quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Tribunal internacional declara Israel culpado por crimes de genocídio

Adital - O Tribunal Internacional sobre a Infância declarou, no dia 12 de fevereiro, o Estado de Israel culpado de crimes de lesa humanidade e genocídio contra a infância palestina da Faixa de Gaza, durante os ataques que iniciaram no dia 27 de dezembro de 2008 e duraram 22 dias, matando mais de 450 crianças. Na sentença, o tribunal, formado por promotores internacionais de 11 países do mundo, sendo nove da América Latina, um da África e um da Ásia,denuncia os crimes aberrantes e o avanço sistemático do infanticídio contra as crianças da Faixa de Gaza por parte do exército israelense.
Segundo o tribunal, Israel violou todas as Convenções Humanitárias de Genebra, todas as declarações internacionais de Direitos Humanos e apresentou como método de guerra o ataque à população civil. A sentença é constituída de provas dos ataques à população infantil palestina e da violação das leis internacionais e do estatuto de Roma, com testemunhos de crianças e mães da Faixa de Gaza, junto a assinaturas e petições de milhares de pessoas da América Latina, Europa, África e Ásia.


O organismo destaca ainda que a infância palestina tem vivido sob o genocídio das bombas, das metralhadoras, e da utilização como escudos humanos das crianças por parte do exército israelense. Afirma que 700 mil crianças da região foram submetidas a massacres, assassinatos, a crimes contra a humanidade, ao genocídio, ao bloqueio humanitário, sequestro e à destruição de suas escolas, de seus lares, de suas famílias e de suas casas.


"É a Sentença Moral e Ética em memória das crianças palestinas que morrem em Gaza, pelo menos para devolve-lhes a dignidade que lhes roubaram com esses crimes da barbárie humana, acompanhada por mais de 2.000 assinaturas e petições de organizações e cidadãos de mais de 50 países do mundo que apóiam este Tribunal Internacional de Consciência e solicitam à Corte Penal Internacional e aos organismos internacionais de justiça e direitos humanos da União Européia e da América Latina a abertura de causa e investigação e condenação dos culpados dos crimes", afirma o documento.


Ainda de acordo com a sentença, as violações do direito internacional humanitário devem ser perseguidas e investigadas pelos Estados, em especial pelos Estados parte dos Convênios de Genebra de 1949. O tribunal lembra que Israel é parte desde 1950 do IV Convênio, aplicável à proteção da população civil, mas não investiga nem persegue os atos que são denunciados ante seus tribunais militares e penais.


O mais adequado para a realização do julgamento desses crimes seria a atuação da Corte Penal Internacional, de acordo com a sentença. No entanto, o Estado de Israel não parte do Estatuto dessa Corte, permitindo que os crimes de guerra perpetrados em seu território ou por seus nacionais fiquem impunes.
A sentença na íntegra pode ser acessada em: www.calameo.com/viewer.swf?bkcode=00001604142f6507ebaac&langid=en

MOÇÃO DE REPÚDIO À DESTRUIÇÃO DA UNIVERSIDADE ISLÂMICA DE GAZA


Os delegados ao 28º CONGRESSO do ANDES-SN, realizado em Pelotas RS, de 10 a 16 de fevereiro de 2009, repudiam o ataque selvagem do Estado de Israel contra opovo palestino que habita a Faixa de Gaza, ataque que vitimouindiscriminadamente a população de um milhão e meio de pessoas daqueleestreito território cercado e oprimido.
Repudiam a destruição de escolas,estradas, hospitais, de toda a infraestrutura essencial à sobrevivência de umpovo expropriado e oprimido ao longo das últimas seis décadas.
Repudiam,especialmente, a destruição da Universidade Islâmica de Gaza, único centrode educação superior naquele território. Essa destruição proposital tornaevidente que o objetivo real do ataque, para além de seu pretextocircunstancial, é o de implementar uma solução final consistente naeliminação da nação, do povo e da cultura palestina, em todas as suasexpressões.

Pelotas-RS, 16 de fevereiro de 2009.

MOÇÃO DE REPÚDIO AO MASSACRE DA FAIXA DE GAZA

Os delegados ao 28º CONGRESSO do ANDES?SN, realizado em Pelotas, de 10 a 16 defevereiro de 2009, manifestam solidariedade ao povo palestino, vitimado pelohediondo massacre perpetrado pelo Estado de Israel na faixa de Gaza.
Os bombardeios lançados contra a população civil, o temor e o cativeiro aque o povo palestino vem sendo submetido por Israel e toda a devastaçãorealizada pelo exército israelense constituem um verdadeiro crime de guerracontra a humanidade.

É inaceitável que o genocídio se torne, mais uma vez, política de Estado eque ao povo palestino sejam sistematicamente negados os direitos humanos maiselementares, assim como é inadmissível que a guerra imperialista de Israelcontra o povo palestino prossiga impunemente.

Toda a solidariedade à heróica resistência do povo palestino, hoje símbolomaior da luta anti-imperialista.

Todo apoio aos povos oprimidos, em defesa da sua liberdade eautodeterminação.

Pelotas-RS, 16 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Israel, de novo, ocupa terras na Cisjordânia

Por Zé Dirceu
Ocupou 1,7 Km2 para construir 2.500 casas. Ocupa contra...
Ocupou 1,7 Km2 para construir 2.500 casas. Ocupa contra tudo e contra todos. Contra a legislação internacional, contra as decisões da Organização das Nações Unidas (ONU), contra seus próprios compromissos com os Estados Unidos.

Quer dizer, ocupa contra o país (EUA) que financia e garante a sobrevivência da máquina de guerra de Israel e de sua política expansionista - isso para dizer o mínimo, para não dizer política de destruição da economia e do povo palestino, da Palestina.

Mais grave: o já conhecido direitista e militarista, Binyamin Netanyahu, que toda a comunidade internacional conhece, declarou que não irá desocupar terras em seu governo. Ou seja, faz uma provocação direta a todos os palestinos e árabes, um chamado à guerra.
Binyamin Netanyahu é considerado favorito ao posto de 1º ministro de Israel desde as eleições de uma semana atrás.

Quem defenderá o povo palestino? Quem fará manifestos em defesa do sagrado direito a autodeterminação desse povo e a uma pátria, como Israel tem? Quem, se não eles mesmos, o povo palestino?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Palestra: A Questão Palestina - O que muda depois da Invasão a Gaza?

Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino. convida todos os simpatizantes da causa palestina para a palestra ( A Questão Palestina - O que muda depois da Invasão a Gaza?
Palestrantes:
Khader Othman - representante da Comunidade Árabe-Palestina de Florianópolis;
Fawzi El Mashini - ex-Embaixador da Palestina no México e representante da Comunidade Árabe-Palestina de Tubarão;
Nildomar Freire - Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino

organização: FECESC
Dia: 18 de fevereiro - Quarta-feira
Hora: 14 horas
Local: FECESC - Federação dos Trabalhadores no Comércio no Estado de Santa Catarina
Av. Mauro Ramos 1624 - na frente do "Banco Redondo" - Centro - Florianópolis/SC
“Buscar a verdade é dizê-la”
Jean Jaurés

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Quem tem medo de Liberman?

Por Georges Bourdoukan - Jornalista e escritor

A mídia internacional está preocupada com Avigdor Liberman.

Avigdor Liberman é o batráquio em cujas mãos está o destino de Israel.

Isso é o que a mídia e seus girinos que dominam a emprensa entoam.

E por que eles temem liberman?

Por que ele é racista, respondem.

Por que com ele não haverá diálogo com os palestinos.

Por que com ele "os assentamentos" ( roubos de terras palestinas) vão ser ampliados.

É cínica essa mídia, onde proliferam os girinos.

Quando é que houve um governante israelense que não fosse racista?

Quando é que um governante israelense dialogou honestamente com os palestinos?

Quando é que um governante israelense se preocupou, de fato, com o roubo de terras palestinas?Há 60 anos que os palestinos sofrem sob as patas dos colonizadores.

E agora a mídia se diz preocupada com esse êmulo de Hitler?

O que essa mídia diz sobre o cerco a Gaza?

Sim! Gaza continua cercada.

Gaza continua um campo de concentração.

Nada mudou para os palestinos e nem vai mudar seja qual for o governante israelense.

E eu não sou daqueles que apreciam "quanto pior melhor".

Não, não!

Eu me baseio em fatos históricos e não em manipulação midiática.

E os fatos históricos demonstram que, pelo menos nos próximos anos, não há a mínima possibilidade da existência de um Estado Palestino ao lado de um estado israelense racista.

E, infelizmente, israel sempre será um estado racista enquanto for um "estado judeu"ou "de judeus".

No meu entender, a única possibilidade de convivência harmoniosa entre palestinos e israelenses é sob um estado único, laico e democrático.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

NOTA DO DCE_UERJ SOBRE OS ATAQUES EM GAZA

Entre os dias 27/12/2008 e 18/01/2009, o mundo observou mais um capítulo lamentável da demonstração de força do exército israelense sobre o povo palestino na Faixa de Gaza.

Com uma força desprorpocional e a utilização de armas não-convencionais, as ações militares de Israel deixaram um rastro de destruição e terror com um saldo de 1415 assassinados e 5300 feridos. 70% dos mortos eram civis, um terço crianças (dados oficiais divulgados).

Desde a retirada dos colonos israelenses da Faixa de Gaza, o aumento do bloqueio a esta região pelas forças militares de Israel tornou as condições de vida para a população uma difícil questão humanitária. Faltam alimentos, remédios, água, energia e emprego.

Acreditamos que a legitimidade da resistência de qualquer povo na construção da sua autodeterminação e disposição de luta contra o colonizador deve receber nossa solidariedade. Da mesma forma, o povo israelense não pode esquecer da sua própria história, pois também foi vítima de uma política genocída de estado implementada pelo regime nazista.

Desta forma, o Diretório Central dos Estudantes da UERJ condena os ataques militares israelenses ao povo palestino, assim como a ocupação de seu território na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e exige que as ações militares de Israel sejam investigadas pela comunidade internacional.

DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES DA UERJ

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A excepcionalidade às avessas de Israel

por Shahid Alam M. Shahid Alam, Dissident Voice, 10/2/2009

M. Shahid Alam é professor de Economia na Northeastern University.

É autor de Challenging the New Orientalism (2007). Recebe e-mails em alqalam02760@yahoo.com


Os que criticam o sionismo e Israel – inclusive alguns israelenses – têm chamado atenção para o conceito de excepcionalismo às avessas, que ajuda a ver uma Israel aberrante, que viola normas e leis internacionais e continua praticamente impune; que pratica abuso sistemático de Direitos Humanos; que inventa guerras quando bem entende; e que expandiu seu território mediante guerra de conquista. Não cabe aqui uma lista exaustiva desses traços da excepcionalidade às avessas de Israel, mas podem-se anotar alguns, que mais chamam atenção.

Como poder colonizador, Israel não é única, na história da expansão européia além-mar: mas é única, sim, nos séculos 20 e 21. Desde o século 16, os europeus implantam colônias de exclusão na América, Austrália, Nova Zelândia – dentre outros locais –, onde colonos brancos deslocaram e em vários casos exterminaram populações nativas, para recriar sociedades à imagem do mundo europeu que os colonizadores abandonaram. Ao final do século 19, contudo, esse expansionismo europeu genocida já estava perdendo força, em grande parte porque restavam no planeta poucas sociedades neolíticas sobreviventes, que os colonos brancos pudessem exterminar facilmente. Na África e na Ásia tropicais, o clima e os agentes patogênicos não pareceram atraentes aos colonos europeus.

A decisão dos sionistas, em 1897, de estabelecer um Estado colonial de exclusão na Palestina, foi uma excepcionalidade, na direção oposta àquela tendência histórica. Em 1948, cerca de 50 anos depois, judeus europeus colonizadores criariam ainda o único Estado, no século 20, constituído por princípios de conquista e limpeza étnica. Israel também é o único Estado colonial de exclusão que europeus modernos instalaram, não no novo, mas no Velho Mundo.

Em Israel, além do mais, o colonialismo de exclusão não tem qualquer raiz histórica no passado dos judeus. Depois da vitória na guerra de junho de 1967, os israelenses decidiram ampliar seu projeto colonial e acrescentar os territórios da Cisjordânia, de Gaza, do Sinai e as colinas de Golan. Em tempos mais recentes, o ímpeto de limpeza étnica massiva contra os palestinos nativos dos 'Territórios Ocupados' – e também dentro da fronteiras israelenses de antes de 1967 – extrapolou os setores extremistas da direita israelense e passou a ser tendência dominante na política de Israel.

Muito provavelmente, Israel é o único Estado, no planeta, que insiste em definir a cidadania sem qualquer referência ao território e à geografia.

Por um lado, Israel continua a negar aos refugiados o direito de retornarem – e nega, portanto, direitos de cidadania a milhões de palestinos, os quais (os que vivam hoje e seus pais e avós e parentes mortos) foram expulsos de seus territórios nativos em duas grandes ondas de limpeza étnica, desde 1948. Ao mesmo tempo, por efeito da "Lei do Retorno", Israel garante cidadania instantânea e automática a judeus, filhos de judeus e judeus conversos.

Nos termos dessa lei, como resume Mazin Qumsiyeh, "nenhum judeu 'emigra' para Israel: os judeus (inclusive os conversos) 'retornam' (o que explica o nome da lei)." Não bastasse, os judeus 'retornados' recebem apoio generoso do Estado, a partir do momento em que pisam em Israel. Em palavras claras, Israel inverteu os direitos de residência e cidadania internacionalmente reconhecidos; e nega esses direitos aos que os têm por nascimento e territorialidade, ao mesmo tempo em que os dá generosamente a quem os reclame baseado em mitos religiosos.

Nos anos recentes, cada vez mais se ouvem denúncias contra Israel por praticar discriminação legal contra os palestinos. Essa discriminação é ampla, geral e irrestrita nos 'Territórios Ocupados' nos quais Israel constrói colônias só para judeus, interligadas com o território israelense de antes de 1967 por estradas segregacionistas exclusivas para judeus.

Desde junho de 1967, os palestinos que vivem nesses territórios têm sofrido sob regime de ocupação militar, que dá menos atenção aos direitos humanos que o regime do apartheid sul-africano.

Recentemente, um ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, teve a coragem de denunciar o regime de apartheid nos 'Territórios Ocupados' no título de livro, Palestine: Peace not apartheid. Imediatamente a mídia dominante nos EUA – controlada por censores sionistas – pôs-se a atacar selvagemente o presidente Carter por ter pronunciado a palavra impronunciável. Não poucas carreiras políticas e acadêmicas, nos EUA, tiveram vida curta e fim rápido por menos que isso. Mas Jimmy Carter, ex-presidente e octogenário, tinha pouco a perder e nada perdeu.

Mas também dentro das fronteiras de 1967, Israel alocou direitos por critérios raciais e étnicos. Antes de 1966, os palestinos em Israel eram governados por lei marcial, que limitava gravemente seus direitos civis e políticos, inclusive o direito de ir e vir, de ter jornais, de organizar manifestações públicas e de constituir partidos políticos.

Desde a fundação, Israel mantém atrelados os critérios de etnicidade e de políticas para migrantes. Pela lei israelense, a terra é propriedade do povo judeu; o direito de propriedade é gerido, em nome do povo judeu, por um "Jewish National Fund" (JNF), organização para-governamental. Israel nacionalizou todas as terras dos palestinos expulsos em 1948 e, dali em diante, continua a expropriar propriedade dos palestinos mediante várias medidas arbitrárias. Resultado disso, o JNF é proprietário, hoje, de 93% de toda a terra de Israel conforme a lei de antes de 1967. Pois mesmo assim, apesar da ousadia, o presidente Carter não se atreveu a denunciar o regime de apartheid também na Israel de antes de 1967.

Israel é o único país do mundo que se recusa a demarcar as próprias fronteiras. As fronteiras de facto andam de um lado para outro com frequência impressionante. Primeiro, a linha do armistício de 1948 demarcou as fronteiras de Israel; mas depois a fronteira foi 'empurrada' para adiante, em 1956, 1967 e 1982 – sempre por ação de guerra, conquista e ocupação. Raras vezes Israel teve de retirar-se de território ocupado militarmente: retirou-se do Sinai em 1957, outra vez do Sinai em 1978, do sul do Líbano em maio de 2000 e outra vez do sul do Líbano em agosto de 2006. Além disso, desde o Acordo de Oslo de 1993, Israel demarcou um novo conjunto de 'fronteiras' internas, dentro da Cisjordânia, para conter e neutralizar a resistência palestina, num conjunto regulado de bantustões.

Se Israel ainda não alcançou nem ultrapassou as fronteiras do mítico reino de Davi, não foi por falta de ambição. A barreira é demográfica. Para avançar além das fronteiras atuais, Israel precisa de maior número de colonos judeus interessados em correr os riscos da colonização. Felizmente para os árabes, não há grande oferta de colonos hoje no mundo – o suprimento é hoje tão pequeno quanto já foi, antes da ascensão dos nazistas na Alemanha.

Se Israel tivesse conseguido atrair 5 milhões de colonos judeus depois de 1967, o Sinai estaria até hoje sob ocupação; e as fronteiras israelenses teriam avançado, no norte, até o rio Litani e, rumo leste, teriam ultrapassado o rio Jordão. Sorte dos árabes. O expansionismo israelense foi contido pelos baixos números da demografia dos judeus. Isso pode mudar depressa, contudo, se Israel decidir suavizar as exigências para a conversão ao judaísmo. Milhões de judeus conversos, de todos os países pobres do mundo, atraídos pela promessa de uma 'vida melhor', poderiam, então criar ondas gigantescas de migração, interessados nas vantagens da "Lei do Retorno".

Artigo original, em inglês, em:

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

CARTA DO COMITÊ GAÚCHO DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO

Em 1947 o Conselho de Segurança da ONU aprovou a partilha que dividiu a histórica Palestina em dois estados (Israel e Palestina).
Quase 800 mil palestinos foram expulsos de forma brutal e sangrenta de suas terras, vilas e lares. Sessenta anos após, o povo palestino continua resistindo à ocupação israelita-sionista. Mesmo condenado a sobreviver em campos de concentração dentro de 17,2% do que lhes restou de suas terras, ou a ser cidadãos de segunda categoria dentro das fronteiras de Israel.

O que acontece na Palestina?

A nação palestina sofre um verdadeiro regime de Apartheid: cidades cercadas por muros e arames farpados, mais de 600 postos de controle que impedem a livre circulação, servindo como instrumentos de castigo coletivo à população. A construção promovida por Israel de assentamentos ilegais, os mais de 10 mil presos políticos nos cárceres israelenses, a “ocidentalização” de Jerusalém Oriental, mostram que Israel ocupa a Palestina, militar, econômica e politicamente.

Quem são os Palestinos?

Os palestinos são aproximadamente nove milhões. Quatro milhões vivem na Jordânia, Síria, Líbano e outros paises árabes onde sobrevivem em campos de refugiados. Um milhão de palestinos encontra-se em diáspora nos mais diferentes países. Mais quatro milhões vivem nos territórios ocupados da Palestina, Cisjordânia, Faixa de Gaza e Israel.

Os palestinos vivem sob a política segregacionista do governo de Israel, que detém o controle do fornecimento de água, eletricidade e combustíveis. A movimentação dos palestinos é severamente controlada por 600 barreiras militares, muro da vergonha com 700km de comprimento e 8m de altura, que corta e cerca a Palestina.

Israel controla todas as fronteiras não permitindo o retorno dos palestinos. A Faixa de Gaza é a área de maior densidade populacional do planeta, com cerca de quatro mil hab por quilômetro quadrado.

O massacre

Desde o dia 27 de dezembro de 2008, o exército de Israel vem promovendo um novo massacre. Não podemos chamar de guerra a esta carnificina, onde o quarto maior exército mundial executa indistintamente crianças e mulheres com o pífio argumento de que combate as forças do Hamas.

Esta agressão criminal é contra o povo palestino, suas casas, escolas, mesquitas, hospitais, crianças, mulheres e anciões.

Terrorismo, para Israel, é qualquer ato de resistência, é qualquer árabe que não se submeta aos ditames dos invasores.

As verdadeiras razões da barbárie

Às vésperas das eleições em Israel, o governo sionista lança os violentos ataques ao povo palestino com a intenção de promover eleitoralmente seus partidos às custas do sangue de inocentes. Ao mesmo tempo que busca, através da força, dividir a nação palestina e seus representantes, para impedir a criação de um Estado Palestino livre e soberano.

O Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino – RS convoca:

A todos os democratas do mundo a denunciar esta monstruosidade e combater, de todas as formas possíveis, as atrocidades do governo de Israel e seu comparsas imperialistas, os EUA, com sua política de dominação opressiva, massacrando povos do oriente médio, como Iraque, Afeganistão, Palestina, Líbano...

Pelos motivos expostos, exigimos:

1-FIM IMEDIATO DOS ATAQUES E AGRESSÕES AO POVO PALESTINO;

2-RETIRADA INCONDICIONAL DAS TROPAS ISRAELENSES E LEVANTAMENTO DO CERCO A GAZA;

3-ABERTURA DAS PASSAGENS PARA AJUDA HUMANITÁRIA;

4-FIM DA OCUPAÇÃO MILITAR DO TERRITÓRIO PALESTINO;

5-POR UM ESTADO PALESTINO LIVRE, LAICO, SOBERANO E VIAVÉL.

Entidades e personalidades participantes:

Federação Árabe-Palestina do Brasil (FEPAL), Centro Brasileiro de Defesa da Soberania dos Povos e Luta Pela Paz (CEBRAPAZ), Sociedade Árabe Palestina do RS, PSOL, PCdoB, PCB, PSTU, PT, Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes, Movimento Avançando Sindical, Juventude Avançando, Comitê pela Libertação da Palestina, União da Juventude Socialista, União da Juventude Comunista, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, União Brasileira dos Estudantes, Sociedade Palestina, SINDISPREV, SINDIPETRO, Sin. Metalúrgicos de Caxias do Sul, SEMAPI, CUT RS, CTB-RS, CONLUTAS RS, OAB RS, SINDIPETRO RS, Associação Cultural José Martí, Associação de Médicos e Amigos de Cuba, Deputada Federal Luciana Genro, Deputada Federal Manuela Dávila, Vereadora Fernanda Melchionna, Vereador Assis Melo, Vereador Pedro Ruas, Gab. Adão Villaverde, Gab. Marisa Formolo, Gab. Raul Carrion, Gab. Maria do Rosário, Gab. Dionilso Marcon, Gab. Adão Pretto, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, União das Associações de Moradores de Porto Alegre, Clube de Cultura, Sindicato dos Assistentes Sociais.

O fórum dos palestinos


Por Soraya Misleh


Realizado de 27 de janeiro a 1º de fevereiro, o Fórum Social Mundial desta vez foi dos indígenas, dos quilombolas, dos defensores da Amazônia, mas também dos palestinos. Organizações de mulheres, de trabalhadores, dos sem-terra e muitas outras incluíram a questão palestina em suas atividades. A despeito de dificuldades estruturais enfrentadas durante o fórum e da desconexão entre as iniciativas, os defensores dessa causa universal buscaram dar a essa luta o caráter amplo que tem, emplacando o lema "Somos todos palestinos".

Reunindo, conforme divulgado pelos organizadores, 135 mil participantes de diversas partes do mundo, o FSM tentou desta vez responder a antigo questionamento acerca de seu papel: firmado como um espaço de convergência e debates das lutas, não deveria, contudo, definir e extrair propostas concretas? Com esse mote, além de importante ponto de encontro da diversidade global, procurou concentrar no último dia os resultados das plenárias e reuniões específicas realizadas pelos vários movimentos em uma grande assembléia geral. Em favor dos palestinos, saíram algumas resoluções e linhas de ação. A principal delas é a definição do 30 de março como dia de solidariedade a esse povo que vive sob ocupação israelense há mais de 60 anos. A data integra calendário da Jornada Mundial de Luta contra a Crise e contra as Guerras, que ocorrerá de 28 de março a 4 de abril – conforme decisão dos participantes do FSM. Além de o período incluir o Dia da Terra palestino (30), dois outros fatos foram determinantes para sua escolha: a realização em Londres da reunião do G-20 – grupo das 20 principais economias mundiais – no dia 2 de abril, em que se discutirá o sistema financeiro internacional; e a passagem dos 60 anos de fundação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em 4 do mesmo mês. Criada em 1949, no início da Guerra Fria, sempre teve sua trajetória marcada por forte influência estadunidense. Na história recente, preocupa a ampliação de suas ações militaristas em especial no Afeganistão e no Iraque. Três datas, portanto, dignas dos protestos mundiais que os movimentos sociais querem gestar a partir do FSM.

Campanha por BDSN

O dia 30, além de botar o "bloco na rua", os ativistas terão a responsabilidade de lançar e fortalecer as campanhas pelo julgamento de Israel por crimes contra a humanidade e por BDS (boicotes, desinvestimento e sanções) à potência ocupante. E, no caso brasileiro, contra a ratificação pelo Congresso Nacional do TLC (Tratado de Livre Comércio) entre o Estado sionista e o Mercosul (Mercado Comum do Sul). Esse acordo já foi assinado pelos países integrantes desse bloco e chegou ao Parlamento brasileiro em 24 de outubro último. A luta agora é para barrar sua aprovação nesse espaço. Tal aval legitimaria a ocupação em curso. Inclusive porque o TLC abrangeria produtos de assentamentos ilegalmente instalados em territórios palestinos. Também não se pode admitir que qualquer governo firme tratado com um estado que desrespeita os direitos humanos e todas as convenções e leis internacionais, como é o caso de Israel, destacaram durante o FSM ativistas como Jamal Juma, do Stop the Wall. Segundo ele, desde as décadas de 70 e 80, a América Latina é das que mais dão apoio à luta pela independência dos palestinos. "Não dá para imaginar o Mercosul assinando esse TLC", complementou.

Quanto à campanha por BDS, atende a apelo feito pela sociedade civil palestina inicialmente em 2005, durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre. O primeiro chamado, disse o ativista, resultou na adesão de 171 representantes de todos os partidos e forças políticas palestinas, além de cidadãos na diáspora. Reafirmado nos anos seguintes, culminou com a formação de um comitê nacional, intitulado BNC (Palestinian Boycott, Divestment and Sanctions National Committee). Esse é composto, de acordo com Juma, por 17 entidades representativas que atuam na Palestina. Portanto, constitui-se em espaço amplo de unidade no território ocupado da Cisjordânia. Assim, tem se tornado referência às lutas dos movimentos sociais ao redor do mundo. A campanha inclui, como explicou Juma, o boicote a produtos israelenses; o desinvestimento por parte de governos e instituições diversas, com o rompimento de contratos e acordos com empresas e mesmo universidades que apoiem a investida sionista; e sanções aos crimes contra a humanidade cometidos pela ocupação, a exemplo dos massacres ocorridos recentemente em Gaza.

Boicotar produtos de Israel, para os palestinos, não é novidade. A iniciativa antecede a nakba (catástrofe), como é designada a criação do Estado de Israel em 1948 por esses árabes. Juma especificou: "Começou na mesma época que na Índia (a partir dos anos 20, quando o líder Gandhi, na luta pela independência daquele país, iniciou uma campanha contra produtos ingleses, a qual inspirou ação semelhante que pôs fim à apartheid na África do Sul)." Agora, a expectativa é que ganhe o mundo. Afinal, como denunciou Juma, a segregação não foi deixada de lado no século XXI. Pelo contrário. Na Palestina, afirmou, esse sistema continua a se expandir. "Além dos assentamentos, de estradas exclusivas israelenses, o muro da apartheid (no território ocupado da Cisjordânia) é três vezes maior do que o de Berlim. Tem nove metros de altura e 700km de extensão." Nessa luta, o desafio será ainda vencer a guerra no campo midiático, que tem garantido aprovação da imensa maioria da população de Israel – 96% – às investidas criminosas do exército sionista, como a recente em Gaza.O Dia da TerraA data marca homenagem à resistência de palestinos que protestavam contra a ocupação de suas terras por Israel na Galiléia, no dia 30 de março de 1976. O exército israelense reprimiu violentamente a manifestação, atingindo de forma indiscriminada homens, mulheres e crianças. Como resultado, seis palestinos foram assassinados e centenas deles ficaram feridos ou foram presos.O Dia da Terra é simbolizado pela oliveira, árvore típica da costa mediterrânea, onde se situa o território ocupado. Por ocasião da sua passagem, neste ano, ativistas de todo o mundo ecoarão as vozes dos palestinos, por justiça.

desenhos deixados pelos soldados sionistas israelitas

Escritos e desenhos deixados pelos soldados sionistas israelitas durante a invasão a Gaza. Elas refletem o extremo o racismo e o ódio que alimentam pelo povo árabe .


Sim para a guerra não para a paz


"GAZA, AQUI ESTAMOS"


"OS ARABES DEVEM MORRER TODOS"

DESENHO DE UM TUMULO, SOBRE O DESTINO DOS ARABES DE 1948 A 2009

PODEM ESCABAR, MAIS NAO PODEM ESCONDER

MORREM TODOS

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Terror sionista

"O Estado sionista, «tentáculo nuclear dos EUA» no Médio Oriente, nas recentes palavras do Presidente da Assembleia Geral da ONU, sempre foi uma das principais ameaças à paz mundial. O povo palestino é a sua maior (mas não única) vítima. Sem justiça para o povo palestino haverá sempre resistência. E a resistência deste povo (heróica, dada a desproporção de meios) é seguramente um motivo de esperança e confiança. A violência militar imperialista não é capaz de vencer a determinação de um povo."
Jorge Cadima - 03.02.09


A barbárie em Gaza foi impossível de esconder, mesmo nos cada vez mais controlados meios de propaganda do imperialismo: mais de 1.300 mortos (quase um em cada mil habitantes), na sua grande maioria civis aprisionados no gigantesco campo de concentramento em que Israel e a pseudo-«comunidade internacional» transformou Gaza; bombardeamentos com fósforo branco e outras armas não convencionais em áreas densamente habitadas; ataques a centros de refugiados da ONU e a pessoal médico em serviço; o bombardeamento dos centros de recolha de ajuda da ONU (com fósforo branco); o ataque a um edifício onde as próprias tropas israelitas tinham juntado 110 civis, provocando a morte a 30; o ataque a civis em fuga das zonas bombardeadas.

Enquanto a União Europeia encobria as mentiras do governo israelita, outros não calaram a sua consciência. No Parlamento britânico, o ex-membro de governos trabalhistas Gerald Kaufman, judeu e de uma família sionista, afirmou: «Olmert, Livni e Barak são assassinos em massa, criminosos de guerra, e envergonham o povo judaico, cuja Estrela de David utilizam como bandeira em Gaza» (o discurso pode ser visto no Youtube). Há quem tenha usado a expressão «holocausto» para descrever a matança de Gaza. O primeiro a usá-la foi o vice-ministro israelita da "Defesa", Matan Vilnai, que em Fevereiro passado ameaçou: «Quanto mais o fogo dos Qassam se intensificar, e o seu alcance se alongar, maior será a shoah que irão trazer sobre si» (Guardian, 29.2.08).

Muito se falou em Hamas e em «rockets Qassam». Confundem-se as causas com os efeitos. As mesmas palavras e acusações lançadas hoje sobre o Hamas foram lançadas ontem sobre o Presidente Arafat e a OLP. O comunicado oficial do governo israelita de 11 de Setembro de 2003 afirma: «Os acontecimentos destes dias reiteraram e comprovaram que Yasser Arafat é um obstáculo total a qualquer processo de reconciliação entre Israel e os Palestinos. Israel irá trabalhar para remover este obstáculo, da forma e no momento da sua escolha». Para que não sobrassem dúvidas sobre o significado destas palavras, o então vice-chefe do governo, e actual primeiro ministro, Ehud Olmert afirmou que assassinar Arafat era «seguramente uma das opções» (The Independent, 15.9.03). Catorze meses mais tarde, Arafat estava morto. O hospital militar francês onde morreu nunca indicou as causas da sua morte.

A chacina de Gaza condensou em três semanas muitas décadas de História. Uma história infindável de massacres e de guerras, que vai de Deir Yassin a Gaza, passando por Sabra, Shatila ou Qana, e que se traduz na gradual ocupação de cada vez mais território palestino e na permanente influência imperialista na região. A maioria dos habitantes de Gaza são refugiados de anteriores guerras de ocupação. «Na tarde fria de quarta-feira, dia 10 de Março de 1948, um grupo de onze homens, veteranos dirigentes sionistas e jovens oficiais militares judaicos, puseram os retoques finais no plano de limpeza étnica da Palestina. [...] Uma vez tomada a decisão, foram precisos seis meses para completar a missão. No final, mais de metade da população nativa da Palestina, cerca de 800.000 pessoas, tinham sido desenraizadas, 531 aldeias tinham sido destruídas e onze bairros urbanos esvaziados dos seus habitantes». O autor destas palavras é o historiador (judeu e israelense) Ilan Pappe, no livro «A limpeza étnica da Palestina» (Oneworld Publications, 2006).

O Estado sionista, «tentáculo nuclear dos EUA» no Médio Oriente, nas recentes palavras do Presidente da Assembleia Geral da ONU, sempre foi uma das principais ameaças à paz mundial. O povo palestino é a sua maior (mas não única) vítima. Sem justiça para o povo palestino haverá sempre resistência. E a resistência deste povo (heróica, dada a desproporção de meios) é seguramente um motivo de esperança e confiança. A violência militar imperialista não é capaz de vencer a determinação de um povo. Este texto foi publicado no Avante nº 1.835 de 29 de Janeiro de 2009

Uma guerra ilegítima

Entrevista especial com Arlene Clemesha

Três semanas de um conflito que, na verdade, é antigo, complexo pelas diferenças culturais e de interesses. "É uma situação extremamente complexa, que envolve três gerações que passam por conflitos criados por motivos políticos que podem ser resolvidos, mas necessitam do envolvimento de pessoas de consciência no mundo todo, da pressão de Estados no mundo todo", diz a professora Arlene Clemesha. A IHU On-Line conversou com ela, por telefone, sobre as origens do conflito, uma vez que muitos juízos de valores são feitos sem que se compreenda como o conflito iniciou e como ele se desenvolveu ao longo dos anos. Assim, ela nos explica que Hamas e Fatah são, antes de tudo, partidos políticos e, por isso, precisamos entender como eles se envolvem nesse dilema que a região vive. "Em 2006, quando o Hamas venceu as eleições aconteceu essa situação inaceitável, ou seja, o Estado de Israel, junto com os Estados Unidos e a Europa, não reconheceram a vitória do Hamas. Então, o povo palestino elegeu, democraticamente, um governo e o mundo não reconheceu esse governo e o derrubou. Isso sim é um exercício do autoritarismo e de ingerência", relata Clemesha.
Na entrevista que segue, a especialista em questões judaicas e palestinas analisa as origens da guerra estabelecida entre o Estado de Israel e a Palestina, contextualiza o Hamas e o Fatah, as diferenças culturais não compreendidas. Ela reflete também sobre a atuação da ONU e de outros países e diz que a América Latina pode ter um papel fundamental no conflito. "Os latino-americanos não podem permitir que os Estados Unidos sigam sendo o grande e, praticamente, único negociador entre as duas partes, até porque os Estados Unidos não são isentos, pois tomam o partido de Israel desde a criação do seu Estado. Favorecem, portanto, em qualquer negociação o Estado de Israel e é chegada a hora de o mundo fazer alguma coisa a respeito", enfatiza.
Arlene Clemesha é historiadora pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e doutorado em História Econômica, também pela USP, onde, atualmente, é professora no Departamento de Línguas Orientais da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas. É também membro do comitê do United Nations International Coordinating Network on Palestine e do Instituto da Cultura Árabe. Está desenvolvendo uma pesquisa intitulada Cultura e Política na Formação na Nacionalidade Palestina no século XX. Escreveu diversos livros que nos remetem ao tema deste conflito, tais como Marxismo e judaísmo. História de uma relação difícil. (São Paulo: Boitempo/Xamã, 1998), 25 de Outubro de 1917: A Revolução Russa. (São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2005) e Palestina 1948 – 2008 (Teerã: Defc, 2008).
Confira a entrevista
IHU On-Line – Professora, a senhora pode nos contar como esse conflito começou e porque ele se intensifica de tempos em tempos?
Arlene Clemesha – O conflito começou a partir da imigração sionista [1] para a Palestina, ou seja, a imigração de judeus da Europa Oriental que foram levados para a Palestina pelo movimento sionista. Havia, então, na Europa Oriental uma grande população judaica, aliás a maior população judaica do mundo estava concentrada, entre o final do século XIX e início do XX, nesta região. Era uma população, em grande medida, pobre, vivendo em péssimas condições e vivendo perseguições do regime czarista [2]. Era uma população que buscou várias formas de escapar dessa condição de miséria e perseguição. Muitas das formas significaram a adesão de parte dessa população ao Movimento Revolucionário Russo [3], mas também surgiu ali (e na época não era tão importante quanto iria se tornar depois da II Guerra Mundial) o Movimento Sionista. Esse movimento propunha, como solução para o problema da perseguição aos judeus, a criação de um Estado na Palestina.
IHU On-Line – Por que a Palestina?
Arlene Clemesha – Inicialmente, não tinha de ser a Palestina. Chegaram a pensar em outros lugares, como Argentina, Uganda, mas a ala religiosa do movimento insistiu que deveria ser a Palestina porque ali (nessa região, aproximada e vagamente) tinha havido dois Estados judeus na Antiguidade: o Estado de Israel e o Estado de Judá. Esses foram Estados que existiram antes da época de Cristo. Israel já não existia na época de Cristo e o de Judá foi destruído pela ocupação romana no primeiro século da era de Cristo. Então, com base nessa história longínqua é que a ala religiosa do Movimento Sionista disse que a única região do mundo em que conseguiriam justificar uma imigração, uma criação de um Estado Nacional e, assim, convencer as pessoas a se dirigirem até lá, é essa região próxima da Palestina. Foi assim que passaram a trabalhar em cima disso. O movimento Sionista começou a promover a imigração de judeus da Europa Oriental para a Palestina.
Bom, essa imigração começou a crescer e, publicamente, afirmavam que estavam migrando para a criação de um Estado nacional. E isso se tornou público e inquestionável a partir de 1917 quando a Grã-Bretanha emitiu a Declaração Balfour [4], que dizia que a Inglaterra apoiaria a criação de um lar nacional judeu na Palestina.
IHU On-Line – Por que a Inglaterra pôde fazer isso?
Arlene Clemesha – Não podia, mas ela governava a Palestina como potência colonial. Ela era a vitoriosa na I Guerra Mundial, juntamente com a França, e, assim, acabaram dividindo entre si as regiões do Oriente Médio, que era, até essa guerra, parte do Império Otomano [5]. Com isso, Inglaterra e França passaram a governar na forma de mandatos da Liga das Nações, ou seja, Inglaterra e França conseguiram da Liga das Nações (uma organização antecessora da ONU) uma espécie de aval para governar essas regiões por determinado período de tempo. A Liga das Nações dizia que Inglaterra e França governariam essas regiões até que tivessem condições de governarem a si mesmas. Quando o Império Otomano perdeu a I Guerra Mundial, os vencedores dividiram as regiões e, desta forma, a França governou a Síria e o Líbano e a Inglaterra governou Palestina, Transjordânia (que depois virou Jordânia), Iraque, continuou governando, de diferentes formas, o Egito e teve muita influência na Arábia Saudita também. A Palestina estava sob o controle da Inglaterra que estava promovendo a imigração judaica sionista para lá. Por isso, colocou em carta pública em 1917.
Em 1922, quando saiu oficialmente o mandato britânico sobre a Palestina, quando a Liga das Nações oficialmente aprovou esse mandato, a carta de aprovação reiterava que a Inglaterra governaria a Palestina e um dos objetivos seria favorecer a criação de um lar nacional judeu na Palestina. Esse era o termo: "lar nacional judeu". Não se falava em Estado, mas estava muito claro que isso significava a criação ali de alguma coisa parecida com Estado.
E a população Palestina-Árabe, vivendo ali há séculos, se revoltou contra essa imigração com esse objetivo. Não tinha problemas com a imigração judaica, não tinha problemas com a convivência com judeus, tanto é que havia judeus morando há muito tempo na Palestina-Árabe. Eram judeus que falavam árabe, que tinha uma cultura muito enraizada. Eles eram algo como 10% da população de Jerusalém, talvez 5% de toda população da Palestina. Nada a ver com essa população judaica sionista da Europa Ocidental. Então, essa imigração massiva, com o objetivo de criar um lar nacional judeu, é o que vai dar origem ao conflito.
Essa imigração, em 30 anos, multiplicou por dez a população judaica da Palestina. Isso causou um impacto muito grande e a revolta árabe. Antes da criação do Estado de Israel, em 1948, a revolta árabe já estava instalada, os árabes-palestinos já não estavam aceitando a perspectiva de ter a sua terra tomada para criação de um Estado judeu. Essa é a origem do conflito. Ele se acirra, evidentemente, a partir de 1948 com a criação do Estado de Israel.
IHU On-Line – Quem é o Hamas e o que ele representa para Israel e a Palestina?
Arlene Clemesha – O Hamas é um partido político. Como tantos outros partidos políticos, o Hamas tem um caráter religioso-islâmico, mas a sua vitória em janeiro de 2006 não se deve a esse caráter. A população que votou no Hamas não defende a criação de um Estado islâmico, como diz a carta do Hamas. Sequer o Hamas está defendendo a criação de um Estado islâmico. Aliás, a verdade dessa tensão é que o Hamas não teve, desde que venceu as eleições, sequer condições de mostrar a que veio, porque não deixaram o Hamas governar. Então, o Hamas é um partido político que ganhou as eleições em janeiro de 2006, a população Palestina votou no Hamas porque estava descontente com duas características fundamentais do Fatah [6]: muitas denúncias de corrupção e o fato de não estar conseguindo fazer avançar a implementação das reivindicações do povo palestino, ou seja, a implementação de um Estado em todos os territórios palestinos ocupados que, tecnicamente, são a Faixa de Gaza e a Cisjordânia com fronteira na chamada Linha Verde [7] (linha de armistícia da Guerra de 1949).
Isso significa que Israel teria de retirar todos os assentamentos. São hoje 400 mil colonos judeus vivendo em assentamentos dentro da Cisjordânia. São assentamentos que ocupam, fisicamente, territórios palestinos na Cisjordânia, que usam de 80% a 95% da água dessa região. Enfim, são bairros de ocupação. Além disso, é preciso tirar as estradas exclusivas, pois a Cisjordânia é toda cortada por estradas exclusivas israelenses, onde o palestino não pode circular. É um regime de apartheid, de segregação racial que vigora na região. Se formos resumir as reivindicações em três grandes itens, são:
1º - O estabelecimento de um Estado soberano e autônomo em toda a Cisjordânia e Faixa de Gaza;2º - Estabelecer e, principalmente, reconhecer o direito ao retorno dos Palestinos refugiados, descendentes daqueles 800 mil que foram expulsos por métodos de aterrorizamento e incitação à fuga em 1948;3º - Jerusalém oriental ser devolvida à Palestina, como dizem as resoluções da ONU.
Agora, o Fatah não estava levando adiante essas reivindicações, estava imerso em condições desfavoráveis e, aos olhos da população, aceitando migalhas em troca de imensas concessões sem que Israel reconhecesse o Estado Palestino. Era isso que o Fatah vinha fazendo. Com isso, surge o Hamas, na década de 1980, com o apoio financeiro e de armas do Estado de Israel porque significava uma oposição ao Fatah. Na época, o Fatah era visto como inimigo, como terrorista, ou seja, tudo o que fazem hoje com o Hamas. Por isso, Israel ajudou no crescimento do Hamas para fazer oposição. Mas hoje a situação chegou ao ponto de o Fatah não ser considerado o grande inimigo e ser um partido bastante manejado por Israel e o Hamas, então, fazendo oposição firme a Israel, passa a ser tratado como o terrorista inimigo que deve ser liquidado, com o qual não se deve dialogar.
O Hamas diz, há muito tempo, que quer negociar com Israel, o que já indica que ele reconhece o Estado de Israel. Inclusive, a partir do momento em que o Hamas participa de eleições dentro da Palestina, ele já reconhece o Estado de Israel. Portanto, as eleições existem a partir de acordos que significaram toda uma série de reconhecimentos e normas, entre elas o do Estado de Israel. Então, o Hamas reconhece Israel, quer negociar, mas não a qualquer custo, principalmente não ao custo de Israel continuar dizendo que não reconhece o direito do Estado Palestino. Em 2006, quando o Hamas venceu as eleições, aconteceu essa situação inaceitável, ou seja, o Estado de Israel, junto com os Estados Unidos e a Europa, não reconheceram a vitória do Hamas. Então, o povo palestino elegeu, democraticamente, um governo e o mundo não reconheceu esse governo e o derrubou. Isso sim é um exercício do autoritarismo e da ingerência. É assim que colocam o Hamas como um grupo terrorista, e não um partido político legítimo, por causa dessa oposição que ele oferece a Israel.
IHU On-Line - Por que a ONU entregou a Israel terras dos palestinos e por que Israel não concorda com a divisão da ONU?
Arlene Clemesha – Realmente, precisamos levantar a questão: que legitimidade existe nessa partilha da Palestina? Como a ONU entrega a um movimento sionista uma terra que tem dono, que tem população, que tem cultura, que tem passado, enfim?. Inclusive, o Estado de Israel não reconhece e não implementa nenhuma resolução da ONU. Uma centena de resoluções importantes da ONU foram passadas para a Palestina e Israel desde 1948, mas Israel não as implementou. Será que não é mesmo hora de nós questionarmos a validade da resolução que criou essa partilha da Palestina? Agora, veja, eu não estou dizendo que vamos eliminar o Estado de Israel e jogar os judeus no mar. Isso seria um absurdo e um crime.
O que estou dizendo é que a condição atual chegou a tal ponto que a história toda precisa ser rigorosamente analisada para conseguir tentar se chegar a soluções de justiça que possam levar a paz. Rapidamente, olhando para o passado: como a ONU executou essa partilha? Em termos práticos, executou a partilha porque a região era uma colônia, se não o fosse não teria como executar essa partilha. O povo palestino árabe era dominado, não tinha autonomia na sua própria terra, e a Inglaterra estava enfrentando uma grande dificuldade de manter o seu governo colonial, porque a revolta árabe era imensa. O movimento sionista começou a executar atentados a bombas, atentados terroristas porque já não interessava mais para o movimento que a Inglaterra permanecesse governando a região. Os sionistas já tinham criado as instituições, as bases para poder decretar o seu Estado próprio e a permanência da Inglaterra só estava atrapalhando. O apoio que a Inglaterra estava dando nas décadas anteriores já não era mais necessário após a II Guerra Mundial para o movimento sionista.
Ao forçar a saída da Inglaterra, através desses atentados, o movimento nacionalista árabe-palestino executou grandes revoltas e, assim, a Inglaterra entregou o mandato à ONU, cerca de dez anos antes do prazo estipulado, dizendo que não tinha condições de manter a ordem na região. Assim, a ONU precisou analisar soluções para essa questão. Havia duas soluções em pauta: uma seria dividir o território, entregando uma parte para o sionismo criar o Estado de Israel e a outra para a criação do Estado palestino. A outra proposta, que foi derrotada, era a de formação de um estado único onde conviveriam judeus e árabes, tanto cristão quanto islâmicos. Essa proposta foi derrotada diante de um grande trabalho de bastidores durante a reunião da ONU.
Osvaldo Aranha [8], diplomata brasileiro, presidindo a sessão da ONU, teve um papel importante. O Brasil tem sua grande taxa de responsabilidade nessa solução tão desastrosa que foi dada. Não podemos achar que foi uma solução justa entregar metade do território de uma população para a criação de um Estado alheio e, ainda por cima, para um Estado que se diz apenas de uma população, um Estado judeu. Esse Estado não está disposto sequer a incorporar, no mesmo nível de igualdade, judeus e árabes. Daí vem a expulsão de 800 mil árabes desse território. Hoje, os árabes-palestinos que vivem dentro de Israel não têm o mesmo nível de cidadania garantida aos judeus, ou seja, suas escolas recebem menos fundos, eles tem menos garantia de saúde e acesso a hospitais, eles não podem servir ao exército e, por isso, perdem uma série de direitos. Então, não é possível dizer que Israel trata da mesma forma sua população judaica e árabe. Só o fato de Israel não permitir o retorno de árabes que ali viviam até 1948 e continuam tendo os títulos de propriedades das suas terras já indica que é um Estado fundado sob a base da exclusão da população original.
É uma situação extremamente complexa, que envolve três gerações que passam por conflitos criados por motivos políticos que podem ser resolvidos, mas necessitam do envolvimento de pessoas de consciência no mundo todo, da pressão de Estados no mundo todo. Nesse sentido, a América Latina tem um papel muito importante. Os latino-americanos não podem permitir que os Estados Unidos sigam sendo o grande e, praticamente, único negociador entre as duas partes, até porque os Estados Unidos não são isentos, pois tomam o partido de Israel desde a criação do seu Estado. Favorecem, portanto, em qualquer negociação o Estado de Israel. Portanto, é chegada a hora de o mundo fazer alguma coisa a respeito, levar esse problema para todas as instancias possíveis.
IHU On-Line – O controle da Faixa de Gaza é objetivo dessa invasão militar?
Arlene Clemesha – Sim, o controle da Faixa de Gaza, mas não a ocupação física. A Faixa de Gaza tem uma população de 1,5 milhão de habitantes, num território extremamente pequeno. É a maior densidade populacional do mundo. Israel não quer estar dentro da Faixa de Gaza. Deve estar tentando calcular como deve se retirar, mas o controle da Faixa de Gaza é o objetivo dessa operação. Agora, o objetivo de fundo são as eleições no Estado de Israel. O candidato Benjamin Netanyahu [9] vinha crescendo nas pesquisas e tem um discurso mais de direita do que o de Tzipi Livni [10]. Esse ataque à Faixa de Gaza é para derrubar o Hamas, mas vemos que o Hamas vai sair fortalecido, por isso não sabemos como isso vai ajudar na vitória do partido Likud (de Benjamin).
Essa operação tinha como objetivo de fundo, claramente, pelo partido Kadima (de Tzipi), a possibilidade de vencer as eleições. Porque hoje, em Israel, quanto mais radical, linha dura, enfático contra a população palestina, mais chances o candidato tem de vencer as eleições. Claro que o discurso israelense não diz isso, diz apenas que é contra o Hamas. O discurso é: contra o perigo palestino, a segurança israelense. Agora, o maior perigo à segurança israelense é a própria agressão israelense ao povo palestino. Se Israel se retirasse completamente dos territórios palestinos e permitisse a criação de um Estado Palestino, essa ação de conflito tinha todas as condições de terminar e se avançar rumo a uma nova realidade no local de convivência.
IHU On-Line – Como a senhora vê a atuação de outros países nesse conflito entre os israelenses e palestinos?
Arlene Clemesha – Tem sido lamentável que a comunidade internacional não tenha pressionado para obter a implementação das resoluções da ONU. Era só isso que precisava ser feito.
IHU On-Line – Há diferenças culturais que a imprensa ocidental não compreende ao produzir notícias sobre o conflito?
Arlene Clemesha – A imprensa internacional vem há décadas, principalmente depois do 11 de setembro, reproduzindo um discurso lançado pelos Estados Unidos na sua guerra ao terror que cria uma identificação quase automática entre árabe e terrorista, entre islâmico e terrorista. Isso precisa ser entendido pelas pessoas e tentar abordar toda essa situação de uma maneira um pouco mais histórica e aprofundada para evitar estereótipos, evitar as matérias rasas e superficiais que deturpam a situação. Ou seja, quando falamos do conflito em Gaza temos de pensar no motivo de fundo: a ocupação israelense dos territórios palestinos. Então, quando se fala em ciclo de violência, é uma forma de deturpar, de não favorecer a compreensão da realidade.
Existem ataques dos dois lados? Existem! No entanto, primeiro, os ataques palestinos praticamente não causam mortos em relação aos ataques israelenses. Segundo, existe um motivo de fundo para essa violência. Então, vamos buscar o motivo de fundo. Isso precisa ser feito. A partir dessa situação que estou descrevendo, também vem à tona todas deturpações culturais, a não compreensão das diferenças culturais. Agora, sequer pode-se exigir que a imprensa mundial compreenda situações culturais, às vezes, extremamente complexas. Uma coisa podemos exigir: que a imprensa respeite diferenças culturais e não ache que seja certo reproduzir o discurso estadunidense do direito à ingerência externa.
Notas:
[1] Sionista é um movimento político que defende o direito à autodeterminação do povo judeu e à existência de um Estado Judaico, por isso sendo também chamado de nacionalismo judaico. Ele se desenvolveu a partir da segunda metade do século XIX, em especial entre os Judeus da Europa central e da Europa de Leste, sobre a pressão de pogroms e do anti-semitismo crónico destas regiões, mas também na Europa ocidental, no seguimento do choque causado pelo caso Dreyfus.
[2] Czar era o título usado pelos monarcas da Rússia Imperial entre 1546 e 1917.
[3] Em outubro de 1905, para tentar remediar a situação, o Czar Nicolau II relutantemente lançou o famoso Manifesto de Outubro, que permitiu a criação de uma Duma (parlamento) nacional e a existência de partidos políticos, destacando-se o Partido Social-Democrata, que se havia dividido em 1903, dando origem ao Partido Menchevique, em minoria, mais moderado e que defendia uma reforma gradual com o apoio da burguesia, e o Partido Bolchevique, que detinha a maioria, era mais radical e defendia uma ação revolucionária. Estas medidas surtiram escasso efeito, visto que os partidos eram sistematicamente vigiados e a Duma era controlada pela aristocracia e pelo czar, que podia dissolvê-la a qualquer momento. Os grupos moderados se satisfizeram, mas os socialistas rejeitaram as concessões como insuficientes e tentaram organizar novas greves. Ao fim de 1905, os reformadores estavam lutando entre si. Graças a essas divergências, o Czar teve sua posição relativamente fortalecida.
[4] A Declaração de Balfour é uma carta escrita em 2 de novembro de 1917 pelo então secretário britânico dos Assuntos Estrangeiros, Arthur James Balfour, enviado ao Lord Rothschild sobre sua vontade de conceder ao povo judeu uma facilitação de povoação da Terra de Israel caso a Inglaterra conseguisse derrotar o Império Otomano, que, até então, dominava aquela região. A França e a Itália, aliadas de Londres na Primeira Guerra Mundial, ratificam espontaneamente a Declaração de Balfour, prevenindo-se de deixar o Oriente sob administração exclusiva do Império Britânico. Os Estados Unidos aprovaram-na em agosto de 1918.
[5] O Império Otomano foi um Estado que existiu entre 1299 e 1922 e que no seu auge compreendia a Anatólia, o Médio Oriente, parte do norte de África e do sudeste europeu. Foi estabelecido por uma tribo de turcos oguzes no oeste da Anatólia e era governado pela dinastia Osmanlı. Fundado por Osman, nos séculos XVI e XVII, o império constava entre as principais potências políticas da Europa e vários países europeus temiam os avanços otomanos nos Balcãs. No seu auge, no século XVII, o território otomano compreendia uma área de 11.955.000 km² e estendia-se desde o estreito de Gibraltar, a oeste, até o mar Cáspio e o golfo Pérsico, a leste, e desde a fronteira com as atuais Áustria e Eslovênia, no norte, até os atuais Sudão e Iêmen, no sul. O Império Otomano foi a única potência muçulmana a desafiar o crescente poderio da Europa Ocidental entre os séculos XV e XIX. Declinou marcadamente ao longo do século XIX e terminou por ser dissolvido após sua derrota na Primeira Guerra Mundial. Ao final do conflito, o governo otomano desmoronou e o seu território foi partilhado.
[6] Fatah é um acrónimo reverso do nome Árabe Harakat al-Tahrir al-Watani al-Filastini (tradução literal: Movimento de Libertação Nacional da Palestina). É uma organização política e militar, fundada em 1964 pelo engenheiro Yasser Arafat e Khalil al-Wazir (Abu Jihad), juntamente com a criação da OLP. Os membros desse grupo defendiam a luta armada para expulsar Israel dos territórios ocupados. O Fatah ocupou o Conselho Revolucionário da OLP, atuando como seu braço armado. Atualmente possui o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas.
[7] Linha Verde, fronteira entre Israel e os países vizinhos (Egito, Jordânia, Líbano e Síria), definidas no Armistício árabe-israelense de 1949, no final da Guerra árabe-israelense de 1948.
[8] Osvaldo Euclides de Sousa Aranha foi um político e diplomata brasileiro. Amigo e aliado de Getúlio Vargas, foi o grande articulador da campanha da Aliança Liberal nas eleições, agindo nos bastidores para organizar o levante armado que depôs Washington Luís e tornou realidade a Revolução de 1930. No processo de envolvimento brasileiro à Segunda Guerra Mundial, Aranha teve papel fundamental, representando no governo a ala pan-americanista, defendendo uma aliança com os Estados Unidos sempre em oposicão aos chefes militares, capitaneados, principalmente pelo ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, que eram partidários de uma aproximação com a Alemanha. Em 1947 foi chefe da delegação brasileira na recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU). Presidiu a II Assembléia Geral da ONU que votou pela partilha da Palestina.
[9] Benjamin Netanyahu é um político de Israel, ex-primeiro-ministro de Israel e atual chefe do partido Likud. Foi primeiro-ministro entre os anos de 1996 e 1998. Sucedeu Yitzhak Rabin e foi precedido por Ehud Barak.



[10] Tzipora Malka "Tzipi" Livni é uma jurista e política israelense, atualmente exercendo o cargo de ministra de Relações Exteriores de Israel, e designada recentemente primeira-ministra em exercício do país. Em 17 de setembro de 2008, Tzipi Livni foi eleita líder do partido Kadima, o que lhe deu a oportunidade de procurar formar um governo que ganhasse o apoio da maioria na Knesset, o parlamento israelense.