sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Saindo para ficar: EUA mantem as tropas no Afeganistão até "completar sua missão"

Irse para quedarse: EE.UU. mantendrá tropas en Afganistán tras



EUA e a OTAN  puseram fim a  missão no Afeganistão, que já dura 13 anos. No entanto mais de dez mil soldados norte-americanos permanecem no país da Ásia Central.  Essa reportagem descreve o cronologia e as consequências da guerra e do preço pago pelo povo afegão pela operação militar maisprolongada de Washington.



El gatillo fue apretado por primera vez el 11 de septiembre del 2001. "Nuestra guerra contra el terrorismo empieza por Al Qaeda
pero no termina ahí. No acabará hasta que cada grupo terrorista de
alcance global sea localizado, detenido y vencido", declaró el
presidente George Bush tras los atentados del 11-S.


Osama bin Laden, el que fuera el terrorista más
perseguido, es considerado por EE.UU. autor intelectual de uno de los
atentados más mortíferos que ha visto el mundo. Se encuentra en
Afganistán, según apuntan tanto la inteligencia norteamericana como el Pentágono. Ambos, con el apoyo de las tropas británicas, emprenden en octubre de 2001 la operación Libertad Duradera en territorio afgano.
En tan solo unas semanas, Alemania, Francia, Italia, Países Bajos y
otras naciones se suman a lo que primero fueron una serie de bombardeos
contra el líder talibán, pero pronto se convirtió en una operación
terrestre a gran escala. El contingente militar estadounidense se va
engrosando día tras día hasta que, diez años después, la operación
alcanza su meta. Aunque finalmente el terrorista más buscado fuera
asesinado en territorio pakistaní.


"EE.UU. ha conducido una operación que ha matado a Osama bin Laden,
el líder de Al Qaeda, el terrorista que es responsable de la muerte de
miles de hombres, mujeres y niños inocentes", anunció el presidente de
EE.UU. Barack Obama.


Un mes después, Obama anuncia que retirará las tropas de Afganistán en un plazo de 15 meses y que dará por concluidas todas las operaciones de combate antes de que acabe 2014.


El 28 de diciembre, trece años, dos meses y veintiún días después de su inicio, en esta simbólica ceremonia se da oficialmente por terminada la acción militar. Sin importar que la herida abierta siga sangrando…


EPICENTRO DEL OPIO


La producción de heroína en Afganistán ha crecido más de 40 veces desde 2001. El país produce el 90% de todo el opio mundial y suministra anualmente más de 820 toneladas de esta droga.


VÍCTIMAS MORTALES


Es prácticamente imposible contabilizar el número de civiles afganos fallecidos en todos estos años, pero tan solo este año han perdido la vida más de 3.000 personas.
Y en cuanto a las bajas sufridas por la Policía y los militares de
Afganistán, solo en 2014 la cifra de muertes supera las del contingente
de la coalición a lo largo de los más de 13 años que ha durado la
operación.


DESPILFARRO ARMADO


La operación militar estadounidense más duradera en su historia le ha costado a Washington ya más de un billón de dólares.
Todo ello, a costa de los contribuyentes estadounidenses. Varios miles
de millones se gastarán en mantener un contingente reducido que
permanecerá en el país hasta 2016.


Además, este gasto podría aumentar. Barack Obama autorizó sigilosamente una ampliación de la misión en el país
para el año que viene. Varios funcionarios estadounidenses confirmaron
esta información con la condición de que no se revelasen sus
identidades.


¿Cuánto más deberán pagar los ciudadanos estadounidenses por esta
operación? ¿Cuántos civiles más serán abatidos, víctimas de ésta?
¿Cuántos soldados más requerirán asistencia psicológica al regresar a
casa? Son interrogantes que seguirán sin respuesta hasta que Afganistán
vuelva a ser un país en paz y las tropas estadounidenses se marchen
definitivamente… si es que algún día sucede esto.


El profesor de la Universidad de California, EE.UU., Raúl Hinojosa en una entrevista para RT ha opinado que, al no saber con certeza qué va a pasar en Afganistán, Washington busca mantener su presencia en el país para no empezar de cero en caso de una posible crisis.



http://actualidad.rt.com/actualidad/161794-eeuu-tropas-afganistan-concluir-mision

Guerrilha Kurda da Síria, livra Kobane do Estado Islâmico (ISIS/EI/DAESH)



Resumen Latinoamericano/Leandro Albani – 
Foram 134 dias de duros combates contra o Estado Islâmico (EI), uma máquina militar financiada por Qatar e Arábia Saudita, e respaldada abertamente pela Turquia. 
134 dias em que os guerrilheiros e guerrilheiras das milícias YPG/ YPJ defenderam casa por casa a cidade de Kobane, situada no norte da Síria, zona que historicamente corresponde ao Curdistão. Foram quatro meses em que os pouco mais de 2.000 civis, que permaneceram na principal cidade da região de Rojava (Ocidente, em curdo), resistiram junto da guerrilha aos embates do EI e à “péssima pontaria” da Coalizão Internacional (encabeçada pelos Estados Unidos), que deixou cair seus mísseis sobre uma localidade, onde sua infraestrutura foi devastada e os feridos são atendidos por quatro médicos e duas enfermeiras.
Depois de 134 dias, os primeiros fogos de artifícios começaram a ser ouvidos e vistos na cidade que se converteu em símbolo de resistência para o povo sírio. Com o correr das horas, também se multiplicaram os festejos ao longo e ao largo dos 18 mil 300 quilômetros quadrados que compreende Rojava, região fronteiriça com a Turquia, e na qual o povo, junto das milícias guerrilheiras, se autogovernava há mais de dois anos, quando o Exército sírio se retirou e o velho anseio da autonomia para os povoados curdos começou a crescer a partir da s profundezas da Mesopotâmia.
Vitória e liberdade
Logo após a noticia da libertação começou a difundir-se, a partir do Comando Geral das YPG emitiram uma declaração na qual afirma que “esta é a vitória da liberdade sobre a escuridão” do Estado Islâmico. “Nossas forças não defraudaram as expectativas de nosso povo e da humanidade”, assinalaram as milícias curdas e acrescentaram que a derrota dos terroristas foi obtida depois de “lutar uma batalha épica”. “Esta vitória é obtida pela revolução Rojava”, observou o Comando Geral.
De sua parte, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), organismo opositor ao governo de Bashar Al Assad e coms ede em Londres, confirmou que as YPG “tem quase todo o controle de Kobane após expulsar os combatentes do EIIL”.
Desde que as YPG manifestaram que a verdadeira batalha não foi contra o EI, mas “uma batalha entre a humanidade e a selvageria”. Por sua vez, advertiram que a derrota do Estado Islâmico em Kobana é “o princípio do fim” para esse grupo terrorista.
O território que abarca Rojava não apenas é rico em petróleo, mas com o correr dos dias, se converteu em uma referência para o povo do Curdistão em sua busca pela independência. Apesar da situação de guerra permanente, nos cantões dessa região se iniciou um processo de autogoverno, orientado pelo PYD (partido majoritário e afim ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão). Assembleias populares, novos organismos administrativos, a tentativa de construir uma economia alternativa ao capitalismo e o papel fundamental das mulheres tanto nos combates como nos espaços civis colocam Rojava sob a atenção de todos.
Os últimos dias
Nas últimas semanas, os mercenários do EI se encontravam resguardados nas colinas de Mistenur. Porém, em 19 de janeiro, soube-se que as milícias guerrilheiras tinham tomado a zona. Segundo relatou ao Resumen Latinoamericano uma brigadista internacional que se encontra em Kobane, “em apenas dez minutos, os Estados Unidos poderiam ter varrido com seus bombardeios o Estado Islâmico dessas colinas”. Ainda que isto não tenha acontecido, e carecendo a guerrilha de poder de fogo para chegar até o lugar, os ataques das milícias permitiram que o EI se retirasse, deixando como saldo 40 mercenários mortos e três capturados.
Abdullah Asya, copresidente do PYD, declarou à imprensa que unidades das YPG/YPJ continuam com algumas operações militares contra os mercenários “nos povoados em torno” de Kobane. O primeiro-tenente dos peshmergas, Raed Hassan, também confirmou que “kobane está sob o controle curdo agora”. Os peshmergas são as forças de segurança sob o controle do governo autônomo do Curdistão iraquiano, administrado pelo presidente Masoud Barzani, aliado dos Estados Unidos e da Turquia. Devido à pressão popular nessa região, meses atrás, aceitou enviar algo em torno de mil soldados peshmergas a Kobane, para que combatessem junto à guerrilha.
O assédio a Kobane por parte do EI e da Turquia, cujo governo permite a passagem de mercenários por sua fronteira com o norte da Síria, provocou um êxodo de quase 200.000 pessoas, muitas delas refugiadas da cidade curda de Suruç, no território turco.
Há 24 horas, na cidade de Kobane, tribulam as bandeiras amarelas com uma estrela vermelha nas colinas e ruas, símbolo da guerrilha. Agora nessa região do Curdistão se abrem novas incógnitas após a saída do EI. A posição que tomará a Turquia ante a efervescência do povo curdo, reprimido há décadas por esse Estado; a possível transferência das represálias do EI aos cantos de Efrin e Cezire; as decisões que tomará a Casa Branca com seus aliados ante esta nova realidade, e a posição que o governo sírio apresentará (se permitir o desenvolvimento da autonomia em Kobane ou sua repressão) são algumas interrogações que surgem entre a urgência das notícias que chegam do Curdistão. Interrogações que, por hoje, serão deixadas de lado para sentir os fogos de artifícios e gritos de vitória dos povos de Kobane e de todo o Curdistão.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A Resistência responde aos ataques de Israel


Míssil anti-tanque russo 9M133-Kornet-E do Hezbollah
Ao meio dia de hoje, (28/01) hora local, o Hezbollah atacou um comboio militar israelense na área ocupada da fazenda Sheeba. O Hezbollah distribuiu declaração em que informa que atingiu vários veículos israelenses com mísseis antitanques Kornet. A declaração do Hezbollah vem identificada como “Número 1”. Obviamente o Hezbollah conta com que a situação escalará sempre mais, o que gerará novas declarações. O Partido da Resistência diz que morreram nesse ataque vários soldados israelenses. Os censores israelenses ainda não revelaram o número de baixas em suas fileiras.

Semana passada, Israel atacou um comboio na área do Golan sírio matando combatentes do Hezbollah e soldados da Guarda Revolucionária do Irã, inclusive oficiais de alta patente. A ONU declarou que o ataque israelense quebrou o armistício que já durava 40 anos entre Síria e Israel. Antes do ataque israelense, a situação geral no Golan havia-se acalmado. Depois do ataque israelense não provocado, Hezbollah e Irã ameaçaram responder. Mas a ameaça não conteve Israel.

Ontem, dois foguetes não direcionados foram disparados do lado sírio da linha de demarcação no Golan, provavelmente pelo Exército Sírio Livre ou pela Frente al-Nusra que ocupam parte da área síria, e recebem apoio logístico e armas de Israel. Os foguetes caíram em campo aberto e não provocaram qualquer dano. Os israelenses responderam com fogo de artilharia contra um quartel do exército sírio.

Israel colabora com a Frente al-Nusra (ISIS/ISIL/DAESH) na Síria
Essa lógica perturbada dos israelenses diz que ataque que venha do lado sírio contra Israel, mesmo que venha de terroristas ou insurgentes apoiados por Israel, é responsabilidade do exército sírio.

Agora à noite, (28/01) outra vez, Israel escalou a agressão, com ataque da Força Aérea contra uma posição do exército sírio no Golan.

O ataque contra o comboio israelense é resposta (bem merecida) às várias violações da paz, por ação dos israelenses.

Israel respondeu ao ataque, lançando mais de 30 mísseis e raids de artilharia contra o Líbano. Um soldado espanhol da força de paz da ONU foi morto por fogo israelense nesse ataque de Israel contra uma posição muito bem conhecida e identificada da ONU.

A intenção do Hezbollah é reimpor “regras do jogo” e impedir futuros ataques israelenses contra Síria e Líbano. Será necessário algum dano importante e número considerável de baixas do lado israelense, antes de que Netanyahu – que está em campanha eleitoral tentando a reeleição – concorde com qualquer tipo de regra em qualquer tipo de jogo.


[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Barou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português.
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

A Guerra já começou: Israel está bombardeando a Síria e ajudando os mercenários terroristas do ISIS



El ministro de Exteriores sirio, Walid Al Muallim, denunció el miércoles que el ataque israelí que mató a militares iraníes y del movimiento libanés Hezbollah en Quneitra forma parte de una estrategia para prolongar la guerra en esta nación.
“Las autoridades israelíes son una parte esencial de la conspiración contra Siria”, aseguró el ministro de Relaciones Exteriores a la televisora Al Ikhbariya.

“ incursión de Tel Aviv en la sureña provincia de Quneitra es una violación contra la soberanía de nuestro país y un acto descarado de agresión contra el territorio sirio”, subrayó.

“Israel cometió una estupidez al lanzar ese ataque porque sabe muy bien que pagara por ello”, advirtió el diplomático.

Al Muallim acusó al vecino país de utilizar y respaldar a grupos terroristas, como el Frente Al Nusra, brazo de Al Qaida, para intentar desestabilizar a Siria.

El domingo último la aviación israelí bombardeó un convoy de autos que causó la muerte, entre otros, del general iraní Mohammad Aliullah Dadí y seis miembros de Hezbollah.

En diciembre aviones del Estado hebreo bombardearon dos zonas cercanas a esta capital y en septiembre derribaron una avión militar sirio en Quneitra.

Según la prensa siria, más de 3.000 extremistas que combaten en Siria han recibido atención médica en Israel en los últimos cuatro años, lo cual ha costado al erario público de esa nación unos 14 millones de dolares. 
http://www.almanar.com.lb/spanish/adetails.php?fromval=2&cid=67&frid=23&seccatid=67&eid=82916

Oficial do alto comando do ISIS confessa receber financiamento dos EUA

Yousaf al Salafi, comandante del Estado Islámico detenido hace una semana por los servicios de inteligencia pakistaníes, ha confesado que ha recibido fondos procedentes de EE.UU.
+"Durante las investigaciones, Yousaf al Salafi reveló que recibió financiación llegada a través de EE.UU. para hacer operar a la organización [Estado Islámico] en Pakistán y reclutar a jóvenes para luchar en Siria", ha revelado una fuente anónima perteneciente a la investigación, informa ’The Express Tribune’.
Yousaf al Salafi, de nacionalidad sirio-pakistaní y supuesto comandante del Estado Islámico, fue detenido hace una semana por los servicios de inteligencia pakistaníes junto a dos compañeros en una redada realizada en Lahore. Las informaciones confirman que al Salafi trabajó durante semanas con Hafiz Tayyab, imán de una mezquita local detenido hace cinco meses por reclutar a jóvenes pakistaníes para luchar con el Estado Islámico en Siria.
"Washington ha condenado las actividades del Estado Islámico, pero desgraciadamente no ha sido capaz de detener la financiación a esta organización, que se está distribuyendo a través de EE.UU.", ha afirmado la misma fuente.
Asimismo, existen datos que apuntan que las revelaciones de al Salafi fueron compartidas con el secretario de Estado estadounidense John Kerry durante su visita a Islamabad. "La cuestión también fue abordada con el general Lloyd Austin, comandante del CENTCOM (Mando Central de EE.UU.) durante su visita a Islamabad de principios de este mes", afirma otra fuente.

Fonte: RT, 28 de enero 2015.
http://www.voltairenet.org/article186592.html

Não vamos esquecer: Massacre de Pueblo Bello, Antioquia (Colombia)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Quem ordenou o ataque contra o Charlie Hebdo?

Thierry Meyssan


Enquanto muitos franceses reagem ao atentado contra o Charlie Hebdo denunciando o islamismo e manifestando-se nas ruas, Thierry Meyssan sublinha que a interpretação jiadista é impossível. Embora ele tivesse todo o interesse em denunciar isto também como uma operação da Al-Qaida, ou do Daesh, ele vislumbra uma outra hipótese, muito mais perigosa.
Rede Voltaire | Damasco (Síria) | 9 de Janeiro de 2015


http://youtu.be/s_Sg9ZCFp5s

Nesta reportagem, a France 24 cortou o vídeo para que não se veja os atacantes executarem um policia caído no solo.

A 7 de janeiro de 2015, em Paris, um comando irrompeu nas instalações da Charlie Hebdo e assassinou 12 pessoas. Outras 4 vítimas estão ainda em estado grave.

Nos vídeos ouve-se os atacantes gritar «Alá Akbar!», já que eles «vingaram Maomé». Uma testemunha, a desenhadora Coco, afirmou que eles se reclamavam da Al-Qaida. Não foi preciso mais para que muitos franceses o denunciassem como um atentado islamita.
 
http://youtu.be/YqlvzkhdSZs(Ora, esta hipótese é ilógica.)
 
A missão deste comando não tem nenhuma ligação com a ideologia jiadista

Com efeito, membros ou simpatizantes da Irmandade Muçulmana, da al-Qaida ou do Daesh (Exército Islâmico- ndT) não se contentariam apenas em matar cartunistas ateus, eles teriam primeiro destruído os arquivos do jornal à frente dos seus olhos, seguindo o modelo do que fizeram em todas as suas actuações no Magrebe e no Levante. Para os jiadistas, o primeiro dever é o de destruir os objectos que, segundo eles, ofendem a Deus, e só depois punir os «inimigos de Deus».

Da mesmo modo não teriam recuado de imediato, fugindo da polícia, sem ter completado a sua missão. Eles teriam, pelo contrário, terminado a sua missão mesmo que tivessem de morrer no local.

Além disso, os vídeos e alguns dados mostram que os atacantes são profissionais. Mostram ser proficientes no manejo das suas armas e só atiraram pela certa. Eles não estavam fardados à moda dos jihadistas mas, sim, como comandos militares.

O modo como executaram no solo um policia ferido, que não representava nenhum perigo para eles, atesta que a sua missão não era a de «vingar Maomé» por causa do humor ácido do Charlie Hebdo.

vídeo censurado pelas TV francesas :http://www.liveleak.com/view?i=bc6_1420632668
 
Esta operação visa criar o início de uma guerra civil

O facto dos assaltantes falarem bem francês, ou que eles sejam provavelmente franceses, não permite concluir que este ataque seja um episódio franco-francês. Pelo contrário, o facto de eles serem profissionais deve forçar-nos a distingui-los de possíveis patrocinadores. E nada prova que estes últimos sejam franceses.

É um reflexo normal, mas intelectualmente errado, considerar que assim que somos atacados poderemos reconhecer, de imediato, os nossos agressores. É o mais lógico quando se trata de criminalidade normal, mas é errado quando se trata de política internacional.

Os Comanditários deste atentado sabiam que ele provocaria uma fractura entre os Franceses muçulmanos e os Franceses não-muçulmanos. O Charlie Hebdo tinha-se especializado nas provocações anti-muçulmanas e a maioria dos muçulmanos em França foram directa ou indirectamente visados. Se os muçulmanos da França condenarão, sem nenhuma dúvida, este ataque, já lhes será difícil mostrar tanta pena pelas vítimas como os leitores do jornal. Esta situação será entendida por alguns como uma cumplicidade com os assassinos.

É por isso que, mais do que considerar este atentado extremamente mortífero como uma vingança islamista contra o jornal que tem publicado as caricaturas de Maomé e multiplicado as «actualidades» anti-muçulmanas, seria mais lógico considerar que ele é o primeiro episódio de um processo visando criar uma guerra civil.
 
A estratégia de «choque de civilizações» foi concebido em Telavive e Washington

A ideologia e a estratégia da Irmandade Muçulmana, Al-Qaida ou do Daesh, não preconiza a criação de guerra civil no «Ocidente» mas sim, pelo contrário, criá-la no «Oriente» e separar herméticamente os dois mundos. Nunca Saïd Qotb, nem nenhum dos seus sucessores, apelaram para se provocar confrontos entre muçulmanos e não- muçulmanos em casa destes últimos.

Contrariamente, a estratégia do «choque de civilizações» foi formulada por Bernard Lewis para o Conselho de Segurança Nacional norte-americano, depois vulgarizada por Samuel Huntington não mais como uma estratégia de conquista mas como uma situação previsível [1]. Ela visava persuadir as populações-membro da Otan do confronto inevitável, que tomou preventivamente a forma de «guerra ao terrorismo».

Não é no Cairo, ou em Riade, ou em Cabul, que se defende o «choque de civilizações», mas em Washington e Telavive.

Os comanditários do ataque contra o Charlie Hebdo não procuraram satisfazer jiadistas ou talibãs mas, sim, neo-conservadores ou falcões liberais.
 
Não esqueçamos os precedentes históricos

Devemos lembrar-nos que, no decurso dos últimos anos, temos visto os serviços especiais norte-americanos ou da Otan :
testar em França os efeitos devastadores de certas drogas em populações civis [2];
ter dado apoio à OAS (Organization Armée Secrete -ndT) para tentar assassinar o presidente Charles De Gaulle [3] ;
realizar ataques de falsa bandeira, contra civis, em vários Estados-Membros da Otan [4].

Devemos lembrar-nos que, desde o desmembramento da Jugoslávia, o estado-maior norte-americano experimentou, e pôs em prática, em muitos países a sua estratégia de «lutas de cães». Ela consiste em matar membros da comunidade maioritária (majoritária-br), depois elementos de minorias, fazendo atribuir as culpas a uns e outros, cruzadamente, até que todos estejam convencidos de estar em perigo de morte. Esta foi a maneira como Washington provocou a guerra civil tanto na Jugoslávia como, recentemente, na Ucrânia [5].

Seria muito avisado os Franceses lembrarem-se, também, que não foram eles quem tomou a iniciativa da luta contra os jiadistas em retoro da Síria e do Iraque. Aliás, até ao momento, nenhum deles cometeu o menor atentado em França, não sendo o caso de Mehdi Nemmouche o de um terrorista solitário mas, sim, o de um agente encarregue de executar, em Bruxelas, dois agentes da Mossad [6] [7]. Foi Washington quem convocou, a 6 de Fevereiro de 2014, os ministros do Interior da Alemanha, dos E.U.A, da França (O Sr. Valls fez-se representar), da Itália, da Polónia e do Reino Unido para fazer do retorno de jiadistas europeus uma questão de Segurança nacional [8]. Foi somente após esta reunião que a imprensa francesa abordou este assunto, e que, a seguir, as autoridades começaram a reagir.
http://youtu.be/UG2qfkMr188
John Kerry exprimiu-se, pela primeira vez, em francês para enviar uma mensagem aos Franceses. Ele denunciou este como um ataque contra a liberdade de expressão (quando o seu país não parou, desde 1995, de bombardear e de destruir as televisões que lhe faziam sombra na Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque e na Líbia), e proclama a luta contra o obscurantismo.

Nós ignoramos quem comanditou esta operação profissional contra o Charlie Hebdo, mas, não nos deveremos deixar embalar. Deveremos considerar todas as hipóteses e admitir que, nesta fase, o seu objectivo mais provável é a de nos dividir; e que os seus mais provaveis patrocinadores estão em Washington.
Thierry Meyssan

Tradução
Alva


[1] « La "Guerre des civilisations" » (Fr- «“O choque de civilizações" »-ndT), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 4 juin 2004.

[2] « Quand la CIA menait des expériences sur des cobayes français » (Fr- «Quando a CIA realizava experiências em cobaias francesas» -ndT), par Hank P. Albarelli Jr., Réseau Voltaire, 16 mars 2010.

[3] « Quand le stay-behind voulait remplacer De Gaulle » (Fr- «Quando o “stay- behind” queria substituir De Gaulle» -ndT), par Thierry Meyssan, Réseau Voltaire, 10 septembre 2001.

[4] «Les Armées Secrètes de l’OTAN» (Fr- «Os Exércitos Secretos da Otan»- ndT), par Daniele Ganser, éd. Demi-Lune. Disponible par chapitresur le site du Réseau Voltaire.

[5] « Le représentant adjoint de l’ONU en Afghanistan est relevé de ses fonctions » (Fr- «O vice-representante da ONU no Afeganistão está dispensado de suas funções» -ndT), “Poderá Washington derrubar três governos ao mesmo tempo?”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Al-Watan(Síria), Rede Voltaire, 24 de Fevereiro de 2014.

[6] « L’affaire Nemmouche et les services secrets atlantistes » (Fr-« O caso Nemmouche e os serviços secretos atlantistas» - ndT), par Thierry Meyssan, Al-Watan (Syrie), Réseau Voltaire, 9 juin 2014.

[7] Objectaremos os casos de Khaled Kelkal (1995) e de Mohammed Mehra (2012). Dois casos de «lobos solitários» ligados a jihadistas ; mas nem à Síria nem ao Iraque. Infelizmente, ambos foram executados em operações pelas forças da ordem, de modo que é impossível verificar as teorias oficiais.

[8] “Síria converte-se em «tema de segurança interna» para Estados Unidos e União Europeia”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 12 de Fevereiro de 2014.
 
Postado: http://www.voltairenet.org/article186437.html#nb1

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

A história do menino Handala: Uma história da luta silenciosa contra a injustiça e opressão dos sionistas!

SOMOS TODOS HANDALA!
Suas mãos estão entrelaçadas as costas como um sinal de rejeição às soluções apresentadas pela opressão sionista! Seu criador foi assassinado pela Mossad em 1987.

"É impossível passar pela Palestina sem conhecer Handala: “uma criança palestina nitidamente desamparada, porém honrada, sempre de costas para o leitor, observando uma cena qualquer da crueldade israelense ou da hipocrisia dos árabes”.
As palavras que descrevem o personagem icônico de Naji al-Ali (1936-1987) são do cartunista Joe Sacco (famoso por seus quadrinhos-reportagem sobre os territórios ocupados), autor do prefácio do (incontornável) livro “Uma criança na Palestina – os cartuns de Naji al-Ali”.




segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

EU SOU PALESTINA!

Entrevista com uma ex-soldado israelense: "Israel é o Estado mais fascista que conheço"

 
 

Miguel Hernández (texto e fotografia)

Eu defendo a solução de um Estado Palestino, em que todos vivam em igualdade de direitos. Eu quero viver com meus irmãos e irmãs palestinos. É assim que os vejo: como meus irmãos”.

Sarit Jacobsohn é uma artista israelense de 42 anos. Sarit é oriunda de uma família de judeus alemães, polacos e russos, que chegaram à Palestina muito antes da criação do regime sionista.
Nos anos 20, devido aos enfrentamentos entre as organizações sionistas e a população local, decidiram ir para o Chipre, já que temiam sofrer as represálias do povo palestino ante os crescentes ataques por parte das organizações sionistas.
Cinquenta anos mais tarde, na década de 70, sua mãe voltou à Palestina. Sarit tinha uns 6 anos. Desde então, viveram em Tel Aviv.

Atualmente você vive em Israel?

Não, hoje vivo no Tennessee, Estados Unidos. Depois de deixar o serviço militar, decidi sair da Palestina, já não queria viver lá.

E sua família? Ainda vive em Tel Aviv?

Não, minha mãe retornou ao Chipre e minha irmã mais velha vive na Inglaterra. Muita gente está deixando Israel, sobretudo no caso das mulheres. Não é um bom lugar para viver, pois existem muitas violações. O pior é que o governo, o exército e a segurança toleram esta violência contra a mulher. É parte do processo de corrupção da própria sociedade israelense por tantos anos de ocupação.

Que ideia você tinha dos palestinos quando pequena?O que você sabia da ocupação, do conflito, etc.?

Quando eu era pequena sabia apenas que os palestinos viviam no mesmo país que nós e que o nosso governo estava em conflito com algumas de suas facções. Eu poderia dizer que tinha medo dessas facções de palestinos.

Qual foi a primeira experiência que a fez pensar que algo estava errado em Israel?

Bom, quando recém chegamos, convidaram minha mãe para viver em um assentamento na Cisjordânia. Lá não pagaríamos impostos, nos dariam uma casa enorme pagando muito pouco, a comida era vendida por menos da metade do preço real e mais vantagens deste tipo. Apesar de ser muito pequena, disse para minha mãe que não queria, estava certa de que algo não estava bem, já que queriam nos dar tantas coisas em troca de vivermos ali. Por sorte minha mãe não aceitou. Anos mais tarde, minha irmã, 8 anos mais velha, teve que fazer o serviço militar obrigatório. Lembro que sempre que vinha em casa nos contava as coisas terríveis que era obrigada a fazer.

Esta foi a experiência que abriu seus olhos?

Não, de fato. A experiência que poderia dizer que me abriu os olhos definitivamente foi aos 16 anos. Então, uma professora no colégio nos disse que as organizações terroristas sionistas que operavam na Palestina antes da criação de Israel, são as que se converteram em 1948 no exército israelense. Devia ser muito esquerdista! (risos)
Não é possível duvidar que todas estas organizações sionistas são a origem do terrorismo moderno.

Você esteve alguma vez na Faixa de Gaza ou na Cisjordânia?

Sim, nos dois lugares. Sempre me disseram que não podia ir para lá, que era perigoso e que iriam me matar. Por sorte ignorei todos e fui, uma das vantagens de ser rebelde (risos).

E como foi sua experiência?

Desde o primeiro momento, vi que o que tinham me dito era mentira. Os palestinos foram maravilhosos comigo. Posso dizer que não conheci nenhum israelense que tenha sido recebido com repúdio ou violência por parte dos palestinos em Gaza ou Cisjordânia, apesar de todos esses anos de opressão. Todos os israelenses que conheço e estiveram lá, vivenciaram experiências parecidas com a minha.

Fale sobre sua experiência no exército.

Foi o inferno. Nunca senti medo de ser ferida ou morta, porém estava aterrorizada ante a ideia de ter que ferir alguém. No campo de treinamento, nos faziam fazer guarda por turnos. Eu odiava. Não podia parar de pensar que não queria disparar em ninguém.

Onde foi seu treinamento?

Não sei. Levavam-nos de um lugar para outro sem falar nada. Não sabíamos onde estávamos a maior parte do tempo. Um dia, de repente, nos disseram que estávamos no Líbano e nos ordenaram que carregássemos nossas armas. Eu não o fiz, não carreguei minha arma. Hoje me sinto muito orgulhosa de mim mesma por isso. Simplesmente acredito que essa não é a forma de entrar no país de alguém.

Quanto tempo você ficou no exército?

Fiquei apenas quatro meses. Desde o momento em que entrei, tentei deixá-lo. Todos os dias eu falava com o psiquiatra para explicar os motivos pelos quais não queria estar ali. Não importava a ele o fato de não querer machucar ninguém. Um dia, sem pensar que esse comentário teria importância, disse que eu amo os palestinos. Isso mudou seu humor. Então, decidiram que eu não poderia estar ali e me tiraram, declarando-me demente.

Seu caso é excepcional ou existem mais pessoas como você?

Existem muitos casos assim. A cada dia quando ia ao psiquiatra, tinha que esperar durante horas. Estava cheio de homens e mulheres chorando desconsoladamente. Eles me contavam sobre os crimes de guerra e as atrocidades que tinham cometido. E se eu tentava consolá-los, era ainda pior. Era impossível fazer com que parassem de chorar. É muito difícil continuar vivendo quando você se dá conta das atrocidades que vem cometendo e o porquê de tê-las cometido. Por isso, ocorrem tantos suicídios nas IDF (Israeli Defense Forces), assim como no Exército dos Estados Unidos.

Então, como todas estas coisas continuam acontecendo? Como a sociedade israelense aceita?

Existem vários motivos, mas o principal é a islamofobia e o racismo que existe em Israel. Somos educados, desde pequenos, a temer os árabes e os muçulmanos. O meu medo passou quando fomos passar férias no Egito. Vi que tudo isso era mentira e que a sociedade árabe é muito melhor que a nossa em alguns aspectos. É muito menos capitalista. Para eles as relações humanas são mais importantes.

Tem sido difícil para você manter esta posição política e social?

Sim, muito. Para começar, perdi a maioria dos meus amigos. Além disso, é complicado aceitar que as pessoas de quem você gosta, seus amigos, seus vizinhos, são partícipes de algo tão horrível. Que o aceitam e, inclusive, colaboram com isso.

Qual é a solução que você defende?

Para mim, o problema é de direitos humanos. Para mim, não existe o conflito religioso. Eu me entendo perfeitamente com os muçulmanos de todo tipo, pouco religiosos, muito religiosos, nada religiosos. Nossas religiões são muito parecidas e possuem os mesmos valores. Portanto, eu nem quero e nem creio na separação de dois Estados. Eu defendo a solução de um Estado Palestino em que todos vivam em igualdade de direitos. Eu quero viver com meus irmãos e irmãs palestinos. É assim que os vejo: como meus irmãos.
Espero um dia voltar à Palestina nessas condições. E, claro, se separassem o território em dois Estados, viveria antes no Estado Palestino que em Israel. Tenho muito ódio da teoria da “minha gente”, que visa justificar tudo que tem sido feito e se continua fazendo. Creio que não sabem nada do que é ser justo. Quando estudei a Torá, ensinaram-me coisas totalmente opostas ao que estão fazendo os sionistas há quase sete décadas.

Você acredita que existe alguma possibilidade de mudança dentro da sociedade israelense? Ou acredita que, por força, a mudança terá que vir de fora?

A mudança tem que vir de fora. Em Israel existe muita gente, mais do que parece, trabalhando e organizando-se pela revolução e pela criação de um Estado com igualdade de direitos. No entanto, Israel é o regime mais fascista do mundo e nunca permitirá uma mudança a partir de dentro. As pessoas da esquerda têm medo, inclusive, de falar, já que sua opinião faria com que perdessem o trabalho. Por isso, o BDS (campanha internacional de Boicote, Sanções e Desinvestimento contra produtos, associações e instituições israelenses) é nossa melhor arma para acabar com a ocupação e o genocídio na Palestina. Também temos que mostrar às pessoas que os palestinos são semitas e que são os sionistas os autênticos antissemitas. Outra coisa que as pessoas precisam saber e aceitar é que Israel é controlado pelos Rothschild. Eles compraram a Palestina depois de apoiar os nazistas na Alemanha e nunca perderam o poder.

Existe alguma outra experiência da qual você queira falar?

Sim. Uma outra experiência que abriu meus olhos está relacionada às ameaças de morte recebidas. No momento em que comecei a falar abertamente da ocupação, do roubo de terras, da limpeza étnica e de todas estas coisas, automaticamente comecei a receber ameaças de morte e outras mensagens terríveis de pessoas que, até o momento, eram meus vizinhos, meus concidadãos. Isso me deixou em choque, porque se faziam isso comigo, que sou judia e israelense como eles, o que não fariam com os palestinos a quem tanto odeiam e a quem a lei não protege.

Fonte: http://www.correodelorinoco.gob.ve/multipolaridad/entrevista-a-una-ex-soldado-israeli-%E2%80%9Cisrael-es-estado-mas-fascista-que-conozco%E2%80%9D/

Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

BOICOTE ISRAEL EM 2015

"A crise capitalista nos recorda algumas características básicas do oportunismo. O oportunismo tem classe, raiz e base social."

Excelente Análise do Momento Político da Europa, da Grécia e da 
Situação do Movimento Comunista Internacional

"Os acontecimentos avançam e neste momento está se preparando um novo ataque militar imperialista contra a Síria. Seus falsos pretextos já foram vistos em várias ocasiões, como no ocorrido no Iraque, Iugoslávia, Afeganistão e, mais recentemente, na Líbia. A provocação que montaram não só não é convincente, mas que supõe um grande desafio. Hoje em dia é importante que nós comunistas desempenhemos um papel principal na organização da luta para condenar a guerra imperialista, para impedir a participação do governo de cada país, para fortalecer a luta para que se fechem as bases e todo tipo de infraestrutura que são ponto de partida para os ataques militares dos EUA, da UE e da OTAN.
O papel dos governos de Obama e Hollande é particularmente instrutivo para os que se enganaram pelas ilusões semeadas pelas forças oportunistas na Grécia. Rapidamente demonstrou-se que “a pomba da paz”, como o SYRIZA chamava o prêmio Nobel, Obama, e o “vento da mudança” de Hollande eram falcões que, para servir de qualquer maneira aos benefícios dos monopólios, massacram os povos. Faz-se mais que evidente a relação capitalismo-crise-guerra."
Dimitris Koutsoumpas


Entrevista com o Secretário Geral do CC do Partido Comunista Grego (KKE) Dimitris Koutsoumpas, para o jornal Unidad y Lucha - jornal do PCPE –
 Partido Comunista dos Povos de Espanha
Unidad y Lucha (jornal do PCPE – Partido Comunista dos Povos de Espanha): O 19º Congresso do KKE (Partido Comunista Grego), que o elegeu como Secretário Geral, ocorreu em abril. Quais foram as decisões fundamentais do Congresso?
Dimitris Koutsoumpas: Trata-se de um importante Congresso na história do Partido, dado que o 19º Congresso elaborou novos e atualizados Programa e Estatutos. Nestes 17 anos, a partir de 1996, quando se aprovou o anterior Programa de nosso Partido, acumulamos grande experiência das lutas e dos acontecimentos, tiramos conclusões de um profundo estudo sobre os acontecimentos relacionados com a construção e a derrota do socialismo na URSS. Trata-se de um estudo que enriqueceu a percepção do KKE sobre o socialismo. Tiramos conclusões gerais sobre questões de estratégia do KKE e do Movimento Comunista Internacional, baseados num estudo a fundo da História, de cuja discussão participou todo o Partido e a KNE (Juventude Comunista da Grécia).
Um assunto chave para um Partido Comunista é a elaboração de uma estratégia revolucionária atualizada para poder cumprir com sua missão básica que é orientar a classe trabalhadora e os setores populares pobres com competência ideológica, política e organizativa e capacidade, reunir as forças sociais para a Aliança Popular na luta que terá como objetivo e fim a conquista do poder popular, do socialismo. Os documentos do 19° Congresso respondem a esta questão crucial.
Focamos nossa atenção tanto na luta contra as consequências da crise capitalista como na luta contra a guerra imperialista e a participação, de qualquer modo, da Grécia nesta. Examinamos estes assuntos como um vínculo que pode impulsionar a organização ao reagrupamento do movimento operário em direção classista. Pretendemos construir uma Aliança Popular forte que tenha uma base social, que reúna a classe operária como vanguarda, assim como os semiproletários, camada social que vem crescendo na Grécia durante os anos da crise e que tem como renda básica o que ganha do trabalho assalariado, não da propriedade dos meios de produção, assim como os setores populares oprimidos de trabalhadores autônomos na cidade e camponeses pobres.
Consideramos que o papel dirigente do Partido, sua capacidade de se constituir na prática a vanguarda da classe trabalhadora, será obtido através da atividade do Partido com seus quadros e membros nos sindicatos, nas organizações de massas da aliança. Este papel não se dará com autoproclamação, nem com acordos políticos de cúpula. O próprio Partido o conquistará ao estar na cabeça da organização da luta, na orientação das organizações do movimento que constituirão a aliança em cada centro de trabalho, nas grandes fábricas, nos bairros operários. Ali se jogará o caminho da luta de classes e o KKE dá peso especial em sua política organizativa na construção de fortes organizações nas fábricas, na classe trabalhadora, com laços políticos com os operários, a quem não tratamos como votantes, de quem não nos aproximaremos em função do partido aos qual apoiem, mas por serem operários, trabalhadores autônomos, comerciantes, camponeses, potenciais companheiros de luta.
A grande maioria dos membros do Partido e da KNE (mais de 97%) votaram a favor das teses do Congresso, e isto mostra a determinação para superar obstáculos, atrasos, para que se cumpra o objetivo de ser um “partido que trabalha sob todas as circunstâncias”. Somos otimistas, mas com plena consciência das dificuldades.
UyL: Qual a explicação para o conceito “partido que trabalha sob todas as circunstâncias”?
DK: Significa que o Partido deve ser capaz de lutar sob quaisquer condições com a finalidade de reunir forças pela derrota revolucionária do poder burguês. Um Partido que não seja surpreendido pelos altos e baixos da luta de classes, que trabalhe diariamente para estar preparado no momento em que o curso da luta de classes coloca na agenda a questão da conquista do poder pela classe trabalhadora, em aliança com os setores populares pobres. Significa um Partido que seja capaz, combativo, que responda aos ataques do adversário, a todo tipo de mecanismo do Estado burguês. Um Partido com fortes laços com a classe operária, que faça um esforço constante na tarefa de criar fortes organizações partidárias nas grandes fábricas, nos centros de trabalho, que será a coluna vertebral de toda sua ação.
Para ser ainda mais claro, vou dar um exemplo: nos documentos do 19° Congresso opinamos que, no caso de implicação ativa mais direta numa guerra imperialista, as primeiras medidas de repressão serão tomadas contra o movimento trabalhador e popular e sua vanguarda. Em conclusão, é necessário que nosso Partido esteja em plena preparação. Além disso, qualquer que seja a forma que adote a participação da Grécia numa guerra imperialista, o KKE deve estar preparado para dirigir a organização independente da resistência trabalhadora e popular para que esta se vincule à luta pela derrota da burguesia nacional e estrangeira como invasor.
UyL: Nas últimas eleições gregas, o KKE foi criticado, não apenas na Grécia, por não participar numa coalizão com o SYRIZA. Qual é sua opinião sobre isto e o que responde aos que criticaram o KKE?
DK: Acreditamos que se pode tirar uma valiosa experiência da posição decisiva do KKE sobre este tema. Se o KKE, em junho de 2012, estivesse cooperado no governo com o SYRIZA, hoje em dia – em muito pouco tempo – teríamos decepcionado massivamente os trabalhadores, o movimento teria sofrido uma grande derrota. As grandes expectativas que, justamente, seriam fomentadas pelo povo, rapidamente seriam refutadas, dado que as chaves da economia se manteriam nas mãos dos capitalistas, dos monopólios. Por exemplo, como é possível resolver o problema do desemprego sem ter em suas mãos as fábricas, a produção industrial, etc..., para poder planificar a nível central? Como é possível desenvolver a economia sendo membro da UE, que impõe cotas, proíbe as exportações, etc?
O SYRIZA vai se transformando a um ritmo muito rápido numa socialdemocracia contemporânea. É um partido apologista da UE, da exploração capitalista em geral. Afirma que no marco do capitalismo é possível convencer os monopólios para que aceitem ir contra seus próprios interesses e redistribuir sua riqueza entre os trabalhadores. A própria experiência popular em condições de crise capitalista o desmente. A agressividade do capital, com o fim de tirar tudo dos trabalhadores, desfaz qualquer ilusão que seja fomentada pelo SYRIZA sobre supostos “capitalistas sãos que respeitarão as leis”, ou seja, que todo o arsenal antioperário já foi utilizado na Grécia nos últimos anos. O efeito do SYRIZA no seio da plutocracia grega não é casualidade. Seu “radicalismo útil”, como mencionado pelo próprio Presidente dos Industriais Gregos ao dar as boas vindas ao presidente do SYRIZA numa reunião com ele, prova que é conveniente para a burguesia na Grécia um partido que, em condições de crise, assegurará o tempo necessário de espera e um clima de consenso e de cooperação de classes, para que se aprovem outras medidas antioperárias. Por isso é infundado o “vamos todos juntos” para aliviar o povo.
Além disso, o KKE julgou negativamente tanto sua própria experiência de participação em governos burgueses no passado como a participação de outros partidos comunistas em governos burgueses, por exemplo, os Partidos Comunistas da Itália e da França nos governos de “centro-esquerda” quando a OTAN bombardeava a Iugoslávia. Também existem exemplos mais atuais, como as experiências do Chipre e do Brasil, que convencem inclusive os mais céticos de que a participação dos comunistas na gestão burguesa não pode oferecer nem sequer um alívio, porque o poder permanece nas mãos dos monopólios. Objetivamente, se dirigirá contra o povo, continuará a alternância dos governos burgueses que, no marco da economia capitalista, um é pior que o outro. O que tem que mudar é a classe no poder, não o administrador do poder dos monopólios.
UyL: Você diria que o processo de unificação do oportunismo é um fenômeno grego ou internacional?
DK: Não diria que se unifica em geral e em todos os lugares, mas se adapta às condições atuais e às necessidades da burguesia. Por exemplo, no caso do SYRIZA, a recente eliminação dos partidos integrantes e a criação de tendências num partido unificado com militantes, não como uma coalizão de partidos, como foi o SYRIZA até hoje, é uma adaptação necessária para levar a cabo de maneira mais eficaz a missão antipopular por eles assinada em nome do capital.
A crise capitalista nos recorda algumas características básicas do oportunismo. O oportunismo tem classe, raiz e base social. Nas condições de crise capitalista existe na Grécia, assim como na Espanha, uma experiência importante da pressão exercida, por exemplo, pelas forças pequeno-burguesas, pelas camadas médias que se destroem nestas conjunturas e buscam um rápido retorno a um estado anterior, às condições onde o capitalismo era capaz de fazer concessões sob a pressão exercida, em décadas anteriores, pelos países socialistas. Os chamados “movimentos dos indignados”, cujo papel revelaram tanto o KKE como o PCPE, em nossos países constituem uma expressão para distender o protesto popular, encaminhá-los por caminhos inofensivos. É possível observar experiência similar na chamada “primavera árabe”, onde o povo egípcio experimentou a alternância de diferentes administradores da burguesia, Mubarak, depois os “Irmãos Muçulmanos”, agora o exército.
Na Grécia, o KKE advertiu, a tempo, que a luta não será jogada apenas “nas ruas” sem planejamento, sem organização, sem o conteúdo correto de luta, mas nos centros de trabalho, através da organização da luta nos sindicatos, com a Aliança Popular e a participação dos próprios trabalhadores. O chamado movimento dos “indignados” “se desinflou”, porém deixou como “legado” as palavras de ordem reacionárias, geralmente contra “os partidos e os sindicatos”, que apontavam claramente contra o Partido Comunista e as forças classistas no movimento operário. Além disso, abriram caminho para o desenvolvimento de grupos e partidos nacionalistas, formações fascistas, como o Amanhecer Dourado nazista. As responsabilidades das forças oportunistas neste tema também são grandes.
Estes partidos são uma das cartas com que jogará a plutocracia para reformar o sistema político burguês. São sócios dispostos a participar de governos burgueses, que ajudarão para que o capital supere a crise capitalista da maneira menos dolorosa possível, levando o povo à quebra.
Porém, os partidos da chamada nova esquerda, que estiveram entre os primeiros que saudaram a derrocada do socialismo afirmando que isto inaugurava uma época de paz, tinham e, todavia, têm uma missão especial a que nunca renunciaram: a dissolução dos Partidos Comunistas, sua mutação, seu esfumaçamento em formações oportunistas como o SYRIZA ou “Esquerda Unida” na Espanha. Em termos de Europa, para alcançar estes objetivos, têm como ferramenta o chamado Partido da Esquerda Europeia, com a finalidade de manipular os Partidos Comunistas para que aceitem a eternidade do capitalismo e da UE como uma inevitabilidade.
Um ensinamento atual de Lenin é que a luta contra o imperialismo sem a luta incessante contra o oportunismo não tem sentido. Hoje em dia, destaca-se ainda mais a necessidade de um conflito tanto com a união interestatal imperialista na Europa, a UE, como com os partidos políticos que possuem esta mesma forma, como é o Partido da Esquerda Europeia, e, claro, destaca-se em geral a necessidade de um polo comunista a nível mundial.
UyL: Qual é sua análise da situação no Movimento Comunista Internacional?
DK: Desafortunadamente, a situação no Movimento Comunista Internacional permanece sendo ruim. Encontra-se numa profunda crise ideológica, política e organizativa que se manifesta nas posições dos Partidos Comunistas que abandonam o marxismo-leninismo, que se colocam na “cola” da socialdemocracia e, inclusive, abandonaram seus símbolos históricos, ou nas posições de outros partidos que se baseiam em elaborações antiquadas do Movimento Comunista Internacional, adotando uma etapa entre o capitalismo e o socialismo, que objetivamente conduz à participação em governos de gestão burguesa. Também conduz à aliança com forças burguesas e a confusões sobre o papel dos setores da burguesia e à incorreta distinção entre a burguesia “nacionalmente orientada” e a chamada “servil aos estrangeiros-compradores”. Vários Partidos Comunistas expressam posições similares sobre países tidos como dependentes, que são acompanhadas de declarações de “frentes pela libertação nacional”. Estas considerações interpretam erroneamente tanto o imperialismo (não como fase de desenvolvimento do capitalismo, mas apenas como “política de agressão”), como as relações desiguais entre os Estados capitalistas devido às diferenças que existem no ponto de partida histórico, no potencial de crescimento, na força econômica, política e militar de cada Estado.
Outros Partidos Comunistas invocam as particularidades nacionais para justificar sua renúncia às leis da revolução socialista, aos princípios da construção socialista em nome dos chamados “modelos nacionais” que, em essência, negam estas leis.
Um elemento e sinal da crise do Movimento Comunista Internacional é também a dificuldade de muitos Partidos Comunistas em superar ilusões sobre o chamado “mundo multipolar”, que reflete as agudas contradições e antagonismos interimperialistas, assim como o papel de organismos interestatais capitalistas como é a UE, BRICS, CELAC, ALBA, inclusive para reconhecer o elemento chave que determina a análise sobre a China, ou seja, que lá têm prevalecido as relações capitalistas de produção.
Particularmente na UE, a luta deve fortalecer-se. É preciso revelar seu caráter de organismo interestatal do capital, dar-se conta de que a política antipopular não se deve ao “neoliberalismo”, ao “capitalismo selvagem”, ao “capitalismo cassino”, mas ao próprio sistema de exploração. É preciso incriminar a estratégia do capital que busca reduzir o preço da força de trabalho e aumentar a rentabilidade dos monopólios.
O KKE trata com responsabilidade a necessidade de tomar iniciativas concretas no Movimento Comunista Internacional para abordar esta situação, para fortalecer as ferramentas e os recursos que têm a sua disposição os Partidos Comunistas que levam a cabo uma luta ideológica e política contra a ideologia burguesa e o oportunismo. A criação da Revista Comunista Internacional, com a contribuição essencial do PCPE, é um passo nesta direção.
UyL: As contradições interimperialistas estão se aprofundando. Você acredita que exista a possibilidade de uma nova guerra imperialista em curto prazo?
DK: Os acontecimentos avançam e neste momento está se preparando um novo ataque militar imperialista contra a Síria. Seus falsos pretextos já foram vistos em várias ocasiões, como no ocorrido no Iraque, Iugoslávia, Afeganistão e, mais recentemente, na Líbia. A provocação que montaram não só não é convincente, mas que supõe um grande desafio. Hoje em dia é importante que nós comunistas desempenhemos um papel principal na organização da luta para condenar a guerra imperialista, para impedir a participação do governo de cada país, para fortalecer a luta para que se fechem as bases e todo tipo de infraestrutura que são ponto de partida para os ataques militares dos EUA, da UE e da OTAN.
O papel dos governos de Obama e Hollande é particularmente instrutivo para os que se enganaram pelas ilusões semeadas pelas forças oportunistas na Grécia. Rapidamente demonstrou-se que “a pomba da paz”, como o SYRIZA chamava o prêmio Nobel, Obama, e o “vento da mudança” de Hollande eram falcões que, para servir de qualquer maneira aos benefícios dos monopólios, massacram os povos. Faz-se mais que evidente a relação capitalismo-crise-guerra.
Também destaca a necessidade de superar as lógicas pacifistas que estão contra a guerra em geral, não especificamente contras as guerras imperialistas. Por exemplo, hoje em dia uma oposição geral às guerras sem que se relacione às causas que as engendram conduz a uma armadilha para a classe operária e os setores populares pobres na gestão da exploração, a fomentar ilusões. Porém, já temos experiência sobre a paz imperialista com pistola na cabeça como sobre a guerra imperialista. Trata-se de duas faces da mesma moeda. Nós comunistas defendemos a guerra justa da classe trabalhadora para libertar-se das cadeias das relações capitalistas de produção.
No 19° Congresso discutimos muito sobre a possibilidade de uma guerra imperialista, uma possível participação de nosso país nesta e as tarefas dos comunistas. Um assunto principal é como se garantirá a luta ideológica, política e organizativa independente da classe trabalhadora que não se alinhará atrás de uma ou outra potência imperialista, atrás de um ou outro setor da burguesia em cada país.
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)