segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Uma "guerra humanitária à Síria? Escalada militar. Rumo a uma guerra mais vasta no Médio Oriente-Ásia Central?




por Michel Chossudovsky

"Quando retornei ao Pentágono em Novembro de 2001, um dos oficiais militares superiores teve tempo para uma conversa. Sim, ainda estamos em vias de ir contra o Iraque, disse ele. Mas havia mais. Isto estava a ser discutido como parte de um plano de campanha de cinco anos, disse ele, e havia um total de sete países, a principiar pelo Iraque e então a Síria, Líbano, Líbia, Irão, Somália e Sudão". General Wesley Clark

Uma prolongada guerra no Médio Oriente e Ásia Central tem estado nos planos do Pentágono desde meados da década de 1980.

Como parte deste cenário de guerra prolongada, a aliança EUA-NATO planeia travar uma campanha militar contra a Síria sob um "mandato humanitário" patrocinado pela ONU.

A escalada é uma parte integral da agenda militar. A desestabilização de estados soberanos através da "mudança de regime" está estreitamente coordenada com o planeamento militar.

Há um roteiro militar caracterizado por uma sequência de teatros de guerra EUA-NATO.

Os preparativos de guerra para atacar a Síria e o Irão têm estado num "estado avançado de prontidão" durante vários anos. O "Syria Accountability and Lebanese Sovereignty Restoration Act" , de 2003, classifica a Síria como um "estado vilão", como um país que apoia o terrorismo.

Uma guerra à Síria é encarada pelo Pentágono como parte da guerra mais vasta dirigida contra o Irão. O presidente George W. Bush confirmou nas suas Memórias que havia "ordenado ao Pentágono planear um ataque a instalações nucleares do Irão e [havia] considerado um ataque encoberto à Síria" ( George Bush's memoirs reveal how he considered attacks on Iran and Syria , The Guardian, November 8, 2010)

Esta agenda militar mais vasta está intimamente relacionada com reservas estratégicas de petróleo e rotas de pipelines. Ela é apoiada pelos gigantes petrolíferos anglo-americanos.

O bombardeamento do Líbano em Julho de 2006 fez parte de um "roteiro militar" cuidadosamente planeado. A extensão da "Guerra de Julho" ao Líbano também à Síria foi contemplada pelos planeados militares estado-unidenses e israelenses. Ela foi abandonada após a derrota das forças terrestres israelenses pelo Hezbollah.

A guerra de Julho de 2006 de Israel contra o Líbano também pretendia estabelecer controle israelense sobre a linha costeira a Nordeste do Mediterrâneo incluindo reservas offshore de petróleo e gás em águas territoriais libanesas e palestinas.

Os planos para invadir tanto o Líbano como a Síria têm permanecido nas mesas de planeamento do Pentágono apesar da derrota de Israel na guerra de Julho de 2006. "Em Novembro de 2008, cerca de um mês antes de Tel Aviv ter começado o seu massacre na Faixa de Gaza, os militares israelenses efectuaram exercícios para uma guerra em duas frentes contra o Líbano e a Síria chamada Shiluv Zro'ot III (Crossing Arms III). O exercício militar incluiu uma maciça invasão simulada tanto da Síria como do Líbano" (Ver Mahdi Darius Nazemoraya, Israel's Next War: Today the Gaza Strip, Tomorrow Lebanon? , Global Research, January 17, 2009)

A estrada para Teerão passa por Damasco. Uma guerra promovida pelos EUA-NATO contra o Irão envolveria, como primeiro passo, uma campanha de desestabilização ("mudança de regime") incluindo operações de inteligência encoberta em apoio de forças rebeldes dirigida contra o governo sírio.

Uma "guerra humanitária" sob o lema de "Responsabilidade para proteger" ("Responsibility to Protect", R2P) dirigida contra a Síria também contribuiria para a desestabilização em curso do Líbano.

Se se desenvolvesse uma campanha militar contra a Síria, Israel seria directa ou indirectamente envolvido nas operações militares e de inteligência.

Uma guerra à Síria levaria à escalada militar.

Há actualmente quatro diferentes teatros de guerra: Afeganistão-Paquistão, Iraque, Palestina e Líbia.

Um ataque à Síria levaria à integração destes teatros de guerra separados, conduzindo eventualmente a uma guerra mais vasta no Médio Oriente e Ásia Central, abarcando toda a região desde o Norte de África e o Mediterrâneo até o Afeganistão e o Paquistão.

O movimento de protesto agora em curso destina-se a servir de pretexto e justificação para uma intervenção militar contra a Síria. A existência de uma insurreição armada é negada. Os media ocidentais em coro descreveram os acontecimentos recentes na Síria como um "movimento de protesto pacífico" dirigido contra o governo de Bashar Al Assad, quando a evidência confirma a existência de uma insurgência armada integrada por grupos paramilitares islâmicos.

Desde o início do movimento de protesto em Daraa, em meados de Março, tem havido troca de tiros entre a polícia e as forças armadas por um lado e pistoleiros armados por outro. Actos incendiários contra edifícios governamentais também foram cometidos. No fim de Julho, em Hama, foi ateado fogo a edifícios públicos como o Tribunal e o Banco Agrícola. Notícias de fontes israelenses, se bem que descartando a existência de um conflito armado, reconhecem no entanto que "manifestantes [estavam] armados com metralhadoras pesadas s" ( DEBKAfile , August 1, 2001. Relatório sobre Hama, ênfase acrescentada)

"Todas as opções sobre a mesa"

Em Junho, o senador estado-unidense Lindsey Graham (que actuou no Comité de Serviços Armados do Senado) sugeriu a possibilidade de uma intervenção militar "humanitária" contra a Síria tendo em vista "salvar as vidas de civis". Graham sugeriu que a "opção" aplicada à Líbia sob a resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU deveria ser considerada no caso da Síria.

"Se fez sentido proteger o povo líbio contra Kadafi, e fez porque estava em vias de ser massacrado não houvéssemos enviado a NATO quando ele estava nos arredores de Bengazi, a questão para o mundo [é], chegamos a esse ponto na Síria, ...

Podemos ainda não estar aí, mas estamos a ficar muito próximos, de modo que se você realmente se importa acerca da protecção do povo sírio em relação à carnificina, agora é o momento de deixar Assad saber que todas as opções estão sobre a mesa" (CBS "Face The Nation", June 12, 2011)

A seguir à adopção da Declaração do Conselho de Segurança da ONU referente à Síria (03/Agosto/2011), a Casa Branca apelou, em termos nada incertos, à "mudança de regime" na Síria e ao derrube do presidente Bashar Al Assad:

"Não queremos vê-lo permanecer na Síria a bem da estabilidade e, ao invés, nós o vemos como a causa da instabilidade na Síria", disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney aos repórteres na quarta-feira.

"E pensamos, francamente, ser seguro dizer que a Síria seria um lugar melhor sem o presidente Assad", (citado em Syria: US Call Closer to Calling for Regime Change, IPS, August 4, 2011)

Sanções económicas amplas muitas vezes constituem um sinal precursor da intervenção militar total. Uma lei patrocinada pelo senador Lieberman foi apresentada no Senado tendo em vista autorizar sanções económicas gerais contra a Síria. Além disso, numa carta ao presidente Obama no princípio de Agosto, um grupo de mais de sessenta senadores dos EUA apelava à "implementação de sanções adicionais... tornando claro para o regime sírio que ele pagará um custo cada vez maior pela sua repressão ultrajante".

Estas sanções exigiriam bloquear transacções bancárias e financeiras bem como "acabar com compras de petróleo sírio e cortar investimentos no sector do petróleo e do gás da Síria". (Ver Pressure on Obama to get tougher on Syria coming from all sides , Foreign Policy, August 3, 2011).

Enquanto isso, o Departamento de Estado dos EUA também se encontra com membros da oposição síria no exílio. Também foi canalizado apoio encoberto aos grupos armados rebeldes.

Encruzilhadas perigosas: Guerra à Síria. Cabeça de ponte para um ataque ao Irãn



A seguir à declaração de 3 de Agosto do presidente do Conselho de Segurança da ONU dirigida contra a Síria, o enviado de Moscovo junto à NATO, Dmitry Rogozin, advertiu dos perigos de escalada militar:

"A NATO está a planear uma campanha militar contra a Síria para ajudar o derrube do regime do presidente Bashar al-Assad com o objectivo de longo alcance de preparar uma cabeça de ponte para um ataque ao Irão...

"[Esta declaração] significa que o planeamento [da campanha militar} está a caminho. Ela poderia ser uma conclusão lógica daquelas operações militares e de propaganda, as quais têm sido executadas por certos países ocidentais contra a África do Norte", disse Rogozin numa entrevista ao jornal Izvestia ... O diplomata russo destacou o facto de que a aliança tem como objectivo interferir apenas com os regime "cujas visões não coincidem com aquelas do Ocidente".

Rogozin concordou com a opinião expressa por alguns peritos de que a Síria e depois o Iémen poderiam ser os últimos passos da NATO no caminho para o lançamento de um ataque ao Irão.

"O nó corrediço em torno do Irão está a endurecer. O planeamento militar contra o Irão está em andamento. E nós certamente estamos preocupados acerca de uma escalada numa guerra em grande escala nesta enorme região", disse Rogozin.

Tendo aprendido a líção líbia, a Rússia "continuará a opor-se a uma resolução violenta da situação na Síria", disse ele, acrescentando que as consequências de um conflito de grande escala na África do Norte seriam devastadoras para todo o mundo. Beachhead for an Attack on Iran": NATO is planning a Military Campaign against Syria , Novosti, August 5, 2011)

Planos militares para um ataque à Síria

A advertência de Dimitry Rogozin foi baseada sobre informação concreta conhecid e documentada em círculos militares, de que a NATO está actualmente a planear uma campanha militar contra a Síria. Em relação a isto, um cenário de ataque à Síria actualmente está em estudo, envolvendo peritos militares franceses, britânicos e israelenses. De acordo com antigo comandante da Força Aérea Francesa (chef d'Etat-Major de l'Armée de l'air) General Jean Rannou, "um ataque da NATO para incapacitar o exército sírio é tecnicamente factível".

"Países membros da NATO começariam com a utilização de tecnologia de satélite para identificar defesas aéreas sírias. Poucos dias depois, aviões de guerra, em número maior do que na Líbia, decolariam da base do Reino Unido em Chipre e gastariam umas 48 horas destruindo mísseis terra-ar (SAMs) e jactos sírios. A aviação da Aliança começaria então um bombardeamento ilimitado de tanques sírios e tropas terrestres.

O cenário é baseado em analistas militares franceses, na publicação especializada britânica Jane's Defence Weekly e na estação de TV Canal 10, de Israel.

Considera-se que a Força Aérea Síria represente uma ameaça pequena. Ela tem cerca de 60 MIG-20 de fabricação russa. Mas o resto – uns 160 MIG-21s, 80 MIG-23s, 60 MIG-23BNs, 50 Su-22 e 20 Su-24MKs – está ultrapassado.

... "Não vejo quaisquer problemas puramente militares. A Síria não tem defesa contra sistemas ocidentais ... [Mas] seria mais arriscado do que a Líbia. Seria uma operação militar pesada", disse Jean Rannou, ex-chee da Força Aérea Francesa, ao EUobserver. Acrescentou que a acção é altamente improvável porque a Rússia vetaria um mandato da ONU, os activos da NATO estão tensionados no Afeganistão e na Líbia e os países da NATO estão em crise financeira. (Andrew Rettman, Blueprint For NATO Attack On Syria Revealed , Global Research, August 11, 2011)

Um roteiro militar mais vasto


Se bem que a Líbia, a Síria e o Irão façam parte do roteiro militar, esta deslocação estratégica se executada ameaçaria também a China e a Rússia. Ambos os países têm investimento, comércio e acordos de cooperação militar com a Síria e o Irão. O Irão tem o estatuto de observador na Organização de Cooperação de Shangai (Shanghai Cooperation Organization, SCO).

A escalada é parte da agenda militar. Desde 2005, os EUA e seus aliados, incluindo os parceiros da América na NATO e Israel, foram envolvidos na instalação extensa e na acumulação de sistema de armas avançadas. Os sistemas de defesa aérea dos EUA, países membros da NATO e Israel estão plenamente integrados.

O papel de Israel e da Turquia

Tanto Ancara como Tel Aviv estão envolvidos no apoio à insurgência armada. Estes esforços são coordenados entre os dois governos e suas agências de inteligência.

O Mossad de Israel, segundo relatos, tem proporcionado apoio encoberto a grupos terroristas radicais Salafi, os quais se tornaram activos no Sul da Síria no início do movimento de protesto em Daraa em meados de Março. Relatos sugerem que o financiamento para a insurgência Salafi está a vir da Arábia Saudita. (Ver Syrian army closes in on Damascus suburbs , The Irish Times, May 10, 2011)

O governo turco do primeiro-ministro Recep Tayyib Erdogan está a apoiar grupos de oposição sírios no exílio e ao mesmo tempo também a apoiar os rebeldes armados da Fraternidade Muçulmana no Norte da Síria.

Tanto a Fraternidade Muçulmana síria (cuja liderança está exilada no Reino Unido) como o proibido Hizb ut-Tahrir (o Partido da Libertação) estão por trás da insurreição. Ambas as organizações são apoiadas pelo MI6 britânico. O objectivo confessado tanto da Fraternidade como do Hisb-ut Tahir é essencialmente desestabilizar o Estado secular da Síria. (Ver Michel Chossudovsky, SYRIA: Who is Behind the Protest Movement? Fabricating a Pretext for a US-NATO "Humanitarian Intervention" , Global Research, May 3, 2011).


Em Junho, tropas turcas transpuseram a fronteira e entraram no Norte da Síria, oficialmente para resgatarem refugiados sírios. O governo de Bashar Al Assad acusou a Turquia de apoiar directamente a incursão de forças rebeldes no Norte da Síria.

"Uma força rebelde de mais de 500 combatentes atacou uma posição do Exército sírio dia 4 de Junho no Norte da Síria. Eles disseram que o objectivo, uma guarnição da Inteligência militar, foi capturada num assalto de 36 horas no qual foram mortos 72 soldados em Jisr Al Shoughour, próximo à fronteira com a Turquia.

"Descobrimos que os criminosos [combatentes rebeldes] estavam a utilizar armas da Turquia e isto é muito preocupante", disse um oficial.

Isto assinalou a primeira vez que o regime Assad acusou a Turquia de ajudar a revolta. ... Oficiais disseram que os rebeldes pressionaram o Exército sírio desde Jisr Al Shoughour e então tomaram a cidade. Disseram que edifícios governamentais foram saqueados e queimados antes da chegada de outra força de Assad. ...

Um oficial sírio que conduziu a operação disse que os rebeldes em Jisr Al Shoughour consistiam de combatentes alinhados com a Al Qaida. Afirmou que os rebeldes empregaram um conjunto de armas e munições turcas mas não acusou o governo de Ancara de fornecer o equipamento". ( Syria's Assad accuses Turkey of arming rebels , TR Defence, Jun 25 2011)

O acordo de cooperação militar Turquia-Israel


A Turquia e Israel têm um acordo de cooperação militar o qual está ligado de um modo muito directo com a Síria bem como com a estratégica linha costeira sírio-libanesa do Mediterrâneo oriental (que inclui as reservas de gás no offshore da costa do Líbano e rotas de pipelines).

Já durante a administração Clinton, iniciou-se uma aliança militar triangular entre os EUA, Israel e Turquia. Esta "tripla aliança", a qual é dominada pela US Joint Chiefs of Staff, integra e coordena decisões de comando militar entre os três países relativas ao conjunto do Médio Oriente. É baseada nos estreitos laços militares respectivamente de Israel e Turquia com os EUA, a par de um forte relacionamento bilateral entre Tel Aviv e Ancara.

A tripla aliança também é complementada pelo acordo de cooperação militar NATO-Israel de 2005, o qual inclui "muitas áreas de interesse comum, tal como o combate contra o terrorismo e exercícios militares conjuntos. Estes laços de cooperação militar com a NATO são encarados pelos militares israelenses como meios para "potenciar a capacidade de dissuasão de Israel em relação a potenciais ameaças inimigas, principalmente do Irão e da Síria". (Ver Michel Chossudovsky, "Triple Alliance": The US, Turkey, Israel and the War on Lebanon, August 6, 2006)

Enquanto isso, o recente remanejamento de altas patentes da Turquia reforçou a facção pró islâmica no interior das forças armadas. No fim de Julho, o Comandante em Chefe do Exército e chefe da Joint Chiefs of Staff da Turquia, general Isik Kosaner, resignou juntamente com os comandantes da Marinha e Força Aérea.

O general Kosaner representava uma posição amplamente laica dentro das Forças Armadas. Para substituí-lo o general Necdet Ozel foi nomeado como comandante do Exército.

Estes desenvolvimentos são de importância crucial. Eles tendem a apoiar interesses dos EUA. Eles também apontam para uma mudança potencial dentro das forças armadas em favor da Fraternidade Muçulmana incluindo a insurreição armada no Norte da Síria.

"Novas nomeações fortaleceram Erdogam e o partido dominante na Turquia... O poder militar é capaz de executar projectos mais ambiciosos na região. Prevê-se que em caso de utilização do cenário líbio na Síria seja possível que a Turquia peça intervenção militar". ( New appointments have strengthened Erdogan and the ruling party in Turkey: Public Radio of Armenia , August 06, 2011, ênfase acrescentada)

A extensa Aliança Militar da NATO

O Egipto, os estados do Golfo e a Arábia Saudita (dentro da aliança militar estendida) são parceiros da NATO, cujas forças podiam ser deslocadas numa campanha dirigida contra a Síria.

Israel é um membro da NATO de facto após o acordo assinado em 2005.

O processo de planeamento militar dentro da aliança extensa da NATO envolve coordenação entre o Pentágono, a NATO, as Forças Armadas de Israel (IDF), bem como o envolvimento militar activo de estados árabes, incluindo Arábia Saudita, os estados do Golfo e o Egipto: ao todo, dez países árabes mais Israel são membros do The Mediterranean Dialogue e da Istanbul Cooperation Initiative.

Estamos em encruzilhadas perigosas. As implicações geopolíticas são de extremo alcance.

A Síria tem fronteiras com a Jordânia, Israel, Líbano, Turquia e Iraque. Ela estende-se através do vale do Eufrates, está nos cruzamentos dos principais cursos de água e rotas de pipelines.

A Síria é uma aliada do Irão. A Rússia tem uma base naval no Noroeste da síria (ver mapa).

O estabelecimento de uma base em Tartus e o avanço rápido da cooperação em tecnologia militar com Damasco torna a Síria cabeça de ponte instrumental da Rússia e um baluarte no Médio Oriente.

Damasco é um aliado importante do Irão e inimigo irreconciliável de Israel. Não é preciso dizer que o surgimento da base militar russa na região certamente introduzirá correcções na correlação de forças existente.

A Rússia está a tomar o regime sírio sob a sua protecção. Isso quase certamente azedará as relações de Moscovo com Israel. Pode mesmo encorajar o vizinho regime iraniano e torná-lo menos manejável nas conversações do programa nuclear. (Ivan Safronov, Russia to defend its principal Middle East ally: Moscow takes Syria under its protection , Global Research July 28, 2006)

Cenário III Guerra Mundial

Durante os últimos cinco anos, a região Médio Oriente-Ásia Central tem estado em pé de guerra.

A Síria tem capacidades de defesa aérea significativas, assim como de forças terrestres.

A Síria tem estado a reforçar seu sistema de defesa aéreo com a entrega de mísseis russos Pantsir S1. Em 2010, a Rússia entregou à Síria o sistema míssil Yakhont. Os Yakhont, a operarem na base naval Tartus, da Rússia, "são concebidos para combaterem navios do inimigo à distância de até 300 km". ( Bastion missile systems to protect Russian naval base in Syria , Ria Novosti, September 21, 2010).

A estrutura das alianças militares dos lados EUA-NATO e Síria-Irão-SCO, respectivamente, sem mencionar o envolvimento militar de Israel, o complexo relacionamento entre a Síria e o Líbano, as pressões exercidas pela Turquia na fronteira Norte da Síria, apontam iniludivelmente para um perigoso processo de escalada.

Qualquer forma de intervenção militar patrocinada pelos EUA-NATO contra a Síria desestabilizaria toda a região, conduzindo potencialmente à escalada numa vasta área geográfica, estendendo-se desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira Afeganistão-Paquistão com o Tajiquistão e a China.

No futuro próximo, com a guerra na Líbia, a aliança militar EUA-NATO está excessivamente tensa em termos de capacidades. Apesar de não prevermos a implementação de uma operação militar EUA-NATO no curto prazo, o processo de desestabilização política através do apoio encoberto a uma insurgência rebelde provavelmente continuará.
09/Agosto/2011
Muitas das questões levantadas no artigo acima são analisadas em pormenor no mais recente livro de Michel Chossudovsky:
Towards a World War Three Scenario, The Dangers of Nuclear War
E-Book Series No. 1.0, Global Research Publishers, Montreal, 2011, ISBN 978-0-9737147-3-9, 76 pages (8.5x11)
The CRG grants permission to cross-post original Global Research articles on community internet sites as long as the text & title are not modified. The source and the author's copyright must be displayed. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: publications@globalresearch.ca

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=25955

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Sete pontos acerca da Líbia



por Domenico Losurdo
Doravante mesmo os cegos podem ver e compreender o que está a acontecer na Líbia:

1. O que se passa é uma guerra promovida e desencadeada pela NATO. Esta verdade acaba por se revelar até mesmo nos órgãos de "informação" burgueses. No La Stampa de 25 de Agosto, Lucia Annunziata escreve: é uma guerra "inteiramente externa, ou seja, feita pelas forças da NATO"; foi "o sistema ocidental que promoveu a guerra contra Kadafi". Uma peça do International Herald Tribune de 24 de Agosto mostra-nos "rebeldes" que se regozijam, mas eles estão comodamente instalados num avião que traz o emblema da NATO.

2. Trata-se de uma guerra preparada desde há muito tempo. O Sunday Mirror de 20 de Março revelou que "três semanas" antes da resolução da ONU já estavam em acção na Líbia "centenas" de soldados britânicos, enquadrados num dos corpos militares mais refinados e mais temidos do mundo (SAS). Revelações ou admissões análogas podem ser lidas no International Herald Tribune de 31 de Março, a propósito da presença de "pequenos grupos da CIA" e de uma "ampla força ocidental a actuar na sombra", sempre "antes do desencadeamento das hostilidades a 19 de Março".

3. Esta guerra nada tem a ver com a protecção dos direitos humanos. No artigo já citado, Lucia Annunziata observa com angústia: "A NATO que alcançou a vitória não é a mesma entidade que lançou a guerra". Nesse intervalo de tempo, o Ocidente enfraqueceu-se gravemente com a crise económica; conseguirá ele manter o controle de um continente que, cada vez mais frequentemente, percebe o apelo das "nações não ocidentais" e em particular da China? Igualmente, este mesmo diário que apresenta o artigo de Annunziata, La Stampa, em 26 de Agosto publica uma manchete a toda a largura da página: "Nova Líbia, desafio Itália-França". Para aqueles que ainda não tivessem compreendido de que tipo de desafio se trata, o editorial de Paolo Paroni (Duelo finalmente de negócios) esclarece: depois do início da operação bélica, caracterizada pelo frenético activismo de Sarkozy, "compreendeu-se subitamente que a guerra contra o coronel ia transformar-se num conflito de outro tipo: guerra económica, com um novo adversário: a Itália obviamente".

4. Desejada por motivos abjectos, a guerra é conduzida de modo criminoso. Limito-me apenas a alguns pormenores tomados de um diário acima de qualquer suspeita. O International Herald Tribune de 26 de Agosto, num artigo de K. Fahim e R. Gladstone, relata: "Num acampamento no centro de Tripoli foram encontrados os corpos crivados de balas de mais de 30 combatente pró Kadafi. Pelo menos dois deles estavam atados com algemas de plástico e isto permite pensar que sofreram uma execução. Dentre estes mortos, cinco foram encontrados num hospital de campo; um estava numa ambulância, estendido numa maca e amarrado por um cinturão e tendo ainda uma transfusão intravenosa no braço".

5. Bárbara como todas as guerras coloniais, a guerra actual contra a Líbia demonstra como o imperialismo se torna cada vez mais bárbaro. No passado, foram inumeráveis as tentativas da CIA de assassinar Fidel Castro, mas estas tentativas eram efectuadas em segredo, com um sentimento de que se não é por vergonha é pelo menos de temer possíveis reacções da opinião pública internacional. Hoje, em contrapartida, assassinar Kadafi ou outros chefes de Estado não apreciados no Ocidente é um direito abertamente proclamado. O Corriere della Sera de 26 de Agosto de 2011 titula triunfalmente: "Caça a Kadafi e seus filhos, casa por casa". Enquanto escrevo, os Tornado britânicos, aproveitando também a colaboração e informações fornecidas pela França, são utilizados para bombardear Syrte e exterminar toda a família de Kadafi.

6. Não menos bárbara que a guerra foi a campanha de desinformação. Sem o menor sentimento de pudor, a NATO martelou sistematicamente a mentira segundo a qual suas operações guerreiras não visavam senão a protecção dos civis! E a imprensa, a "livre" imprensa ocidental? Ela, em certo momento, publicou com ostentação a "notícia" segundo a qual Kadafi enchia seus soldados de viagra de modo a que eles pudessem mais facilmente cometer violações em massa. Como esta "notícia" caiu rapidamente no ridículo, surge então uma outra "nova" segundo a qual os soldados líbios atiram sobre as crianças. Nenhuma prova é fornecida, não se encontra nenhuma referência a datas e lugares determinados, nenhuma remessa a tal ou tal fonte: o importante é criminalizar o inimigo a liquidar.

7. Mussolini no seu tempo apresentava a agressão fascista contra a Etiópia como uma campanha para libertar este país da chaga da escravidão; hoje a NATO apresenta a sua agressão contra a Líbia como uma campanha para a difusão da democracia. No seu tempo Mussolini não cessava de trovejar contra o imperador etíope Hailé Sélassié chamando-o "Negus dos negreiros"; hoje a NATO exprime seu desprezo por Kadafi chamando-o "ditador". Assim como a natureza belicista do imperialismo não muda, também as suas técnicas de manipulação revelam elementos significativos de continuidade. Para clarificar quem hoje realmente exerce a ditadura a nível planetário, ao invés de citar Marx ou Lénine quero citar Emmanuel Kant. Num texto de 1798 (O conflito das faculdades), ele escreve: "O que é um monarca absoluto? Aquele que, quando comanda: 'a guerra deve fazer-se', a guerra seguia-se efectivamente". Argumentando deste modo, Kant tomava como alvo em particular a Inglaterra do seu tempo, sem se deixar enganar pela forma "liberal" daquele país. É uma lição de que devemos tirar proveito: os "monarcas absolutos" da nossa época, os tiranos e ditadores planetários da nossa época têm assento em Washington, em Bruxelas e nas mais importantes capitais ocidentais.

27/Agosto/2011

O original encontra-se em http://domenicolosurdo.blogspot.com/ ; a versão em francês em
http://www.legrandsoir.info/sept-points-sur-la-libye.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Nota Política do PCB

LÍBIA: Contra a guerra imperialista!


O Partido Comunista Brasileiro (PCB) manifesta sua indignação militante e condena com veemência a ocupação da Líbia pelas tropas da OTAN, travestida de proteção à população do País e apoio humanitário. Trata-se de uma das mais vergonhosas intervenções do imperialismo numa nação soberana, o que demonstra que, diante da crise sistêmica global, a bestialidade e a ganância imperiais não têm mais limites. O PCB também manifesta a sua solidariedade aos combatentes e milicianos líbios que estão enfrentando heroicamente a maior máquina militar do planeta.

Para o PCB, não se trata de defender o governo de Kadafi, mas de combater o imperialismo. O regime inspirado no “Livro Verde” não é socialista nem democrático. A Líbia foi escolhida como o atual alvo da cobiça imperial, em razão de suas imensas riquezas naturais, de seu histórico de luta pela soberania, de sua localização estratégica e de uma relativa independência em relação ao imperialismo, que não mais se contenta em ser apenas sócio dessas riquezas.

A ocupação militar da Líbia é uma grave advertência não só para os povos árabes, especialmente a Síria e o Irã, mas para todos os povos do mundo. O imperialismo, ferido nas suas entranhas, está cada vez mais agressivo e não hesita em promover uma escalada de guerras em todas as regiões do globo, para ativar seu complexo industrial militar e se safar de sua crise global.

A invasão da Líbia foi uma decisão dos países imperialistas, especialmente Estados Unidos, França e Inglaterra, visando a controlar o petróleo e o gás líbio, além dos recursos do tesouro nacional, que Kadafi ingenuamente depositou nos bancos ocidentais, imaginando que isso lhe pouparia da fúria imperialista. Nesta guerra, esses países se comportaram como verdadeiros piratas modernos, congelando os recursos financeiros líbios investidos no exterior e saqueando as reservas em ouro depositadas no Banco Central líbio.

A brutal intervenção pode ser considerada uma das mais bárbaras da história moderna, pois nestes meses de guerra a OTAN realizou mais de 20 mil bombardeios aéreos, dos quais 8 mil com bombas inteligentes guiadas a laser e outras de efeito moral, para criar um clima de pânico junto à população. Além disso, centenas de helicópteros Apache varrem diariamente os céus da Líbia atirando contra tudo que se move. A parafernália da guerra se completa com os ataques maciços dos drones, aviões de guerra não tripulados, que despejam também toneladas de bombas no País.

Esses ataques destruíram completamente a infraestrutra líbia e não pouparam residências, universidades, hospitais, estradas, quartéis, estações retransmissoras de rádio e TV, matando milhares de pessoas e criando assim um cenário de terra arrasada, a partir do qual a OTAN enviou as tropas especiais do Comando Alfa e dezenas de comandos especiais da Arábia Saudita e Qatar para tomar os pontos estratégicos do País. Depois do serviço realizado, então chamam “os rebeldes” para fazer figuração para a TV, como se tivessem sido eles os que tomaram cidades e objetivos estratégicos.

Na verdade, esses “rebeldes” não teriam a menor condição de circular em território líbio se não estivessem na retaguarda das tropas da OTAN. Trata-se de um bando de lumpens, aos quais se aliaram monarquistas, antigos exilados, mercenários estrangeiros e alguns dissidentes do regime. Não têm a mínima unidade. O que move esses bandoleiros é a repartição do butim de guerra. Foram treinados improvisadamente pela CIA e serviços secretos da França e Inglaterra mas não possuem habilidades militares, tanto que entram em pânico a qualquer disparo da resistência no interior do País.

Não é a primeira vez que o imperialismo procura vencer guerras com pretextos hipócritas, criando ficticiamente “exércitos rebeldes”, para atingir seus objetivos políticos e econômicos. Foi assim na Iugoslávia, que resultou em seu desmembramento em várias repúblicas; depois foi no Kosovo, onde chegaram a criar uma “guerrilha” cuja cúpula era constituída de chefões traficantes de drogas, como ficou demonstrado mais tarde. O imperialismo perdeu completamente os escrúpulos nessa fase de decadência.

Diante de todas estas evidências, causa repugnância e vergonha que certas forças políticas no Brasil, fantasiadas de esquerda, estejam apoiando esta guerra imperialista, apresentando os mesmos argumentos que o aparato manipulatório da mídia internacional tenta vender diariamente ao mundo. Chegam ao ponto de caracterizar os acontecimentos na Líbia como a “vitória de uma revolução popular”.

Isso significa que esses setores não apenas se comportam historicamente como a mão esquerda da direita e do imperialismo, como também cometem uma infâmia contra todo o povo líbio e as forças que no mundo inteiro dão combate ao imperialismo. Objetivamente, fazem o jogo do imperialismo, do qual são agentes de fato.

A invasão da Líbia pela OTAN deve servir de lição para todos os governantes e povos do mundo: neste momento de crise imperial, não adianta querer conciliar com o imperialismo. Ele aproveita a conciliação e exige mais concessões. A hora é de arregaçar as mangas e construir um amplo movimento mundial antiimperialista e anticapitalista, com capacidade de colocar as massas em movimento para derrotar os inimigos da humanidade.

Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional

26 de agosto de 2011

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Carnificina da NATO em Trípoli


por Thierry Meyssan
Sábado, 20 de Agosto, às 20 horas, ou seja, aquando do Iftar, o rompimento do jejum do Ramadan, a Aliança Atlântica lançou a "Operação Sirene".

As Sirenes são os alto-falantes das mesquitas que foram utilizados para lançar um apelo da Al Qaeda à revolta. Imediatamente células adormecidas de rebeldes entraram em acção. Tratava-se de pequenos grupos muito móveis, que multiplicaram os ataques. Os combates da noite fizeram 350 mortos e 3000 feridos.

A situação estabilizou-se na jornada de domingo.

Um barco da NATO atracou ao lado de Trípoli, entregando armas pesadas e desembarcando jihadistas da Al Qaeda, enquadrados por oficiais da Aliança.

Os combates reiniciaram-se à noite. Eles atingiram uma rara violência. Os drones e os aviões da NATO bombardeiam todos os azimutes. Os helicópteros metralham as pessoas nas ruas para abrir o caminho aos jihadistas.

À noite, um comboio de viaturas oficiais transportando personalidades de primeiro plano foi atacado. Ele refugiou-se no Hotel Rixos ou se hospeda a imprensa estrangeira. A NATO não ousou bombardeá-lo para não matar seus jornalistas. O hotel, no qual me encontro, está acossado sob tiro contínuo.

Às 23h30 o Ministério da Saúde não podia senão constatar que os hospitais estão saturados. Contavam-se neste princípio de noite 1300 mortos suplementares e 5000 feridos.

A NATO havia recebido do Conselho de Segurança a missão de proteger os civis. Na realidade, a França e o Reino Unido vêm reatar os massacres coloniais.

01h00 Khamis Kadafi vem pessoalmente trazer armas para defender o hotel. Ele partiu. Os combates em torno são muito duros.

22/Agosto/2011/00h35/Tripoli
O original encontra-se em http://www.voltairenet.org/Carnage-de-l-OTAN-a-Tripoli
Esta notícia encontra-se em http://resistir.info/ .

Cenas de regozijo e euforia na Praça Verde foram fabricadas

A falsificação nos media iniciada pela Al Jazeera:
por Metro Gael



Ultrapassando anteriores falsificações dos mass media, tanto em escala como em descaramento, a encenação da manhã de ontem da Al Jazeera certamente ficará na história como uma das mais cínicas burlas cometidas pelos media corporativos desde as fotos manipuladas de iraquianos a derrubarem a estátua de Saddam Hussein após a invasão estado-unidense de 2003.

Na manhã de 22 de Agosto de 2011, a Al Jazeera divulgou uma reportagem "ao vivo" da Praça Verde em Tripoli, a qual afirmava mostrar a tomada da capital líbia pelas forças rebeldes. Cenas de regozijo e euforia envolviam a repórter da Al Jazeera, Zeina Khodr, quando ela declarou: "A Líbia está nas mãos da oposição".

As imagens foram reproduzidas imediatamente através do complexo dos media globais, com manchetes a trombetearem o "fim do regime Kadafi" e editoriais nos media corporativos do mundo especulando acerca do futuro da Líbia pós Kadafi.

Disseram que os filhos de Kadafi haviam sido presos e mais deserções foram anunciadas. A capital líbia agora estava, disseram-nos, nas mãos das forças rebeldes. Para muitos, parecia um facto consumado.

De facto, as fotos da Al Jazeera da Praça Verde foram uma falsificação elaborada e criminosa. A reportagem foi pré-fabricada num estúdio em Doha, Qatar. Esta informação foi passada à inteligência líbia e o povo líbio já fora advertido acerca da operação psicológica (psyops) qatariana um par de dias antes, na televisão estatal Rayysse.

A falsificação da Al Jazeera tencionava criar a impressão de que Tripoli havia caído de modo a:

(1) Romper a resistência líbia através da criação de pânico e caos na capital.

(2) Proporcionar cobertura para os massacres de civis que ocorreriam nos dias seguintes à declaração da vitória rebelde.

Por outras palavras, os media proporcionariam cobertura para os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade que são necessários a fim de subjugar a Jamhahirya Líbia aos interesses corporativos ocidentais.

Logo depois de as fotos da Al Jazeera terem sido divulgadas, este autor contactou a repórter independente Lizzie Phelan, em Tripoli. Miss Phelan foi capaz de confirmar a partir do que descreveu como fontes confiáveis que as fotos da Al Jazeera eram falsas.

No fim do dia, soube-se que todas as mentiras do twitter provenientes dos criminosos no Conselho Nacional de Transição também eram, não surpreendentemente, falsas. Os filhos de Kadafi não foram presos e os rebeldes não estavam com o controle da cidade.

Nesse meio tempo, Lizzie Phelan, Mahdi Darius Nazemroaya e Thierry Meyssan receberam ameaças de morte veladas dos media ocidentais que permaneciam no Rixos Hotel, em Tripoli. Após a chegada de milhares de terroristas da NATO/Al Qaeda, um breve período de caos apoderou-se da cidade.

Quando muitos dos repórteres dos medias de referência abandonaram o Rixos Hotel, autoridades líbias descobriram que a maior parte deles eram agentes da CIA e do MI6 a trabalharem sob a cobertura de jornalistas.

No momento, Mahdi Darius Nazemroaya, Thierry Meysan e outros jornalistas reais permanecem presos no Rixos Hotel. Nazemroaya levou um tiro de um atirador da NATO/rebelde quando tentava colocar um sinal de imprensa no topo do Rixos Hotel a fim de proteger o edifício do bombardeamento da NATO.

A repórter Lizzi Phelan contactou um amigo ontem para dizer que fora ameaçada pelo pessoal da CNN e havia sido impedida de utilizar facebook e email.

Abaixo, pode ver a advertência dada ao povo líbio pelos media do estado quanto à operação psicológica da Al Jazeera em preparação. O apresentador conta aos telespectadores que a Al Jazeera produziu uma simulação da Praça Verde de Tripoli e que eles estão em vias de utilizar isto para produzir uma gigantesca ficção de Líbia "libertada".

A foto acima prova que os produtores da falsificação da Al Jazeera não são mestres pintores, pois as gritantes discrepâncias entre a Praça Verde real em Tripoli e a versão da Al Jazeera são claramente óbvias. As diferenças entre a arquitectura na Praça Verde em Tripoli e as fotos mostradas na Al Jazeera estão bem documentadas no vídeo abaixo.

Enquanto a encenação da Al Jazeera vai entretendo, a actriz principal Zeina Khodr provavelmente não vai receber prémios pelo seu desempenho particularmente fraco. Ela disse as suas linhas de um modo mecânico, como alguém que não estava particularmente encantado com o script, ou talvez fosse o aspecto forçado de toda a cena que a aborreceu.

Esta falsificação dos media é outro exemplo pungente do desespero da NATO, a qual tem implacavelmente bombardeado uma nação soberana durante seis meses e até agora fracassou em efectuar a mudança de regime. Ela também prova, mais uma vez, o papel dos medida corporativo na desinformação e na guerra.


23/Agosto/2011

O original encontra-se em metrogael.blogspot.com/... e em
http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=26155

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

23/Ago/11

A Mentira tornou-se a verdade : Ela emana de uma autoridade superior a qual não ousam questionar!

Matando a verdade
Mahdi Nazemroaya ameaçado pelos rebeldes ao serviço da NATO
por Michel Chossudovsky



Mahdi Darius Nazemroaya, juntamente com Thierry Meyssan estão agora isolados no centro de media do hotel Rixos, em Tripoli, em meio do combate do combate pesado que se verifica em torno.

Pedimos aos nossos leitores para reflectir sobre o que Mahdi estava a tentar conseguir no centro de media do Rixos: reportagem factual honesta, com preocupação pela vida humana, em solidariedade com os homens, mulheres e crianças líbios que perderam suas vidas em raids de bombardeamento sobre áreas residenciais, escolas e hospitais.

A vida de Mahdi está ameaçada por nos contar a verdade, por revelar crimes de guerra da NATO.

A "construção da democracia" na Líbia, dizem-nos, exige o bombardeamento extensivo de todo o país, sob o "Responsability to Protect" (R2P) da NATO.

Mas Mahdi questiona tal conceito. Ele desafia os próprios fundamentos da guerra de propaganda, a qual apoia um acto de guerra como esforço de pacificação.

Durante os últimos dias, todo o nosso tempo e energia tem sido dedicado a garantir a segurança de Mahdi, Thierry e vários outros jornalistas independentes aprisionados no Rixos Hotel.

A atmosfera dentro do centro de media do Rixos Hotel, em Tripoli, deve ser entendida.

Os media de referência (mainstream), incluindo a CNN e a BBC, têm ligações directas à NATO, ao Conselho de Transição e às forças rebeldes. Eles estão a servir os interesses da NATO de um modo directo através da maciça distorção dos media.

Ao mesmo tempo, aqueles no Centro de Media do Rixos que estão comprometidos com a verdade são o objecto de ameaças veladas. No caso de Mahdi, as ameaças foram muito explícitas.

Aqueles que dizem a verdade são ameaçados.

Aqueles que mentem e aceitam o consenso da NATO terão as suas vidas protegidas. As forças especiais da NATO a operarem dentro das fileiras rebeldes garantirão a sua segurança.

Neste ambiente repulsivo, romperam-se ligações pessoais. Os jornalistas dos media independentes, bem como aqueles de países não-NATO incluindo China, Irão, América Latina, são considerados "persona non grata" pelos grupos dos media de referência dentro do hotel.

Mahdi diz a verdade. Ele desafia directamente as mentiras dos media de referência.

As reportagens de Mahdi ameaçam o consenso dos media da NATO.

O que ele está a descrever é a destruição de todo um país, das suas instituições, da sua infraestrutura.

Esta matança e destruição, dizem-nos, é necessária para instaurar "democracia" sob a bandeira colonial do rei Idris.

Mentem-nos do modo mais desprezível. As vítimas da agressão da NATO são designadas como "criminosos de guerra", ao passo que os perpetradores da guerra são saudados como Libertadores.

A mentira tornou-se a verdade e é por isso que a vida de Mahdi está ameaçada.

A guerra torna-se paz, de acordo com o consenso da NATO.

A "comunidade internacional" carimbou a campanha de bombardeamento da NATO dizendo que Kadafi é um ditador.

Repetido ad nauseam, as pessoas finalmente aceitam o consenso. A matança é um esforço de pacificação.

Como poderia ser de outra forma: Todos os media, todos os noticiários, por toda a terra, gente no governo, intelectuais, todos aceitaram este consenso.

Realidades são voltadas de pernas para o ar. Pessoas já não são mais capazes de pensar.

Elas aceitam o consenso porque ele emana de uma autoridade superior a qual não ousam questionar.

Isto é de facto a própria base de uma doutrina inquisitorial.

Os suportes "humanitários" da "Responsability do Protect", contudo, superam em muito a Inquisição Espanhola.

O que estamos a tratar é de um dogma que ninguém pode questionar.

Mahdi Nazemroaya desafiou este consenso ao revelar as mentiras dos media de referência.

Uma vez rompido o consenso da NATO, a legitimidade instigadores da guerra entra em colapso como um castelo de cartas.

E é por isso que a vida de Mahdi Nazemroaya está ameaçada.

Isto é uma guerra do século XXI. É uma guerra que afirma não ser guerra.

Todos os protocolos e convenções referentes à guerra deixam de ser aplicados.

O Comité Internacional da Cruz Vermelha não se encontra no terreno. Eles não têm mandato porque oficialmente isto não é uma guerra.

Esta é a mais desprezível e imoral guerra da história, na medida em que mesmo activistas anti-guerra, políticos de esquerda e os chamados progressistas aplaudem-na. "Kadafi é o ditador, ele deve ir".

É uma blitzkrieg com os mais avançados sistemas de armas. Vinte mil raids desde 31 de Março, segundo estatísticas da NATO, cerca de 8000 raids de ataques.

Cada raid de ataque inclui vários alvos, a maior parte dos quais são civis.

Comparar isto com os bombardeamentos da II Guerra Mundial ou do Vietname...

Nossa determinação é trazer Mahdi de volta ao Canadá, garantir o seu retorno seguro.

Divulguem por toda a parte.
24/Agosto/2011/12.22am EDT

VIDEO
Programa da CBC News acerca de Mahdi Nazemroaya difundido hoje, terça-feira, 23 de Agosto de 2011:
http://www.cbc.ca/video/#/Shows/1221254309/ID=2103783289

O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=26164
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

MANIFESTO PELO BOICOTE AO APARTHEID DE ISRAEL

Camaradas
Todo nosso apoio a Comitiva pró Palestina que realizará reuniões e entregará documentos em defesa da Palestina, nesta 4ª feira, dia 24/08/2011, em diversos Ministérios em Brasília.

Em Brasília, comitiva pró-palestina pedirá por boicotes a Israel
A Frente em Defesa do Povo Palestino de São Paulo estará representada durante a jornada nacional de lutas nesta quarta-feira (24), em Brasília, quando protestará contra a opressão e ocupação na Palestina. Unirá suas vozes aos manifestantes por direitos e justiça social no Brasil sobretudo para pedir o fim dos ataques a Gaza e o rompimento de acordos militares e de cooperação entre o governo nacional e Israel. O cancelamento desses é objeto de um dos principais documentos a ser entregue pela comitiva que segue para a Capital Federal, um manifesto por boicotes a produtos e serviços de Israel até que se cumpram os direitos humanos fundamentais dos palestinos. Tal documento já conta com mais de duas dezenas de assinaturas de organizações, entre as quais centrais sindicais, movimentos de mulheres, da juventude e sem-terra, além de sociedades árabes-palestinas e comitês de diversas partes do País (veja abaixo).

Além de protocolar esse manifesto em ministérios e junto a comissões no Congresso Nacional, os participantes vão fazer chegar ao ministro da Defesa recém-empossado, Celso Amorim, o pleito da sociedade civil palestina por boicote e embargo militar imediato a Israel. A carta que traz a solicitação é assinada por todos os partidos políticos palestinos e por diversas organizações, tais como Stop the Wall e o comitê local por boicotes, desinvestimento e sanções.
A delegação encaminhará ainda à ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, uma carta com as principais reivindicações dos refugiados palestinos oriundos do Iraque, no País há cerca de quatro anos e ainda carecendo de integração e inclusão adequadas. Manifesto com o mesmo conteúdo será protocolado no Itamaraty.


MANIFESTO PELO BOICOTE AO APARTHEID DE ISRAEL

Há seis anos foi lançada por diversas organizações da sociedade civil palestina a campanha de BDS (boicotes, desinvestimento e sanções) a empresas, produtos e serviços que financiam o apartheid israelense.

Neste ano, a iniciativa prioriza o embargo militar integral a Israel, até que se cumpram as reivindicações fundamentais dos palestinos:

1) o fim imediato da ocupação militar e colonização de terras árabes, e a derrubada do muro do apartheid, que vem sendo construído na Cisjordânia desde 2002, dividindo terras, famílias e impedindo os palestinos do direito elementar de ir e vir;
2) o reconhecimento dos direitos dos cidadãos palestinos à autodeterminação, à soberania e à igualdade;
3) o respeito, proteção e promoção do direito de retorno dos refugiados palestinos às suas terras e propriedades, das quais vêm sendo expulsos desde 1948, quando foi criado unilateralmente o Estado de Israel, até os dias atuais.

Essas medidas logicamente teriam que vir acompanhadas da libertação dos milhares de presos políticos.

Sob esse mote, o comitê palestino por BDS realizou recentemente em território ocupado um ato público em frente à representação diplomática brasileira.

Principal campanha internacional de solidariedade ao povo palestino e contra qualquer forma de discriminação naquelas terras, a campanha do BDS redundou em conquistas importantes, como o rompimento de contratos milionários com empresas que atuam na construção do muro, de assentamentos ilegais ou de outros aparatos que sustentam a segregação na Palestina. Envolvida em ações do gênero em Jerusalém, a multinacional francesa Veolia teve prejuízo de bilhões de dólares como resultado dessa campanha.

Outra prova do seu sucesso e viabilidade foi a decisão do Governo da Noruega de desinvestir em companhias israelenses que detinham no currículo essas práticas colonialistas. Ainda como parte dessa iniciativa, em 2010, sindicatos de portuários da Califórnia, Suécia, Índia e África do Sul promoveram um dia de protesto no qual se recusaram a descarregar navios comerciais israelenses ou com cargas provenientes daquele destino.

No campo acadêmico, a Universidade de Johanesburgo suspendeu acordo de cooperação e intercâmbio com a Universidade Ben Gurion, por sua cumplicidade na violação de direitos humanos.

O êxito dessa campanha é comprovado ainda pela ação do Knesset (Parlamento israelense) de aprovar neste mês uma lei que criminaliza ativistas e organizações em favor dos boicotes.

Apesar de esse movimento vir se expandindo em todo o globo, no Brasil ainda é preciso avançar bastante. Algumas ações vão inclusive na contramão dessa corrente, como a adesão do Brasil ao TLC (Tratado de Livre Comércio) Mercosul-Israel e negociações comerciais bilaterais com a potência ocupante, incluindo a assinatura de acordos militares e de tecnologia bélica. Amplo estudo promovido pela organização Stop the Wall denuncia que o TLC inclui a venda em território brasileiro de produtos e serviços feitos em assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia, bem como de tecnologias de defesa e segurança, as quais têm sido usadas nos ataques contra os civis palestinos. O tratado, portanto, transforma o Brasil em porta de entrada da indústria armamentista de Israel na América Latina., A tecnologia de defesa tem sido um dos focos dos negócios bilaterais entre os governos de Israel e do Brasil. Inclusive já se tem conhecimento de visitas de grupos israelenses visando atuar na segurança durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Ainda na contracorrente, a cidade de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, passou a abrigar instalações da empresa israelense Elbit Systems, que atua na área de tecnologia militar e é especialista em construção de veículos não tripulados, os quais foram amplamente usados nos ataques aos palestinos de Gaza em final de 2008 e início de 2009. Uma das 12 companhias envolvidas na construção do muro do apartheid, a Elbit já assinou contratos no Brasil, inclusive com as Forças Armadas e com a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica).

Além disso, a USP (Universidade de São Paulo) e a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal) têm firmado acordos de cooperação e intercâmbio com instituições israelenses, sobretudo nos últimos anos.

A organização Stop the Wall alertou, em relatório, que essas iniciativas garantem que as guerras, ocupação e colonização israelenses continuem a gerar lucros. E enfatizou: “Esses laços militares põem em questão o compromisso do governo brasileiro em apoiar os direitos humanos, a paz e a criação de um Estado palestino e parecem contradizer as atuais alianças brasileiras e interesses na região. É preocupante que o Brasil entregue o dinheiro dos impostos dos seus cidadãos às empresas de armamento israelenses. O Brasil não pode conciliar a cumplicidade com as graves violações da lei internacional por parte de Israel e as aspirações a potência mundial emergente, defensora do respeito à lei internacional e aos direitos humanos.”

Perante esse cenário e atendendo a pleito da sociedade civil palestina, exigimos que o governo brasileiro e suas instituições, bem como empresas públicas e privadas nacionais e/ou instaladas neste País, imponham embargo militar e econômico a Israel, através do rompimento de acordos, contratos e suspensão na aquisição de produtos e serviços, os quais financiam cotidianamente a violação dos direitos humanos do povo palestino e a ocupação de suas terras.


Revindicamos que o governo brasileiro:

a) rompa unilateralmente com o Tratado de Livre Comércio Israel-Mercosul;
b) retire imediatamente o posto das Forças Armadas Brasileiras em Israel;
c) cancele todos os contratos das Forças Armadas com empresas israelenses;
d) exclua as empresas israelenses de participar de quaisquer concorrências públicas;
e) vete a instalação de empresas israelenses em território nacional ou mesmo a aquisição de empresas nacionais por capitais israelenses;
f) exclua as empresas israelenses de contratos para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.


ASSINAM:

Frente em Defesa do Povo Palestino - São Paulo
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro
Frente Palestina da USP – Universidade de São Paulo
Comitê Democrático Palestino do Brasil
Comitê Autônomo de Solidariedade ao Povo Palestino – Mogi das Cruzes
CLP – Comitê pela Libertação da Palestina
Sociedade Árabe-palestina de Corumbá
Centro Cultural Árabe-palestino do Rio Grande do Sul
Comitê Pró-Haiti
Sociedade Árabe-palestina de Brasília
Comitê de Solidariedade ao Povo Sírio
Deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP)
Georges Bourdoukan – jornalista

Anel – Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre
Apropuc-SP – Associação dos Professores da PUC-SP
Associação Islâmica de São Paulo
Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz
Centro de Memória e Resistência do Povo de Mauá e Região
Ciranda Internacional da Informação Independente
Coletivo de Mulheres Ana Montenegro
Coletivo Libertário Trinca
CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular-Coordenação Nacional de Lutas
CUT – Central Única dos Trabalhadores
DCE-USP – Diretório Central dos Estudantes da Universidade de São Paulo
UJC - União da Juventude Comunista
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento Mulheres em Luta
Movimento Mulheres pela P@z
Mopat – Movimento Palestina para Tod@s
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MTST – Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Teto
Oposição Bancária de Mogi das Cruzes e Região
PCB - Partido Comunista brasileiro
PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Rede para Difusão da Cultura Árabe-brasileira Samba do Ventre
Revolutas
União dos Estudantes Muçulmanos do Brasil
UNI – União Nacional das Entidades Islâmicas

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Bairro a bairro, rua a rua de Trípoli se desenvolvem os combates entre a heróica resistência popular e a contra-revolução imperialista

A"resistência mercenária, pró-imperialista da OTAN"



Apesar do “alucinado orgasmo” coletivo da mídia capitalista mundial ao anunciar o colapso do regime Kadaffi e a vitória final dos “rebeldes” pró-OTAN, os combates frontais entre a heróica resistência do povo líbio e a contra-revolução imperialista seguem rua a rua na capital Trípoli. Os chacais imperiais como Obama, Sarkozy e Cameron já salivam o sangue assassino e exigem que o “ditador” deixe o poder imediatamente, enquanto prosseguem os maiores bombardeios aéreos que a humanidade já presenciou em toda sua história. A OTAN deslocou por terra seu poderoso destacamento militar “Alfa” para orientar seus comandados do Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão máximo dos “rebeldes”), no assalto a pontos estratégicos da capital como aeroportos e a TV estatal e no objetivo de capturar e assassinar Kadaffi e sua família. De fato os “rebeldes” mercenários chegaram a anunciar o sequestro de dois filhos de Kafaffi, Mohamed e Seif Al islam, que já foram libertados em combate pelas tropas das “brigadas revolucionarias” (milícias populares leais ao regime). Os noticiários da reação global, os mesmos que clamam pela severa repressão aos que consideram os “vândalos saqueadores de Londres”, mostram imagens da classe média festejando o fim do “ditador” na cidade de Benghazi, anunciada fraudulentamente como se fossem em Trípoli. A verdade é que a atual ofensiva “rebelde” mesmo contando com o suporte de centenas de mísseis de longo alcance, toneladas de bombas despejadas pelos modernos caças e por um comando terrestre da OTAN, ainda está longe de infringir a derrota final as forças que apóiam o regime nacionalista burguês de Kadaffi.

A batalha pelo controle de Trípoli foi pacientemente preparada pela OTAN, minando todo arsenal bélico do exército nacional líbio. Durante seis meses de intensos bombardeios pela reunião da maior frota aérea do planeta, só sobraram armas de artilharia leve para as forças militares de apoio a Kadaffi, que mesmo sendo distribuídas massivamente para as milícias populares não poderiam fazer frente a imensa superioridade da colossal maquina de guerra da OTAN. No sentido inverso, os “rebeldes” vem recebendo arsenal de ponta do imperialismo, além de recursos financeiros para promover a deserção nas hostes do regime Kadaffi. O bloqueio dos reservas monetárias da Líbia por parte de bancos europeus e o cancelamento da entrada de divisas oriundas da exportação de petróleo (sob o controle do CNT em Benghazi), levaram a um estrangulamento econômico do regime, que não contou com o apoio efetivo de nenhum país. Esta situação de isolamento internacional impediu a reposição de material bélico pesado por parte do exército nacional líbio, facilitando a ação de sabotagem dos “rebeldes” made in CIA, apesar das inúmeras derrotas sofridas por estes no campo da luta direta.

A política de Kadaffi e seu staff sempre foi a de buscar uma solução negociada do conflito, procurando reatar os vínculos recém estabelecidos com as metrópoles imperialistas. Mesmo com os seguidos triunfos na arena militar sobre os “boys” da OTAN, em função da ausência completa por parte dos “rebeldes” de uma base social proletária, Kadaffi se recusava a esmagar a contra-revolução com os métodos próprios da classe operária, como fez Trotsky em Kronsdat quando dirigia o Exército Vermelho na URSS. Por outro lado a OTAN avançava a passo largos na destruição da infra-estrutura do país, a espera do melhor momento para desencadear uma brutal ofensiva aérea sobre Trípoli. Ainda sob as pesadas nuvens de fumaça dos criminosos bombardeios, os “rebeldes” conseguem adentrar na capital e sob a coordenação do comando “Alfa” da OTAN infringem um importante recuo das forças nacionalistas. Mas a guerra civil não chegou ao final e mesmo com a possibilidade de perderem Trípoli, em uma retirada tática, as milícias populares já anunciaram que estabelecerão a estratégia de guerrilha, tendo como base cidades fiéis ao regime Kadaffi.

A solidariedade ativa ao povo líbio, bombardeado covardemente pela OTAN e a reacionária mídia global, se impõe como tarefa prioritária a todos aqueles que se reivindicam da luta socialista e revolucionária. Neste momento um triunfo militar e político da coalizão imperialista sobre um país oprimido, independente do caráter burguês do governo Kadaffi, reforçaria tremendamente a linha de ataque as conquistas do proletariado mundial. O anúncio do “presidente” do CNT, Mustafa Abdul Jalil, que seria extremamente grato aos países que ajudaram a “derrubar o ditador” Kadaffi é apenas um prenúncio do tamanho do saque que estes piratas pretendem realizar, caso consigam estabelecer um governo nacional

Postado do Blog: http://lbi-qi.blogspot.com/

domingo, 21 de agosto de 2011

Cozido de pedra não faz canja




Por Khader Othmam
agosto/2011

Conta a lenda que uma mulher viúva e muito pobre não podia arrumar comida para seus filhos que choravam de fome. Para acalmá-los, ela colocava em uma panela algumas pedras, um pouco de água e deixava ferver. Pedia para os filhos esperarem a canja cozinhar. Logo o cansaço vencia e os meninos dormiam...

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) esta fazendo o mesmo que a viúva fez para seus filhos! Está enganando o povo palestino com um cozido de pedra! Espera que o cansaço vença o povo. Quer que o povo durma, não quer mobilizações e nem manifestações contra esta falida política de negociações. São 18 anos de negociações sem avanços e com muitos prejuízos. Mas o povo está bem acordado e com fome! Fome de justiça! Pois foi sob a gestão da ANP que a soberania da Palestina foi violentada através da instalação de 244 assentamentos judaicos - colônias ilegais – sobre o território palestino. Essa usurpação do espaço revela o fracasso dos Acordos de Oslo, enquanto alguns negociavam, as terras palestinas mudavam de dono.....

Agora, querem servir outro cozido! Será que o cozido de pedra de setembro se transformará em canja para os palestinos? A ANP acredita que sim, propaga que a ONU é a solução da questão Palestina....
Na realidade os palestinos não precisam de novas resoluções na ONU. Já existe uma juridicamente mais forte: a Resolução 181 que condiciona à criação do estado de Israel a criação do estado da Palestina. Uma campanha mais lógica seria solicitar ativação da resolução 181 e não de uma nova resolução de reconhecimento.

Sabemos que 18 anos são mais que suficientes para se obter um acordo. A realidade denuncia que as negociações praticadas desde 1993 não são sérias e nem estão próximas de atingir um acordo. Isso lembra o que Shamir já falava na época: “conversaremos 30 anos e não entregamos nada para os Árabes”

O reconhecimento do estado palestino pela ONU se transformou numa campanha midiática em que a reflexão se faz urgente. Por que, depois de 18 anos de negociações, Israel e os Estados Unidos são contra uma tática simbólica da ANP? Como entender este comportamento da ANP, projetando no reconhecimento, uma vitória inédita e crucial! Onde o reconhecimento passou a ser o sinônimo de um estado Palestino independente........

Exigimos da ANP uma mudança no seu papel. Para ser respeitada, deve primar pela autonomia e independência do povo palestino. E, para isso, tem que enfrentar questões econômicas e políticas. O modelo econômico adotado pela ANP não tem autonomia. Depende de ajudas internacionais e dos repasses tributários de Israel para poder pagar os salários e movimentar a economia. É refém deste arranjo financeiro. É necessário investir na economia produtiva, na capacitação dos palestinos, em incentivo local, como pequenas produções agrícolas, fortalecendo a produção palestina. Também urgente é a mudança da estrutura política da ANP. É inadmissível que apenas uma facção política decida o futuro de um povo inteiro. O debate democrático se faz com a participação do povo e de todas as forças políticas da sociedade palestina.

A falta de seriedade visível nestes anos de negociações revelou a ausência da racionalidade e de responsabilidade no tema de dois estados para dois povos por ambas as partes. Virou uma grande demagogia. Serviu apenas para nutrir a imprensa e a comunidade internacional. O descrédito do povo palestino é fruto destas teatrais conversações que não concretizou a independência da Palestina. A lenda da viúva não é para os palestinos. O povo palestino se alimenta de resistência! Uma Pátria não se mendiga, se constrói, se conquista e se protege e para chegar a isso a ANP precisa mudar. O respeito ao legado de luta histórica do povo palestino pelos seus direitos tem que ser a pauta do dia.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Bengazi: A insurreição colorida desagrega-se


por Thierry Meyssan


Neste princípio do Ramadão, a operação militar da NATO na Líbia afunda-se na mais total confusão, observa Alexis Crow. A analista da Chatham House especializada no estudo da Aliança Atlântica foi um dos primeiros peritos de think tanks ocidentais a tratar publicamente do papel da Al Qaida no seio das "forças rebeldes". Hoje ela é a primeira a dizer com uma franqueza brutal: os dirigentes políticos da Aliança abandonaram seus objectivos de guerra, os oficiais e os oficiosos. Eles não têm uma estratégia alternativa propriamente dita, além da procura de uma saída da crise que lhes permita manter a cabeça alta. Como é evidente, já não é simplesmente o estado-maior francês, mas também Londres, que se inquieta por ver as suas forças atoladas na Líbia sem solução à vista.

A "protecção das populações civis" nunca passou de um slogan desligado da realidade. Mas para a NATO não se trata mais de "mudar o regime em Tripoli", nem mesmo de dividir o país em dois Estados distintos tendo como capitais Tripoli e Bengazi. No máximo, Bruxelas espera obter um estatuto de autonomia para alguns enclaves.

Consciente do desastre político-militar, Washington procura uma saída negociada, fazendo saber que não é porque a NATO perdeu a guerra que ela deve cessar seus bombardeamentos. O tempo jogo em nosso favor, afirmam os emissários estado-unidenses, enquanto o Conselho Nacional de Transição esvazia as contas bancárias da Jamahiriya congeladas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Seja como for, se Washington enganou-se e não conseguir restabelecer a situação é porque não compreende nada do comportamento dos líbios. Intoxicados pela sua própria propaganda, os Estados Unidos acreditavam enfrentar uma ditadura centralizada e vertical e descobrem um sistema horizontal e opaco no qual o poder está pulverizado, inclusive o da autoridade militar. Eles encontram-se em diversas capitais com numerosos emissários cuja representatividade não chegam a medir. E na base de tudo, nada compreendem das reacções de Muamar Kadafi, desconcertante, que está – ele também – persuadido que o tempo joga a seu favor.

A estratégia ocidental era simples: aproveitar da normalização da Líbia e da sua abertura económica para constituir uma classe de golden boys e tecnocratas líbios que acabariam por preferir o American Way of Life ao invés do Livre Verde. Uma vez alcançada a maturidade deste processo, a CIA organizou os acontecimentos de Bengazi e a sua deformação mediática. Os franceses e os britânicos foram postos à frente, com o seu discurso humanitário, tendo em vista uma possível acção no terreno que tivesse necessidade de carne de canhão. O Conselho Nacional de Transição foi criado recuperando membros americanizados da classe dirigente, acrescentando velhos exilados organizados pela CIA desde a queda monarquia mais combatente da Al Qaida enquadrados por uma facção saudita.

Se bem que de aparência heteróclita, esta coligação repousa sobre a história comum dos indivíduos que a compõem. A maior parte tem trabalhado para os Estados desde há muito e mudou várias vezes de pertença política ao sabor das mudanças tácticas que Washington lhes ordenava. Muitos são secretamente membros da confraria dos Irmãos Muçulmanos.

Fiel ao Livre Verde, Muamar Kadafi acentou conscientemente esta fractura de classe anunciando a 22 de Fevereiro a dissolução de vários ministérios e a distribuição do seu orçamento em partes iguais entre todos os cidadãos (ou seja, 21 mil dólares por pessoa). Vendo o "Irmão Guia" retomar seu projecto anarquizante, os privilegiados que se enriqueceram durante a abertura económica tiveram medo. Alguns optaram por fugir para o Ocidente com a sua família e o seu pecúlio, outros acreditaram numa vitória rápida da Aliança Atlântica e alinharam-se com o CNT, esperando governar a Líbia de amanhã.

Para realizar esta insurreição colorida, Washington dispunha de uma única carta: a defecção de um dos companheiros de Muamar Kadafi, o general Abdel Fatah Yunes, ministro do Interior. Foi a sua viragem que tornou possível a transformação desta operação de desestabilização política em aventura militar. Ora, o assassinato do general Yunes pelos seus rivais, em 28 de Julho de 2011, provoca o colapso do "exército rebelde" e revela o carácter artificial do Conselho Nacional de Transição.

Existem hoje mais de 70 grupos armados ditos "rebeldes". Quase todos reconheciam a autoridade de Abdel Fatah Yunes, o qual tentava coordená-los. Desde o anúncio da sua morte, cada um destes grupos retomou a sua autonomia. Alguns, que criaram o seu próprio governo, tentam fazer-se reconhecer por Estados membros da coligação – nomeadamente o Qatar – ao mesmo nível que o CNT. Cada localidade tem o seu senhor da guerra que quer proclamá-la independente. Em poucos dias, a Cirenaica "iraquizou-se". O caos é tamanho que o próprio filho do general Yunes, aquando das suas exéquias, apelou ao retorno de Kadafi e da bandeira verde, único meio segundo ele de restabelecer a segurança das populações.

De imediato, basta escutar as intervenções de Muamar Kadafi para compreender a sua estratégia. Enquanto as ruas de Begazi se esvaziaram, gigantescas manifestações populares são organizadas nos quatro cantos da Tripolitania e do Fezzam para apupar a NATO. O "Grande Irmão" nelas intervém por alto-falantes e diálogo com a multidão. Ele explica que uma trégua rápida seria feita em detrimento da unidade nacional, ao passo que o prosseguimento da guerra dá o tempo para deitar abaixo o poder ilegítimo do CNT e portanto para preservar a integridade territorial da Líbia. O coronel Kadafi, que já alinhou consigo as tribos, entende agora alinhar consigo os indivíduos que ainda apoiam o CNT. Nas suas intervenções áudio apela aos seus concidadãos a que se preparem para libertar as cidades ocupadas. Deverão deslocar-se em multidão, sem armas, para retomar o controle dos bolsões "rebeldes" de maneira não violenta.

Muamar Kadafi, que já venceu politicamente o poder aéreo da NATO, pensa poder vencer também politicamente no terreno os "rebeldes".

Nesta situação inextricável, em que a maior parte dos protagonistas não sabem o que fazer, os reflexos substituem o pensamento. Os partidários do Livro Verde entendem aproveitar a fuga dos tecnocratas para retornar aos fundamentos da Revolução; aqueles que, em torno de Saif el-Islam, acreditavam poder casar o kadafismo e a globalização negociam com seus amigos ocidentais; e a NATO bombardeia mais uma vez os sítios que já havia bombardeado ontem e anteontem.
01/Agosto/2011

O original encontra-se em http://www.voltairenet.org/A-Benghazi-l-insurrection-coloree

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Terrorismo político organizado: O massacre norueguês, o Estado, a mídia e Israel

Pie de foto: La AUF pide boicotear a Israel. Jonas Gahr Store, Ministro de Asuntos Exteriores de Noruega, fue recibido el jueves en el campamento de verano de la AUF que se desarrolla en Utøya(Reuters).

por James Petras*

"Deixem-nos então combater em conjunto com Israel, com nossos irmãos sionistas contra todos os anti-sionistas, contra todos os marxistas culturais/multicutralistas".

Manifesto de Anders Behring Breivik

"... existem mais duas células na minha organização"...

Ander Behring Breivik sob custódia policial (Reuters 7/25/11)

O atentado à bomba do gabinete do primeiro-ministro norueguês em 22/Julho/2011, Jen Stoltenberg, do Partido Trabalhista, o qual matou oito civis, e o subsequente assassinato político de 68 activistas desarmados da Juventude do Partido Trabalhista na Ilha Utoeya, a apenas 20 minutos de Oslo, pelo militante neo-fascista cristão-sionista, levanta questões fundamentais acerca do crescimento das ligações entre a extrema direita legal, a mídia "de referência", a política norueguesa, Israel e o terrorismo de extrema direita.

A mídia e a ascensão do terrorismo de direita:

Os principais jornais de língua inglesa, The New York Times (NYT), o Washington Post (WP), o Wall Street Journal e o Financial Times (FT), bem como o presidente Obama, culparam "extremistas islâmicos", desde os primeiros relatórios policiais dos assassinatos, publicando um série de manchetes incendiárias (e falsas) e reportagens, etiquetando o evento como o "11/Set da Noruega", o qual refletia a motivação ideológica e justificação mencionada pelo próprio assassino político cristão-sionista, Anders Behring Breivik. Na primeira página do Financial Times (de Londres) de 23-24/Julho, lia-se "Temores do extremismo islâmico: O pior ataque na Europa desde 2005". Obama imediatamente citou o ataque terrorista na Noruega para mais uma vez justificar suas guerras além-mar contra países muçulmanos. O FF, NYT, WP e WSJ ativaram seus auto-intitulados "peritos", os quais debateram acerca de quais líderes ou movimentos árabes/islâmicos foram responsáveis – apesar de informações da imprensa norueguesa da "prisão de um homem nórdico em uniforme de polícia".

Evidentemente, a mídia e a elite política dos EUA estavam ansiosos por utilizar o atentado bombista e os assassinatos para justificar guerras imperiais em curso além-mar, ignorando o florescimento de organizações internas de extrema direita e indivíduos violentos que são a consequência da propaganda de ódio oficial islamofóbica.

Quando Anders Breivik, um conhecido extremista neo-fascista, entregou suas armas à polícia norueguesa, sem resistência, e reivindicou o crédito pelo atentado à bomba e o massacre, teve início a segunda fase do encobrimento oficial. De imediato, ele foi descrito como "um solitário lobo assassino", o qual "atuou sozinho" (BBC, 24/Julho/2011) ou como mentalmente demente, minimizando suas redes políticas, seus mentores ideológicos e compromissos com americanos, europeus e israelenses, que o levaram aos seus atos de terrorismo. Ainda mais ultrajante, a mídia e dirigentes ignoraram o fato de que este ataque terrorista complexo e com múltiplas fases estava além da capacidade de uma pessoa "demente".

Anders Behring Breivik foi membro de um partido político de extrema-direita, o Partido do Progresso, e colaborador e contribuidor de um sítio web abertamente neo-nazi. Ele frequentemente centrava seu ódio sobre o Partido Trabalhista governante pela sua relativa tolerância de imigrantes. Despreza imigrantes, especialmente muçulmanos, e era um ardente apoiante cristão-sionista da repressão e terror israelense contra o povo palestino. Sua ação criminosa foi essencialmente política e integrada numa rede política muito mais vasta.

A elite política e os meios de comunicação fizeram todo o possível para negar o entrecruzamento de ligações entre islamófobos ideológicos "legais", como os sionistas americanos Daniel Pipes, David Horowitz, Robert Spencer e Pamela Geller, o Partido da Liberdade da extrema-direita holandesa, dirigido pelo entriguista Geert Wilders e seus homólogos no Partido do Progresso norueguês que se mobiliza contra a "ameaça muçulmana". Os terroristas da "ação directa" tomam inspiração em partidos eleitorais, como o Partido do Progresso, o qual recruta e doutrina ativistas, como Behring Breivik, os quais deixam então a "estrada eleitoral" para executarem suas carnificinas sangrentas, permitindo aos promotores do ódio "respeitáveis" condená-lo hipocritamente... após a afronta.

O assassino fascista: Um super-homem solitário viaja mais rápido do que uma bala contra a polícia que se move mais devagar do que uma tartaruga reumática:

O caso do "terrorista lobo solitário" desafia a credibilidade. É um tecido de mentiras utilizadas para encobrir cumplicidade do estado, má conduta da inteligência e a aguda viragem à direita tanto na política interna como externa de países da OTAN.

Não há qualquer base para aceitar a afirmação inicial de Breivik de que atuou só devido a várias razões relevantes: Primeiro, o carro bomba, que devastou o centro de Oslo, era uma arma altamente complexa que exige perícia e coordenação – da espécie disponível para estados ou serviços de inteligência, como o Mossad, o qual se especializa em carros bombas devastadores. Amadores, como Breivik, sem treino em explosivos, habitualmente explodem-se a si próprios ou falta-lhes a qualificação necessária para conectar os dispositivos eletrônicos de temporização ou detonadores remotos (como provaram fracassados "sapatos" e "cuecas" dos bombistas da Times Square).

Em segundo lugar, os pormenores de (a) movimentar a bomba, (b) obter (roubando) um veículo, (c) colocar o engenho no local estratégico, (d) detonar com êxito e (e) então vestir um elaborado uniforme da polícia especial com um arsenal de centenas de munições e conduzir em outro veículo para a ilha de Utoeya, (f) esperar pacientemente enquanto armado até os dentes por um ferry boat, (g) cruzar-se com outros passageiros no seu uniforme de polícia, (h) acercar-se dos ativistas da Juventude Trabalhista e começar o massacre de grande número de jovens desarmados e finalmente (i) liquidar os feridos e caçar aqueles que tentavam esconder-se ou nadar para longe – não é atividade de um fanático solitário. Mesmo a combinação de um Super-homem, Einstein e um atirados de classe mundial não podiam executar tais tarefas.

A mídia e os líderes da OTAN devem encarar o público como passivos estúpidos ao esperar que acreditem que Anders Behring Breivik "atuou só". Ele está disposto a aguentar uma sentença de 20 anos de prisão, pois sustenta que a sua ação coletiva é a fagulha que incendiará seus camaradas e promoverá a agenda dos partidos violentos e legais de extrema-direita. Frente a um juiz norueguês, em 25 de Julho, ele declarou publicamente a existência de "mais duas células na minha organização". De acordo com testemunhas na Ilha Utoeya, foram ouvidos tiros de duas armas distintas vindos de diferentes direções durante o massacre. A polícia, dizem eles, está a ... "investigar". Não é preciso dizer que a polícia nada encontrou; ao invés disso, simularam um "show" para encobrir a sua inação com a invasão de duas casas longe do massacre e rapidamente libertaram os suspeitos.

Contudo, a mais grave implicação política da ação terrorista é a ostensiva cumplicidade de altos responsáveis da polícia. A polícia levou 90 minutos para chegar a Ilha Utoeya, localizada a menos de 20 milhas [32 km] de Oslo, 12 minutos de helicóptero e 25 a 30 minutos de carro e barco. A demora permitiu aos assassinos da extrema-direita utilizaram toda a munição, maximizando a mortes de jovens, ativistas anti-fascistas, e devastando o movimento trabalhista juvenil. O chefe de polícia, Sveinung Sponheim, deu a mais fraca das desculpas, afirmando "problemas com transporte". Sponheim argumentou que não estava pronto um helicóptero e que "não podiam encontrar um barco" (Associated Press, 24/Julho/2011).

Mas havia um helicóptero disponível. Ele conseguiu voar a Utoeya e filmar a carnificina em curso, e mais da metade dos noruegueses, um povo marítimo há milénios, possui ou tem acesso a um barco. Uma força policial, confrontada com o que o primeiro-ministro chama a "pior atrocidade desde a ocupação nazi", a mover-se ao ritmo de uma tartaruga reumática para resgatar jovens ativistas, levanta a suspeita de algum nível de cumplicidade. A questão óbvia que se levanta é o grau em que a ideologia do extremismo de direita – neo-fascismo – penetrou a polícia e as forças de segurança, especialmente os escalões superiores. Este nível de "inatividade" levanta mais questões do que respostas. O que sugere que os sociais-democratas só controlam parte do governo – o legislativo, ao passo que os neo-fascistas influenciam o aparelho de estado.

O fato claro é que a polícia não salvou uma única vida. Quando finalmente chegou, Anders Behring Breivik havia esgotado a sua munição e rendeu-se à polícia. A polícia literalmente não disparou um único tiro; ela nem mesmo teve de caçar ou capturar o assassino. Um cenário quase coreografado: centenas de feridos, 68 desarmados ativistas pacíficos mortos e o movimento da juventude trabalhista dizimado.

A polícia pode afirmar "crime resolvido" enquanto a mídia tagarela acerca de um "assassino solitário". A extrema-direita tem um "mártir" para mascarar um novo avanço na sua cruzada anti-muçulmana e pró Israel. (Recorda o celebrado fascista israelense-americano, assassino em massa, Dr. Baruch Goldstein, que massacrou dúzias de palestinos desarmados, homens e rapazes e um pregador, em 1994).

Apenas dois dias antes dos assassínios políticos, o responsável do Movimento da Juventude do Partido Trabalhista, Eskil Pederson, deu uma entrevista ao Dagbladet, o segundo maior tablóide da Noruega, na qual anunciava um "embargo econômico unilateral a Israel por parte da Noruega" (Gilad Atzmon, 24/Julho/2011).

O fato que importa é que os militares noruegueses não têm problemas em despachar rapidamente 500 tropas para o Afeganistão, a milhares de quilómetros e proporcionar seis jatos e pilotos da Força Aérea Norueguesa para bombardear e aterrorizar a Líbia. E ainda assim eles não podem encontrar um helicóptero ou um simples barco para transportar a sua polícia algumas centenas de metros para impedir um ato terrorista interno da direita – cujo comportamento assassino estava a ser descrito segundo a segundo pelas jovens vítimas aterrorizadas nos seus telemóveis aos seus pais desesperados.

As raízes imperiais do fascismo interno: Conclusão

Claramente, as decisões da Noruega e outros países escandinavos de participar nas cruzadas imperiais dos EUA contra muçulmanos e especialmente árabes no Médio Oriente excitaram e revigoraram a direita neo-fascista. Eles agora querem "trazer a guerra para casa": querem que a Noruega vá mais além, "expurgar a nação, pela expulsão de muçulmanos. Eles querem "enviar uma mensagem" ao Partido Trabalhista: Ou aceita uma plena agenda neo-fascista a favor de Israel ou aguarda mais massacres, mais seguidores de Anders Behring Breivik.

O "Partido do Progresso" é agora o segundo maior partido político na Noruega. Se uma coligação "conservadora" derrotar os trabalhistas, neo-fascistas provavelmente terão assento no governo. Quem sabe, após uns poucos anos de bom comportamento, eles possam encontrar uma desculpa para comutar a sentença do seu ex-camarada ... ou proclamá-lo mentalmente reabilitado e livre.

O que é claramente necessário é a retirada imediata de todas as tropas de guerras imperiais e um combate sistemático, coerente e organizado contra terroristas internos e seus padrinhos intelectuais na América, Israel e Europa. A Juventude Trabalhista deve ir em frente com o seu pedido de que o governo trabalhista, sob o primeiro-ministro Jen Stoltenberg, reconheça a nação da Palestina e implemente um boicote total a bens e serviços de Israel. Uma campanha de educação política nacional e internacional deve se organizar para revelar as ligações entre fascistas eleitorais respeitáveis e terroristas violentos. Os mártires da Juventude Trabalhista da Ilha de Utoeya deveriam ser guardados no coração e os seus ideais ensinados em todas as escolas. Seus inimigos e apoiantes de extrema-direita, abertos, encobertos ou diretamente cúmplices, deveriam ser revelados e condenados. A melhor arma contra o renovado ataque neo-fascista é uma ofensiva política e educacional, assumindo as tradições de combate anti-fascista e anti-Quisling (o notório colaborador nazi da Noruega) dos seus avós. Não é demasiado tarde – se o Partido Trabalhista, os sindicatos noruegueses e a juventude anti-fascista atuarem agora antes do dilúvio do fascismo ressurgente.

31/Julho/2011 The CRG grants permission to cross-post original Global Research articles on community internet sites as long as the text & title are not modified. The source and the author's copyright must be displayed. For publication of Global Research articles in print or other forms including commercial internet sites, contact: publications@globalresearch.ca Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Ida a ONU, nossa segunda Oslo...... que Estado Palestino defendemos?



Por Rafiqa Salam
comitepalestinasc@yahoo.com.br
julho 2011


É impressionante assistir a energia empreendida da Autoridade Nacional Palestina (ANP) para ir a Organização das Nações Unidas (ONU) em setembro solicitar o reconhecimento a um Estado e se transformar em membro de pleno direito.
Para ser admitido como país-membro – e hoje a ONU tem 192 nações integrantes – a proposta de admissão do ‘Estado Palestino’ necessita de aprovação de 128 países, após a recomendação do Conselho de Segurança, algo improvável.

A discussão é mais profunda do que sermos reconhecidos como Estado e sermos admitidos pela ONU:
Em primeiro, que ‘Estado da Palestina será apresentado? Qual território será defendido?

Falam em um desenho territorial traçado antes da Guerra dos Seis Dias (1967). Esse desenho não existe mais...... o Estado de Israel alargou seu território saqueando áreas da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, além da Faixa de Gaza e da Península do Sinai (Egito – única área posterior devolvida) e as Colinas de Golã (da Síria). O território de Israel com suas fronteiras elásticas descumpriram a Resolução 181 da ONU – e esta nada fez para repreender e recriminar as atitudes ilegais do Estado de Israel.

E sabem por quê? Contrariando um texto muito comum que “Em 1947 a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Plano de Partilha da Palestina, que resultou na criação do Estado de Israel.” Não foi a ONU que criou a Resolução 181 mas o movimento Sionista – que continua a controlar a ONU – que tantos uns querem que reconheçam o estado Palestino, mesmo que o desenho deste estado seja apenas 8% da nossa Palestina histórica.

Peço desculpas aos meus camaradas, não é nada fácil elaborar um texto com esse conteúdo, é como nadar contra a maré, afinal todos estão apostando tudo na ONU... mas não posso esquecer daqueles que conheci na Palestina. De vidas que mais que sangue nas veias, tem resistência e denunciam os traidores. Não posso esquecer daqueles que só acreditam na Palestina Livre.

Não pretendo embates com aqueles que se perfilam ao lado da ONU, respeito a ação tática adotada nesse momento em que parece que a correlação de força só possibilita isso... mas insisto ser a voz daqueles que defendem a Palestina que conheceram e viveram! A Palestina Livre, do mar Mediterrâneo ao Rio Jordão! Nossa capital Jerusalém inteira! Preciso falar em nome daqueles que defendem uma única Palestina, um estado laico, democrático sobre todo o Solo Pátrio da Palestina, nos seus 27 mil Km2, onde viverão em harmonia ateus, cristãos, muçulmanos, judeus e outras crenças, como era antes de 1947. Um povo livre recebendo nossos amados palestinos refugiados, que hoje são 6 milhões espalhados, proibidos de entrar na terra onde nasceram, onde seus parentes estão e não podem se reencontrar. Uma Palestina livre onde os portões das violentas prisões se abram e nossos 11 mil irmãos sejam libertos porque detidos foram por defender sua terra, suas famílias e sua cultura dos nazisionistas.

A defesa de dois Estados, ou seja: a continuação do Estado de Israel e a efetivação da Palestina, não se sustenta. Sabemos que Israel não vai retirar os CheckPoints, o Muro da Vergonha e as milhares de colônias e assentamentos – não falo isso por ser cética, mas porque a história revela esse cenário de forma concreta. São 63 anos de invasão da Palestina pelo estado nazisionista e a ONU, a mesma que será visitada pela ANP em setembro, nada fez para defender os direitos dos palestinos, nem mesmo o mais importante: o direito a vida!

Estamos assistindo a reedição de Oslo, mas agora não temos mais a ilusão que tivemos naquele período. Independente do resultado obtido em setembro na ONU já somos derrotados. Somos perdedores. Nossa força seria respeitada se exigíssemos a implantação da Resolução 181, de 1947, que designa 44% do território para a permanência do Estado da Palestina e 56% para a criação do Estado de Israel e Jerusalém teria status de cidade santa internacional. Que Estado da Palestina será reconhecido? Qual será sua extensão territorial: 22%, 18% 12% ou 8%, graves concessões que a história cobrará de todos nós........... Se é para ir a ONU, façamos os estados-membros votarem numa Resolução que já existe! E a Palestina poderá iniciar uma nova história com o resgate de 44% de seu Solo Pátrio histórico!

Todo nosso reconhecimento e defesa a Intifada, aos lutadores e lutadoras que acreditam na resistência, todo nosso respeito aos mártires, sangues derramados que não foram em vão, são o adubo da nossa Palestina Livre!

Palestina livre!
Viva a Intifada! Resitência até a vitória!
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
"Um beduíno sozinho não vence a imensidão do deserto, é preciso ir em caravana"
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