sexta-feira, 12 de setembro de 2014

ISRAEL e o ESTADO ISLÂMICO (ISIS) FORMAM PARTE DO MESMO PROJETO








Sheikh Ziad Daher é representante político do Hezbollah em Sidon, um enclave sunita ao sul de Beirute, onde também está localizado o Ain El Hilweh, o principal campo de refugiados palestinos no Líbano. De seu escritório, localizado em um centro religioso na periferia da cidade (e protegido por forte esquema de segurança devido aos recentes ataques sectários na área), discute o papel da formação liderada por Sayyed Hassan Nasrallah nos conflitos Gaza e na Síria

Hezbollah está no epicentro de uma região em constante conflito e desempenha um papel fundamental, tanto como um baluarte de apoio à resistência palestina como na defender do governo sírio na guerra que está sangrando o país por três anos.

A ofensiva israelense em Gaza permitiu comprovar até que ponto  o Hezbollah liderado por Sayyed Hassan Nasrallah, é uma inspiração para o Hamas, a Jihad Islâmica e até mesmo para as Brigadas Abu Ali Mustafa , braço armado da FPLP. No entanto, a frente para o Hezbollah não está no sul do Líbano, mas ao leste, na Síria, e inclusive no país do Cedro, onde, até o momento, se mantém um equilíbrio instável que evita o confronto entre as várias posições existentes.

O surgimento do Estado Islâmico (ISIS)  é hoje a principal ameaça  que a organização  está disposta a enfrentar.

Aos bombardeios de Israel contra  Gaza se somam a guerra na Síria que parece interminável. Como você analisa a situação atual no Oriente Médio?

O problema é que no mundo de hoje existem dois campos. Por um lado estão os EUA, Israel e alguns países árabes, que funcionam como intermediários. Na outra ponta  encontra-se o campo da resistência.  Aqui se encontram aqueles que lutam pela liberdade. Entre eles estão a Síria, o Irã . O grande objetivo para Washington e seus aliados é acabar com a resistência, arrebatar seu espírito . Somos conscientes de que o Oriente Médio, onde dispomos de  grande riqueza , é o terreno principal área do conflito entre os dois campos. Esta é uma área quente e permanecerá assim   por algumas  décadas. Neste campo, Israel  trabalhou para eliminar o espírito de resistência na consciência do povo, assim como  submetê-la ao Ocidente. Tudo o que vemos hoje na Síria, no Iraque ou na Palestina são exemplos desse confronto. Neste contexto, os objetivos do imperialismo são claras. Primeiro, manter a segurança de Israel. Em segundo lugar, controlar a riqueza da região, especialmente de petróleo e gás. Terceiro, bloquear a resistência. No entanto, o projeto de resistência segue firme e tem conseguido lidar com as   ameaças , utilizando  todos os métodos disponíveis, tanto a nível político como militar. O que está acontecendo na área é parte de um plano para combater o projeto de resistência, debilitando os governos que a apoiam e favorecendo aqueles que são dóceis com os  interesses dos EUA. Infelizmente, o imperialismo tem conseguido confrontos  generalizados na Síria e no Iraque.
A agressão israelense contra  Gaza, revelou que grupos palestinos utilizam uma estratégia similar a do Hezbollah,  em 2006. O Hamas chegou a sugerir que se abrisse  a frente norte , mas isso nunca se concretizou ...

O Hezbollah não entrar em confronto direto não significa que  não esta participando do conflito. Nos últimos anos passamos toda a nossa experiência, conhecimento e treinamento.Temos introduzido  armamentos e equipamentos , logo o que temos assistido agora é graças a esta assistência. Enfim, se olharmos para 2006, podemos dizer que os partidos da Palestina deram as costas ao Líbano, porque não abriram fogo, quando precisamos? É um absurdo. Sabemos quem tem este ponto de vista e discurso e os interesses de certos regimes árabes, como o Egito. Em vez de se engajar em divulgar estas mensagens, deveriam fornecem armas e dinheiro para a resistência palestina. Os palestinos já tem sua decisão. Não precisam de homens ou treinamento, mas de  armas e dinheiro.


Oito anos se passaram desde a sua última guerra contra Israel. Você acha que isso pode ser repetido no futuro um confronto com aquelas características? 
Tenho quase certeza de que um dia irá ocorrer. Eles estão prontos e nós também. Além disso, estamos seguros de que seremos bem sucedidos.


O líder  político do Hamas, Khaled Meshaal, abandonou  Damasco no início da guerra na Síria. Isso fez com que as relações entre vocês esfriassem?
É verdade que temos diferenças com relação a Síria. Mas em termos de resistência,  nunca suspendemos a ajuda ao Hamas.


Na Síria, o Hezbollah esta diretamente envolvidos nos combates e foi fundamental para o exército de Bashar Al Assad recuperar posições ...
Intervimos para manter o Estado, porque é um dos pilares da resistência. A derrota da Síria significaria impor uma derrota importante à cadeia de resistência árabe. Não temos outra opção. Além disso, não é nenhum segredo que a "oposição" conta com muitos apoios externos, tanto dos países do  Golfo, como do exército israelense. Israel e grupos como Al Nusra e Estado Islâmico (ISIS) são partes do mesmo projeto.  Dessa forma fica muito claro  que o problema nunca foi o regime sírio, mas este  projeto. O que se busca é derrotar a cabeça da resistência. Isso também acontece no Iraque. Agora que existe certa aproximação nas relações entre o Iraque e o Irã, os Estados Unidos estão pretendendo debilitar ainda mais e dividir o Iraque. Para isso se utilizam dos confrontos entre distintas nacionalidades no país.


O que deve acorrer  para que o Hezbollah se retire?
Que a Síria volte a ser um país forte e manter seu apoio à resistência. De qualquer forma, quero salientar que muitas vezes falam de "interferência", e não a consideramos um termo apropriado. A "interferência" implicaria que o governo sírio estivesse contra nossa presença na Síria. Coisa que não ocorre, nossa presença no território é desejo do Estado sírio.
A guerra na Síria  se estende por três anos e já causou dezenas de milhares de mortos. O que deveria ocorrer para se chegar a uma solução para o conflito?
Enquanto ainda seguir entrando militantes e armas, o conflito continuará. No entanto, se olharmos para isso em perspectiva, a situação está mais  favorável para o governo sírio.


Como avalia o papel dos países árabes nesses conflitos?
Hoje em dia, os governos árabes ou  estão sujeitos aos EUA ou sofrem problemas internos. Eles perderam influência no mundo, estão mais divididos e renunciaram a direitos como reivindicar a causa palestina. O exemplo mais claro é Gaza. Depois de mais de  2000 mártires, 10.000 feridos e cerca de 50.000 casas destruídas, o Conselho de Segurança reuniu-se três vezes e a Liga Árabe nunca o fez.

As guerras na região  resultaram de  conflito sectário, especialmente no Iraque e na Síria. Como avaliar a situação atual? 

O objetivo dos EUA é provocar mais divisão no mundo árabe utilizando  a religião. O que acaba provocando uma fratura  na sociedade e um debilitamento dos governos. Me referi  que o mundo está dividido em dois campos: o  imperialista e  a resistência a ele. Outros grupos políticos argumentam que um  terceiro  campo poderia ser o dos islâmitas no mundo árabe, como Al Qaeda, o Estado Islâmico (ISIS). No entanto, acreditamos que estes são aliados de Washington,  foram formados por eles. Sua existência em campo está servindo aos interesses dos EUA.


Após a eclosão da Frente Al Nusra,  aliado da Al Qaeda na Síria, agora toda a atenção está voltada para o Estado Islâmico , anteriormente conhecida como ISIS. Como avalia a criação deste grupo? 

Eles são um grupo que bebe do wahabismo da Arábia Saudita. Eles pretendem fazer o  mundo árabe retroceder. Cortar as cabeças, mãos, roubando, vendendo as mulheres para a escravidão, massacres, destruindo sepulturas de  personagens muçulmanos ou enterrar a pessoa viva ... Isso é insustentável. Não há  ser humana que aguente! Isso vai contra o que dizem as leis muçulmanas. Suas ações estão a serviço do projeto do imperialismo. No entanto, acreditamos que este é um fenômeno temporário. Eles serão derrotados.


No último período houveram ataques em áreas tradicionalmente dos xiitas no Líbano e houve confrontos na semana passada em Arsal. Você teme que esses grupos podem se expandir no país e confrontar com o Hezbollah?

Jabat Al Nursa considerada Arsal como uma base de retaguarda. O Estado Islâmico (ISIS), no entanto, vê-la como parte do califado e querem controlá-la totalmente. De qualquer forma, eles não vão se expandir. Nossas forças  militares irá impedi-los. Estamos prontos para o confronto com eles.
 



Esta sendo enfatizado a existência de um plano de contra-espionagem, liderada pelos EUA, para debilitar o mundo árabe e sua  resistência. No entanto, a eclosão da chamada "Primavera Árabe" foi acompanhada por manifestações. Como você avalia essas marchas? 

Tudo o que aconteceu no primeiro momento, especialmente na Tunísia e no Egito, foram  protestos para exigir mais direitos. Não temos duas visões diferentes para analisar estes movimentos, mas apenas uma  única leitura. Também é verdade que o contexto é diferente na Síria, especialmente por duas questões básicas. Em primeiro lugar,  Damasco tratou de implementar  melhorias. Em segundo lugar, o tempo todo se manteve firme  contra Israel. Por isso tem nosso apoio. O campo do imperialismo tenta por ao seu serviço todos os povos. O conceito "terceiro mundo" nasce  com essa essência. Conceito que afirma que somos incultos, que não temos futuro  e que devemos ser colocados a serviço do imperialismo.




Houve mudanças na relação com o Irã desde a eleição de Hasan Rouhani?

Rouhani tem um pensamento muito próximo de Khomeini. Estamos falando sobre a ideologia revolucionária. A relação entre o Hezbollah e o Irã não mudou. O mundo está dividido no apoio  a Síria. Rússia e China apoiam politicamente, mas o Irã é o único a fazê-lo de forma direta, com armamentos. Graças também a essa solidariedade estamos conseguindo resistir.

http://www.pintxogorria.net/index.php/es/nazioartea/192-israel/4566-israel-israel-y-el-estado-islamico-forman-parte-del-mismo-proyecto

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