixou o Egito em um desfalque enorme de moradias populares, revelando que o regime não tinha nenhum interesse na solução de moradias para o seu  povo. Os cemitérios mostraram a maior disputa no meio da população pobre,  pois lá, vizinhos de  cadáveres, não se paga aluguel e não tem ordem de despejo.
 
Enquanto esse cenário obscuro progredia, também  progredia a situação financeira do chefe do regime, o ditador Hosni Mubarak e seus capangas, uma equação injusta... sua  fortuna subiu de  zero em 1980 para 70 bilhões em 2011, ou seja, dentro dos 30 anos enquanto ele manipulava o poder,
 
Mas  por 15 dias  a  Praça TAHREER  faz valer o significado de seu nome, traduzindo , significa   LIBERTAÇÃO, são os ventos revolucionários embalando os rebelados egípcios!!
Admiramos como esses revolucionários egípcios se manifestam e se organizam! São mais de 3 milhões de pessoas, cotidianamente, realizando protestos de forma ordeira e organizada. Utilizando a mídia, internet, comunicações alternativas, gente de todas as classes sociais unidos no grito e nas tarefas. Há os responsáveis pela limpeza, outros pela distribuição da comida, tem o grupo de médicos cuidando dos feridos, tem aqueles responsáveis pela distribuição da medicação, enfim,  todos realizam suas atividades  e tarefas  com a maior obediência e satisfação. Cabe aqui contar o que aconteceu na quinta feira, quando surgiu boato de que os tanques do exercito acabar com as manifestações. A reação foi há altura dos ventos revolucionários... foi destinado vários homens para dormir embaixo da esteira do tanque paralisando assim  sua movimentação!
 
 A revolução da Tunísia tanto quanto a revolução Egípcia pegaram o ocidente de surpresa, pois ninguém imaginava algo nessa proporção, desconsiderando assim o potencial da mudança dos dois povos, resultando em  declarações confusas sobre os acontecimentos.
Alguns lideres ocidentais, com mentalidade colonialista, negam a condição  de um árabe em praticar corretamente a democracia ....esquecem eles que a democracia é originária da Grécia antiga, não americana e nem  européia.
Nos orgulhamos da diversidade do povo brasileiro! Imaginamos o dia em possamos nos orgulham da diversidade internacional! Quando houver  uma real democracia que abrace a todos .
 
E difícil para ocidente, com sua política capitalista e imperialista, entender as mudanças no mundo árabe ou islâmico. É necessário modificar sua visão, para entender e aceitar o árabe como ele é,  produto da sua cultura e sua civilização.
Duas grandes divergências azedaram as relações do Ocidente com o mundo árabe e islâmico. A primeira: a posição injusta de adotar dois pesos e duas medidas na questão palestina. Somente os Estados Unidos utilizou  37 vezes o direito de veto quando o Conselho da Segurança da ONU iria condenar Israel por seus crimes praticados contra os palestinos e árabes.  A segunda: a demagogia praticada pelo ocidente. Com  pregações de  liberdade e  democracia na mídia internacional, se comporta  sustentando e apoiando politicamente as ditaduras do Oriente Médio.
 
Os ventos revolucionários significam furacões para as ditaduras, para o sionismo, para o capitalismo e o imperialismo....  mas são as brisas para a autodeterminação dos povos, para  a democracia e para a  liberdade!

fevereiro 2011

Floripa organiza ato de solidariedade e celebração pela luta do povo egípcio

Camaradas!
O povo egípcio demonstrou nas ruas a força de sua luta por justiça e liberdade!
Os ventos da mudança continuarão a soprar em todo Oriente Médio! Continuaremos a lutar contra o sionismo, o imperialismo e contra o capitalismo!
Vamos libertar a Palestina!
Todo o nosso respeito aos mártires e lutadores que tombaram nesta justa conquista!
Pela autodeterminação dos Povos!
 
Nossa comemoração pela liberdade e ato de solidariedade à luta do povo egípcio será dia 15/02/2011 - terça-feira - a partir das  17 horas - na Esquina Democrática, rua Felipe Schimidt esquina rua Deodoro - Centro, Florianópolis
 
Vamos fortalecer esse grito de liberdade internacional!
Pelo fim de todas as ditaduras pró-estadunidense no Oriente Médio!
Ninguém detêm o povo munido de verdade e justiça!
Presidente do Egito renuncia após 18 dias de manifestações

O presidente egípcio Hosni Mubarak renunciou 
nesta sexta-feira
O ditador, que estava no poder há 30 anos, cedeu aos protestos que deixaram mais de 300 mortos no país e pelo menos cinco mil feridos, nas últimas semanas.
Milhares de manifestantes comemoram o anúncio da presidência na praça Tahirir, no centro do Cairo. O comunicado foi feito pelo vice, Osmar Suleiman, através de uma TV estatal. Esta é a segunda ditadura a ruir no mundo árabe no início de 2011. No dia 14 de janeiro a Revolução de Jasmin levou o ditador da Tunísia, Zine el Abidine Ben Ali, a abandonar o país.
Os manifestantes pediram a renúncia do presidente durante 18 dias, reclamando das altas taxas de desemprego, pobreza, censura e abusos do regime ditatorial, pedindo reformas políticas e econômicas. Com a saída de Mubarak, as Forças Armadas assumem o poder no país temporariamente, até que sejam convocadas novas eleições.
Somos todos egípcios! 
Palestina livre!
Viva a Intifada! Resitência até a vitória!
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
"Um beduíno sozinho não vence a imensidão do deserto, é preciso ir em caravana"
www.vivapalestina.com.br
www.palestinalivre.org
 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Partido Comunista Egípcio está na luta para derrotar a ditadura.


imagemCrédito: 2.bp.blogspot.com


"Revolução para a satisfação plena e inteira das reivindicações populares"
Continuaremos até vermos cumpridas as demandas populares!!!
A hora da verdade se aproxima. Chegou o momento decisivo para as forças do povo egípcio. A necessidade de derrotar o regime de Mubarak fez com que a tirania e seus mestres estrangeiros se curvassem, em resultado da revolução popular permanente e do aumento dos protestos em todas as partes do Egito.
Hoje, milhões de pessoas exigem a saída de Mubarak, dando fim às conspirações do ditador e de sua quadrilha Alhadwin, fortalecendo e elevando a revolução.
imagemCrédito: 3.bp.blogspot.com


O acordo para formar um comitê recebe a confiança do povo e dos manifestantes. A confiança depositada é crucial para a conquista das demandas da revolução política, econômica e social. Para isso, enfatizamos a questão da base Amtalib, aprovada pelas forças nacionais, e defendemos o proposto no parlamento:
1. Supressão de Mubarak como presidente e a formação de um conselho presidencial para um período transitório de duração limitada.
2. Formar um governo de coalizão que assuma a gestão do país durante esse período transitório.
3. Conclamar uma assembleia constituinte, eleita, para escrever uma nova constituição, baseando-a no princípio da soberania da nação e assegurando a devolução do poder no marco de um Estado civil, democrático e justo.
4. Julgamento dos responsáveis pelas centenas de mortos, feridos, mártires revolucionários e vítima da opressão, assim como o processo judicial dos responsáveis por saquear as riquezas do povo egípcio.
imagemCrédito: 4.bp.blogspot.com


Viva a Revolução! Viva o povo egípcio!
Tradução: Maria Fernanda M. Scelza
Postado do www.pcb.org.br

Egito, a aposta no leopardo


por Atilio Boron [*]

Lata de gás lacrimogéneo. Hillary Clinton declarou à imprensa que é preciso evitar a todo custo o vazio de poder no Egito, que o objetivo da Casa Branca era uma transição ordenada à democracia, à reforma social, à justiça econômica, e que Hosni Mubarak era o presidente do Egito e o que importava era o processo, a transição.

Ao contrário do que ocorreu em outra ocasião, o presidente Obama não exigiria a saída do líder que caiu em desgraça. Como não poderia ser de outro modo, as declarações da secretária de Estado refletem a concepção geopolítica que os EUA mantêm desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, cuja gravidade foi acentuada após o assassinato de Anwar El-Sadat, em 1981, e em seguida pela posse de seu vice-presidente, Hosni Mubarak.

Sadat se converteu em uma peça-chave para os Estados Unidos e Israel – o Egito passou para a mesma categoria – ao ser o primeiro chefe de Estado de um país árabe a reconhecer o Estado de Israel e firmar um Tratado de Paz entre os dois países, em 26 de março de 1979. As dúvidas e os rancores de Sadat e do primeiro-ministro israelense, Menájem Begin, como conseqüência de cinco guerras e que tornavam as negociações de paz intermináveis, foram rapidamente deixadas de lado quando tanto eles como o presidente Jimmy Carter, em 16 de janeiro desse ano, souberam que um aliado estratégico pró-estadunidense na região, o xá do Irã, havia sido derrotado por uma revolução popular e buscou refúgio no Egito. Com a queda do xá, nasceu a república islâmica com a direção do aiatolá Ruhollah Khomeini, que era para os Estados Unidos e para toda a "civilização americana" o "Grande Satã", o inimigo jurado do Islã.

Se a violenta derrubada do xá sacudia o solo do Oriente Médio, não eram melhores as notícias que vinham do convulsionado quintal centro-americano: em 19 de julho de 1979, a Frente Sandinista entrava em Manágua e colocava fim à ditadura de Anastasio Somoza, complicando ainda mais o quadro geopolítico norte-americano.

A partir desse momento, o delicadíssimo equilíbrio do Oriente Médio tinha no Egito a sua âncora estabilizadora, que a política exterior norte-americana se encarregou de reforçar a qualquer preço, mesmo sabendo que no reinado de Mubarak a corrupção, o narcotráfico e a lavagem de dinheiro cresciam a um ritmo que só era superado pelo processo de pauperização e exclusão social que afetavam os crescentes setores da população egípcia; e que a feroz repressão contra o menor indício de dissidência e as torturas eram coisas diárias.

Hipócritas e oportunistas

Por isso, soam insuportavelmente hipócritas e oportunistas os apelos do presidente Obama e de sua secretária de Estado para que um regime corrupto e repressivo como poucos no mundo – o qual os EUA mantiveram e financiaram por décadas – trilhe o caminho das reformas econômicas, sociais e políticas.

Um regime para o qual Washington podia enviar prisioneiros para a tortura, sem precisar enfrentar as irritantes restrições legais, e no qual a estação da CIA no Cairo podia operar sem nenhum obstáculo sua "guerra contra o terrorismo". Um regime que ainda pode bloquear a internet e a telefonia celular, e que apenas despertou um leve protesto por parte de Washington. A reação seria a mesma se Hugo Chávez tivesse cometido tais ultrajes?

"Mubarakismo" sem Mubarak

Ao que tudo indica, Mubarak cruzou o ponto em que não haverá retorno. O problema que se apresenta para Obama é o de construir um "mubarakismo" sem Mubarak. Isto é, garantir uma mudança por um substituto adequado à autocracia pró-EUA. Como dizia o Leopardo: "algo precisa mudar para que tudo fique como está". [1]

Esta foi a fórmula que Washington tentou impor meses antes da derrota do somozismo na Nicarágua, apelando para um personagem do regime, Francisco Urcuyo, presidente do Congresso Nacional, cuja primeira e praticamente última iniciativa como fugaz presidente foi solicitar à Frente Sandinista, que estava esmagando a guarda nacional somozista pelos quatro cantos do país, que depusesse as armas. Foi deposto em poucos dias e, na linguagem popular nicaragüense, o ex-presidente passou a ser lembrado como "Urcuyo, o efêmero".

A Casa Branca está tentando algo similar: pressionou Mubarak para designar um vice-presidente na esperança de não repetir o fiasco de Urcuyo. A designação não poderia ser mais inapropriada, pois caiu para o chefe dos serviços de inteligência do exército, Omar Suleiman, um homem mais refratário à abertura democrática do que o próprio Mubarak, e cujas credenciais não são precisamente as que almejam as massas que exigem democracia.

Situação revolucionária

Quando estas ganham as ruas e atacam numerosos quartéis da odiada polícia e dos não-menos odiados espiões, informantes e organismos da inteligência estatal, Mubarak designa o chefe destes serviços para liderar as reformas democráticas. É uma piada de mau gosto e assim foi recebida pelos egípcios, que continuaram tomando as ruas convencidos de que o ciclo de Mubarak havia terminado e que precisavam exigir sua renúncia sem mais trâmites.

Na tradição do socialismo marxista, diz-se que uma situação revolucionária se constitui quando os de cima não podem dominar como antes e os de baixo já não querem ser dominados como antes. Os de cima não podem porque a política foi derrotada nas lutas de ruas e os oficiais e soldados do exército confraternizam com os manifestantes ao invés de reprimi-los. Não seria de se estranhar que alguma outra filtração, tipo Wikileaks, desvende as intensas pressões da Casa Branca para que o ancião déspota abandone o Egito o quanto antes para evitar uma reedição da tragédia de Teerã.

As alternativas que se abrem para os Estados Unidos são poucas e ruins: a) sustentar o regime atual, pagando um custo político fenomenal, não só no mundo árabe, para defender suas posições e privilégios nessa região crucial do planeta; b) uma tomada de poder por uma aliança cívico-militar onde os opositores de Mubarak estarão destinados a exercer uma gravitação cada vez maior; ou c) o pior dos pesadelos, se é produzido o temido vazio de poder e os islamitas da Irmandade Muçulmana tomam o governo de assalto.

Sob qualquer destas hipóteses as coisas já não serão como antes, pois mesmo em uma variante mais moderada a probabilidade de que um novo regime no Egito continue sendo um fiel e incondicional peão de Washington é extremamente baixo e, no melhor dos casos, altamente instável. E se o desenlace é o radicalismo islamita, a situação dos Estados Unidos e Israel na região será extremamente vulnerável, levando-se em conta o efeito dominó da crise que começou na Tunísia, seguiu para o Egito e está sendo sentida em outros importantes aliados dos EUA, como Jordânia e Iêmen, e que pode aprofundar a derrota militar norte-americana no Iraque e precipitar uma débâcle no Afeganistão.

Caso estes prognósticos sejam cumpridos, o conflito palestino-israelense iria adquirir ressonâncias inéditas, cujos ecos chegariam até os suntuosos palácios dos emirados do Golfo e da própria Arábia Saudita, mudando dramaticamente e para sempre o tabuleiro da política e da economia mundiais.
03/Fevereiro/2011
[1] O Leopardo, romance de Giuseppe Tomasi di Lampedusa e filme de Luchino Visconti.

[*] Diretor do PLED, Programa Latinoamericano de Educación a Distancia em Ciências Sociais, Buenos Aires, Argentina.

O original encontra-se em http://www.atilioboron.com/ e a tradução de Sandra Luiz Alves em
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/5456/9/


Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

“O mundo árabe está em chamas”

Publicado em Esquerda (http://www.esquerda.net)

Noam Chomsky

"O mundo árabe está em chamas", informou a Al Jazira em 27 de Janeiro, ao mesmo tempo que, em toda a região, os aliados ocidentais "estão a perder rapidamente a sua influência."

A onda de choque foi desencadeada pela dramática insurreição na Tunísia, que expulsou um ditador apoiado pelo Ocidente, com repercussões principalmente no Egipto, onde os manifestantes superaram a brutal polícia do ditador.

Observadores comparam estes eventos com a queda dos domínios russos em 1989, mas há grandes diferenças.

A mais importante é que não existe um Mikhail Gorbachev entre as grandes potências que apoiam os ditadores árabes. Em vez disso, Washington e os seus aliados continuam a afirmar o bem-conhecido princípio de que a democracia só é aceitável na medida em que esteja em conformidade com os seus objectivos estratégicos e económicos: é muito boa em território inimigo (até certo ponto), mas não no nosso quintal, por favor, a menos que seja devidamente domesticada.

Uma comparação com 1989 tem alguma validade: com a Roménia, onde Washington manteve o seu apoio a Nicolae Ceausescu, o mais cruel dos ditadores do Leste Europeu, até se ter tornado insustentável. Em seguida, Washington elogiou o seu derrube, ao mesmo tempo em que apagava o passado.

Esse é o padrão habitual: Ferdinand Marcos, Jean-Claude Duvalier, Chun Doo Hwan, Suharto e muitos outros gangsters úteis. Também ele pode estar em curso no caso de Hosni Mubarak, juntamente com os esforços de rotina para tentar garantir que o novo regime não se afaste muito do caminho traçado.

A esperança actual parece ser o general Omar Suleiman, leal a Mubarak, nomeado vice-presidente do Egipto. Suleiman, o antigo chefe dos serviços de informações, é desprezado pelo povo insurrecto quase tanto quanto o próprio ditador.

Um refrão comum entre os especialistas é que o medo do islamismo radical exige uma (relutante) oposição à democracia, por razões pragmáticas. Embora não sem algum mérito, a formulação é enganosa. A ameaça geral sempre foi a independência. No mundo árabe, os Estados Unidos e os seus aliados apoiaram com frequência radicais islâmicos, por vezes para evitar a ameaça do nacionalismo secular.

Um exemplo conhecido é a Arábia Saudita, o centro ideológico do islamismo radical (e do terror islâmico). Outro exemplo, de uma longa lista, é Zia ul-Haq, o mais brutal dos ditadores do Paquistão e favorito do presidente Reagan, que promoveu um programa de islamização radical (com financiamento saudita).

"O argumento tradicionalmente avançado dentro e fora do mundo árabe é que não há nada de errado, tudo está sob controle", diz Marwan Muasher, ex-funcionário jordaniano e actualmente director de investigação sobre o Médio Oriente do Carnegie Endowment. "Com esta linha de pensamento, as forças entrincheiradas argumentam que os opositores e as pressões externas que pedem reformas estão a exagerar as condições no terreno".

Assim, o povo pode ser demitido. As raízes desta doutrina vêm de longe e estão generalizadas em todo o mundo, também no território dos EUA. No caso de haver agitação, pode ser necessário fazer mudanças tácticas, mas sempre cuidando de reassumir o controlo.

O vibrante movimento pela democracia na Tunísia foi dirigido contra "um estado policial, com pouca liberdade de expressão ou de associação, e graves problemas de direitos humanos", governado por um ditador, cuja família era odiada pela sua corrupção. Esta foi a avaliação do embaixador dos EUA, Robert Godec, num telegrama de Julho de 2009 divulgado pela WikiLeaks.

Portanto, para alguns observadores, os documentos da WikiLeaks "deveriam criar entre o povo americano um sentimento reconfortante de que as autoridades não estão a dormir no ponto" – de facto, os telegramas são tão favoráveis às políticas dos EUA, que é quase como se Obama estivesse a promover fugas dele mesmo (ou assim escreve Jacob Heilbrunn no The National Interest.)

"A América devia dar uma medalha a Assange", diz o título do Financial Times. O principal analista de política externa do jornal, Gideon Rachman, escreve que "a política externa dos Estados Unidos aparece como principista, inteligente e pragmática – a posição pública assumida pelos EUA sobre qualquer questão dada é normalmente coincidente com a posição privada."

Neste ponto de vista, a WikiLeaks contradiz os "teóricos da conspiração" que questionam os motivos nobres habitualmente proclamados por Washington.

O telegrama de Godec sustenta estas opiniões – pelo menos, se não formos mais longe. Se o fizermos, como relata o analista Stephen Zunes no Foreign Policy in Focus, descobrimos que, com as informações de Godec na mão, Washington forneceu 12 milhões de dólares de ajuda militar para a Tunísia. Quando isso aconteceu, a Tunísia era um dos apenas cinco beneficiários estrangeiros: Israel (rotina); o Egipto e a Jordânia, duas ditaduras do Médio Oriente; e a Colômbia, que há muito tem o pior histórico de direitos humanos e recebe a maior parte da ajuda militar norte-americana no hemisfério.

O destaque de Heilbrunn vai para o apoio árabe às políticas dos EUA em relação ao Irão, revelada pelas fugas de informação. Rachman também aproveita este exemplo, como fizeram os média em geral, saudando essas revelações encorajadoras. As reacções mostram quão profundo é o desprezo pela democracia nas elites.

Ninguém diz o que pensa a população – o que se descobre facilmente. De acordo com sondagens divulgadas pelo Brookings Institution, em Agosto, alguns árabes concordam com Washington e com os comentadores ocidentais que o Irão é uma ameaça: 10 por cento. Em contraste, consideram os EUA e Israel como as principais ameaças (77 por cento, 88 por cento).

A opinião árabe é tão hostil às políticas de Washington que a maioria (57 por cento) acha que a segurança regional aumentaria se o Irão tivesse armas nucleares. Ainda assim, "não há nada de errado, tudo está sob controlo" (é como Marwan Muasher descreve a fantasia dominante). Os ditadores apoiam-nos [aos EUA]. Os seus súbditos podem ser ignorados, a menos que quebrem as suas cadeias, nesse caso a política precisa ser ajustada.

Outras fugas também parecem dar apoio às opiniões entusiasmadas com a nobreza de Washington. Em Julho de 2009, Hugo Llorens, embaixador dos EUA em Honduras, informou Washington de uma investigação da embaixada sobre "questões jurídicas e constitucionais em torno do afastamento forçado em 28 de Junho do presidente Manuel 'Mel' Zelaya.”

A embaixada concluiu que "não há dúvida de que os militares, o Supremo Tribunal e o Congresso Nacional conspiraram em 28 de Junho, no que constituiu um golpe ilegal e inconstitucional contra o Poder Executivo." Admirável, excepto pelo facto de o presidente Obama ter actuado em ruptura com quase toda a América Latina e a Europa, apoiando o regime golpista e desvalorizando as atrocidades subsequentes.

Talvez as revelações mais notáveis da WikiLeaks tenham a ver com o Paquistão, revistas pelo analista político Fred Branfman na Truthdig.

Os telegramas revelam que a embaixada dos EUA está bem ciente de que a guerra de Washington no Afeganistão e no Paquistão não só intensifica o desenfreado anti-americanismo, mas também “os riscos de desestabilização do estado paquistanês” e ainda levanta a ameaça do pesadelo supremo: que as armas nucleares possam cair nas mãos de terroristas islâmicos.

Mais uma vez, as revelações "deveriam criar uma reconfortante sensação – de que os funcionários não estão a dormir no ponto" (palavras de Heilbrunn) – enquanto Washington marcha vigorosamente para o desastre.

3/2/2011

Publicado originalmente in In These Times

Retirado de Zspace

Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net

Ato em apoio à revolução no Egito em São Paulo nesta sexta-feira

A Frente em Defesa do Povo Palestino , que reúne mais de 50 instituições, entre centrais sindicais, movimentos sociais e entidades árabes-brasileiras e islâmicas, além de indivíduos solidários à causa, realiza na próxima sexta-feira (4/2) ato em apoio ao movimento popular no Egito contra a ditadura Mubarak e a favor da autodeterminação dos povos. A concentração será em frente ao Shopping 25 de Março a partir das 16h30 para saída em passeata pelas ruas do centro de São Paulo.
Além da manifestação, a Frente em Defesa do Povo Palestino entregará carta no Escritório Regional do Egito, na Capital, apresentando sua posição. O documento deverá ser entregue por uma comitiva formada por representantes de diversas organizações amanhã, dia 3/2.

A onda de protestos que teve início na Tunísia – conhecida como a Revolução do Jasmim, que culminou com a queda do ditador naquele país – se estendeu ao Egito e evidencia o esgotamento dos regimes autoritários ali e em outros destinos da região. Os EUA e Israel buscam como saída para o imbróglio que se formou uma transição denominada pacífica e moderada para uma “democracia” em que os povos do Egito e da Tunísia continuem sofrendo os horrores impostos por uma situação de total submissão aos interesses do império. Como parte dessa estratégia, Mubarak anunciou que não continuará no governo após a realização de eleições em setembro próximo, mas não admite deixar o poder antes disso. Ao que a população, cansada de exércitos nas ruas, prisões, desaparecimentos e outras arbitrariedades, diz não.

Sua exigência é de uma mudança radical imediata. Nesse sentido, as manifestações do povo no Egito cumprem papel crucial na emancipação e autodeterminação dos povos do Oriente Médio. E o sentimento crescente é que a solução para seus problemas imediatos passa necessariamente pelo rompimento com o imperialismo. As iniciativas em São Paulo vêm se somar a esse movimento, pelo fim da tirania, por democracia e liberdade.

Serviço:
Ato público em apoio à revolução no Egito
Quando: sexta-feira, dia 4/2
Onde: concentração em frente ao Shopping 25 de Março, com saída em passeata pelas ruas do centro
Horas: a partir das 16h30

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Protesters in Cairo's Tahrir Square react to Mubarak's speech

"Os membros das forças de segurança vestidos à paisana e um número de bandidos invadiram Tahrir Square,"



Confrontos eclodiram entre manifestantes pró e anti-governo no Cairo, capital egípcia.
"Os membros das forças de segurança vestidos à paisana e um número de bandidos invadiram Tahrir Square," três grupos de oposição, disse em um comunicado.

Manifestantes de ambos os lados atiraram pedras uns aos outros em Tahrir Square, o epicentro das manifestações da oposição em curso contra o presidente Hosni Mubarak, durante os últimos nove dias.

correspondentes da Al Jazeera, os relatórios da cena, disse que mais de 500 pessoas ficaram feridas nos confrontos de quarta-feira que continua a raiva.

Mais cedo, testemunhas disseram que o exército permitiu que milhares de simpatizantes pró-Mubarak, armados com paus e facas,entrar na praça. Os grupos da oposição, denunciam que Mubarak enviou os capangas para reprimir protestos contra o governo.

Um dos nossos correspondentes disse que o Exército parecia estar de pé e facilitar os confrontos. Os últimos relatórios sugerem que o centro da praça ainda está no controle dos manifestantes, apesar dos partidários pró-Mubarak os pró ganham terreno.

"Caos absoluto"

Testemunhas também disseram que os apoiantes pró-Mubarak foram arrastados pelos manifestantes para entregá-los às forças de segurança.

Salma Eltarzi, um manifestante anti-governo, disse à Al Jazeera que havia centenas de pessoas feridas.

"Não há ambulâncias a vista, e todos que estamos usando é Dettol", disse ela. "Estamos todos muito assustados."

Aisha Hussein, uma enfermeira, disse que dezenas de pessoas estavam sendo atendidos em uma clínica improvisada em uma mesquita perto da praça.

Ela descreveu um cenário de "caos absoluto", quando os manifestantes começaram a afluir à clínica.

As pessoas vêm com ferimentos múltiplos. Todos os tipos de contusões. Tivemos um cara que precisou levar pontos em dois lugares no rosto. Alguns ossos quebrados."

Enquanto isso, outro correspondente da Al Jazeera disse que os homens a cavalo e os camelos (de Mubarak)tinham se chocaram contra as multidões, e o exército nada fez.

Pelo menos seis dles foram arrancados de seus animais, espancados com paus pelos manifestantes e retirado com o sangue escorrendo pelo rosto.

Um deles foi arrastado inconsciente, com grandes manchas de sangue no chão no local do confronto.

O correspondente da Al Jazeera acrescentou que um grupo de vários dos manifestantes pró-governo assumiu veículos do exército. Eles também tomaram o controle de um prédio vizinho e usaram o telhado para lançar blocos de concreto, pedras e outros objetos.

Os soldados ao redor da praça se protegiam das pedras que voam, e viram quando pelo menos um caminhão do exército foi quebrados. Alguns soldados estavam em tanques e pediam calma, mas não interviram para impedir o grupo pró-Mubarak.

Muitos dos apoiantes pró-Mubarak levantam slogans como "Trinta anos de estabilidade, Nine Days of Anarchy".

O produtor online da Al Jazeera no Cairo, disse que as pedras choviam dois dois lados. Ele disse que, embora tenha Exército colocado barricadas ao redor da praça, eles deixaram os pró-Mubarak completamente livres para fazerem o que quer que fosse.

"As pessoas em cavalos são os pró-Mubarak, eles são uma grupo ,muito violento. Eles estão tentando obter do outro lado dos tanques do Exército para chegar aos torcedores anti-Mubarak. Mais e mais apoiantes pró-Mubarak estão chegando "

Violência

Dutton acrescentou que um jornalista do canal Al-Arabiya foi esfaqueado durante os confrontos.

Enfrentamentos ocorreram em torno dos tanques do Exército mobilizados ao redor da praça, com as pedras que saltam fora dos veículos blindados. Mas os soldados não intervieram.

A oposição também disseram que muitos entre a multidão pró-Mubarak eram policiais à paisana.

Mohamed ElBaradei, uma figura proeminente da oposição, acusa Mubarak de recorrer a táticas de intimidação. Os grupos da oposição segundo as informações recebidas também apreendeu cartões de identificação da polícia entre os manifestantes pró-Mubarak.

"Estou extremamente preocupado, quero dizer, este é mais um sintoma, ou outra indicação, de um regime criminoso usando atos criminosos", disse ElBaradei.

"Meu medo é que ele vai se transformar em um banho de sangue", acrescentou, chamando o pró-Mubarak partidários de um "bando de bandidos".

Mas, segundo a televisão estatal, o ministro do Interior negou que policiais à paisana haviam se juntado manifestações pró-Mubarak.

ElBaradei também instou o Exército a intervir.

"Peço o exército a intervir para proteger a vida do Egito", disse ele à Al Jazeera, acrescentando que ele disse que deve intervir "hoje" e não ficar neutro.

Hassiba Hadj Sahraoui, vice-diretora da Anistia Internacional Médio Oriente e Norte da África, disse à Al Jazeera que os confrontos parecem ser orquestrados.

"Não é a primeira vez que o governo de Mubarak tem provocado confrontos para acabar com os protestos, mas se ele realmente é orquestrada, esta é uma abordagem cínica e sangrenta", disse ela.

O Exército disse à televisão estatal que os cidadãos devem prender aqueles que roubaram roupas militares, e entregá-los.

Apesar dos confrontos, os manifestantes anti-governamentais que procuram a imediata renúncia de Mubarak disse que não irão desistir até o fim de Mubarak.

Khalil, de 60 anos, segurando uma vara, culpou partidários Mubarak e segurança do serviço secreto para os confrontos.

Mohammed el-Belgaty, um membro da Irmandade Muçulmana, disse à Al Jazeera que a "manifestações pacíficas em Tahrir Square foi transformada em caos".

"Desde a manhã, centenas destes bandidos pagos começaram a demonstrar que finge estar apoiando o presidente. Agora, eles vieram para cobrar dentro Tahrir Square armados com cassetetes, paus e algumas facas.

"Mubarak está pedindo ao povo para escolher entre ele ou o caos".

Antes do confronto de quarta-feira, partidários do presidente encenaram uma série de manifestações ao redor do Cairo, dizendo que Mubarak representou estabilidade em meio à insegurança crescente, e chamando aqueles que querem sua saída de "traidores".

"Sim à Mubarak, para proteger a estabilidade", dizia um cartaz em uma multidão de 500 se reuniram perto da sede da televisão estatal, a cerca de 1km de Tahrir Square.

Outras manifestações pró-Mubarak ocorreram no distrito Mohandeseen, bem como perto de Ramsés Square.
Source: Al Jazeera and agencies
http://english.aljazeera.net/news/middleeast/2011/02/201122124446797789.html

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fotos da Manifestação de solidariedade à rebelião do Egito, em frente ao Consulado do Rio de Janeiro

Ato em solidariedade ao povo do Egito no Rio e Janeiro foi marcado pela participação dos movimentos sindicais e sociais do Estado, sobretudo pela presença da juventude e do movimento estudantil.

Antes mesmo do início da manifestação, a polícia militar já estava de guarda na porta do consulado, que permaneceu trancado durante todo tempo. A Senhora Cônsul se recusou a receber os manifestantes, mas mesmo assim, foi entregue o documento assinado pelas entidades políticas, sindicais e sociais.

As intervenções se destacaram por declarações de apoio e solidariedade à revolta árabe, e pela compreensão de que o caráter da rebelião árabe é fundamentalmente antiimperialista e anti sionista.

A ato teve a presença marcante do 2 ilustre membro do Comitê, o amigo e camarada Lattuf, que dedica sua arte a causa libertária dos povos do Oriente Médio, em especial o bravo povo palestino e do Gaspar, cantor do grupo Hip Hop Luta Armada, que sempre nos encanta com seu hap , também , dedicado a causa dos povos oprimidos e em particular a causa palestina.

O documento assinado pelas entidades e entregue ao Consulado deverá ser traduzido para o árabe e enviado aos principais meios de comunicação popular do Oriente, para que o povo egípcio saiba que o povo brasileiro está ao seu lado nesta guerra contra o imperialismo. Esse documento encontra-se postado na matéria anterior a esta, ou seja , abaixo.

Fotos da Manifestação do Rio de Janeiro


















CARTA AO CONSULADO DO EGITO


Rio de Janeiro, 01 de fevereiro de 2011

Ao Consulado da República Árabe do Egito no Rio de Janeiro
Exma Senhora Cônsul Ministra Plenipotenciária Amany Mohamed Kamal El Etr

Muitos de nós brasileiros, signatários desta carta, estivemos nas trincheiras da luta contra a Ditadura Militar no Brasil, derrotada pela força do povo nas ruas. Por isso, somos capazes de entender com profundidade o sofrimento do povo egípcio que, há trinta anos, vem sendo submetido a um regime cruel que, na defesa de seus interesses mesquinhos e para atender às exigências da geopolítica dos Estados Unidos, seu patrocinador, não tem hesitado em prender e torturar seus opositores, desafiando, impunemente, as leis internacionais que tratam dos Direitos Humanos. E se assim o faz é porque tem a proteção, o apoio e a cumplicidade dos Estados Unidos que, em troca de uma substancial ajuda militar e da manutenção dos privilégios dos governantes corruptos e de uma elite insensível, impõe um regime ditatorial e violento que faz da miséria, da fome, do desemprego e do analfabetismo de grande parte da população, seus principais trunfos para manter-se no poder e assim perpetuar a dominação imperialista e sionista no Oriente Médio.

As manifestações de protesto dos egípcios e suas reivindicações têm a simpatia e a solidariedade de todas as pessoas de consciência no mundo. Eles têm todo o direito de se revoltarem e de exigir a saída do ditador, o fim de seu regime autoritário e o rompimento definitivo com os EUA e Israel, sem o qual nada muda, porque suportaram durante trinta anos o contínuo rebaixamento de seu nível de vida, sendo privados de seus direitos mais elementares, tudo em nome das poderosas potências estrangeiras que usurpam o petróleo do Oriente Médio e exercem seu poder político e militar sobre os povos árabes.

O povo egípcio, agora, está disposto a ir até o fim para encerrar de vez a era de arbítrio, e construir em seu lugar, um governo democrático que seja capaz de devolver a eles todos os seus direitos usurpados, que respeite sua autodeterminação e o seu direito de organizar seus partidos e sindicatos, construindo para este país uma nova era em que a liberdade seja a base e que a bandeira da solidariedade seja levantada toda vez que um povo estiver sendo oprimido.

Manifestamos o nosso mais profundo pesar às famílias daqueles que tombaram durante essa jornada de lutas e repudiamos essa atitude violenta do governo Mubarak que pretende, pela força das armas, silenciar os protestos, demonstrando que não tem o menor respeito pelo seu povo e reafirmamos o desejo do povo egípcio em romper com a interferência estrangeira em sua soberania.

Daqui do Brasil, nossas vozes ecoarão através de todos os meios possíveis para fortalecer o grito de liberdade do povo egípcio e esperamos que V. Ex.ª, como representante deste país no Brasil, faça chegar até o governo Mubarak a nossa mensagem.
Assinam:
CSP – CONLUTAS
INTERSINDICAL
CUT – CENTRAL ÚNICA DOS TRABALHADORES
PCB
PSTU
O MORENA – CÍRCULOS BOLIVARIANOS
JUBILEU SUL
ANEL
UJC – UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA
NÚCLEO FREI TITO DE DIREITOS HUMANOS, COMUNICAÇÃO E CULTURA DO PSOL
MST – MOVIMENTO DOS TRABALHADORES  SEM TERRA
COMITÊ DE SOLIDARIEDADE À LUTA DO POVO PALESTINO RJ