terça-feira, 31 de março de 2015

A América Latina na dinâmica da guerra global

por Jorge Beinstein [*]




Tudo ao mesmo tempo: em meados do mês de Março de 2015 os Estados Unidos deram um salto qualitativo de claro perfil belicista nas suas acções contra a Venezuela, também desenvolvem exercícios militares em países limítrofes com a Rússia na chamada operação "Atlantic Resolve", algumas dessas operações são realizadas a uns 100 quilómetros de São Petersburgo [1] , além disso intensificam-se informações acerca de uma nova ofensiva do governo de Kiev contra a região do Donbass [2] , aumenta a circulação de naves de guerra da NATO no Mar Negro, continuam as velhas guerras imperiais no Iraque e no Afeganistão às quais acrescentou-se a seguir a ofensiva contra a Síria (passando pela Líbia)... e muito mais... 

Evidentemente o Império está lançado numa catastrófica fuga militar para a frente estendendo suas operações a todos os continentes, encontramo-nos em plena guerra global. Nem os grandes meios de comunicação, nem os dirigentes internacionais mais importantes registaram publicamente o facto, todos falam como se vivêssemos em tempos de paz, só em alguns poucos casos surgem alguns deles a advertir sobre o perigo de guerra mundial ou regional. Uma excepção recente é a do Papa Francisco quando afirmou que actualmente nos encontramos perante "uma terceira guerra mundial" que ele descreve como a desenvolver-se "por partes" ainda que sem designar os contendores e fazendo vagas referências à "cobiça" e a "interesses espúrios" com a linguagem confusa e jesuítica que o caracteriza
 [3] . 

A cada mês acrescenta-se algum novo indiciar que anuncia a proximidade de uma nova recessão global muito mais forte e extensa que a de 2009. O capitalismo, a começar pelo seu polo imperialista, foi-se convertendo velozmente num sistema de saqueio onde a reprodução das forças produtivas fica completamente subordinada à lógica do parasitismo. As elites imperiais e suas lumpen-burguesias satélites "necessitam" super-explorar até ao extermínio seus recursos naturais e mercados periféricos para sustentar as taxas de lucro do seu decadente sistema produtivo-financeiro.
 

As tendências globais rumo à decadência económica exprimem-se de múltiplas maneiras no dia a dia. Dentre elas, a volatilidade dos preços das matérias-primas, o petróleo por exemplo, chave mestra da economia mundial, cujo estancamento extractivo (que não conseguiu ser superado pelo show mediático em torno do "milagroso" petróleo de xisto) combina-se com desacelerações da procura internacional como ocorre actualmente. A isso somam-se golpes especulativos e geopolíticos que convertem os mercados em espaços instáveis onde as manobras de curto prazo impõem a incerteza.
 

O curto-prazismo especulativo hegemónico engendra pacotes tecnológicos depredadores como a mineração a céu aberto, a fracturação hidráulica ou a agricultura com base em transgénicos acompanhados por operações políticas e comunicacionais que degradam, desarticulam sistemas sociais procurando convertê-los em espaços indefesos diante dos saqueios.
 

O optimismo económico da época do auge neoliberal deu lugar ao pessimismo do "estancamento secular" agora apregoado pelos grandes peritos do sistema
 [4] . Eles indicam que a salvação do capitalismo não chegará a partir da economia condenada a sofrer recessões ou crescimentos insignificantes, o melhor é nem falar demasiado desses tristes temas. Então a guerra ascende ao primeiro plano, algum massacre protagonizado por tropas regulares ou mercenários, algum bombardeio, alguma ameaça de ataque na Europa do Leste, Ásia, África ou América Latina. Os meios de comunicação nos esmagam com essa notícias, contudo ninguém fala da guerra global. 

Tudo acontece como se a dinâmica da guerra se houvesse autonomizado mas empregado um discurso embrulhado, difícil de entender. Mas assim como os super-poderes dos homens de negócios dos anos 1990 não eram independentes e sim compartilhados no interior de uma complexa trama de poderes (políticos, mediáticos, militares, etc) que em termos gerais costuma-se denominar como "classe dominante", também a aparente autonomia do militar dificulta-nos ver as redes mafiosas de interesses onde se borram as fronteiras entre os seus componentes. As elites da era neoliberal sofreram mudanças decisivas, experimentaram mutações que as converteram em classes completamente degeneradas que, cada vez mais, só podem recorrer à força bruta, à lógica da guerra. Não se trata portanto de a componente militar se autonomizar e sim, antes, de que as elites imperialistas se militarizam. Elas já não seduzem com ofertas de consumo mais algumas doses de violência, agora só propagam o medo, ameaçam com as suas armas ou utilizam-nas.
 

Progressismos latino-americanos
 

Dentro desse contexto global devemos avaliar os progressismos latino-americanos
 [5] que se instalaram na base das crises de governabilidade dos regimes neoliberais. 

Os bons preços internacionais das matérias-primas durante a década passada, somados a políticas de contenção social dos pobres, permitiram-lhes recompor a governabilidade dos sistemas existentes. Em alguns desses casos desenvolveram-se ampliações ou renovações das elites capitalistas e em quase todos eles prosperaram as classes médias. Os governos progressistas iludiram-se supondo que as melhorias económicas lhes permitiram ganhar politicamente os referidos sectores mas, como era previsível, ocorreu o contrário: as camadas médias iam para a direita e, enquanto ascendiam, olhavam com desprezo os de baixo e assumiam como próprios os delírios mais reaccionários das suas burguesias. A explicação é simples, na medida em que são preservados (e ainda fortalecidos) os fundamentos do sistema e em que seus núcleos decisivos radicalizam seus elitismo depredador seguindo a rota traçada pelos Estados Unidos (e "Ocidente" em geral) produz-se um encadeamento de subculturas neo-fascistas que vão desde acima até abaixo, desde o centro até as burguesias periféricas e desde estas até suas camadas médias. Na Venezuela, Brasil ou Argentina as classes médias melhoravam seu nível de vida e ao mesmo tempo despejavam seus votos nos candidatos da direita velha ou renovada.
 

Estabeleceu-se um conflito interminável entre governos progressistas que tornavam governáveis os capitalismos locais e direitas selvagens ansiosas por realizar grandes roubos e esmagar os pobres. O progressismo, confrontado politicamente com essa direita qualificada de "irresponsável", cujos fundamentos económicos respeitava, chantageava aqueles na esquerda que criticavam sua submissão às regras do jogo do capitalismo utilizando o papão reaccionário ("nós ou a besta"), acusando-os de fazerem o jogo da direita. Na realidade o progressismo é um grande jogo favorável ao sistema e em última análise à direita, sempre em condições de retornar ao governo graças à moderação, à "astúcia" aparentemente estúpida dos progressistas que por vezes conseguem cooptar esquerdas claudicantes cuja obsessão em "não fazer o jogo da direita" (e simultaneamente integrar-se no sistema) é completamente funcional à reprodução do país burguês e em consequência a essa detestável direita. 

Agora o jogo começa a esgotar-se. Os progressismos governantes, com diferentes ritmos e variados discursos, acossados pelo arrefecimento económico global e pelo crescente intervencionismo dos Estados Unidos, vão perdendo espaço político. Em vários casos suas dificuldades fiscais pressionam-nos a ajustar despesas públicas (e de modo algum a reduzir os super lucros dos grupos económicos mais concentrados), a aceitar as devastações da mega-mineração ou a adoptar medidas que facilitam a concentração de rendimentos. No Brasil, o segundo governo Dilma colocou um neoliberal puro e duro no comando da política económica, encurralado por uma direita ascendente, uma economia oscilando entre o estancamento e a recessão e uma intervenção norte-americana cada vez mais activa. No Uruguai o novo governo de Tabaré Vazquez mostra um rosto claramente conservador e no Chile a presidência Bachelet não precisa correr demasiado à direita, depois da sua rosada demagogia eleitoral afirma-se como continuidade do governo anterior e em consequência, passada a confusão inicial, herdará também a hostilidade de importantes faixas de esquerda e dos movimentos sociais.
 

Na Argentina, o núcleo duro agro-mineral exportador-financeiro e os grupos industriais exportadores mais concentrados estão mais prósperos do nunca enquanto a ingerência norte-americana amplia-se conduzindo o jogo de títeres políticos rumo a uma ruptura ultra-direitista. Na Venezuela a eterna transição rumo a um socialismo que nunca acaba de chegar não conseguiu superar o capitalismo ainda que torne caótico o seu funcionamento, forjando desse modo o cenário de uma grande tragédia. Por enquanto só a Bolívia parece salvar-se da avalanche, afirmando-se na maior mutação social da sua história moderna sem superar o âmbito do subdesenvolvimento capitalista mas recompondo-o integrando as massas submersas, multiplicando por mil o que havia feito o peronismo na Argentina entre 1945 e 1955 (de qualquer forma isso não a liberta da mudança de contexto regional-global).
 

Na América Latina assistimos a um processo de crise muito profundo onde convergem progressismos declinantes com neoliberalismo integralmente degradados, como na Colômbia ou no México, conformando um panorama comum de perda de legitimidade do poder político, avanços de grupos económicos saqueadores e activismo imperialista cada vez mais forte.
 

A este panorama sombrio é necessário incorporar elementos que dão esperança, sem os quais não poderíamos começar a entender o que está a ocorrer. Por debaixo dos truques políticos, dos negócios rápidos e das histerias fascistas aparecem os protestos populares multitudinários, a persistência de esquerdas não cooptadas pelo sistema (para além dos seus perfis mais ou menos moderados ou radicais), a presença de insurgências incipientes ou poderosas (como na Colômbia).
 

Nem os cantos de sereia progressistas nem a repressão neoliberal puderam fazer desaparecer ou marginalizar completamente esses fantasmas. Realidade latino-americana que preocupa os estrategas do Império, que temem o que consideram como sua inevitável arremetida contra a região possa desencadear o inferno da insurgência continental. Nesse caso o paraíso dos grandes negócios poderia converter-se num grande atoleiro onde afundaria o conjunto do sistema.
 

Geopolítica do Império, integrações e colonizações
 

A estratégia dos Estados Unidos aparece articulada em torno de três grandes eixos; o transatlântico e o transpacífico que apontam num gigantesco jogo de pinças contra a convergência russo-chinesa centro motor da integração euro-asiática. E a seguir o eixo latino-americano destinado à recolonização da região.
 

Os Estados Unidos tentam converter a massa continental asiática e sua ampliação russo-europeia num espaço desarticulado, com grandes zonas caóticas, objecto de saqueio e super-exploração.
 

Os recursos naturais, assim como os laborais, desses territórios constituem seu centro de atenção principal, na elipse estratégica que cobre o Golfo Pérsico e a Bacia do Mar Cáspio estendendo-se em direcção à Rússia encontram-se 80% da reservas globais de gás e 60% das de petróleo e na China habitam pouco mais de 230 milhões de operários industriais (aproximadamente um terço do total mundial).
 

A América Latina aparece como o pátio traseiro a recolonizar. Ali se encontram, por exemplo, as reservas petrolíferas da Venezuela (as primeira do mundo, 20% do total global), cerca de 80% das reservas mundiais de lítio (num triângulo territorial compreendido pelo Norte do Chile e Argentina e pelo Sul da Bolívia) imprescindível na futura indústria do automóvel eléctrico, as reservas de gás e petróleo de xisto do Sul argentino, fabulosas reservas de água doce do aquífero guarani entre o Brasil, o Paraguai e a Argentina.
 

Uma das ofensivas fortes do Império na década passada foi a tentativa de constituição da ALCA, zona de livre comércio e investimentos que significava a anexação económica da região por parte dos Estados Unidos. O projecto fracassou, a ascensão do progressismo latino-americano somado à emergência de potências não ocidentais, sobretudo a China, e o atolamento estado-unidense na sua guerra asiáticas foram factores decisivos que em diferentes medidas debilitaram a investida imperial.
 

http://resistir.info/crise/imagens/interv_militar.jpgMas a partir da chegada de Obama à presidência os Estados Unidos desencadearam uma ofensiva flexível de reconquista da América Latina: foi posta em marcha uma complexa mescla de pressões, negociações, desestabilizações e golpes de estado. Os golpes brandos com êxito em Honduras e no Paraguai, as tentativas de desestabilização no Equador, Argentina, Brasil e sobretudo na Venezuela (onde vai-se perfilando uma intervenção militar), mas também a tentativa em curso de extinção negociada da guerrilha colombiana e a domesticação de Cuba fazem parte dessa estratégia de recolonização. 

A mesma é implementada através de uma sucessão de tentativas suaves e duras tendente a desarticular as resistências estatais e os processos de integração regional (Unasul, Celac, Alba) e extra-regionais periféricos (BRICS, acordos com a China e a Rússia, etc) assim como a bloquear, corromper ou dissolver as resistências sociais e as alternativas políticas mais avançadas, em curso ou potenciais. Tentando levar avante uma dinâmica de desarticulação mas procurando evitar que a mesma gere rebeliões que se propaguem como um rastilho de pólvora numa região actualmente muito inter-relacionada.
 

Sabem muito bem que em muitos países da região a substituição de governos "progressistas" por outros abertamente pró imperialistas significa a ascensão de camarilhas enlouquecidas que a curto prazo causariam situações de caos que poderiam desencadear insurgências perigosas. Alguns estrategas do Império acreditam poder neutralizar esse perigo com o próprio caos, desenvolvendo "guerras de quarta geração" instalando diferentes formas de violência social desestruturante combinadas com destruições mediático-culturais e repressões selectivas. Nesse sentido, o modelo mexicano é para eles (por agora) um paradigma interessante.
 

Temem por exemplo que um cenário de caos fascista na Venezuela derive numa guerra popular que os obrigaria a intervir directamente num conflito prolongado, o que somado às suas guerras asiáticas os conduziria a uma super extensão estratégica ingovernável. É por isso que consideram imprescindível obter o apaziguamento da guerrilha colombiana, potencial aliada estratégica de uma possível resistência popular venezuelana.
 

O panorama é completado com o processo de integração colonial dos países da chamada Aliança do Pacífico (México, Colômbia, Peru e Chile). A isso somam-se os tratados de livre comércio de maneira individual com países da América Central e outros como o Chile e a Colômbia e o velho tratado entre EUA, Canadá e México.
 

Integração colonial e desarticulação, manipulação do caos e fortalecimento de pólos repressivos, Capriles mais Peña Nieto, Ollanta Humana mais Santos mais bandos narco-mafiosos... tudo isso dentro de um contexto global de decadência sistémica onde a velha ordem unipolar declina sem ser substituída por uma nova ordem multipolar. Tentativa de controle imperialista da América Latina submersa na desordem do capitalismo mundial.
 

O cérebro do Império não consegue superar as mazelas do seu corpo envelhecido e enfermo, os delírios reproduzem-se, as fugas para a frente multiplicam-se. Evidentemente encontramo-nos num momento histórico decisivo.
 
19/Março/2015
Notas 
[1] Finian Cunningham, "NATO's Shadow of Nazi Operation Barbarossa", Strategic Culture Foundation, 13/03/2015
 
[2] Colonel Cassad, "Ukraine: Reprise de la guerre au printemps?",
 http://lesakerfrancophone.net/ le 13 mars 2015 
[3] "El papa Francisco advirtió que vivimos una tercera guerra mundial combatida 'por partes' ",
 http://www.lanacion.com.ar , 13 de septiembre de 2014 
[4] Laurence H Summers, "Reflections on the 'New Secular Stagnation Hypothesis'" y Robert J Gordon, "The turtle's progress: Secular stagnation meets the headwinds" en "Secular Stagnation: Facts, Causes, and Cures", CEPR Press, 2014.
 
[5] Utilizo o termo "progressista" no sentido mais amplo, desde governos que se proclamam socialistas ou pró socialistas como na Venezuela ou Bolívia até outros de corte neoliberal-progressista como os do Uruguai ou Brasil.
 

Jorge Beinstein em resistir.info:
 

·  A vida depois da morte: A viabilidade do pós-capitalismo 

[*]
 Doutorado em economia e professor catedrático das universidades de Buenos Aires e Córdoba, na Argentina, e de Havana, em Cuba. É autor de Capitalismo senil: a grande crise da economia global,publicado no Brasil pela editora Record (2001). Dirige o Instituto de Pesquisa Científica da Universidade da Bacia do Prata e publica regularmente em Le Monde Diplomatique (em castelhano). 

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

Síria: Presidente Bashar al Assad afirma que os países da coalizão mantêm as forças terroristas do DAESH ou ISIS

DOMINGO, 29 DE MARÇO DE 2015

Presidente Bashar al-Assad, da Síria: “A coalizão anti-ISIS não quer que o Estado Islâmico acabe completamente”

28/3/2015, RT – Russia Today
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


Presidente da Síria, Bashar al-Assad
A aliança de 60 países que declararam seus planos para derrotar o Estado Islâmica “não é séria” – disse o presidente sírio Bashar al-Assad a jornalistas russos. Vários daqueles países preferem manter por lá a força terrorista, para continuar a chantagear países da região – disse ele.

O volume de ataques aéreos feitos por estados membros da tal “coalizão anti-ISIS”, alguns dos quais são países “ricos e avançados”, não passa de dez raids por dia sobre territórios da Síria e do Iraque – disse Assad em entrevista publicada na 6ª-feira (27/3/2015).

A Força Aérea da Síria, que é muito pequena se comparada à tal “coalizão”, faz, num único dia, de cinco a dez vezes mais ataques aéreos contra o ISIS, que a “coalizão” que reúne forças armadas de 60 países – disse Assad.

Não faz sentido. Só mostra seriedade zero – disse o presidente sírio. – E mostra também que a “coalizão” não quer acabar completamente com o ISIS.

Drone utilizado pela "coalizão" dos EUA na Síria
Não se vê nenhum esforço sério na luta contra o terrorismo. O que as forças sírias conseguem em campo num dia, é mais do que a tal “coalizão” de 60 países consegue em semanas! disse Assad. Que sentido haveria numa coalizão antiterrorismo, formada de países que, eles mesmos, financiam e apoiam terroristas?!  

O Presidente da Síria também alertou que a decisão de mandar para a Síria tropas “mantenedoras” da paz é inaceitável e poderá ter consequências perigosas. Se essa medida chegar a ser implementada, significará reconhecer o Estado Islâmico.

Forças para manter a paz são enviadas para regiões entre países que estejam em guerra. Quando alguém fala de enviar tropas “de paz” para lidar com o Estado Islâmico, equivale a reconhecer que o EI seria um estado, em guerra com outro estado. Essa retórica é inadmissível e muito perigosa – disse o presidente Assad.

O presidente sírio disse que o ocidente não tem solução política a oferecer para a crise na Síria. O único interesse do ocidente naquela região é derrubar o governo sírio.

Querem nos converter em fantoches, em vassalos. Minha opinião é o ocidente não tem qualquer solução política a oferecer. Não tem nem quer ter. E quando digo “ocidente”, refiro-me basicamente aos EUA, à França e à Grã-Bretanha. Todos os demais países são acessórios.

ISIS desfila em Raqqa, na Síria, com veículos fornecidos pela "coalizão" dos EUA (haja hipocrisia)
Para pôr fim ao conflito armado em curso na Síria, entre o exército sírio e militantes internacionais, países como a Turquia, a Arábia Saudita, o Qatar e alguns países europeus deveriam parar de fornecer armas para terroristas – disse o presidente da Síria.

O presidente sírio disse a jornalistas russos que Damasco não tem qualquer contato direto com os EUA nem está participando de qualquer tipo de discussões.

Recebemos algumas ideias passadas até nós por terceiros, mas nada que se possa considerar como diálogo sério – disse Assad, acrescentando que a única opção que resta ao seu país é esperar que mudem as políticas norte-americanas.

Na análise do presidente sírio, há dois grandes campos políticos nos EUA – um grupo que deseja a paz e outro, mais radical e agressivo. O primeiro é “uma minoria”, e o outro é quem manda na política externa do país.

Os obcecados por guerras que operam no segundo grupo apoiam integralmente as ideias mais agressivas, inclusive de envolvimento militar direto dos EUA na Síria e no Iraque, como querem, também, mandar armas para a Ucrânia.

Miliciano naonazista da Ucrânia
Há uma conexão entre a crise síria e o que se passa na Ucrânia. Primeiro, porque os dois países são importantes para a Rússia. Segundo, porque nos dois casos há um objetivo de impor ali governos fantoches do ocidente, para enfraquecer a Rússia – disse Assad aos jornalistas russos.

Perguntado sobre novas instalações da marinha russa no porto sírio de Tartus, Assad disse que seu governo apoiará, sem dúvida, a ideia de reviver e expandir as instalações e convertê-las em base militar, caso esse seja o desejo de Moscou.

Para nós, a presença russa no leste do Mediterrâneo é muito bem-vinda, sobretudo próxima de nossas praias e portos – disse ele.

Cerimônia de desembarque dos tripulantes
do cruzador Pyotr Veliky em Tartus, Síria
As instalações navais russas em Tartus foram construídas pelos soviéticos e foram usadas, principalmente, para reparos e reabastecimento de navios russos no Mediterrâneo. Quando a crise síria escalou, o pessoal militar russo foi retirado daquelas instalações.

Assad lembrou que a presença russa na Síria causa a todos uma certa sensação de equilíbrio na região. Lembrou que, no passado, quanto mais visível a influência de Moscou na região, mais estável e pacífica a vida em toda a área. 

Día de la Tierra: 30 de março- palestinos caminham entre as lembranças de sua terra querida

Cada año el 30 de marzo, los palestinos exiliados regresan a sus hogares en Lifta para protestar por la ocupación israelí.



A principios de marzo de 1976, Israel publicó planes de expropiar de unos 20.000 dunums (2.000 hectáreas) de tierra alrededor de las aldeas palestinas de Sakhnin y Arraba, que más tarde serían utilizados para establecer nuevos asentamientos judíos y un campo de entrenamiento militar. Estos planes fueron parte de una política oficial estatal para judaizar Cisjordania después de la creación del Estado de Israel.
En una respuesta colectiva el 30 de marzo de 1976, se puso en marcha una de las primeras manifestaciones de acción masiva, coordinada por los palestinos dentro de Israel, los palestinos se manifestaron en toda Galilea, en el norte hasta el Negev, en el sur. Seis palestinos fueron asesinados a tiros por las fuerzas israelíes y más de 100 palestinos resultaron heridos.
El 30 de marzo ha sido celebrado anualmente por los palestinos como Yom al-Ard (Día de la Tierra), con acciones colectivas de lucha contra la colonización a través de la Palestina histórica y en la diáspora palestina.
Para la comunidad exiliada de Lifta, Yom al-Ard es uno de los días más importantes de acción asentada en la comunidad. Desplazados de su aldea en las laderas occidentales de Jerusalén en 1948, muchos aldeanos huyeron sólo a un par de kilómetros a través de la Línea Verde a Jerusalén Este.
Muchos de estos refugiados huyeron posteriormente a nivel internacional cuando Jerusalén Este fue ocupada en 1967 y posteriormente anexionada por Israel en 1981.
Aun así, un núcleo de la comunidad en el exilio de Lifta permanece hasta hoy en Jerusalén Este, viviendo sólo uno o dos kilómetros de sus lugares de origen, pero se les ha negado el derecho al retorno. Cada año en Yom al-Ard, miembros de la comunidad realizan el corto viaje a su pueblo natal para limpiar el cementerio, orar por la primavera y caminar entre los viejos recuerdos.
Los refugiados de Lifta reunidos en tres autobuses, junto con muchos coches y furgonetas, realizan un viaje de 10 minutos desde la Colina Francesa en Jerusalén Oriental a su aldea. 


Dejando los autobuses en el extremo inferior de Lifta, los refugiados se dirigieron al valle a través de los campos de trigo y pasando por enormes postes de alta tensión, que suministra la vía para la planta de electricidad israelí construida en tierras de la aldea.
La principal carretera entre Jerusalén y Tel Aviv con vistas a varios asentamientos judíos construidos en tierras altas después de 1948, aunque el centro tradicional de la aldea palestina y muchos de sus edificios permanecen intactos.
Abu Khalid es uno de los supervivientes de la Nakba de Lifta. "No nos olvidamos", dijo a Al Jazeera. "Sabemos que cada una de las casas de este pueblo, y si comemos saber [tuna], podemos saber si es  una saber de Lifta." 
Yakoub Odeh ha sido un portavoz de la comunidad por muchos años. Sobreviviente de la Nakba, Odeh encabeza el grupo los Hijos de Lifta: "hoy estamos aquí reunidos para conmemorar el Día de la Tierra en Lifta, pero el Día de la Tierra no es sólo de Lifta, es un día de lucha por toda Palestina. Estamos aquí para recordar, estamos aquí para aprender y aquí estamos para decir que nunca nos daremos por vencidos." 


"Lifta es la única entre las aldeas palestinas despoblada durante la Nakba, en que la mayoría de las casas y los edificios permanecen intactas hoy y no ocupadas por los judíos israelíes. 
Yom al-Ard se conmemora por los palestinos en todas las esferas de la Palestina histórica. Grandes eventos se celebran anualmente en la Galilea, el lugar de los hechos originales en el año 1976, mientras que otras acciones se llevan a cabo por las comunidades palestinas en diversos lugares en todo el territorio de Israel, Cisjordania y en Gaza. 
Los refugiados de Lifta permanecen en el este de Jerusalén hoy son refugiados inscritos por el OOPS y los titulares de las tarjetas de identificación azul emitidas por Israel, que los clasifica como "residentes" de Jerusalén Oriental, pero no ciudadanos israelíes.

Abu Mohammad dice que su padre fue asesinado por las milicias sionistas en Jerusalén durante la Nakba. La casa de su abuelo en Lifta está junto a la carretera de entrada al pueblo, ocupada por una familia judío iraquí. Es una de los pocos de las casas originales que han sido ocupados, y todas ubicadas bien lejos del centro del pueblo.
Limpieza del cementerio del pueblo y el respeto de la tumbas de los familiares se ha convertido en un foco de muchos eventos de la comunidad de Lifta. Nader Liftawi nació en el barrio de Sheikh Jarrah en Jerusalén oriental en 1970 y fue llevado a la aldea regularmente por su padre desde joven: "he traído a mis hijos aquí desde que eran jóvenes. Yo vengo por lo menos una vez al mes para revisar las casas, limpiar las tumbas y oler el aire. Esto es todo para nosotros”.
Los sobrevivientes de la Nakba recuerdan la primavera como el centro de la vida de la comunidad hasta la despoblación forzosa de su aldea. Para conmemorar el Día de la Tierra, los refugiados de Lifta oran junto a las aguas por la primavera.
Cuando los refugiados comenzaron a abandonar Lifta durante el Día de la Tierra, la fuente de agua de la aldea se convirtió en una zona recreativa para grupos de jóvenes israelíes ortodoxos de los asentamientos de los alrededores, incluyendo Givat Shaul, que se ha ampliado a las ruinas de Deir Yassin después de la masacre de palestinos en abril de 1948.
Imágenes: Rich Wiles, Aljazeera
Copyleft: Toda reproducción de este artículo debe contar con el enlace al original inglés y a la traducción de Palestinalibre.org
Fuente: Rich Wiles, Aljazeera / Traducción: Palestinalibre.org