sábado, 28 de abril de 2012

DECLARAÇÃO POLÍTICA DA MARCHA COLOMBIANA

Movimento Político Marcha Patriótica ,
Colômbia 22 de abril de 2012


 
1 – Com convicção e firmeza, partindo dos mais distantes pontos da geografia nacional, confluiu para a cidade de Bogotá a Marcha da Esperança, da Alegria, da Dignidade. Desde as montanhas, planícies, serras e encostas, recebemos mais de 1700 organizações e, com espírito deliberativo e construtivo, hoje avançamos um passo a mais na edificação da Segunda e Definitiva Independência. Na mais profunda fraternidade e solidariedade dos povos que lutam por soberania e autodeterminação, delegados e delegadas da América Latina, Europa, Austrália e América do Norte têm acompanhado solidariamente a realização do Conselho Patriótico Nacional que declara, de maneira decidida:

2 – Anunciamos às pessoas e ao povo colombiano em geral, assim como à comunidade internacional, que, durante os dias 21 e 22 de abril de 2012, encontramo-nos para constituir o Movimento Político e Social Marcha Patriótica, com o propósito de contribuir com a mudança política requerida nosso país, superando a hegemonia imposta pelas classes dominantes, de avançar na construção de um projeto alternativo de sociedade e obter a segunda e definitiva independência. Precisamente nos momentos em que o capitalismo se encontra em uma de suas maiores crises, mostrando seus limites históricos cada vez mais evidentes.

3 – A Marcha é o local de encontro de múltiplos processos de organização, resistência e luta que decidiram fazer seu o exercício da política e aspira a ser uma expressão organizada do movimento real das resistências e lutas das pessoas comuns e dos setores sociais e populares que, quotidianamente, em todos os rincões do país, e, em que pese as adversidades, atuam, de forma heroica, por uma pátria grande, digna e soberana.

4 – Em que pese o fato do governo de Santos ter se empenhado em aparecer como renovador e modernizante, na Marcha consideramos que isto representa uma continuidade do projeto hegemônico e de tentativas de rearranjos do bloco de poder, precisamente para garantir esta continuidade. Sem deixar de perceber conflitos e diferenças entre as facções que conformam tal bloco, promovidos por setores mais belicosos e ultradireitistas, ligados ao narcoparamilitarismo, não se aprecia – para além da retórica – o surgimento de novas condições que permitam afirmar que se está a caminho de superar as estruturas autoritárias, criminosas, mafiosas e corruptas que caracterizam o regime político colombiano. Tendências recentes dos acontecimentos legislativos em diversos campos parecem reforçar ainda mais o manto de impunidade que prevaleceu no país, buscam institucionalizar o exercício da violência contra a população, ao mesmo tempo pretendem perseguir e criminalizar os protestos e a mobilização social.

5- O governo de Santos aprofundou o processo de neoliberalização da economia e da sociedade, iniciado há mais de duas décadas. Este continuísmo favorece essencialmente o capital financeiro transnacional e os grandes grupos econômicos que, pensando exclusivamente em seu afã de lucro, impuseram um modelo econômico empobrecedor. Tal modelo desindustrializou o país, afundou, numa profunda crise, a produção agrícola, especialmente a produção de alimentos, propiciou a terceirização precarizante, estimulou ao extremo a especulação financeira e promoveu - especialmente durante a última década - a intensa exploração das nossas riquezas em hidrocarbonetos, minerais e fontes de água, acompanhados pela produção de biocombustíveis, exploração florestal e megaprojetos infra-estruturais. O desenvolvimento deste modelo foi projetado dentro de um quadro jurídico-institucional e militar que protege os interesses do grande capital e que vem se aprimorando no atual governo, através de múltiplas reformas no âmbito constitucional e legal. A entrada em vigor do Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, e de outros tratados de conteúdo similar, é uma boa demonstração disso.

6 – Este modelo econômico conduziu a uma crescente degradação da soberania, a uma maior concentração e centralização da riqueza, ao aumento da desigualdade social, à precarização e pauperização do trabalho, à depredação socio-ambiental, assim como à contínua apropriação da riqueza social e dos frutos do trabalho mediante a migração e o deslocamento forçado da população. Também, propiciou uma mercantilização extrema e profunda de toda a vida social. Constituiu-se numa fonte de apropriação de dinheiro público, mediante a implantação generalizada de estruturas corruptas.

7 – Na Marcha Patriótica assinalamos a necessidade de produzir uma mudança política no país que defina as bases para a derrota do atual bloco hegemônico de poder e gere as condições para as transformações estruturais econômicas, políticas, sociais e culturais reclamadas pelas pessoas e pelo povo colombiano em geral. A Marcha coloca seu acúmulo e suas projeções a serviço deste propósito, chama à mais ampla unidade do povo colombiano e, em especial, dos diferentes processos sociais e populares existentes, tais como o Pólo Demcorático Alternativo e outros partidos e organizações políticas da esquerda, o Congresso dos Povos, a Minga Social e Indígena, a Coordenação Nacional de Movimentos e Organizações Sociais e Políticas, o COMOSOC, a MANE, bem como as demais forças políticas, econômicas e sociais que assim se consideram, pela construção de acordos programáticos que permitam avançar até a superação do modo de vida e de produção imperantes no país, a transformação estrutural do Estado, da economia e da cultura.

8 – Na Marcha Patriótica manifestamos a decisão política de lutar por um novo modelo econômico, de Estado e da sociedade, permitindo a transformação estrutural do modo de vida e de produção, que permita garantir e realizar os direitos humanos integralmente, dignificar e humanizar o trabalho, reparar integralmente as vítimas da violência e do terror estatal paramilitar, organizar democraticamente o território, realizar reformas agrária e urbana integrais, realizar as correspondentes transformações sócio-culturais, dignificar a arte e a cultura, lutar por uma nova ordem internacional baseada nos princípios da soberania, da não intervenção, da autodeterminação e do internacionalismo dos povos, contribuindo para a integração da Nossa América. Tudo isso, na direção da construção de um projeto alternativo que supere a atual organização capitalista da sociedade. A Marcha Patriótica se compromete com o desenvolvimento de sua plataforma programática com a mais ampla participação das pessoas comuns e, em geral, dos setores sociais e populares. Para conseguir isso, os Conselhos ficarão abertos.

9 – Na conjuntura atual, tendo em vista a dinâmica das lutas, assim como as tendências de políticas governamentais em curso, a Marcha Patriótica considera de vital importância e de suma urgência estabelecer acordos entre os diferentes processos políticos e organizacionais do campo popular, assim como com as demais forças políticas, econômicas e sociais interessadas, para fazer o enfrentamento e construir alternativas relacionadas à política de terras, a defesa do território, a reivindicação de trabalho, o ensino superior, a saúde e a seguridade social, os tratados de livre comércio, entre outros. Em todos os casos, trata-se de unir esforços e avançar na construção de um acúmulo de mobilização como o principal meio de ação coletiva e para a realização de uma grande greve cívica nacional.

10 – Apesar da retórica governamental que, com alguma frequência, assinala considerar a necessidade de paz para o nosso país, parece que este propósito é concebido em termos de uma solução militar, para o que pressionam, de forma contínua e persistente, os setores militaristas e de ultradireita. A política atual de contra-insurgência se fundamenta em um crescente intervencionismo militar estrangeiro, com o que, além de tentar induzir uma mudança no equilíbrio estratégico da guerra, corresponde aos interesses geopolíticos e econômicos do imperialismo dos EUA para garantir o acesso a recursos estratégicos, proteger investimentos transnacionais e conter quaisquer ameaças contra esses propósitos, sejam estas dos movimentos sociais ou insurgentes, ou de Estados soberanos na região.

11 – A política da solução militar encontra sua atual expressão no Plano Espada de Honra, que se liga a outras experiências do passado recente, todas inscritas no âmbito do Plano Colômbia e suas diferentes fases de execução. Com ela se busca a rendição e a desmobilização da insurgência. A experiência de nosso país, durante os últimos cinquenta anos, ensina, no entanto, que propósitos similares não têm sido mais do que iniciativas falidas que acabaram imprimindo novas dinâmicas e formas de expressão para o confronto. E não pode ser de outra forma, dadas as raízes históricas e a natureza política, econômica e social do conflito colombiano, assim como a dinâmica específica de uma guerra irregular e assimétrica.

12 – Uma prorrogação indefinida do conflito social e armado, bem como o que ele representa em termos de sofrimento da população e do contínuo aumento dos gastos da guerra que poderiam muito bem ser destinados para atender as necessidades das pessoas em geral, conduz à perigosa militarização da vida política, econômica, social e cultural. A Marcha Patriótica manifesta seu compromisso ético e político com a busca de uma solução política para o conflito social e armado. Considerando que deve ser socialmente apropriada, a Marcha manifesta a sua decisão de impulsionar os processos constituintes locais e regionais pela solução política e pela paz com justiça social, tendendo para a realização de uma Assembleia Nacional. Propõe também a todas as forças políticas, econômicas e sociais, a união de esforços para construir caminhos que permitam tornar realidade os anseios de paz das pessoas e do povo colombiano em geral. Isso pode ter uma expressão inicial na criação de um encontro nacional pela solução política e pela paz com justiça social.

13 – A Marcha apresenta suas saudações solidárias a todas as mobilizações, resistências e lutas populares; e manifesta o seu compromisso de acompanhá-las, assumi-las como próprias e participar ativamente delas. Saúda igualmente todos os homens e mulheres que, nos campos e cidades, dão o melhor de suas vidas para contribuir para o bem viver das classes subalternas, oprimidas e exploradas. Chama a atenção para a situação dos prisioneiros de guerra e manifesta a sua solidariedade com os presos políticos e de opinião. Além disso, declara sua vocação internacionalista e seu apoio irrestrito a todos os lutadores e lutadoras que, no mundo e na Nossa América, buscam a superação do modo de vida e de produção imposto pelo capitalismo.

14 – Na Marcha temos chegado aos patriotas para afirmar a existência de sonhos coletivos; para traçar rotas de dignidade; para abrir portas de esperanças realizáveis. Seguindo o legado dos libertadores e das libertadoras da Primeira Independência e dos lutadores populares das resistências em nossa nação, somos partícipes deste novo capítulo da história a ser forjado na mais ampla unidade popular. Saímos convencidos de que o sonho não só existe, mas é realizável em um trabalho coletivo de cada organização e na proposta coletiva que seguimos construindo. Entregamos ao país este aporte de esperança decidida, convidando a marchar, a caminhar, a lutar e a construir.

A marchar pela solução política!
A marchar pela soberania e integração dos povos!
A marchar pela unidade popular e pela Segunda e definitiva independência!

Bogotá, 22 de abril


CARTA PÚBLICA À DANIELA MERCURY

A carta à Daniela Mercury já foi enviada à produção da cantora. Agora, precisamos intensificar essa ação, enviando o máximo de e-mails à artista pedindo o cancelamento de seu show. Por favor, divulguem amplamente e mandem e-mails. Os contatos principais da Daniela são:

Fabiana@cantodacidade.com.br
Wendy@cantodacidade.com.br

CONTATO DO SITE: http://www.danielamercury.art.br/contato/contato_form.php

Segue a carta novamente e o vídeo na sequência, para envio:

 
Cara Daniela Mercury,



Amigos palestinos, admiradores de sua música, nos escreveram assim que souberam que você pretende fazer um show em Israel, em maio próximo.


Como parte do chamado feito pela sociedade civil palestina em 2005 para o Boicote, o Desinvestimento e Sanções (BDS), e inspirado pelo boicote cultural ao apartheid na África do Sul, o povo palestino pede a artistas internacionais que se juntem ao movimento BDS cancelando shows e eventos em Israel, que só servem para igualar o ocupante ao ocupado e, portanto, promover a continuação da injustiça.


Em outubro de 2010, o sul-africano Desmond Tutu, consagrado com o Prêmio Nobel da Paz por sua luta contra o apartheid, apelou à ópera de seu país cancelar a apresentação agendada em Israel. Um show em território israelense enfraquece a chamada para o BDS até que Israel cumpra os requisitos básicos do direito internacional, pondo fim à ocupação militar, à tomada de terras e à construção de novas colônias nos territórios palestinos. Na mesma linha, respeite os direitos humanos, à autodeterminação do povo palestino e ao retorno a suas terras e propriedades.


A participação em um show em Israel não é um ato neutro, desprovido de qualquer mensagem política. Ao participar de um evento em Israel, você estará apoiando a campanha israelense para encobrir violações do direito internacional e projetar uma imagem falsa de normalidade. Qualquer afirmação em contrário que um artista deseje fazer por meio de sua participação nesse evento será ofuscada pelo fato de que está atravessando um piquete internacional, estabelecido pela grande maioria das organizações da sociedade civil na Palestina. Na verdade, uma mensagem de paz justa atingirá muito mais pessoas, incluindo israelenses, se você cancelar a sua participação.


Desde a ofensiva de Israel a Gaza em dezembro de 2008 e janeiro de 2009, que deixou 1.400 palestinos mortos e conduziu à elaboração do relatório Goldstone, o qual não deixa dúvidas que Israel cometeu crimes de guerra, muitos artistas internacionais se recusaram a tocar em um país que se coloca acima dos direitos humanos e do direito internacional. Após o ataque de Israel a um navio de ajuda humanitária com destino a Gaza em maio de 2010, o número de artistas cresceu. Elvis Costello, Gil Scott Heron, Carlos Santana, Devendra Banhart e os Pixies são apenas alguns dos que se recusaram a realizar shows em Israel naquele ano. Roger Waters é outro exemplo de pessoa pública que assume posição contrária às violações dos direitos humanos por Israel. No período em que realizou t u rnê no Brasil, entre final de março último e início deste mês, fez declarações à imprensa nesse sentido e em apoio à campanha por BDS.


Pedimos-lhe para se juntar à lista crescente de artistas que têm respeitado o pedido de boicote. Como disse o sul-africano Desmond Tutu, "se o apartheid na África do Sul terminou, essa ocupação também terminará, mas a força moral e a pressão internacional terão de ser tão determinadas quanto". Por justiça, o chamado palestino para o BDS deve alcançar o mundo, incluindo Israel. Ficaremos felizes em discutir isso mais a fundo com você e apoiá-la no quer for necessário. Nós estamos simplesmente pedindo que você cancele seu show em Israel, de modo a não prejudicar o aumento global do movimento por boicotes ao apartheid a que está submetido o povo palestino. Aproveitamos para convidá-la a participar dessa nobre luta por uma causa da humanidade. Com grande respeito,

Assinam:

Frente em Defesa do Povo Palestino


União Democrática das Entidades Palestinas no Brasil


Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino


Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino do Rio de Janeiro


Centro Cultural Árabe-Palestino Brasileiro de Mato Grosso do Sul


Sociedade Árabe-Palestina de Corumbá


Comitê Árabe-Palestino do Brasil


Sociedade Palestina de Santa Maria


Centro Cultural Árabe-Palestino Brasileiro do Rio Grande do Sul


Sociedade Palestina de Brasília


Sociedade Palestina de Chuí


Frente Palestina da USP (Universidade de São Paulo)


Sociedade Islâmica de Foz do Iguaçu


Sociedade Islâmica do Paraguai


Associação Islâmica de São Paulo


Coletivo de Mulheres Ana Montenegro


Movimento Mulheres em Luta


Marcha Mundial das Mulheres


PCB – Partido Comunista Brasileiro


PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado


MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra


MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto e da Resistência Urbana – Frente Nacional de Movimentos


MDM – Movimento pelo Direito à Moradia / SP


MTL – Movimento Terra, Trabalho e Liberdade


FEPAC – Federação Paulistana das Associações Comunitárias


CUT – Central Única dos Trabalhadores


CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular-Coordenação Nacional de Lutas


Mopat – Movimento Palestina para Tod@s


Ciranda Internacional da Comunicação Compartilhada


Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre


Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos


Coletivo de Juventude dos Metalúrgicos do ABC


Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre


SindiCaixa-RS


Andes-SN – Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior


Sintusp – Sindicato dos Trabalhadores da USP (Universidade de São Paulo)


Apropuc – Associação dos Professores da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)


Sindicato dos Metroviários de São Paulo


Federação Nacional dos Metroviários


Grupo M19


SOS Racismo, Portugal


Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (Portugal)


Comitê de Solidariedade com a Palestina, Portugal


GAP - Grupo Acção Palestina, Porto, Portugal


Panteras Rosa - Frente de Combate à LesBiGay Transfobia, Portugal


Amyra El Khalili – economista

Clovis Pacheco Filho – sociólogo e jornalista


Claudio Daniel - poeta


Vídeo: DANIELA, NÃO VÁ CANTAR EM ISRAEL!

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=W2V2noy7hw4



quinta-feira, 19 de abril de 2012

DANIELA MERCURY, NÃO VÁ CANTAR EM ISRAEL!



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Hassan Nasrallah, entrevistado por Julian Assange






16/4/2012, Programa “World Tomorrow” [n.1, Russia Today]
(vídeo e entrevista transcrita e traduzida pelo pessoal da Vila Vudu)

JULIAN ASSANGE (JA): Essa semana, recebo um convidado, que nos fala de lugar não revelado no Líbano. É das figuras mais extraordinárias do Oriente Médio. Combateu muitas batalhas armadas contra Israel, e agora participa da luta internacional, na Síria.
Quero saber por que é chamado de “Combatente da Liberdade” por milhões e, ao mesmo tempo, de “terrorista”, por outros milhões. Essa é sua primeira entrevista para o ocidente, desde a guerra Israel-Líbano, de 2006. Seu partido, o Hezbollah, participa do governo libanês. Temos conosco hoje o secretário-geral do Hezbollah, Said Hassan Nasrallah.

JA: O senhor está pronto?

Nasrallah: [em inglês] Sim. [em árabe] Estou pronto.

JA: Qual é sua visão sobre o futuro de Israel e Palestina? O que o Hezbollah considera uma vitória. Se o senhor obtiver essa vitória, o senhor se desarmará?

Nasrallah: [entende a pergunta e responde em árabe. Pelo intérprete:] O estado de Israel é um estado ilegal, estabelecido a partir da ocupação de terras que têm dono, ali estabelecido pela força, cometendo massacres contra palestinos, que foram e continuam a ser expulsos. Basicamente, muçulmanos e também cristãos. O processo atual não faz justiça a ninguém, não cria justiça. Se sua casa é ocupada pela força, ela não passa a ser de outro, porque permaneça ocupada por 15 ou 100 anos, só porque [o ocupante] é mais forte, nem a propriedade é legalizada pelo transcorrer do tempo de ocupação. Essa é nossa visão ideológica, nossa visão legal, não é visão religiosa. Acreditamos que a Palestina pertence aos palestinos.

Mas se você quiser combinar ideologia e lei, e a realidade política que temos, quero dizer que a única sedução... Não queremos matar ninguém, não queremos qualquer propriedade injusta, queremos restaurar a justiça, a única sedução é restabelecer a justiça, estabelecer um estado nas terras palestinas, em que judeus e muçulmanos e cristãos vivam em paz, num estado democrático.

JA: Israel diz que o Hezbollah lança foguetes em áreas civis. É verdade?

Nasrallah: Nos últimos anos, desde 1947, quando Israel foi criada em terras palestinas, Israel bombardeia áreas civis no Líbano. Na Resistência, nos dez anos, entre 1982 até 1992, nós começamos a reagir, mas exclusivamente para que Israel parasse de atacar nossas populações civis. Em 93 houve um acordo, indireto, entre a Resistência e Israel, que foi reafirmado em 1996, que tornava claro que os dois lados parariam de atacar civis: se vocês pararem de atacar nossos civis, nós também pararemos os ataques contra vilas e cidades. O Hezbollah tentou criar um equilíbrio de contenção, para evitar que Israel continuasse a atacar civis no Líbano.

JÁ: Segundo WikiLeaks [telegramas diplomáticos] da embaixada dos EUA no Líbano, o senhor estaria chocado com a corrupção dentro que crescia no Hezbollah, porque alguns membros andavam dirigindo SUV, usando roupas caras, comprando comida desviada ..... Isso seria consequência óbvia de o Hezbollah ter-se envolvido na política eleitoral no Líbano?

Nasrallah: O que diziam sobre esse fenômeno não está certo. É parte dos boatos que querem usar para desacreditar o Hezbollah, distorcer nossa imagem, é parte da guerra que a mídia move contra nós. Diziam que nós operávamos uma máfia, o tráfico de droga em todo o mundo. Essas são as coisas contra a qual, também por nossa religião, nós combatemos. Eles disseram muita coisa sem qualquer fundamento. Em primeiro lugar, nada disso é correto. Em segundo lugar... Seja como for, é fenômeno limitado. Mas a razão disso é que houve muitas famílias ricas que, no passado, não apoiavam o Hezbollah, sua linha ou sua ideologia ou seu programa. Depois de 2000, quando da Resistência, e o Hezbollah surgiu como linha de defesa do Líbano, foi como uma espécie de milagre, e criou grande choque na sociedade libanesa. Como seria possível que um pequeno grupo, tenha resistido durante 33 dias, sem ser derrotado pelo mais poderoso exército da região? Quero dizer: vários grupos da sociedade começaram a considerar-se parte do Hezbollah, ou apoiadores do Hezbollah, em vários casos grupos de muito dinheiro... Não é verdade. Disseram que esse fenômeno estaria dentro do Hezbollah, mas não é absolutamente verdade, digo com toda a confiança, a partir da informação que tenho.

JA: Por que o senhor apoiou os levantes da Primavera Árabe, na Tunísia, Iêmen, no Egito e noutros países, mas não na Síria?


Nasrallah: Por razões muito claras. Em primeiro lugar, em princípio, não interferimos em estados árabes, e essa tem sido nossa polícia. Houve desenvolvimentos no mundo árabe, muito sérios e muito importantes. Por exemplo, havia regimes que absolutamente não toleravam qualquer oposição. Na Síria, todos sabem que o regime de Bashar Al-Assad apoiou a resistência no Líbano, apoiou a resistência na Palestina, não cedeu às pressões de Israel-EUA, isso é, é um regime que serviu muito bem à causa dos palestinos. Nossa opinião é que a solução para a Síria é diálogo e reformas a serem feitas, porque a alternativa a isso, dada a gravidade da situação na Síria, é guerra civil, exatamente o que os EUA e Israel desejam para a Síria.

JA: No fim de semana, houve mais 100 mortes em Homs. Morreu também uma jornalista com a qual estive há um ano, Mary Colbin. Entendo sua lógica, de que não se pode destruir um país, que o melhor é reformá-lo, se possível. Mas o Hezbollah tem algum limite? Quantos mortos, até que o Hezbollah decida que basta?


Nasrallah: Desde o começo dos eventos na Síria, tivemos contato constante com os sírios: falamos como amigos. Para nos aconselharmos uns aos outros. Sobre a importância das reformas. Desde o começo. Eu pessoalmente me convenci de que o presidente Al-Assad estava muito disposto a promover reformas radicais e importantes. Isso nos deu segurança para tomar as posições que tomamos. Em mais de uma ocasião, publicamente, dissemos isso. Disse também em muitos encontros com líderes políticos libaneses e outros políticos árabes: estou convencido de que o presidente Al-Assad está disposto a promover reformas, realistas, legítimas. Mas a oposição também tem de aceitar o diálogo e desejar reformas. Tivemos contato também com pessoas da oposição (é a primeira vez que digo isso), para encorajá-los a facilitar o diálogo com o regime. Mas a oposição rejeitou o diálogo. Desde o início, temos um regime disposto a fazer reformas e preparado para o diálogo, e uma oposição não está preparada para o diálogo, para as reformas, que só está interessado em derrubar o governo, o que é um problema. O que está acontecendo na Síria tem de ser olhado com dois olhos, não com um olho só. Há grupos na Síria que já mataram muitos civis.

JA: O que se deve fazer para deter a matança na Síria? O senhor falou sobre diálogo, e é fácil falar de diálogo. Mas que medidas práticas se devem tomar para deter o derramamento de sangue na Síria?

Nasrallah: Ainda sobre a questão anterior, há uma coisa que quero dizer: há estados árabes que oferecem armas e dinheiro e estimulam a guerra na Síria. Alguns estados, e de um lado só. É questão muito grave. Todos ouvimos falar de Zawari, líder de Al-Qaeda, que também deseja guerra na Líbia. Há combatentes da Al-Qaeda que já chegaram à Síria e querem fazer da Síria campo de batalha. Há países que fornecem armas e dinheiro, para sustentar a guerra na Líbia. Disse isso há poucos dias: há estados árabes dispostos a discutir com Israel por anos a fio, dez anos, vinte anos, ouvir tudo que Israel queira dizer, mas não estão dispostos a dialogar por um ano, nem alguns meses, com a Síria, em busca de uma solução política para a Síria. Isso não faz sentido algum.

JA: O senhor estaria disposto a fazer uma mediação entre os grupos da oposição e o regime de Assad? As pessoas confiam que o senhor lá estaria como mediador, não como agente dos EUA, dos sauditas ou de Israel. E será que confiariam que o senhor não estaria lá como agente do governo de Assad? E se pudessem ser convencidos, o senhor aceitaria negociar a paz?

Nasrallah: A experiência de 13 anos de vida do Hezbollah mostra que somos amigos da Síria, não agentes da Síria. Houve períodos da vida política do Líbano, em que nossa relação com a Síria não foi boa, tivemos problemas com a Síria. Os grupos que se beneficiavam da influência da Síria no Líbano, nos fizeram oposição. Quero dizer, somos amigos, não agentes da Síria. Vários segmentos da oposição síria sabem disso e todas as forças políticas na região sabem disso. Isso, em primeiro lugar. Em segundo lugar, quando eu disse que apoiamos uma solução política, há muitos grupos que não querem aceitar qualquer contribuição para chegar a uma solução política. Já disse aqui que contatamos alguns grupos da oposição, que recusaram qualquer diálogo com o regime. Se quiserem, teríamos o máximo prazer em mediar negociações de paz. E temos pedido a outros que contribuam para uma solução política.

JA: Acho que esses grupos de oposição considerariam mais confiável a mediação do Hezbollah, se vocês dissessem ao regime Al-Assad, que o Hezbollah tem um limite. O regime sírio está livre para fazer o que quiser, ou há algo que o Hezbollah não aceitará?

Nasrallah: Claro. Acho que o presidente Al-Assad tem limites que não poderá ultrapassar, como nossos irmãos sírios também têm. O problema é que os combates continuam. Cada vez que um lado recua, o outro lado avança. E isso vai continuar enquanto permanecerem fechadas as portas da negociação.

JA: A Tunísia tomou uma posição firme que já não reconhece o regime sírio. Por que a Tunísia tomou essa posição de separar-se do regime sírio?

Nasrallah: Acredito que essa posição, tomada em Túnis ou onde for, tenha sido tomada porque trabalham com informação incompleta, não quero dizer incorreta, vou dizer incompleta. Claro que também há informação incorreta, apresentada aos governos árabes e ocidentais. Já disseram que o regime cairia em questão de horas. E vários quiseram ser parceiros dessa vitória antecipada. Também não escondo minha crença de que vários desses novos governos, que acabam de passar por um duro teste, estejam convencidos de que não é hora de entrar em confronto com os EUA e o ocidente. E devem estar pensando que é melhor acalmá-los e fazer como dizem, sem criar problemas.

JA: Vocês organizaram uma rede internacional de televisão, a rede Al-Manar. Os EUA censuraram a televisão libanesa, que está proibida e não é vista nos EUA. Ao mesmo tempo, os EUA declaram-se “um bastião da livre expressão”. Por que, em sua opinião, o governo dos EUA tem tanto medo da rede Al-Manar?

Nasrallah: Porque querem poder continuar a dizer ao povo que o Hezbollah é grupo terrorista, organização que assassina e mata. E não querem que o povo nos ouça. Em qualquer julgamento, o acusado deve ter o direito, no mínimo, de defender-se. Mas o governo dos EUA nos acusa e nos nega o direito básico de nos defendermos, de apresentar nossos argumentos ao povo do mundo.

JA: Como comandante de guerra, como o senhor consegue manter seu povo unido, ante o fogo inimigo?

Nasrallah: No que nos diz respeito, a força principal é que temos um objetivo claro, objetivo humano, moral, baseado na fé e patriótico. Não havia o que discutir. Tratava-se de libertar o Líbano, de uma ocupação. O Hezbollah foi constituído para isso. Não estamos no governo para competir por poder. Da primeira vez que participamos do governo, não fomos movidos por ambição política: só entramos para o governo, em 2005, não em busca de poder político, mas para dar melhor proteção à resistência. Tínhamos medo de que o governo viesse a tomar medidas erradas em relação à resistência. Quando se tem um objetivo claro e correto, quando se tem claras as prioridades, o que interessa é manter as forças unidas, superar as rivalidades, em nome do objetivo. A partir disso, temos nos mantido afastados de discussões infindáveis. Em muitos casos, evitamos opinar, para não nos envolver em questões secundárias e afastar de nosso objetivo, de proteger o Líbano contra Israel. Porque ainda entendemos que o Líbano está ameaçado.

JA: Queria voltar à sua infância. Sobre suas memórias e sobre como afetam seu pensamento político.

Nasrallah: Naturalmente. Nasci e vivi, por 15 anos, em Beirute leste. As características dessa região, naturalmente, influenciaram minha personalidade. Uma das características dessa região era a pobreza. Outra, que ali viviam muçulmanos xiitas, muçulmanos sunitas, cristãos, armênios, curdos, e também libaneses e palestinos. Nasci e fui criado em ambiente muito variado, muito misturado. Naturalmente, o que conheci ali me tornou muito alerta e preocupado com a Palestina. Todos os palestinos que viviam perto de nossa casa haviam sido expulsos, vinham de Haifa, Acca, Ramallah, Jerusalém... Nasci e fui criado nesse ambiente.

JA: Li que uma história engraçada, sobre o senhor falando sobre codificação e decodificação dos israelenses. Achei interessante, porque sou especialista em encriptação e WikiLeaks vive sob total vigilância. O senhor lembra-se dessa história?

Nasrallah: Lembro. Eu estava falando sobre como a simplicidade pode derrotar a complexidade. Por exemplo, o exército de Israel usa tecnologias e armas altamente complexas e equipamentos complexos, na sua comunicação. Mas a resistência é basicamente popular. A maioria dos jovens são nascidos em fazendas, em vilas, comunidades agrícolas. Basicamente, usam walkie-talkies, aparelhos muito simples. Quando usam códigos, são códigos baseados na gíria e na linguagem que usam em casa, em suas comunidades. Quem ouça, com complexos aparelhos e sistemas de decodificação e computadores, para decodificar aquela linguagem... fica perdido, a menos que viva durante anos, naquelas comunidades. Eles usam, por exemplo, palavras que só se usam em suas vilas, dizem coisas como, “a panela da cozinha”, o “pai da galinha”... E lá ficam os especialistas israelenses, com aquela aparelhagem ultrassofisticada, tentando decifrar quem será o “pai da galinha”... [risos]. Não daria muito certo com WikiLeaks, mas... [risos]

JA: Vou fazer uma pergunta de provocação, mas não é pergunta política. O senhor enfrentou a maior potência do mundo, lutando contra a hegemonia dos EUA. Alá, ou a noção de um Deus, não será a mais absoluta superpotência e o senhor, como combatente da liberdade, não teria o dever de lutar para libertar a humanidade do conceito totalitário de um deus monoteísta?

Nasrallah [sorri]: Nós cremos que Deus Todo Poderoso nos criou e nos deu corpo e capacidades espirituais psicológicas, que chamamos instinto. Instinto de dizer a verdade, o instinto diz que dizer a verdade é bom; mentir é mau; a justiça é boa, a injustiça é má. Ajudar quem precisa, defender o próximo é uma boa causa. Atacar os outros, destruir sua casa, derramar sangue é horrível, é muito mau. A questão de resistir à hegemonia dos EUA ou resistir à ocupação, ou resistir contra qualquer ataque é questão moral, instintiva, humana, e todos concordam quanto a isso. Nesse sentido, os princípios morais e humanos são consistentes com as leis do universo. As religiões abraâmicas não pregam nada que contradiga a mente ou o instinto humano, porque o criador das religiões é criador também dos seres humanos. As duas coisas têm de ser consistentes. Se numa casa ou num país, há dois líderes, eis a receita da ruína. Como o universo aí estaria, nessa maravilhosa harmonia, por bilhões de anos, se houvesse mais de um deus? O universo já estaria em pedaços. Mas não impomos a religião a ninguém. O Profeta Abraão sempre favoreceu o diálogo, a argumentação com evidências. É o que também defendemos.

JA: Muito obrigado, Hassan Nasrallah. Obrigado também aos nossos intérpretes. [Créditos encobertos]

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Comunicado da União Democrática das entidades Palestinas do Brasil: Greve de Fome dos Presos Palestinos




Na véspera do “dia do preso” dia 17/04/2012, os prisioneiros palestinos anunciaram, nas penitenciarias Israelenses, o início de uma forte greve de fome cujo objetivo é resolver as condições de vida humanitária nas prisões da ocupação, e em defesa de sua dignidade e liberdade .


1600 presos anunciaram a greve através de um comunicado em nome de todas as facções palestinos . Note-se que a situação dos presos nas penitenciarias da ocupação tornou-se muito difícil e muito perigosa , pois são submetidos a um ataque feroz por agentes de segurança Israelenses e administrações das penitenciarias, onde a vida dos presos é ameaçada todos os dias .

Vale lembrar que alguns dos detentos administrativos, como Khader Adnan e Hana Shalaby fizeram greve de fome durante 66 e 44 dias , e muitos outros presos continuam em greve há mais de 46 dias contra suas detenção administrativas e exigindo soltura imediata .

Nas condições difícil e perigosa que vivem os detentos nas prisões da ocupação , o movimento nacional de presos manifestou sua indignação em defesa da liberdade ,dignidade e direitos humanos , e para realizar as suas justas e legítimas exigências foi anunciado o seguinte comunicado:

1- Pelo fim das detenções administrativas;

2- Fim dos punitivos isolamentos de alguns presos;

3- O direito de estudar nas prisões;

4- Fim das incursões noturnas ;

5 - Facilidade para visitação dos familiares dos presos especialmente os da Faixa de Gaza de faixa;

6- Tratamento médico humanitário para os doentes;

7- Fim da humilhante revista aos familiares dos presos ;

8 - Direito ao acesso de livros ,jornais e revistas

9- Fim das punições individuais e coletivas contra os presos

A União Democrática das Entidades Palestina do Brasil através desse comunicado vem expressar seu total apoio as legitimas reivindicações dos presos palestinos nas prisões da ocupação, através desta campanha "barriga vazia" dos presos palestinos. Reafirmamos a necessidade de união entre todos facções nas prisões , com o objetivo de enfrentar o ataque feroz das forcas de ocupação, que seque violando os direitos humanos e legais dos presos .

Por fim ,pedimos a união do povo e suas forcas políticas , entidade nacionais ,organizações nacionais e internacionais ,movimentos de solidariedade ,os direitos humanos e Nações Unidas , que se manifestem contra o estado de apartheid de Israel e entrem na campanha pela liberação de todos os presos palestinos

União Democrática das entidades Palestinas do Brasil



Mais de mil prisioneiros palestinos estão em Greve de Fome nas prisões israelenses


http://www.palestinalibre.org/articulo.php?a=38479




Mais de mil prisioneiros palestinos entram no segundo dia consecutivo de greve de fome para protestar contra as duras condições de detenção, e até agora estão sem resposta das autoridades prisionais com relação ao início das negociações.

"Cerca de 1.200 prisioneiros se recusaram as refeições da manhã e segundo informes de dentro, eles não vão comer nada hoje. Eles seguirão com a greve," informou Efe, porta-voz do serviço de prisões israelenses Sivan Weizman.

O porta-voz explicou que "não se realiza qualquer tipo de negociação com os grevistas", a maioria dos quais - mil - estão em prisões no sul do país.

O Ministério de prisioneiros palestinos eleva para 1.600 presos os participantes da greve de fome e garante que este número vai crescer nos próximos dias e que o protesto se estenderá gradualmente para as 25 prisões israelitas.

Em uma carta que o "Comitê para a luta dos prisioneiro" conseguiu enviar de uma prisão, este organismo promete "que a luta vai seguir até que consigam garantir seus direitos e demandas," segundo publicado hoje pelo jornal Al Ayam.

A carta afirma que ou alcançam seus direitos ou "morrem como mártires".

Em outro documento aprovado na prisão de Nafha, o Comitê de prisioneiros concorda em não se retirar da greve "sem alcançar um mínimo das exigências", que incluiria o fim das penas de isolamento; a permissão para visitas de familiares de Gaza e para aqueles familiares da Cisjordânia que foram proibidos; melhoria das condições de detenção e o fim das incursões noturnas e das constrangedoras revistas aos visitantes.

O Comitê concorda que se uma facção política se retirar da greve , será aplicado medidas punitivas como "isolamento nacional durante pelo menos três anos, suspensão da organização pelo mesmo período e exposição midiática para aqueles que não cumprirem com o pacto".

O documento também define o que os presos podem consumir: apenas água e sal, deixando de fora soros, glicose e vitaminas.

As autoridades israelenses libertaram ontem o prisioneiro Jader Adnan, que permaneceu em greve de fome por 66 dias, no início deste ano. Trata-se do segundo prisioneiro liberado depois de uma prolongada greve de fome, depois de Hana Shalabi, que foi recentemente deportados para Gaza.

Outros dez reclusos palestinos já estão há semanas sem comer, pelo menos quatro deles há cinqüenta dias.


terça-feira, 17 de abril de 2012

LANÇAMENTO DO MOVIMENTO POLÍTICO MARCHA PATRIÓTICA E CONSTITUIÇÃO DE SEU CONSELHO PATRIÓTICO NACIONAL

21, 22 e 23 de abril de 2012.



As organizações sociais, populares e políticas de camponeses, indígenas, estudantes, trabalhadores, de bairros, culturais e em geral, compostas por milhares de mulheres e homens explorados deste país, que, desde 20 de julho de 2010, nos articulamos e organizamos na Marcha Patriótica pela Segunda e Definitiva Independência,

CONVOCAMOS:

O conjunto do povo colombiano, suas organizações, todas aquelas pessoas que em nosso país e em todas as latitudes do mundo compartilham conosco este anseio por transformações, de verdadeira democracia, de paz com justiça social, em síntese, a todas aquelas e todos aqueles que compartilham os sonhos e propostas apresentados na proclamação pela segunda e definitiva independência, fruto da vontade popular e soberana de milhares de mulheres e homens de nosso país, ao Lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional, uma proposta de organização eminentemente política, social e democrática, profundamente comprometida na defesa da causa popular e das reivindicações dos setores menos favorecidos da sociedade ou afetados pelas políticas neoliberais do Estado; um movimento que dinamize a variedade de formas de organização e mobilizações existentes em qualquer região da Colômbia, que cresça e se fortaleça, até se converter em uma verdadeira alternativa de transformação democrática para todo o povo colombiano, a ser realizado nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2012, na cidade de Bogotá.

A crise e a mobilização social e popular

O Lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e a Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional se dá em meio de um importante e vigoroso aumento da mobilização social e popular não somente em nosso país, mas também em diferentes latitudes do mundo, contra a crise do capitalismo e pela geração de alternativas verdadeiramente democráticas, que possibilitem a existência de sociedades justas e dignas.

Mais uma vez, o capitalismo entrou em crise demonstrando sua incapacidade estrutural de resolver os problemas materiais mínimos das maiorias, além de sua comprovada essência depredadora, que põe cada vez mais em questão a existência de nosso planeta.

Nesta ocasião, a crise tem seu centro na financeirização promovida pelo modelo neoliberal, o qual põe como eixo principal da economia e, porque não dizê-lo, de nossas sociedades, o sistema financeiro, caracterizado por ser fundamentalmente especulador e parasitário, afetando a produção real de riqueza e gerando acumulação para uma ínfima minoria sobre a base da negociação, por parte desses poucos, dos bens e do bem-estar do conjunto de nossos povos.

Frente a essa crise, as classes possuidoras, que estão no governo da maioria dos países do mundo, saíram apressadamente para salvar os bancos e o conjunto do sistema financeiro, enquanto impõem às grandes maiorias os custos da crise, através de fortes cortes dos investimentos sociais por parte dos Estados, promovendo novas ondas de privatização da saúde, da educação, da ordem territorial e de maior precarização dos direitos dos trabalhadores, tudo isso, por suposição, acompanhado de fortes doses de repressão e de cinismo contra os reais afetados por essas medidas.

Diante desse panorama, a digna mobilização não se fez esperar em todas latitudes do mundo, no Magreb, na beligerante resistência do povo grego, na greve que mostra um ressurgimento da histórica classe operária inglesa, no grito de “democracia real já” de milhares de indignados na Espanha, nos milhares de estudantes que contra o modelo neoliberal voltam a abarrotar as grandes avenidas de Allende no Chile, demonstrando na prática que “a história é nossa e a fazem os povos” e, logicamente, a luta singular que muitos estadunidenses vêm fazendo em Wall Street.

Na Colômbia, corajosamente, apesar de tanta morte e humilhação por parte do regime, assistimos a uma importante reativação do movimento social e popular contra as manifestações da crise em nosso país, contra o aprofundamento do modelo neoliberal, com seu necessário componente de guerra (adiantado pelo presidente Juan Manuel Santos) e pela recuperação dos direitos mínimos de nosso povo.

É assim como em nosso país a herança de Ignacio Torres Giraldo, arquétipo da classe operária colombiana, está presente nas greves impulsionadas recentemente pelos trabalhadores do petróleo, especialmente em Campo Rubiales, no Meta. Sente-se também o clamor de mais de 30 mil pessoas que, nas ruas do histórico Barranco Avermelhado, em meados de 2011, fizeram retumbar a palavra de ordem da solução política, da paz e do direito à terra; a lição unitária do movimento estudantil colombiano que, através da mobilização, do debate e da organização – contando com o apoio de grandes setores da população colombiana – ganhou uma importante batalha contra o governo nacional, que tinha a intenção de privatizar a educação superior. Presenciamos também a importante confluência que significa o CONGRESSO DOS POVOS e o esforço unitário que representa a criação do COMOSOCOL.

Parte ativa e muito importante dessa reativação do movimento social e popular é o nosso processo da Marcha Patriótica pela Segunda e Definitiva Independência, herdeira e continuadora da façanha independentista, democratizadora e soberana, empreendida por Bolívar, Nariño, José Antonio Galán, Benkos Biojó, Policarpa Salavarrieta, Manuela Beltrán e milhares de homens e mulheres que, ao longo desses mais de 200 anos, ofereceram suas vidas na conquista de tão altos propósitos. Nosso processo significa o encontro e a articulação de camponeses, estudantes, indígenas, trabalhadores, organizações de bairros, personalidades democráticas e expressões de todos os setores sociais, construindo uma proposta alternativa de país, invocando a soberania direta do povo através das assembleias abertas, retomando a mobilização e as ruas como elemento indispensável para a transformação, com vocação unitária e reafirmando, a cada dia, a importância da organização popular, tudo isso com o objetivo de conquistar para o povo sua participação decisória no governo da pátria, elemento que hoje se constitui no principal motivo da conformação de nosso Conselho Patriótico Nacional.

Presidente Juan Manuel Santos – neoliberalismo: aprofundamento do despojo e continuação da guerra contra o povo colombiano

O governo de Juan Manuel Santos significa a aposta das classes dominantes na recomposição do regime político colombiano, o que é fundamental para a perpetuação de seus interesses, regime certamente enfraquecido em alguns elementos importantes depois dos oito anos do governo anterior. Logrou seu objetivo com relativo êxito através da chamada Unidade Nacional, verdadeiro pacto de elites, que, com o maior descaramento, repartiu os postos e os recursos do Estado como verdadeiro butim pirata, com o objetivo de comprar qualquer tipo de oposição, garantindo a unanimidade no interior do congresso e a maioria dos partidos políticos, assegurando a implementação do aprofundamento do modelo neoliberal, principal objetivo desse governo.

Outro componente fundamental nessa intenção de maquiar o regime político colombiano tem sido uma decidida estratégia de cooptação de setores que outrora afirmavam defender os interesses populares, assim como uma política muito habilidosa de amoldamento e promoção de uma suposta nova esquerda, claramente dócil e funcional aos interesses das classes dominantes e à continuidade de seu projeto neoliberal.

Essas ações lograram efetivamente cooptar algumas organizações sociais, tornar invisível, atacar e estigmatizar sistematicamente as posições de esquerda que questionam o modelo, promovendo sobre estas a etiqueta da ortodoxia e da imobilização. Especial atenção merecem as consequências que tiveram essa estratégia em nível internacional, com a aprovação do Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos, Canadá e a União Europeia e a confusão de muitos setores progressistas internacionais que veem com lástima a realidade de nosso país através da visão dos grandes monopólios da desinformação.

Os elementos anteriormente mencionados facilitaram ao governo de Juan Manuel Santos adiantar uma reengenharia institucional neoliberal, através de um agressivo pacote legislativo, o qual começa com o Plano Nacional de Desenvolvimento e suas locomotivas do despojo, a reforma que consagra como princípio constitucional a sustentabilidade fiscal, a reforma do sistema nacional de royalties, a reforma do sistema de saúde, da justiça e do derrotado projeto de reforma da educação superior, só para mencionar alguns deles, visando aprofundar em nosso país a privatização de todos os elementos necessários da vida humana e da natureza, o despojo de nossos elementos naturais mais apreciados, a precarização absoluta das condições dos trabalhadores colombianos e o predomínio absoluto do setor financeiro que dessangra as finanças estatais e as riquezas dos colombianos, configurando-se dessa maneira em nosso país a terceira sociedade mais desigual do mundo.

Esse modelo profundamente desigual, que se perpetua fundamentalmente através da guerra empreendida pelo regime contra o povo colombiano, tornou possível níveis absurdos de concentração das terras de nosso país através do deslocamento forçado de milhões de camponeses e do ataque sistemático às suas formas de organização. As “vantagens competitivas” para a economia colombiana, que significam salários de fome para nossos trabalhadores, foram conseguidas graças ao assassinato seletivo de milhares de sindicalistas, o saque descarado de nosso ouro, água, petróleo e demais elementos naturais, e se ergue sobre o extermínio consciente e deliberado de nossas comunidades indígenas e afro-colombianas. A continuidade no governo colombiano desses mercadores da morte se explica em grande medida devido ao genocídio de qualquer forma real de oposição política.

É nessa realidade que encontra explicação a existência de nosso conflito social, político e armado, assim como a presença histórica das insurgências de nosso país; é por isso que se equivocam aqueles que afirmam que o atual governo conta com uma política de paz. Nesse ponto, a única política desse governo é a guerra total contra o povo colombiano: não se pode pensar que se avança até a paz quando as causas estruturais que originaram o conflito não só permanecem, mas também que se aguçam, quando se mata o opositor político e se fecha cada vez mais os espaços da já maltratada democracia. É por isso que, a partir da Marcha Patriótica e da Assembleia Aberta pela Independência, cremos que a luta pelas reivindicações mais sofridas de nosso povo e a luta pela solução política são elementos que necessariamente têm que se desenvolver de maneira conjunta: isso hoje é tarefa urgente e inadiável.

A cultura, a academia e a arte: elementos indispensáveis para nossa segunda e definitiva independência

A desaforada depredação promovida pelo capital financeiro e pelo sistema bancário internacional, produto da concentração de riqueza do mundo em poucas mãos, não somente afeta a vida material dos países e das pessoas, como também afeta a identidade cultural dos povos, as tradições e as expressões culturais e artísticas.

Por sua vez, as políticas neoliberais dos países imperialistas, agravadas pelos tratados profundamente desiguais do chamado “livre comércio”, promovem o saque das riquezas naturais, impondo para isso modos homogêneos de ser e de pensar.

A isso contribuem os meios de comunicação, que formam parte do sistema, com a característica de que estes são os encarregados, desde o plano da cultura, de preparar o caminho mediante a desinformação massiva e a distorção da realidade, para que o imaginário coletivo social se mantenha seduzido pelo modelo, na passividade e no consumismo.

A Cultura não é, como nos querem fazer crer, um luxo de uns tantos iniciados, ou umas atividades massivas de entretenimento. É uma necessidade vital do povo e das pessoas, um assunto fundamental da política, pois tem relação com nossa maneira de ser, de habitar o mundo, com nosso sentido de memória e de pertencimento, com nossa capacidade de prefigurar o futuro. E, portanto, com a vontade de atuar no “aqui e agora”!

Amilcar Cabral, um poeta africano, dizia que a Cultura é feita da capacidade que têm os povos de responder às crises. Nós, ao mesmo tempo em que reconhecemos a crise, vemos, na busca de sua saída, uma grande oportunidade de mudança.

A Cultura é a ponte entre a memória herdada das tradições e da decisão coletiva e pessoal, no presente, de lutar para que outro mundo seja possível.

Essa Marcha Patriótica nos estimula a desenvolver a mobilização social pelos grandes ideais de Justiça que nos incentivem a encontrar, mais cedo que tarde, soluções criativas e coletivas ao conflito.

Essa Marcha Patriótica não depende só da razão, que a temos de sobra. A sensibilidade e os sentimentos coletivos são, para todas e todos nós, assuntos fundamentais. Queremos fazer essa caminhada com canções, poemas e obras de teatro que desautorize o mito de que os poderosos são o modelo e de que são invencíveis. Não são! E o riso e a festa nos ajudarão a demonstrá-lo.

As batalhas não devem se dar somente no terreno da Economia, mas também no terreno das ideias e no das imagens. Por isso, expressamos nossa valorização da arte e da cultura e a necessidade de contar com as e os artistas como sujeitos criadores.

Por isso, convocamos imediatamente o povo colombiano a marchar conosco por um novo modelo de sociedade, chamamos os intelectuais democratas e as e os artistas, que contribuam com sua voz, seu pensamento e suas obras para vencer nesse empenho.

Façamos da Marcha Patriótica um grande acontecimento social, político e cultural.

O Movimento Político Marcha Patriótica e seu Conselho Patriótico Nacional, rumo à construção de uma alternativa política para a segunda e definitiva independência.

É precisamente nesse contexto que a Marcha Patriótica, na perspectiva de se converter na alternativa política para a segunda e definitiva independência, convoca para a constituição e para o lançamento de seu Conselho Patriótico Nacional, como espaço amplo, inclusivo, deliberativo e estratégico, que deverá dotar esse novo instrumento político de uma plataforma, que contemple as reivindicações centrais do nosso país, e das perspectivas de ação para conquistá-las, assim como sua necessária estrutura interna.

A configuração da Marcha Patriótica como movimento político não significa a dissolução das organizações políticas, sociais e populares que a compõem, nem muito menos que estas se afastem de suas ações e reivindicações setoriais; ao contrário, significa a constituição de um movimento de movimentos, que potencialize muito mais a atual reativação da mobilização e que articule as lutas de cada setor e as projete na disputa estratégica por um modelo de país e de sociedade. Para essa tarefa, é indispensável e determinante disputar o poder político do governo e do Estado com as atuais classes dominantes, que levaram o país a ocupar o vergonhoso segundo lugar entre os países mais desiguais da América e o terceiro no mundo.

Nosso movimento político deve encorajar a ação de todos os colombianos e colombianas que se encontram inconformados, indignados e entediados com a situação atual repleta de pobreza, humilhação e morte e que desejam construir uma Colômbia verdadeiramente democrática, com um modelo econômico e político no qual o direito à saúde, à educação, à cultura, à moradia, à recreação sejam uma realidade para o conjunto da população; um país no qual se impeça o roubo de nossos bosques, campos andinos e riquezas; uma Colômbia na qual a diferença política seja um elemento essencial para o debate democrático; uma nação soberana, um país em paz, com justiça social – em síntese, uma Colômbia que alcance a segunda e definitiva independência.

Fazemos isso com a profunda convicção de que a transformação de nosso país necessita urgentemente de um movimento político composto, em todo o seu ser e razão, pelas lutas e organizações sociais, populares, intelectuais e setores democráticos, que tenha, como princípios paralelos, o trabalho de base, a mobilização, a organização e a unidade do povo colombiano e o profundo compromisso de defender os interesses populares e das maiorias nacionais, para que possa alcançar a sinergia emancipadora entre as lutas sociais, as reivindicações e a disputa do poder político para colocá-lo ao serviço de todos os colombianos e não de una elite oligárquica.

METODOLOGIA E AGENDA:

Sábado - 21 de abril de 2012

Ato de Instalação:

→ Das 9 às 10 horas: leitura da convocação, explicação da metodologia e leitura das saudações

→ Das 10 às 12:30 horas: Painel inaugural “A construção de alternativas políticas e a mobilização social e popular contra a crise”

→ Das 12:30 às 14 horas: almoço

→ Das 14 às 18 horas: Trabalho das mesas:

- Caracterização do regime político colombiano

- Caracterização interna da Marcha Patriótica e do Conselho Patriótico Nacional

- Plataforma política da Marcha Patriótica

- Plano de trabalho 2012-2014

- Política organizativa da Marcha Patriótica

- Política internacional da Marcha Patriótica

→ 18 horas: Ato cultural

Domingo - 22 de abril de 2012

→ Das 8 às 10 horas: Plenária por comissões

→ Das 10 às 12:30 horas: Reunião por setor social:

- Camponeses

- Estudantes

- Trabalhadores

- Indígenas

- Afro-colombianos

- Mulheres

- Organizações de bairros

- Jovens

- Artistas

- Personalidades democráticas

- Direitos Humanos

→ Das 12:30 às 14 horas: almoço

→ Das 14 às 18 horas: plenária geral e designações de pessoas para as diferentes instâncias colegiadas

→ 18 horas: Ato cultural

Segunda-feira - 23 de abril de 2012

Ato de lançamento do Movimento Político Marcha Patriótica e Constituição de seu Conselho Patriótico Nacional.
Nesse dia, as diferentes organizações e processos de todos os departamentos enviarão um bom número de delegações para participar no ato de mobilização cultural e política, no qual será lançado o Conselho Patriótico Nacional e se dará a conhecer publicamente suas principais definições e propostas face ao país.

→ Das 8 às 10 horas: Recepção das delegações

→ Das 10 às 13 horas: Mobilização pela segunda e definitiva independência

→ Das 14 às 19 horas: Ato político e cultural

Mais informação: Marcha Patriotica
http://agendacolombiabrasil.blogspot.com.br/
http://www.marchapatriotica.org/



Declaração final do Fórum Internacional de Beirute

Apoiar a Resistência Antimperialista dos Povos e a Constituição das Alternativas à Globalização

Sob a iniciativa (*) e apoio (**) de numerosos centros de pesquisa, associações e movimentos políticos, culturais e sociais, os trabalhos do Fórum Internacional de Beirute desenvolveram-se entre os dias 16-17 e 18 de janeiro de 2009, com a presença de 450 representantes árabes e internacionais e de pessoas provenientes dos cinco continentes (66 países)

Nesse Fórum, no qual estava fortemente representada a América Latina, a Ásia e o Oriente Próximo, encarnava um espírito da tricontinental.

Dois grandes eixos da atualidade assinalaram o Fórum. De um lado, a resistência heróica do povo palestino de Gaza, diante de uma intensa violência e de uma barbárie sem precedentes. De outro lado, a crise global do capitalismo, que para além seu aspecto financeiro, é econômica, social, cultural e moral, e que coloca em perigo a sobrevivência da própria humanidade.


Princípios e Direitos


O Fórum Afirma:
 Os povos têm direito à resistência que deve ser inalienável e reconhecida como tal no âmbito do direito internacional e, ao mesmo tempo, apoiada por toda Comunidade internacional;

 A luta da resistência diante do colonialismo é indissociável dos combates que conduzem os revolucionários e os homens livres do mundo ao enfrentamento do capitalismo globalizado, do imperialismo, da militarização e da destruição das conquistas sociais, as quais resultam de mais de duzentos anos de duras lutas da classe trabalhadora;

 Os povos têm o direito à soberania sobre seus recursos naturais, direito à alimentação, à saúde e à instrução que devem prevalecer a qualquer consideração de ordem mercantil;

 Toda cultura e todos os saberes devem poder contribuir à construção dos bens comuns da humanidade, sobre a base do respeito à Natureza, da primazia das necessidades humanas e de uma gestão democrática das sociedades;

 O direito ao funcionamento democrático deve ser exercitado não somente no plano político, mas igualmente no plano econômico, tanto para os homens como para as mulheres;

 O direito de diferenciação cultural e da liberdade de culto, recusando qualquer estigmatização cultural e racial;


Campanhas e Resoluções:

 Concernentes à Faixa de Gaza
Os participantes do Fórum afirmam o apoio à resistência do povo palestino de Gaza. Condenam o terrorismo, os crimes e a violação de todas aas normas e dos valores humanos exercidos sobre essa população por parte de Israel.

Os participantes conclamam, também :


1. A aplicação de sanções rigorosas a Israel, tais como: ruptura de relações e convênios, proibição de venda de qualquer tipo de armamaneto a esse país.

2. Ações judiciais contra os Estados e empresas que vendam armas a Israel.

3. Conclamar a União Européia a cessar toda colaboração econômica, política e cultural com Israel e anular todos os convênios e acordos vinculados a esse país.

4. Realizar uma conferencia internacional para avaliar os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade cometidos contra a população de Gaza, assim como os crimes econômicos e ecológicos, levando os responsáveis por esses fatos à justiça, e também os crimes cometidos no Líbano em 2006.

5. Reabilitar a resolução da ONU nº 3379 que identifica sionismo e racismo, com a consequente expulsão da Israel da ONU;

6. Lançar uma campanha internacional pela reconstrução de Gaza objetivando o fim do bloqueio e a libertação dos prisioneiros políticos

 Concernente ao apoio à resistência e à luta antimperialista


1. Os participantes expressaram o apoio às resistências palestinas e libanesas, em suas lutas contra a ocupação israelense, assim como à resistência iraquiana que luta contra a ocupação estadunidense. Apoiam também, os esforços do povo iraquiano para conservar sua unidade territorial

2. Os participantes anunciam o apoio à autodeterminação do povo afegão e à luta contra a ocupação estadunidense e atlântica.

3. Os participantes enviam uma saudação ao presidente venezuelano Hugo Chavez, assim como ao presidente Evo Morales por seus apoios à resistência dos povos. Exprimem um total apoio às suas lutas contra a ingerência dos Estados Unidos na América Latina

4. Os participantes conclamam a remoção do bloqueio sobre Cuba e à libertação dos prisioneiros cubanos detidos nos cárceres dos EUA.

5. Os participantes condenam a aliança entre os EUA e o governo da Colômbia, que há quatro décadas aterroriza seu próprio povo e opera para a desestabilização dos regimes progressistas da América latina. Também enviam seu apoio aos movimentos revolucionários em luta contra o regime colombiano.

6. Os participantes conclamam a constituição de uma liga internacional de parlamentares para defender os direitos dos povos à resistência e à autodeterminação e ainda, a reativação dos acordos relativos à proteção das populações civis.

7. Conclamam a criação de uma rede midiática internacional para desmascarar a propaganda vergonhosa que protegem o caráter dos crimes perpetrados por Israel.

8. Conclamam a continuação do trabalho do tribunal de consciência para que julgue os crimes de guerra, em particular, levando a julgamento os responsáveis pelos crimes de guerra perpetrados no Líbano, em 2006

9. Lançar uma campanha para a implementação do conselho consultivo do tribunal de justiça internacional, no que concerne ao muro de separação racial na Palestina.

10. Fundar uma rede internacional objetivando a coordenação entre representações locais em momentos de crises e de guerras

11. Recusar as ameaças e as provocações dos EUA em relação ao Irã, quanto a seu direito de desenvolver seu programa nuclear civil, dentro do quadro das normas internacionais. Recusar igualmente, as ameaças guerreiras dos EUA em relação à Síria e ao Sudão.

12. Contestar as tentativas estadunidenses de esvaziar a legislação internacional de seus conteúdos humanitários, sob o pretesto de guerra antiterrorista.

 Os participantes propõem como alternativa ao dictat do mercado:


1. Excluir a agricultura e indústrias relacionadas com a alimentação das negociações internacionais de liberalização do mercado.

2. Recusar os acordos e as políticas internacionais que permitem às grande empresas porem suas mãos sobre os organismos vivos e que colocam em perigo a biodiversidade.

3. Construir, em oposição ao projeto neoliberal de Sarkozy, um mercado Comum Mediterrâneo (que não inclua o Estado colonial de Israel) baseado no princípio do comércio justo entre consumidores e produtores, do norte e do sul da bacia mediterrânea, assim como internamente a todos os países e que objetive a construção de uma mesoregião no Mediterrâneo.

4. Lutar contra a exploração abusiva exercitada pela pesca industrial e favorecer a pesca artesanal garantindo assim, um custo de caráter social

5. Preservar o patrimônio comum da humanidade e os recursos fundamentais para a vida, desenvolvendo a agricultura orgânica e utilizando energias renováveis.

Organizações que aderiram e/ou tenham participado dos trabalhos do Fórum

não figuram nesta lista numerosas organizações que serão acrescentadas posteriormente

1. L’union de la jeunesse démocratique Lebanon
2. Parti Communiste Libanais Lebanon
3. Réseau des organisations de la jeunesse Palestinienne Palestine
4. The party of Dignity Egypt
5. The popular campaign to break the siege on Gaza
6. KIFAYA (le mouvement egyptien pour le changement) Egypt
7. Union of Democratic youth Lebanon
8. Egyptian women issues Association Egypt
9. Palestinian youth organizations network Palestine
10. Fédération des Syndicats marocains Morocco
11. AMCI (The Medi terranean agency for International cooperation Morocco
12. Arab youth council- and the walkto the arab parliament Morocco
13. Data and strategic studies center Syria
14. El Badil regroupement anti globalization Syria
15. Socialist thinking forum Jordan
16. Organisation des socialistes révolutionnaires Egypt
17. All-union Communist Party of Bolsheviks
18. ALDEA Spain
19. Paloma valverde of CEOSI Spain
20. Pamplona – Navarra Spain
21. sodepao Spain
22. Scottish Palestine solidarity campaign Scotland
23. Left Radical of Afghanistan Afghanistan
24. Left revolutionary resistance Afghanistan Afghanistan
25. Revolutionary association of the women of Afghanistan (RAWA) Afghanistan
26. The Marxism – Leninism Today Germany
27. Defend Palestine NY – committee USA
28. International action center – USA USA
29. National Council of Arab Americans USA
30. The US campaign to end the Occupation USA
31. Women for mutual security – north America USA
32. American student in AUC USA - Lebanon
33. Campaign Iran England
34. Friends of Lebanon England
35. Friends of the Earth Middle East (Eco Peace) England
36. Friendship Across frontiers England
37. Pakistan institute of labor and education research England
38. Stop the war coalition The National England
39. The youth Group: Fist-Fight imperialism stand together England
40. Troops out now coalition England
41. West African bar association England
42. Islamic Motalefeh Party Iran
43. Neda Institute Iran
44. Anti-imperialist Camp Italia
45. Sinistra Euro Méditéranea Italia
46. IAPSCC Italia
47. International Federation for peace and conciliation Italia
48. L'altra Lombardia – Sulatesta Italia
49. La Pluma Italia
50. Nino Pasti foundation Italia
51. Party CARC Italia
52. Socialist party chowdhury Bangladesh
53. Csutbc Bolivia
54. EGTKK / Bolivia
55. Global peace and justice coalition Turkey
56. Tayad (association of the solidarity and aid between prisoners families) Turkey
57. The Cultural center of IDIL Turkey
58. The East Conference Turkey
59. The Front of peoples Turkey
60. Turkish Youth Union Turkey
61. Droit des femmes pour le developpement Alger
62. Rachda Association Alger
63. AICPB –Russia Russia
64. Coordinateur national du RTAS Senegal
65. Nord Sud XXI Switzerland
66. The international student and youth Movement (ISUM) Switzerland
67. MLCP North Kurdistan
68. Democrats Against Occupation Iraq
69. Youth Aid Foundation International Ghana
70. Edition Democrate BIP France
71. Journal Democrate France
72. De Primera Mano Venezuela
73. Azequiel Zamora Venezuela
74. APORREA Venezuela
75. NDF Philippines
76. The Cyprus peace council Cyprus
77. Soryana – cute Lebanon
78. Word Federation of Trade Unions Lebanon
79. FWB / PANAB Libya
80. Offensiv, journal for socialism and peace Germany
81. Nasyo Mauritius
82. Committee of Norway Norway
83. The party red – Norway Norway
84. Campanti imperialista Austria
85. Communist Party in Nepal (CPN) Nepal
86. Lagos state university Nigeria
87. University of Ibadan Nigeria
88. All India anti-imperialist forum India
89. All India democratic youth organization India
90. All India mahila sanskritic snagathan India
91. All India united trade union congress India
92. International Council of friendship and solidarity with soviet people India
93. Socialist unity center of India India
94. Campaign Genova 2001 Greece
95. Greek delegation; "M.A.D.I.S.A." center for alternative Greece information and study of the Middle East
96. "M.A.D.I.S.A." Center for Alternative Greece information and study of the Middle East
97. Stop the war coalition – Greece Greece
98. The Greek committee for international detente and peace (EEDYE) Greece
99. Women mutual security Greece
100. World Peace Council Greece
101. biblioteca Ayacucho Venezuela
102. diputados Parlatino Venezuela
103. diputados de la assemblea nacional Venezuela
104. diputados del parlamento Andino Venezuela
105. Solidaridad Arabe Venezuela Venezuela
106. Corriente Roja Spain



Tradução : PCB (Partido Comunista Brasileiro)






Os movimentos sociais na Colômbia ganham as ruas: Viva a Marcha Patriótica! Viva o Internacionalismo proletário!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Aumenta os ataques dos grupos terroristas armados à população síria depois do anúncio de cessar fogo

15 De abril de 2012

Damasco, Sana


Uma fonte militar responsável do Ministério da Defesa anunciou que desde que foi anunciado o  cessar fogo , aumentaram as agressões praticadas por grupos terroristas armados contra os cidadãos e militares sírios, contra  os pontos  e as barreiras das forças públicas, contra as  propriedades públicas e privadas, ultrapassando dezenas de violações e causando grandes perdas humanas e materiais.

A fonte acrescentou que, no momento que foi emitida a resolução do Conselho de Segurança Internacional que estipula o envio de observadores internacionais para supervisionar a execução da iniciativa do enviado internacional  à Síria, Kofi Annan, os grupos armados intensificaram de maneira histérica as agressões e ataques contra membros do exército, as forças de segurança e populares. A fonte acrescentou que as autoridades competentes,  vão proceder de forma a  impedir que esses grupos aramados continuem  com sua agressão criminal e seus assassinatos e actos de sabotagem contra os cidadãos e suas propriedades.


EBA Khattar



Violência sionista contra manifestantes pacíficos da solidariedade internacional











EXÉRCITO DE ISRAEL GOLPEA COM O FUSIL O ROSTO DE UM MILITANTE DA SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL



Depois de golpear os ativistas , os soldados israelenses, pegaram suas bicicletas. Os jovens da Dinamarca, Holanda e Palestina participavam de uma marcha ciclista em protesto contra o apartheid e a limpeza étnica israelita no Valle do Jordão. Veja  vídeo,

sábado, 14 de abril de 2012

Juan Manuel Santos, de falcão a pomba


Hernando Calvo Ospina

Traduzido por Anonymous Anonyme Anónimo Anonym Ανώνυμος بی امضاء

Para surpresa de muitos, desde que o 7 de agosto de 2010, Juan Manuel Santos assumiu a presidência de Colômbia passou de falcão a pomba.O gesto mais inesperado foi tratar de “meu melhor amigo” a Hugo Chávez, presidente de Venezuela, quando se reuniu com ele três dias depois de sua posse, reativando as relações diplomáticas com Caracas. Com Equador também restabeleceu em tempo recorde as relações. Por outra parte, esse homem vindo da direita afirma agora que a "prosperidade social" ;e o principal objetivo de seu mandato. ¿Como explicar câmbios tão espetaculares?

Desde o 7 de agosto de 2010, Juan Manuel Santos é o presidente de Colombia. Pertence à oligarquia tradicional. Sua família construiu poder graças ao jornal de Bogotá El Tiempo, “até manejar os meios de comunicação à vontade, sempre ao serviço do poder”, segundo Alirio Uribe Muñoz, advogado defensor de direitos humanos. Formado de sub-oficial na Academia naval, e de economista em universidades de Estados Unidos e Reino Unido, chegou a ocupar os ministérios de Comércio Exterior e da Fazenda. Em 2004, deixa o Partido Liberal e passa a apoiar o governo de extrema direita do Presidente Álvaro Uribe. No ano seguinte, é nomeado chefe da campanha para a reeleição de Uribe e do vice-presidente, seu primo Francisco Santos. Em julho de 2006, é nomeado ministro da Defesa, cargo que ocupará até maio de 2009, quando decide se lançar como candidato à presidência de Colômbia.

Ser presidente se converteu para Santos em uma obsessão, desde o momento em que a Corte Constitucional se opôs a que Uribe concorresse a um terceiro mandato. Ademais de suas ânsias de poder, devia se blindar contra eventuais demandas penais por crimes de lesa humanidade cometidos contra a população pelas forças armadas e de segurança, sob seu comando. Para conseguir isso, não teve escrúpulos -segundo o advogado Alirio Uribe Muñoz- em utilizar a influência das “hordas uribistas”, principalmente paramilitares, chefes narcotraficantes e os 130 parlamentares processados por diversos delitos.

O advogado nos faz o seguinte relato: “O ex presidente Uribe representa o mundo agrário e dos latifundiários enriquecido mediante o despojo violento, misturado com as classes emergentes do narcotráfico e crimes do paramilitarismo. Santos é um homem urbano, culto e cosmopolita por excelência. Porém, junto com sua família, se tem aproveitado do Estado para favorecer seus negócios e seu enriquecimento pessoal. Como membros destacados da oligarquia, não têm duvidado em propiciar e utilizar os métodos violentos para manter seus privilégios.”

Em novembro de 2005, o ministério da defesa aprovou uma diretiva secreta que estabelecia um preço pela cabeça dos guerrilheiros. Então, os militares se dedicaram a assassinar civis, apresentados nos meios de comunicação como "rebeldes mortos em combate" que foram chamados "falsos positivos". A Fiscalía General investiga uns três mil casos, entre os quais há adolescentes, retardados mentais, indigentes, viciados em drogas...

Quando Santos chegou ao ministério, em julho de 2006, se registraram 274 casos de “falsos positivos”. No ano seguinte, foram 505 assassinados... Ante o escândalo midiático e os informes do Alto Comissionado da ONU, a prática foi detida: em 2009, sete casos... 27 oficiais foram demitidos, incluindo três generais, mas...… sem ser responsabilizados por esses assassinatos. A ONU expressou, em julho de 2009, que “a impunidade em relação com as execuções extrajudiciais chega ao 98,5%.”

Os paramilitares têm sido os encarregados da estratégia de “terra arrasada” para desalojar do campo àqueles moradores tidos como subversivos pelo governo. Há mais de 4 milhões de campesinos deslocados, ou seja mais do 10% da população que mora no campo. Uns 10 milhões de hectares de alto interesse econômico têm sido roubadas das vítimas, e ofertadas às multinacionais, novos latifundiários paramilitares, caciques políticos e comandos militares (1). Agora, o presidente Juan Manuel Santos tem apresentado uma “Lei de Terras” como a panacéia, com a qual se pretende devolver os campos aos deslocados. Ao cumprir cem dias de mandato expressou: “Nos propusemos um plano de choque para titular até abril de 2011, 378.000 hectares, e já cumprimos três quartas partes dessa meta”. Mas, são 10 milhões de hectares…

Se estima que 250.000 pessoas têm sido “desaparecidas” pelas forças de segurança e seus paramilitares. Só nos últimos quatro anos foram quase 40.000 pessoas (2). Algumas delas foram enterradas na maior cova comum de América Latina, que fica perto de uma base do exército, sediada a 200 kilómetros ao sul de Bogotá: mais de 2.000 cadáveres... (3).

Agora, os paramilitares são chamados de Bacrim, “bandas criminais” . Cifras oficiais indicam que atuam em 21 dos 32 estados (departamentos colombianos), ou seja no 75% do território, e são dirigidas, na sua maioria, por assassinos anistiados pelos seus crimes durante o mandato do presidente Uribe. “Nas primeiras semanas do governo do presidente Santos, o acionar das bandas criminais se tem reativado (…) avançam no controle territorial e político ao melhor estilo das velhas estruturas paramilitares” (4). O novo governo insiste e que esses crimes estão relacionados com o negócio das drogas, mas "a realidade monstra que atentam contra lideranças sociais"(5). O partido opositor Polo Democrático Alternativo denunciou em 9 de novembro de 2010, que nos primeiros dias do mandato do novo presidente, uns cinqüenta lideranças políticas e sociais tinham sido assassinados....Diante dessa violência estatal, quatro Relatores Especiais da ONU examinaram a situação dos direitos humanos. Em seus informes o Ministério de Defesa estive sempre na primeira linha de responsabilidade...

"Israel Ziv ex-comandante do regimento de Gaza é o homem de mais alta patente entre os oficiais israelitas que ocupam tarefas relacionadas com o treinamento de pessoal no governo colombiano"

É importante sublinhar também a estreita relação de Santos com as autoridades de Israel e seus serviços de segurança. O ex-general Israel Ziv foi levado a Colômbia por Santos -que viajou várias vezes a esse país do Oriente Próximo- pela soma de dez milhões de dólares para assessorar os serviços de inteligência. "Israel Ziv ex-comandante do regimento de Gaza é o homem de mais alta patente entre os oficiais israelitas que ocupam tarefas relacionadas com o treinamento de pessoal no governo colombiano. Os nexos militares entre Israel e Colômbia datam do primeiro lustro de 1980, quando um contingente de soldados do Batalhão Colômbia...’Uns dos piores violadores dos direitos humanos no hemisfério ocidental, receberam treinamento no deserto do Sanai de alguns dos piores violadores dos direitos humanos no Meio Oriente’, segundo o investigador estadunidense Jeremy Bigwood"(6)

Em outubro de 1997, Manuel Santos já tinha demonstrado sua falta de escrúpulos. Se reuniu com os três principais chefes paramilitares para propor-lhes que participaram de um golpe de Estado contra o presidente liberal Ernesto Samper (proposta que também foi feita por ele às guerrilhas das FARC e ELN). Um deles, Salvatore Mancuso, ratificou esse convite pouco tempo atrás ante juízes estadunidenses e colombianos, desde um cárcere nos EUA (7) para onde foi extraditado em maio de 2008, junto a outros 14 chefes paramilitares, por tráfico de drogas, atividade que financia o paramilitarismo (8). Foram enviados para lá, porém seus crimes eram de lesa humanidade e isso prima por sobre outros delitos. Dessa fora, se evitou que os colombianos soubessem de primeira mão a responsabilidade do Estado com o paramilitarismo.

Em setembro de 2008 o jornalista venezuelano José Vicente Rangel disse sobre Santos: "É o homem do Pentágono na política colombiana. Tem adquirido força à sombra de Uribe e, hoje é possível dizer que supera ao próprio Uribe"(9)

Santos foi um seguidor da linha dura do ex-presidente George Bush, sobre a "guerra preventiva "contra outras nações, alegando legítima defesa.

Por isso violou a soberania do Equador quando atacou militarmente um acampamento guerrilheiro onde morreu um cidadão equatoriano, razão pela qual um juiz desse país formulou ordem de captura internacional contra Juan Manuel Santos com fins de extradição. Essa decisão foi suspensa o dia 30 de agosto de 2010. Em abril de 2010, sendo candidato à presidência declarou que estava "orgulhoso" pela realização dessa ação militar em território equatoriano. O presidente desse país, Rafael Correa manifestou: "Santos não tem entendido que em América Latina, já não há espaço para aspirantes a emperadorzinhos". Pela sua parte Hugo Chávez alertou: qualquer agressão contra Equador, Bolívia, Cuba ou Nicaragua "será um ataque contra Venezuela". O presidente boliviano, Evo Morales, considerou Bogotá "sub-servente e obediente ao governo dos EUA"

Aquilo que deixou em tensão a região foi o acordo militar com Washington, assinado em outubro de 2009 onde Colômbia permitia a utilização de 7 bases militares. Mas, a dez dias de iniciado o mandato de Santos, a Corte Constitucional declarou esse acordo "inviável". Foi um duro golpe para o presidente. Consuelo Ahumanda professora universitária em Bogotá, baseada nos documentos divulgados em Wikileaks, escreveu: "Resulta muito comprometedor o papel do então ministro da defesa, Juan Manuel Santos, quem manteve sempre a posição mais dura, no respaldo a Uribe, diante de uma mais diplomática proposta pelo Chanceler. Santos e Uribe apoiados por Washington estavam dispostos a incursionar de novo nos países vizinhos para atuar contra as FARC (....) Não eram infundados os temores dos governantes sul-americanos sobre o alcance regional do acordo da Colômbia com os EUA (10)

Mas, para surpresa de todos, com a presidência em mãos, Santos passou de ser falcão para se converter em pomba. Seu ato mais inaudito foi chamar de "meu melhor amigo" ao presidente Chávez e, reativar em tempo recorde as relações com Venezuela e Equador. Segundo Sérgio Rodríguez, catedrático venezuelano: A ruptura com Venezuela e Equador tinha deixado para Colômbia perdas de mais de sete bilhões de dólares no ano de 2009. E Santos faz parte dessa oligarquia reacionária mas pragmática, com poderosos interesses corporativos a serem defendidos".

Paralelamente, Santos segue robustecendo os laços com Washington. Em 30 de janeiro passado o ministro da defesa, Rodrigo Rivera viajou a Washington com o objetivo de "aprofundar a relação em matéria de defesa e segurança com os EUA. "Foi recebido pelo seu homólogo Robert Gates, assim como pelo chefe do Comando Sul, o sub-secretário para os Assuntos de Segurança das Américas e o diretor adjunto da CIA. Forças de contra insurgência colombianas participarão na guerra do Afeganistão. As despesas serão assumidas pelos EUA e Espanha. Os comandos estarão alojados nos batalhões espanhois e, sem que Colômbia seja membro dessa coalição, estarão sob a bandeira da OTAN.

O mesmo primeiro dia que o ministro Rivera chegava nos EUA, Colômbia ingressava no Conselho de Segurança da ONU por dois anos. A candidatura de Bogotá havia sido impulsionada por Washington e Paris. Por isso não foi casual que em 24 de janeiro o presidente colombiano aproveitou para se dedicar a vender os recursos naturais de seu país e também os de América Latina, porque "tem o que, nesse momento, o mundo está pedindo: petróleo, por exemplo.

Seu jornal El Tiempo, publicou nessa oportunidade: “Santos deu esta semana um novo passo para converter-se no líder latinoamericano que quer ser.”

Notas:
(1) www.movimientodevictimas.org...
(2) www.telesurtv.net/noticias/s... mas-de-38-mil-personas-desaparecidas-en-tres-anos/
(3) www.publico.es/internacional... adaveres
(4) Radio Nederland, Amsterdam, 26 de agosto de 2010.
(5) El País, Madrid, 30 de enero de 2011.
(6) José Steinsleger, “Israel en Colombia”, La Jornada, México, 12 de marzo de 2008.
(7) El Espectador, Bogotá, 21 de abril de 2010.
(8) Hernando Calvo Ospina, Colombia, laboratorio de embrujos. Democracia y terrorismo de Estado, Akal, Madrid, 2008.
(9) VTV, Caracas, 17 de octubre de 2008.
(10) El Tiempo, Bogotá, 12 de enero de 2011.