sexta-feira, 25 de julho de 2014

ISRAEL É O 5° MAIOR EXPORTADOR DE ARMAS PARA O BRASIL

 O comércio na área de "segurança" entre os dois países revela que, apesar das ofensas, o Brasil não é nenhum "anão"

 


A acusação de "irrelevância diplomática" do Brasil feita por Israel acabou ferindo o orgulho ufanista de alguns brasileiros.
Mas para além da retórica diplomática, é necessário observar os fatos. Como diria um grande professor, o direito - e aqui incluo a diplomacia - tem sua importância maior não pelo que diz, mas pelo que não diz.
Se a condenação feita ao massacre dos palestinos é um ponto positivo, talvez a falta de referência às intensas trocas comerciais entre os dois países deixe em suspenso a materialidade das relações. Para que se tenha aviões, bombas, drones, armas e munições, é preciso recursos. E nisso, o Brasil é cúmplice.
O comércio na área de "segurança" entre os dois países revela que, apesar das ofensas, o Brasil não é nenhum "anão".
O mercado não é somente intenso e movimenta bilhões de dólares, mas também é uma área que cresce cada vez mais - às custas do povo palestino e da população periférica, pobre e preta do Brasil.
Entre 1993 e 2013, o Brasil negociou com Israel ao menos 10 contratos de compra e venda de armamento e tecnologias militares, com o valor total de no mínimo US$285 milhões. Segundo a revista israelense Defense Update, tais contratos já passam de US$ 1 bilhão. Em 2010 - mesmo ano em que o país reconheceu o Estado Palestino nas fronteiras de 1967 - os países firmaram um acordo de cooperação bilateral na área de defesa, apontando para oportunidades que "possam valer bilhões de dólares" (http://tinyurl.com/prejtm2). Os produtos israelenses chegam com o selo de "testado em campo": ou seja, "testados" contra a população palestina.
Nesse período, também, o total em importações de Israel foi de ao menos US$ 187 milhões. O que torna Israel o 5o maior exportador de armas para o Brasil, atrás somente do Reino Unido, Alemanha, França e EUA. (http://www.sipri.org/)
A principal parceira comercial israelense na área de defesa no Brasil é a Elbit Systems, que, junto com a Embraer Defesa e Segurança, comandam sua filial local, a AEL Sistemas. A Elbit Systems é uma das principais fornecedoras de equipamentos militares para o exército israelense, auxiliou na construção do Muro do Apartheid e ajuda na construção dos assentamentos em terras palestinas. O intercâmbio com o Brasil tanto de tecnologia como de pessoal também é assegurado. Segundo a própria empresa “…destacamos a participação de engenheiros e programadores da empresa, no desenvolvimento de novos e sofisticados produtos e sistemas, nas instalações da Elbit Systems Ltd., em Israel, exercitando efetiva transferência de tecnologia. Ao retornarem ao Brasil, compõem, com os demais especialistas da empresa, o grupo de elite da eletrônica embarcada brasileira na AEL." A empresa está quadruplicando sua área construída, o que significa que os negócios estão prosperando. (http://tinyurl.com/lrct9y7)
Mas não só na área de "segurança internacional" a parceria entre os dois países é grande. Também na "segurança pública" o intercâmbio tanto de armas de pequeno porte como de expertise é alto. A venda de drones israelenses para a PF, o intercâmbio de métodos e técnicas policiais, e a venda de armas de pequeno porte são também outra face do mercado de segurança entre os países.
Entre 2007 e 2011, o Brasil aparece 3 vezes como um dos maiores exportadores de armas leves a Israel - um mercado que vem se expandindo cada vez mais. Contudo, vale constar que Israel não reporta a importação dessas armas para o banco de dados de trocas comerciais da ONU. O que leva a crer que a quantidade e a cifra que gira em torno desse comércio é muito maior. (http://www.smallarmssurvey.org/)
Se, de um lado, as declarações do MRE são positivas, para que se possa trazer resultados reais, as ações têm de ser concretas. Discursos cheios de significados são importantes, mas não asseguram a diminuição do sofrimento do povo palestino.
É preciso agir.


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